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A doutrina da imortalidade da alma e do castigo eterno
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05012010
A doutrina da imortalidade da alma e do castigo eterno
Alma é um termo que deriva do latim anima, este refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o que faz mover. De anima, derivam diversas palavras tais como: animal (em latim, animalia), animador, ... Platão é o responsável pela filosofia que atribuí as idéias comuns sobre a palavra portuguesa “alma” (como geralmente se reconhece).
As conotações que o termo "alma" geralmente transmite à mente da maioria das pessoas provêm primariamente, do uso dos escritos bíblicos (diferentemente interpretados), e da antiga filosofia grega. Os antigos escritores gregos aplicavam psy.khé de vários modos, e não eram coerentes, suas filosofias pessoais e religiosas influenciando seu uso do termo. Segundo os léxicos grego-inglês, fornecem definições tais como "o Eu consciente" ou "ser vivente (humano ou animal)". Até mesmo em obras gregas não-bíblicas, o termo era usado para animais. O termo hebraico para alma é né.fesh. Num sentido literal, exprime a idéia de um "ser que respira" e cuja vida é sustentada pelo sangue.
Os termos das línguas originais (hebraico: né·fesh; grego: psy·khé), segundo usados nas Escrituras, mostram que a “alma” é a pessoa, o animal ou a vida que a pessoa ou o animal usufrui.
‘Nefesh’ é a própria pessoa, sua necessidade de alimento, o próprio sangue nas suas veias, seu ser.” — The New York Times, 12 de outubro de 1962.
A dificuldade reside em que os significados popularmente atribuídos à palavra portuguesa “alma” provêm primariamente, não das Escrituras Hebraicas ou das Gregas Cristãs, mas da antiga filosofia grega, na realidade, do pensamento religioso pagão. Platão, o filósofo grego, por exemplo, cita Sócrates como dizendo: “A alma . . . se ela partir pura, não arrastando consigo nada do corpo, . . . parte para o que é como ela mesma, para o invisível, divino, imortal e sábio, e quando chega ali, ela é feliz, liberta do erro, e da tolice, e do medo . . . e de todos os outros males humanos, e . . . vive em verdade por todo o porvir com os deuses.” — Phaedo (Fédon), 80, D, E; 81, A.
Em contraste direto com o ensino grego sobre a psy·khé (alma) como imaterial, intangível, invisível e imortal, as Escrituras mostram que tanto psy·khé como né·fesh, conforme usadas com referência a criaturas terrestres, referem-se àquilo que é material, tangível, visível e mortal.
A New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica) diz: “Nepes [né·fesh] é um termo de muito maior extensão do que nossa ‘alma’, significando vida (Êx 21.23; Dt 19.21) e suas várias manifestações vitais: respiração (Gn 35.18; Jó 41.13[21] ), sangue [Gn 9.4; Dt 12.23; Sl 140(141).8 ], desejo (2 Sm 3.21; Pr 23.2). A alma no A[ntigo] T[estamento] significa, não uma parte do homem, mas o homem inteiro — o homem como ser vivente. Similarmente, no N[ovo] T[estamento] significa vida humana: a vida duma entidade individual, consciente, além do invólucro material, que é o corpo carnal. (Mt 2.20; 6.25; Lu 12.22-23; 14.26; Jo 10.11, 15, 17; 13.37).” — 1967, Vol. XIII, p. 467.
Né·fesh evidentemente provém duma raiz que significa “respirar”, e, num sentido literal, né·fesh poderia ser traduzido como “alguém que respira”. O Lexicon in Veteris Testamenti Libros (Léxico dos Livros do Velho Testamento; Leiden, 1958, p. 627), de Koehler e Baumgartner, a define como segue: “a substância respiradora, que torna o homem e o animal seres viventes Gn 1,20 , a alma (estritamente distinta da noção grega da alma), cuja sede é o sangue Gn 9,4ss Lv 17,11 Dt 12,23 : (249 X) . . . alma = ser vivente, indivíduo, pessoa, que dá vida ao corpo carnal.
A “Imortalidade” da Alma
História da adoração – Origem da doutrina da imortalidade da alma
A imortalidade da alma é uma crença antiga, talvez até de antes do dilúvio. Todos os povos da antiguidade, criam que numa alma independentemente de matéria e que vivia além do corpo. A crença se originou a partir da Babilônia dos tempos de Ninrod. O Professor Morris Jastrow Jr., da Universidade de Pensilvânia, EUA, diz que os babilônios antigos criam que a morte era uma passagem para outra espécie de vida que continuava após a morte do corpo. Por isso enterravam objetos junto com o morto, para que os usassem no além. Tal prática se espalhou para muitos lugares do mundo, entre muitos povos. Há eruditos a dizer que Ninrod era representado como retornando em reis e imperadores posteriores, desde que sua esposa, Semíramis teve um filho que teria sido a sua reencarnação. É quase certo que a idéia de uma alma imortal como doutrina venha daqueles tempos. De qualquer forma, essa idéia já fora pregada por satanás no Jardim do Éden, como está em Gên. 3:4, quando ele disse: ´”é certo que não morrereis.” Não é de admirar que cedo se tenha tornado uma crença de todos os povos pagãos mundo afora, e que perdure até os nossos dias.
Antigos povos degeneraram para crer em coisas absurdas como uma alma imortal residente nos olhos, no fígado, nos rins, no coração ou no cérebro. Os povos mais rudimentares criam que havia uma alma no sangue, na respiração e até na própria sombra ou reflexo na água. Sem uma revelação de DEUS a imaginação se torna fértil para o desenvolvimento dos maiores disparates mentais.
Em Babilônia de Ninrod se fundou um império global contra DEUS. Portanto, satanás não deixaria por menos, senão em logo introduzir a doutrina falsa que é a base de seu esquema de adoração. Ou seja, se DEUS promete a vida eterna a quem O ama, e O obedece, afinal o que satanás tem a prometer? Ele precisa prometer algo em contrafação, para que as pessoas creiam nele, e o adorem, mesmo que não percebam o que fazem. Ele passou a prometer algo paralelo ao que DEUS diz, que existe uma alma distinta do corpo, e que essa alma nunca morre, mas vai sendo aperfeiçoada sucessivamente. E o que mais satanás poderia propor? Ele tem que criar um atrativo para as pessoas se ligarem a ele como adoradores. Jamais alguém seguiria ensinamentos falsos só para morrer. As pessoas crêem nessa doutrina sem saberem que ela é falsa, crêem porque ela parece ser bem mais atraente que aquilo que DEUS diz. Esse foi o princípio pelo qual Eva deu atenção à serpente, ela acreditou que, diferente do que DEUS dizia, se comesse daquele fruto, não morreria, mas seria ainda mais inteligente, conhecendo o bem e o mal.
A imortalidade da alma é a base doutrinária da rebelião de Lúcifer, e o fundamento das demais mentiras. Sempre que ele entra em ação em uma situação nova, a primeira coisa que tenta fazer crer é que a alma não morre. E sabe porquê? Pelo fato de que assim é mais fácil crer nas demais mentiras dele. Veja bem, o que DEUS requer, que é muito lógico, é que nos arrependamos para que sejamos perdoados pelo sangue de JESUS, e salvos por Ele, viveremos eternamente. Isso requer esforço, decisão, mudança de vida e obediência. Não é tão fácil como o simplismo de satanás.
O que satanás ensina é bem mais simples. Ele diz que nós não morremos, que, após a morte do corpo a alma subsiste. E para que a alma não sofra, basta que nessa terra sejamos pessoas boas. Mas se não formos boas, depois da morte rezas resolvem tudo. Portanto, aquilo que satanás faz crer é bem mais simples que a explicação de DEUS. Se a pessoa não morre, ela não tem necessidade de um completo arrependimento, nem de ser santificada, isto é, separado do mundo, para pela transformação vir a ser totalmente obediente a DEUS. Basta ser mais ou menos boa.
A palavra inferno é de origem latina e foi acrecentada posteriormente por Jerônimo em sua Vulgata:
Infernus (de baixo) não teve apenas alteração ortográfica. Perdeu sua função adjetiva após ser substantivada para designar sepultura, que realmente é um lugar inferior. Como a sepultura é lugar dos mortos, e os povos primitivos acreditavam que ao morrer o homem, após sepultado, vai sofrer um suplício pelos seus pecados ou vai ter o gozo merecido por sua justiça, o Cristianismo Romano passou a considerar inferno como lugar de tormento eterno das almas.
Quando Jacó disse: "Meu filho não descerá convosco; seu irmão é morto, e ele ficou só; se lhe sucede algum desastre no caminho por onde fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura" (Gênesis, 42: 38 AA), ele usou a palavra hebraica sheol, traduzida para o grego hades, e para o latim infernus. Veja Salmos l6:l0, "Porque não deixarás a minha alma no inferno (sheol), nem permitirás que teu Santo veja corrupção" (Sal. 15: 10 PAPF), A versão Almeida atualizadas traduz sheol por morte. As versões antigas traduziam sempre por inferno. Em atos 2: 27, Pedro citou o texto como referente à ressurreição de Cristo, traduzindo sheol para hades, que na Tradução do Padre A. P. de Figueiredo consta inferno. A mesma palavra usou Jó ao desejar que Deus o encobrisse no inferno (sheol) (Jó, 14: 13). Um antigo catecismo católico, que eu lia na infância, dizia que Cristo "desceu ao inferno e ao terceiro dia ressurgiu dentre os mortos". Ainda em minha infância, conheci a nova versão, que dizia "desceu à mansão dos mortos", dando-me uma idéia mais nítida de que inferno era a sepultura.
Certa vez uma colega minha me disse que "Jesus quando morreu ficou três dias no inferno lutando contra o Diabo em favor do homem". Ela apenas havia lido a frase "não deixarás minha alma no inferno, nem permitirás que teu santo veja corrupção", que significa não me deixarás na sepultura, nem permitirá que teu santo se desfaça, ou apodreça. Pedro citou o texto em Atos 2, para afirmar que Cristo foi sepultado e ao terceiro dia foi ressuscitado.
[url=http://www.joaodefreitas.hpg.ig.com.br/babel.htm]http://www.joaodefreitas.hpg.ig.com.br/babel.htm[/url]
Mudanças No Sentido da Palavra Inferno
O Dicionário Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento diz a respeito do uso de inferno para traduzir as palavras originais do hebraico Sheol e do grego Hades (Bíblia): Hades . . . Corresponde a Sheol no Antigo Testamento. Na Versão Autorizada do A.T. e do N. T., foi vertido de modo infeliz por Inferno.[1]
A Enciclopédia da Collier diz a respeito de Inferno: Primeiro representa o hebraico Seol do Antigo Testamento, e o grego Hades, da Septuaginta e do Novo Testamento. Visto que Seol, nos tempos do Antigo Testamento, se referia simplesmente à habitação dos mortos e não sugeria distinções morais, a palavra ‘inferno’, conforme entendida atualmente, não é uma tradução feliz.[2]
O Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster diz: Devido ao entendimento atual da palavra inferno (Latim Infernus) é que ela constitui uma maneira tão infeliz de verter estas palavras bíblicas originais. A palavra inferno não transmitia assim, originalmente, nenhuma idéia de calor ou de tormento, mas simplesmente de um lugar coberto ou oculto (de . . . helan, esconder).[3]
A Enciclopédia Americana diz: Muita confusão e muitos mal-entendidos foram causados pelo fato de os primitivos tradutores da Bíblia terem traduzido persistentemente o hebraico Seol e o grego Hades e Geena pela palavra inferno. A simples transliteração destas palavras por parte dos tradutores das edições revistas da Bíblia não bastou para eliminar apreciavelmente esta confusão e equívoco.[4]
O significado atribuído à palavra inferno atualmente é o representado em A Divina Comédia de Dante[5], e no Paraíso Perdido de Milton[6], significado este completamente alheio à definição original da palavra. A idéia dum inferno de tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a Milton.
Referências
1 Vine’s Expository Dictionary of Old and New Testament Words (Dicionário Expositivo de Palavras do A.T. e do N.T., de Vine, 1981, Vol. 2, p. 187)
2 A Collier’s Encyclopedia (Enciclopédia da Collier, 1986, Vol. 12, p. 28)
3 O Webster’s Third New International Dictionary (Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster)
4 The Encyclopedia Americana(Enciclopédia Americana, 1956, Vol. XIV, p. 81)
5 A Divina Comédia de Dante
6 PARAÍSO PERDIDO (1667) John Milton (Inglaterra/1608 - 1674)
Respeitado Líder Anglicano Diz Que Crença No “Morrer e Ir Pro Céu” É Um Erro
“Tom” Wright, bispo da Igreja Anglicana, de Durham, Inglaterra, é o 4o. indivíduo mais importante na hierarquia de sua denominação. Ele é um erudito muito respeitado e lido, especialmente conhecido por seu livro The Resurrection of the Son of God [A Ressurreição do Filho de Deus], em que levanta uma vigorosa argumentação em defesa da interpretação literal desse evento.
A conhecida revista de circulação mundial, Time, traz em sua última edição uma interessante entrevista com ele da qual destacamos alguns trechos:
Nossa cultura é muito interessada na vida após a morte, mas o Novo Testamento é muito mais interessado no que eu tenho chamado a vida após a vida após a morte--na ressurreição final para os novos céus e a nova Terra. A ressurreição de Jesus assinala o começo de uma restauração que Ele completará quando do Seu retorno. Parte disso será a ressurreição de todos os mortos, que “despertarão”, sendo incorporados para participar na renovação. John Polkinghorne, um físico e sacerdote, colocou as coisas desta maneira: “Deus fará o download de nosso software em seu hardware até a ocasião em que Ele nos dá novo hardware para operarmos novamente o software por nós mesmos”. Isso conduz a duas coisas muito certinhas: que o período após a morte é um em que estamos na presença de Deus, mas não ativos em nossos corpos, e também que a transformação mais importante se dará quando novamente formos incorporados e administrando o reino de Cristo.
Noutro ponto, ele explica:
O Novo Testamento é profundamente, profundamente judaico, e os judeus tinham por algum tempo intuição de uma ressurreição física final. Criam que o mundo do espço e do tempo e a matéria são confundidos, mas permanecendo basicamente bom, e Deus por fim separará as coisas e arrumará tudo novamente. A crença nessa bondade é absolutamente essencial para o cristianismo, tanto teológica quanto moralmente. Mas os cristãos que falavam o grego influenciados por Platão viam nosso cosmo como mal arranjado, mal formado e cheio de mentiras, e a idéia não era de torná-lo bom, mas de escapar dele e deixar para trás nossos corpos materiais. a Igreja no seu melhor sempre remontou à visão hebréia, mas houve tempos em que o ponto de vista grego exerceu muita influência.
E fala até de como a visão dualista deixa de contribuir para a consciência ecológica, nos seguinte termos:
. . . a idéia da ressurreição corporal . . . as pessoas negam quando falam sobre suas “almas indo para o céu”. Se as pessoas pensam, “meu corpo físico não importa muito”, então o que importa o que eu faço com ele? E se as pessoas julgam que nosso mundo, nosso cosmo, não importa muito, o que importa o que façamos com ele? Muito do cristianismo “tradicional” dá a impressão de que Deus têm essas regras um tanto arbitrárias sobre como devemos nos comportar, e se as desobedecermos iremos para o inferno, em vez de ser para o céu. O que o Novo Testamento realmente diz é que Deus deseja que você seja um ser humano renovado, ajudando-O na renovação de Sua criação, e Sua ressurreição foi o toque do sino de abertura. e quando Ele retornar para cumprir o Seu plano, você não estará subindo para lá até Ele, ele estará descendo para cá.
As conotações que o termo "alma" geralmente transmite à mente da maioria das pessoas provêm primariamente, do uso dos escritos bíblicos (diferentemente interpretados), e da antiga filosofia grega. Os antigos escritores gregos aplicavam psy.khé de vários modos, e não eram coerentes, suas filosofias pessoais e religiosas influenciando seu uso do termo. Segundo os léxicos grego-inglês, fornecem definições tais como "o Eu consciente" ou "ser vivente (humano ou animal)". Até mesmo em obras gregas não-bíblicas, o termo era usado para animais. O termo hebraico para alma é né.fesh. Num sentido literal, exprime a idéia de um "ser que respira" e cuja vida é sustentada pelo sangue.
Os termos das línguas originais (hebraico: né·fesh; grego: psy·khé), segundo usados nas Escrituras, mostram que a “alma” é a pessoa, o animal ou a vida que a pessoa ou o animal usufrui.
‘Nefesh’ é a própria pessoa, sua necessidade de alimento, o próprio sangue nas suas veias, seu ser.” — The New York Times, 12 de outubro de 1962.
A dificuldade reside em que os significados popularmente atribuídos à palavra portuguesa “alma” provêm primariamente, não das Escrituras Hebraicas ou das Gregas Cristãs, mas da antiga filosofia grega, na realidade, do pensamento religioso pagão. Platão, o filósofo grego, por exemplo, cita Sócrates como dizendo: “A alma . . . se ela partir pura, não arrastando consigo nada do corpo, . . . parte para o que é como ela mesma, para o invisível, divino, imortal e sábio, e quando chega ali, ela é feliz, liberta do erro, e da tolice, e do medo . . . e de todos os outros males humanos, e . . . vive em verdade por todo o porvir com os deuses.” — Phaedo (Fédon), 80, D, E; 81, A.
Em contraste direto com o ensino grego sobre a psy·khé (alma) como imaterial, intangível, invisível e imortal, as Escrituras mostram que tanto psy·khé como né·fesh, conforme usadas com referência a criaturas terrestres, referem-se àquilo que é material, tangível, visível e mortal.
A New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica) diz: “Nepes [né·fesh] é um termo de muito maior extensão do que nossa ‘alma’, significando vida (Êx 21.23; Dt 19.21) e suas várias manifestações vitais: respiração (Gn 35.18; Jó 41.13[21] ), sangue [Gn 9.4; Dt 12.23; Sl 140(141).8 ], desejo (2 Sm 3.21; Pr 23.2). A alma no A[ntigo] T[estamento] significa, não uma parte do homem, mas o homem inteiro — o homem como ser vivente. Similarmente, no N[ovo] T[estamento] significa vida humana: a vida duma entidade individual, consciente, além do invólucro material, que é o corpo carnal. (Mt 2.20; 6.25; Lu 12.22-23; 14.26; Jo 10.11, 15, 17; 13.37).” — 1967, Vol. XIII, p. 467.
Né·fesh evidentemente provém duma raiz que significa “respirar”, e, num sentido literal, né·fesh poderia ser traduzido como “alguém que respira”. O Lexicon in Veteris Testamenti Libros (Léxico dos Livros do Velho Testamento; Leiden, 1958, p. 627), de Koehler e Baumgartner, a define como segue: “a substância respiradora, que torna o homem e o animal seres viventes Gn 1,20 , a alma (estritamente distinta da noção grega da alma), cuja sede é o sangue Gn 9,4ss Lv 17,11 Dt 12,23 : (249 X) . . . alma = ser vivente, indivíduo, pessoa, que dá vida ao corpo carnal.
A “Imortalidade” da Alma
Arcipreste George Florovsky
Tradução: Rev. Pedro Oliveira Junior.
Tradução: Rev. Pedro Oliveira Junior.
O Mistério da Comunhão.
Conclusão.
História da adoração – Origem da doutrina da imortalidade da alma
A imortalidade da alma é uma crença antiga, talvez até de antes do dilúvio. Todos os povos da antiguidade, criam que numa alma independentemente de matéria e que vivia além do corpo. A crença se originou a partir da Babilônia dos tempos de Ninrod. O Professor Morris Jastrow Jr., da Universidade de Pensilvânia, EUA, diz que os babilônios antigos criam que a morte era uma passagem para outra espécie de vida que continuava após a morte do corpo. Por isso enterravam objetos junto com o morto, para que os usassem no além. Tal prática se espalhou para muitos lugares do mundo, entre muitos povos. Há eruditos a dizer que Ninrod era representado como retornando em reis e imperadores posteriores, desde que sua esposa, Semíramis teve um filho que teria sido a sua reencarnação. É quase certo que a idéia de uma alma imortal como doutrina venha daqueles tempos. De qualquer forma, essa idéia já fora pregada por satanás no Jardim do Éden, como está em Gên. 3:4, quando ele disse: ´”é certo que não morrereis.” Não é de admirar que cedo se tenha tornado uma crença de todos os povos pagãos mundo afora, e que perdure até os nossos dias.
Antigos povos degeneraram para crer em coisas absurdas como uma alma imortal residente nos olhos, no fígado, nos rins, no coração ou no cérebro. Os povos mais rudimentares criam que havia uma alma no sangue, na respiração e até na própria sombra ou reflexo na água. Sem uma revelação de DEUS a imaginação se torna fértil para o desenvolvimento dos maiores disparates mentais.
Em Babilônia de Ninrod se fundou um império global contra DEUS. Portanto, satanás não deixaria por menos, senão em logo introduzir a doutrina falsa que é a base de seu esquema de adoração. Ou seja, se DEUS promete a vida eterna a quem O ama, e O obedece, afinal o que satanás tem a prometer? Ele precisa prometer algo em contrafação, para que as pessoas creiam nele, e o adorem, mesmo que não percebam o que fazem. Ele passou a prometer algo paralelo ao que DEUS diz, que existe uma alma distinta do corpo, e que essa alma nunca morre, mas vai sendo aperfeiçoada sucessivamente. E o que mais satanás poderia propor? Ele tem que criar um atrativo para as pessoas se ligarem a ele como adoradores. Jamais alguém seguiria ensinamentos falsos só para morrer. As pessoas crêem nessa doutrina sem saberem que ela é falsa, crêem porque ela parece ser bem mais atraente que aquilo que DEUS diz. Esse foi o princípio pelo qual Eva deu atenção à serpente, ela acreditou que, diferente do que DEUS dizia, se comesse daquele fruto, não morreria, mas seria ainda mais inteligente, conhecendo o bem e o mal.
A imortalidade da alma é a base doutrinária da rebelião de Lúcifer, e o fundamento das demais mentiras. Sempre que ele entra em ação em uma situação nova, a primeira coisa que tenta fazer crer é que a alma não morre. E sabe porquê? Pelo fato de que assim é mais fácil crer nas demais mentiras dele. Veja bem, o que DEUS requer, que é muito lógico, é que nos arrependamos para que sejamos perdoados pelo sangue de JESUS, e salvos por Ele, viveremos eternamente. Isso requer esforço, decisão, mudança de vida e obediência. Não é tão fácil como o simplismo de satanás.
O que satanás ensina é bem mais simples. Ele diz que nós não morremos, que, após a morte do corpo a alma subsiste. E para que a alma não sofra, basta que nessa terra sejamos pessoas boas. Mas se não formos boas, depois da morte rezas resolvem tudo. Portanto, aquilo que satanás faz crer é bem mais simples que a explicação de DEUS. Se a pessoa não morre, ela não tem necessidade de um completo arrependimento, nem de ser santificada, isto é, separado do mundo, para pela transformação vir a ser totalmente obediente a DEUS. Basta ser mais ou menos boa.
A palavra inferno é de origem latina e foi acrecentada posteriormente por Jerônimo em sua Vulgata:
Infernus (de baixo) não teve apenas alteração ortográfica. Perdeu sua função adjetiva após ser substantivada para designar sepultura, que realmente é um lugar inferior. Como a sepultura é lugar dos mortos, e os povos primitivos acreditavam que ao morrer o homem, após sepultado, vai sofrer um suplício pelos seus pecados ou vai ter o gozo merecido por sua justiça, o Cristianismo Romano passou a considerar inferno como lugar de tormento eterno das almas.
Quando Jacó disse: "Meu filho não descerá convosco; seu irmão é morto, e ele ficou só; se lhe sucede algum desastre no caminho por onde fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura" (Gênesis, 42: 38 AA), ele usou a palavra hebraica sheol, traduzida para o grego hades, e para o latim infernus. Veja Salmos l6:l0, "Porque não deixarás a minha alma no inferno (sheol), nem permitirás que teu Santo veja corrupção" (Sal. 15: 10 PAPF), A versão Almeida atualizadas traduz sheol por morte. As versões antigas traduziam sempre por inferno. Em atos 2: 27, Pedro citou o texto como referente à ressurreição de Cristo, traduzindo sheol para hades, que na Tradução do Padre A. P. de Figueiredo consta inferno. A mesma palavra usou Jó ao desejar que Deus o encobrisse no inferno (sheol) (Jó, 14: 13). Um antigo catecismo católico, que eu lia na infância, dizia que Cristo "desceu ao inferno e ao terceiro dia ressurgiu dentre os mortos". Ainda em minha infância, conheci a nova versão, que dizia "desceu à mansão dos mortos", dando-me uma idéia mais nítida de que inferno era a sepultura.
Certa vez uma colega minha me disse que "Jesus quando morreu ficou três dias no inferno lutando contra o Diabo em favor do homem". Ela apenas havia lido a frase "não deixarás minha alma no inferno, nem permitirás que teu santo veja corrupção", que significa não me deixarás na sepultura, nem permitirá que teu santo se desfaça, ou apodreça. Pedro citou o texto em Atos 2, para afirmar que Cristo foi sepultado e ao terceiro dia foi ressuscitado.
[url=http://www.joaodefreitas.hpg.ig.com.br/babel.htm]http://www.joaodefreitas.hpg.ig.com.br/babel.htm[/url]
Mudanças No Sentido da Palavra Inferno
O Dicionário Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento diz a respeito do uso de inferno para traduzir as palavras originais do hebraico Sheol e do grego Hades (Bíblia): Hades . . . Corresponde a Sheol no Antigo Testamento. Na Versão Autorizada do A.T. e do N. T., foi vertido de modo infeliz por Inferno.[1]
A Enciclopédia da Collier diz a respeito de Inferno: Primeiro representa o hebraico Seol do Antigo Testamento, e o grego Hades, da Septuaginta e do Novo Testamento. Visto que Seol, nos tempos do Antigo Testamento, se referia simplesmente à habitação dos mortos e não sugeria distinções morais, a palavra ‘inferno’, conforme entendida atualmente, não é uma tradução feliz.[2]
O Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster diz: Devido ao entendimento atual da palavra inferno (Latim Infernus) é que ela constitui uma maneira tão infeliz de verter estas palavras bíblicas originais. A palavra inferno não transmitia assim, originalmente, nenhuma idéia de calor ou de tormento, mas simplesmente de um lugar coberto ou oculto (de . . . helan, esconder).[3]
A Enciclopédia Americana diz: Muita confusão e muitos mal-entendidos foram causados pelo fato de os primitivos tradutores da Bíblia terem traduzido persistentemente o hebraico Seol e o grego Hades e Geena pela palavra inferno. A simples transliteração destas palavras por parte dos tradutores das edições revistas da Bíblia não bastou para eliminar apreciavelmente esta confusão e equívoco.[4]
O significado atribuído à palavra inferno atualmente é o representado em A Divina Comédia de Dante[5], e no Paraíso Perdido de Milton[6], significado este completamente alheio à definição original da palavra. A idéia dum inferno de tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a Milton.
Referências
1 Vine’s Expository Dictionary of Old and New Testament Words (Dicionário Expositivo de Palavras do A.T. e do N.T., de Vine, 1981, Vol. 2, p. 187)
2 A Collier’s Encyclopedia (Enciclopédia da Collier, 1986, Vol. 12, p. 28)
3 O Webster’s Third New International Dictionary (Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster)
4 The Encyclopedia Americana(Enciclopédia Americana, 1956, Vol. XIV, p. 81)
5 A Divina Comédia de Dante
6 PARAÍSO PERDIDO (1667) John Milton (Inglaterra/1608 - 1674)
Respeitado Líder Anglicano Diz Que Crença No “Morrer e Ir Pro Céu” É Um Erro
“Tom” Wright, bispo da Igreja Anglicana, de Durham, Inglaterra, é o 4o. indivíduo mais importante na hierarquia de sua denominação. Ele é um erudito muito respeitado e lido, especialmente conhecido por seu livro The Resurrection of the Son of God [A Ressurreição do Filho de Deus], em que levanta uma vigorosa argumentação em defesa da interpretação literal desse evento.
A conhecida revista de circulação mundial, Time, traz em sua última edição uma interessante entrevista com ele da qual destacamos alguns trechos:
Nossa cultura é muito interessada na vida após a morte, mas o Novo Testamento é muito mais interessado no que eu tenho chamado a vida após a vida após a morte--na ressurreição final para os novos céus e a nova Terra. A ressurreição de Jesus assinala o começo de uma restauração que Ele completará quando do Seu retorno. Parte disso será a ressurreição de todos os mortos, que “despertarão”, sendo incorporados para participar na renovação. John Polkinghorne, um físico e sacerdote, colocou as coisas desta maneira: “Deus fará o download de nosso software em seu hardware até a ocasião em que Ele nos dá novo hardware para operarmos novamente o software por nós mesmos”. Isso conduz a duas coisas muito certinhas: que o período após a morte é um em que estamos na presença de Deus, mas não ativos em nossos corpos, e também que a transformação mais importante se dará quando novamente formos incorporados e administrando o reino de Cristo.
Noutro ponto, ele explica:
O Novo Testamento é profundamente, profundamente judaico, e os judeus tinham por algum tempo intuição de uma ressurreição física final. Criam que o mundo do espço e do tempo e a matéria são confundidos, mas permanecendo basicamente bom, e Deus por fim separará as coisas e arrumará tudo novamente. A crença nessa bondade é absolutamente essencial para o cristianismo, tanto teológica quanto moralmente. Mas os cristãos que falavam o grego influenciados por Platão viam nosso cosmo como mal arranjado, mal formado e cheio de mentiras, e a idéia não era de torná-lo bom, mas de escapar dele e deixar para trás nossos corpos materiais. a Igreja no seu melhor sempre remontou à visão hebréia, mas houve tempos em que o ponto de vista grego exerceu muita influência.
E fala até de como a visão dualista deixa de contribuir para a consciência ecológica, nos seguinte termos:
. . . a idéia da ressurreição corporal . . . as pessoas negam quando falam sobre suas “almas indo para o céu”. Se as pessoas pensam, “meu corpo físico não importa muito”, então o que importa o que eu faço com ele? E se as pessoas julgam que nosso mundo, nosso cosmo, não importa muito, o que importa o que façamos com ele? Muito do cristianismo “tradicional” dá a impressão de que Deus têm essas regras um tanto arbitrárias sobre como devemos nos comportar, e se as desobedecermos iremos para o inferno, em vez de ser para o céu. O que o Novo Testamento realmente diz é que Deus deseja que você seja um ser humano renovado, ajudando-O na renovação de Sua criação, e Sua ressurreição foi o toque do sino de abertura. e quando Ele retornar para cumprir o Seu plano, você não estará subindo para lá até Ele, ele estará descendo para cá.
Última edição por Ronaldo em Ter Mar 23, 2010 9:38 pm, editado 2 vez(es)
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A doutrina da imortalidade da alma e do castigo eterno :: Comentários
História da adoração – A imortalidade da alma se espalha
Capítulo 19
Sobre o assunto da imortalidade da alma, povos e religiões tem crenças diferentes. Mas o que os identifica é a crença de que existe uma alma que não morre, ao contrário do que DEUS ensina. De Babilônia veio a doutrina, e com a confusão das línguas se espalhou na formação das nações do mundo. Assim se desenvolveu uma religião falsa baseada na mentira de Lúcifer aplicada a Eva e seu marido: “É certo que não morrereis” Gên 3:4.
No Irã e no Império Persa os mortos eram enterrados com suas melhores roupas para disporem na outra vida. Os egípcios tinham na imortalidade da alma uma crença fundamental. Osíris era o deus principal do além da vida. Por isso preservavam os corpos dos mortos para permitir reencarnação, se fosse o caso. Na Grécia, Pitágoras (matemático) defendia que a alma era imortal. Tales de Milleto, o primeiro filósofo conhecido achava que a alma era imortal, e ela existia também nos animais e nas plantas, até nas rochas, no vento e no imã. Assim também Sócrates e Platão, e os outros filósofos defendiam existir uma alma imortal. Na Índia é aceita em todas as religiões como no budismo, jainismo, siquismo, hinduísmo, assim em toda Ásia Oriental. “A lei do karma, da causa e efeito, combinada com a imortalidade da alma e a possibilidade de reencarnação funcionavam perfeitamente como lei moral, anunciando a recompensa ou a punição na próxima vida.” O budismo por exemplo, prega um ciclo de mortes e de renascimentos de aperfeiçoamento até atingir a Paz. Com variações às crenças na Índia, na China, Japão e no Tibet aceita-se a imortalidade. No Xintoísmo, por exemplo, se acredita que a alma sobrevive à morte. Os enlutados fazem cerimônias para pacificar a alma do morto que não fosse boa pessoa. Eles tem um culto aos espíritos dos antepassados, e com o tempo a alma pode se tornar um deus e vir a ser um guardião ancestral.
“Para o taoísmo o objetivo da vida é harmonizar a atividade humana com Tao, o “caminho da natureza”. Tao é o princípio governante do Universo, não teve princípio nem terá fim e se a pessoa conseguir viver de modo natural (conforme com a natureza) participa de Tao e se torna eterna, como ele. Os taoístas fazem experiências de meditação, exercícios respiratórios e dieta severa em busca do equilíbrio físico e mental que resulta da combinação das forças opostas yin e yang (feminina e masculina).”
O confucionismo, de Kung Fu Tse, preocupa-se com o Além. Faz culto aos antepassados e cerimônias em que envolvem os mortos. Até entre os judeus se infiltrou a crença na imortalidade da alma. Filo, um filósofo judeu, influenciado por Platão do qual era discípulo, defendeu a idéia de que na morte a alma retorna ao seu estado pré-natal original. Ela volta ao mundo espiritual. Os rabinos do Talmude (livro das tradições judaicas escrito após o século II dC) acreditavam na continuidade da vida da alma após a morte do corpo. Criam na preexistência da alma. A Cabala ensina até a reencarnação.
No cristianismo JESUS cria na ressurreição da carne e não na imortalidade da alma. Mas a partir de meados do segundo século da era cristã, a filosofia grega platônica influenciou muitos líderes da igreja, como Orígenes (185–254) e Agostinho de Hippona (354–430), esse neoplatônico. E a crença na imortalidade invadiu o cristianismo, e não foi revogada pelo protestantismo, senão pelo adventismo, no século XIX.
No islamismo, surgido com Maomé em 632 dC, o Corão registra que a alma é imortal, que continua viva após a morte e que as almas premiadas viverão num paraíso após a morte do corpo e as condenadas vão para o inferno.
Assim a mentira que nos fez cair em desgraça continua fazendo o mesmo efeito ao longo dos séculos e dos milênios. Se muitas leis não pegam, essa mentira pegou! Satanás é um mestre na mentira, e as pessoas, em maciça maioria acreditam nela.
Última edição por Ronaldo em Qua Jan 20, 2010 1:26 pm, editado 1 vez(es)
Capítulo 19
Sobre o assunto da imortalidade da alma, povos e religiões tem crenças diferentes. Mas o que os identifica é a crença de que existe uma alma que não morre, ao contrário do que DEUS ensina. De Babilônia veio a doutrina, e com a confusão das línguas se espalhou na formação das nações do mundo. Assim se desenvolveu uma religião falsa baseada na mentira de Lúcifer aplicada a Eva e seu marido: “É certo que não morrereis” Gên 3:4.
No Irã e no Império Persa os mortos eram enterrados com suas melhores roupas para disporem na outra vida. Os egípcios tinham na imortalidade da alma uma crença fundamental. Osíris era o deus principal do além da vida. Por isso preservavam os corpos dos mortos para permitir reencarnação, se fosse o caso. Na Grécia, Pitágoras (matemático) defendia que a alma era imortal. Tales de Milleto, o primeiro filósofo conhecido achava que a alma era imortal, e ela existia também nos animais e nas plantas, até nas rochas, no vento e no imã. Assim também Sócrates e Platão, e os outros filósofos defendiam existir uma alma imortal. Na Índia é aceita em todas as religiões como no budismo, jainismo, siquismo, hinduísmo, assim em toda Ásia Oriental. “A lei do karma, da causa e efeito, combinada com a imortalidade da alma e a possibilidade de reencarnação funcionavam perfeitamente como lei moral, anunciando a recompensa ou a punição na próxima vida.” O budismo por exemplo, prega um ciclo de mortes e de renascimentos de aperfeiçoamento até atingir a Paz. Com variações às crenças na Índia, na China, Japão e no Tibet aceita-se a imortalidade. No Xintoísmo, por exemplo, se acredita que a alma sobrevive à morte. Os enlutados fazem cerimônias para pacificar a alma do morto que não fosse boa pessoa. Eles tem um culto aos espíritos dos antepassados, e com o tempo a alma pode se tornar um deus e vir a ser um guardião ancestral.
“Para o taoísmo o objetivo da vida é harmonizar a atividade humana com Tao, o “caminho da natureza”. Tao é o princípio governante do Universo, não teve princípio nem terá fim e se a pessoa conseguir viver de modo natural (conforme com a natureza) participa de Tao e se torna eterna, como ele. Os taoístas fazem experiências de meditação, exercícios respiratórios e dieta severa em busca do equilíbrio físico e mental que resulta da combinação das forças opostas yin e yang (feminina e masculina).”
O confucionismo, de Kung Fu Tse, preocupa-se com o Além. Faz culto aos antepassados e cerimônias em que envolvem os mortos. Até entre os judeus se infiltrou a crença na imortalidade da alma. Filo, um filósofo judeu, influenciado por Platão do qual era discípulo, defendeu a idéia de que na morte a alma retorna ao seu estado pré-natal original. Ela volta ao mundo espiritual. Os rabinos do Talmude (livro das tradições judaicas escrito após o século II dC) acreditavam na continuidade da vida da alma após a morte do corpo. Criam na preexistência da alma. A Cabala ensina até a reencarnação.
No cristianismo JESUS cria na ressurreição da carne e não na imortalidade da alma. Mas a partir de meados do segundo século da era cristã, a filosofia grega platônica influenciou muitos líderes da igreja, como Orígenes (185–254) e Agostinho de Hippona (354–430), esse neoplatônico. E a crença na imortalidade invadiu o cristianismo, e não foi revogada pelo protestantismo, senão pelo adventismo, no século XIX.
No islamismo, surgido com Maomé em 632 dC, o Corão registra que a alma é imortal, que continua viva após a morte e que as almas premiadas viverão num paraíso após a morte do corpo e as condenadas vão para o inferno.
Assim a mentira que nos fez cair em desgraça continua fazendo o mesmo efeito ao longo dos séculos e dos milênios. Se muitas leis não pegam, essa mentira pegou! Satanás é um mestre na mentira, e as pessoas, em maciça maioria acreditam nela.
Última edição por Ronaldo em Qua Jan 20, 2010 1:26 pm, editado 1 vez(es)
História da adoração – A alma, evolução do conceito I
Capítulo 20
Alma é uma palavra derivada do latim anǐma, que se refere ao princípio que produz o movimento ao que é vivo. Dessa palavra derivam outras, como animal, que se move; animador, que vivifica a um ambiente. Esse conceito é coerente com o que diz a Bíblia. Em Gênesis 2:7, onde diz que alma vivente é a soma de matéria com a respiração. Essa soma produz um ser vivo capaz de se mover.
No entanto, para as religiões, com raras exceções, alma é uma essência vital que nunca morre, e que se separa com a morte apenas do corpo. O fundamento dessa forma de crer se explica por meio de uma passagem bíblica que encontramos em Gênesis 3:4, quando a serpente, que serviu de canal mediúnico a Lúcifer, disse a Eva: “é certo que não morrereis”. Para quase todas as formas de fé, valeu essa palavra, não a que DEUS pronunciou em Gênesis 2:17, “no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” O conceito de alma que a maioria das pessoas aceita não vem das escrituras inspiradas por DEUS, mas da mentira mais bem sucedida de todos os tempos, a de Gên 3:4, refinada pela antiga filosofia grega.
“As conotações que o termo "alma" geralmente transmite à mente da maioria das pessoas provêm primariamente, não do uso dos escritores bíblicos, mas da antiga filosofia grega. Os antigos escritores gregos aplicavam psy.khé de vários modos, e não eram coerentes, suas filosofias pessoais e religiosas influenciando seu uso do termo. Segundo os léxicos grego-inglês, fornecem definições tais como "o Eu consciente" ou "ser vivente (humano ou animal)". Até mesmo em obras gregas não-bíblicas, o termo era usado para animais. O termo hebraico para alma é né.fesh. Num sentido literal, exprime a idéia de um "ser que respira" e cuja vida é sustentada pelo sangue. Os termos das línguas originais (hebraico: né·fesh; grego: psy·khé), segundo usados nas Escrituras, mostram que a “alma” é a pessoa, o animal ou a vida que a pessoa ou o animal usufrui.”
As pessoas do mundo inteiro preferem a conotação de alma que não corresponde à definição bíblica. E os líderes religiosos não se importam em esclarecer o erro, pois eles mesmos estão confundidos, e persuadidos pela mentira de Lúcifer. Tanto o mentiroso original, quanto esses líderes, tem o mesmo interesse, manter adeptos sob seu poder, mesmo que seja por meio de um engano fatal. Mas a Bíblia não diz em lugar algum que “temos” uma alma, mas sim, que “somos” uma alma vivente. A simplicidade da expressão bíblia é substituída pela falsidade. As pessoas preferem aceitar que nunca morrem, pois isso é mais confortável às suas mentes. É bem mais comprometedor aceitar que, pecando se morre, e que para não morrer, precisa ser transformado por JESUS, e depois, precisa obedecer aos Seus mandamentos.
As Escrituras nos dois Testamentos mostram que alma é material, tangível, visível e mortal. A própria Igreja Católica o aceita, embora ensine o contrário. “A New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica) diz: “Nepes [né·fesh] é um termo de muito maior extensão do que nossa ‘alma’, significando vida (Êx 21.23; Dt 19.21) e suas várias manifestações vitais: respiração (Gn 35.18; Jó 41.13[21] ), sangue [Gn 9.4; Dt 12.23; Sl 140(141).8 ], desejo (2 Sm 3.21; Pr 23.2). A alma no A[ntigo] T[estamento] significa, não uma parte do homem, mas o homem inteiro — o homem como ser vivente. Similarmente, no N[ovo] T[estamento] significa vida humana: a vida duma entidade individual, consciente (Mt 2.20; 6.25; Lu 12.22-23; 14.26; Jo 10.11, 15, 17; 13.37).” — 1967, Vol. XIII, p. 467.”
Esse tema será motivo de grande controvérsia no final dos tempos. Ele é importante a todos, pois envolve a maior de todas as mentiras. (Citações - Wikipedia - capturado em 28-09-2009)
Última edição por Ronaldo em Qua Jan 20, 2010 1:27 pm, editado 1 vez(es)
Capítulo 20
Alma é uma palavra derivada do latim anǐma, que se refere ao princípio que produz o movimento ao que é vivo. Dessa palavra derivam outras, como animal, que se move; animador, que vivifica a um ambiente. Esse conceito é coerente com o que diz a Bíblia. Em Gênesis 2:7, onde diz que alma vivente é a soma de matéria com a respiração. Essa soma produz um ser vivo capaz de se mover.
No entanto, para as religiões, com raras exceções, alma é uma essência vital que nunca morre, e que se separa com a morte apenas do corpo. O fundamento dessa forma de crer se explica por meio de uma passagem bíblica que encontramos em Gênesis 3:4, quando a serpente, que serviu de canal mediúnico a Lúcifer, disse a Eva: “é certo que não morrereis”. Para quase todas as formas de fé, valeu essa palavra, não a que DEUS pronunciou em Gênesis 2:17, “no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” O conceito de alma que a maioria das pessoas aceita não vem das escrituras inspiradas por DEUS, mas da mentira mais bem sucedida de todos os tempos, a de Gên 3:4, refinada pela antiga filosofia grega.
“As conotações que o termo "alma" geralmente transmite à mente da maioria das pessoas provêm primariamente, não do uso dos escritores bíblicos, mas da antiga filosofia grega. Os antigos escritores gregos aplicavam psy.khé de vários modos, e não eram coerentes, suas filosofias pessoais e religiosas influenciando seu uso do termo. Segundo os léxicos grego-inglês, fornecem definições tais como "o Eu consciente" ou "ser vivente (humano ou animal)". Até mesmo em obras gregas não-bíblicas, o termo era usado para animais. O termo hebraico para alma é né.fesh. Num sentido literal, exprime a idéia de um "ser que respira" e cuja vida é sustentada pelo sangue. Os termos das línguas originais (hebraico: né·fesh; grego: psy·khé), segundo usados nas Escrituras, mostram que a “alma” é a pessoa, o animal ou a vida que a pessoa ou o animal usufrui.”
As pessoas do mundo inteiro preferem a conotação de alma que não corresponde à definição bíblica. E os líderes religiosos não se importam em esclarecer o erro, pois eles mesmos estão confundidos, e persuadidos pela mentira de Lúcifer. Tanto o mentiroso original, quanto esses líderes, tem o mesmo interesse, manter adeptos sob seu poder, mesmo que seja por meio de um engano fatal. Mas a Bíblia não diz em lugar algum que “temos” uma alma, mas sim, que “somos” uma alma vivente. A simplicidade da expressão bíblia é substituída pela falsidade. As pessoas preferem aceitar que nunca morrem, pois isso é mais confortável às suas mentes. É bem mais comprometedor aceitar que, pecando se morre, e que para não morrer, precisa ser transformado por JESUS, e depois, precisa obedecer aos Seus mandamentos.
As Escrituras nos dois Testamentos mostram que alma é material, tangível, visível e mortal. A própria Igreja Católica o aceita, embora ensine o contrário. “A New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica) diz: “Nepes [né·fesh] é um termo de muito maior extensão do que nossa ‘alma’, significando vida (Êx 21.23; Dt 19.21) e suas várias manifestações vitais: respiração (Gn 35.18; Jó 41.13[21] ), sangue [Gn 9.4; Dt 12.23; Sl 140(141).8 ], desejo (2 Sm 3.21; Pr 23.2). A alma no A[ntigo] T[estamento] significa, não uma parte do homem, mas o homem inteiro — o homem como ser vivente. Similarmente, no N[ovo] T[estamento] significa vida humana: a vida duma entidade individual, consciente (Mt 2.20; 6.25; Lu 12.22-23; 14.26; Jo 10.11, 15, 17; 13.37).” — 1967, Vol. XIII, p. 467.”
Esse tema será motivo de grande controvérsia no final dos tempos. Ele é importante a todos, pois envolve a maior de todas as mentiras. (Citações - Wikipedia - capturado em 28-09-2009)
Última edição por Ronaldo em Qua Jan 20, 2010 1:27 pm, editado 1 vez(es)
História da adoração – A alma, evolução do conceito II
Capítulo 21
A origem do conceito de alma separável do corpo, como já vimos, vem do tempo do Jardim do Éden, quando Lúcifer mentiu a Eva de que desobedecendo a DEUS, isto é, comendo do fruto, mesmo assim não morreriam (Gên. 3:4). Lúcifer andava em busca de um império. Não fazia muito ele perdera a guerra no Céu, fora expulso dali, e agora estava no vazio do Universo a procura de algum planeta habitado para construir seu império. E como conseguiria isso senão mentindo? Por ventura algum ser inteligente o atenderia se dissesse algo assim: ‘olha, eu sou Lúcifer, fui expulso do Céu por rebeldia, me acolham aqui e serei vosso rei’. O que acha? Por isso ele mentiu, levou Eva a desobediência e por essa via conquistou a submissão dela, e logo depois também de Adão. Assim esse planeta passou do governo de DEUS para o governo de Lúcifer. E as desgraças que disto resultaram conhecemos bem. O princípio de governo da Terra não é o amor e sim o ódio.
Do Jardim do Éden o conceito de alma sem corpo passou aos antediluvianos e foi retomado pelas pessoas no tempo de Ninrod. De Ninrod, por meio da confusão de línguas, se disseminou pelo mundo, sendo maior o número de pessoas a crer na alma separável do corpo do que as que criam que alma é um corpo que respira. Em seqüência, se desenvolveram religiões coerentes com esse conceito, como as religiões pagãs. Mais tarde a crença da alma imortal entrou até mesmo entre os judeus, o povo de DEUS. Segundo a Enciclopédia Judaica, "a crença na imortalidade da alma chegou aos judeus através do contacto com o pensamento grego e principalmente através da filosofia de Platão (427-347 a.C.), seu principal expoente". Apartir de meados do 2.° Século d.C., os primitivos filósofos cristãos adotaram o conceito grego da imortalidade da alma. Nesse tempo a idéia da alma imortal invadiu o cristianismo, e até hoje permanece, mas não em todas as igrejas cristãs. Há cristãos que seguem a explicação da Bíblia, e ela merece ser considerada, afinal, ela é a Palavra de DEUS, aquele que nos criou.
Um dos povos que fortaleceu essa crença foram os egípcios. Eles criam que a alma fosse preexistente, que se tratava de apenas um espírito, sem matéria. Criam que esse espírito nunca morre. Eles criam que toda pessoa mais favorecida possuía um espirito protetor, que chamavam ‘ka’, diziam que ele permanecia com a pessoa durante a vida, para a guiar nessa vida por caminhos selecionados e que influenciava no futuro após a morte. Morrendo o egípcio, o seu ka o esperava do outro lado do Grande Rio.
Nos tempos mais antigos, acreditavam que só os reis possuíam o ‘ka’, por isso, os mumificavam e colocavam junto da tumba seus pertences pessoais, para o ‘ka’ os levar junto. Criam que o ‘ka’ dos reis iria para alguma estrela celestial. Por esse motivo os reis construíam pirâmides com uma pequena saída para que essa alma saísse em direção de sua estrela, conforme estudos do ‘National Geografic’. Mais tarde passaram a crer que todas as pessoas possuíam um ‘ka’.
Os hindus imaginaram o ‘atman’ que seria um espírito presente no corpo. Os chineses inventaram outra forma de crer, entendiam que havia dois aspectos no ser humano, o yahg e o yin, a alma e o espírito. Os budistas crêem em reencarnação até atingir o Nirvana, a paz absoluta. Os espíritas, que surgiram no séc. XIX, crêem na reencarnação da alma em busca da perfeição. Enfim, todas as crenças pagãs crêem em alguma forma de alma imortal, variando de uma crença para outra.
Há algo errado nessa forma de crer. Não é admissível que o homem possa ser explicado por inúmeras formas diferentes, e todas corretas. Além disso, essas crenças surgiram da imaginação de seres humanos. É preferível ficar com a Bíblia, explicação dada pelo próprio Criador, que diz que a alma se tornou mortal por causa do pecado.
Fonte - Cristo Voltará
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Capítulo 21
A origem do conceito de alma separável do corpo, como já vimos, vem do tempo do Jardim do Éden, quando Lúcifer mentiu a Eva de que desobedecendo a DEUS, isto é, comendo do fruto, mesmo assim não morreriam (Gên. 3:4). Lúcifer andava em busca de um império. Não fazia muito ele perdera a guerra no Céu, fora expulso dali, e agora estava no vazio do Universo a procura de algum planeta habitado para construir seu império. E como conseguiria isso senão mentindo? Por ventura algum ser inteligente o atenderia se dissesse algo assim: ‘olha, eu sou Lúcifer, fui expulso do Céu por rebeldia, me acolham aqui e serei vosso rei’. O que acha? Por isso ele mentiu, levou Eva a desobediência e por essa via conquistou a submissão dela, e logo depois também de Adão. Assim esse planeta passou do governo de DEUS para o governo de Lúcifer. E as desgraças que disto resultaram conhecemos bem. O princípio de governo da Terra não é o amor e sim o ódio.
Do Jardim do Éden o conceito de alma sem corpo passou aos antediluvianos e foi retomado pelas pessoas no tempo de Ninrod. De Ninrod, por meio da confusão de línguas, se disseminou pelo mundo, sendo maior o número de pessoas a crer na alma separável do corpo do que as que criam que alma é um corpo que respira. Em seqüência, se desenvolveram religiões coerentes com esse conceito, como as religiões pagãs. Mais tarde a crença da alma imortal entrou até mesmo entre os judeus, o povo de DEUS. Segundo a Enciclopédia Judaica, "a crença na imortalidade da alma chegou aos judeus através do contacto com o pensamento grego e principalmente através da filosofia de Platão (427-347 a.C.), seu principal expoente". Apartir de meados do 2.° Século d.C., os primitivos filósofos cristãos adotaram o conceito grego da imortalidade da alma. Nesse tempo a idéia da alma imortal invadiu o cristianismo, e até hoje permanece, mas não em todas as igrejas cristãs. Há cristãos que seguem a explicação da Bíblia, e ela merece ser considerada, afinal, ela é a Palavra de DEUS, aquele que nos criou.
Um dos povos que fortaleceu essa crença foram os egípcios. Eles criam que a alma fosse preexistente, que se tratava de apenas um espírito, sem matéria. Criam que esse espírito nunca morre. Eles criam que toda pessoa mais favorecida possuía um espirito protetor, que chamavam ‘ka’, diziam que ele permanecia com a pessoa durante a vida, para a guiar nessa vida por caminhos selecionados e que influenciava no futuro após a morte. Morrendo o egípcio, o seu ka o esperava do outro lado do Grande Rio.
Nos tempos mais antigos, acreditavam que só os reis possuíam o ‘ka’, por isso, os mumificavam e colocavam junto da tumba seus pertences pessoais, para o ‘ka’ os levar junto. Criam que o ‘ka’ dos reis iria para alguma estrela celestial. Por esse motivo os reis construíam pirâmides com uma pequena saída para que essa alma saísse em direção de sua estrela, conforme estudos do ‘National Geografic’. Mais tarde passaram a crer que todas as pessoas possuíam um ‘ka’.
Os hindus imaginaram o ‘atman’ que seria um espírito presente no corpo. Os chineses inventaram outra forma de crer, entendiam que havia dois aspectos no ser humano, o yahg e o yin, a alma e o espírito. Os budistas crêem em reencarnação até atingir o Nirvana, a paz absoluta. Os espíritas, que surgiram no séc. XIX, crêem na reencarnação da alma em busca da perfeição. Enfim, todas as crenças pagãs crêem em alguma forma de alma imortal, variando de uma crença para outra.
Há algo errado nessa forma de crer. Não é admissível que o homem possa ser explicado por inúmeras formas diferentes, e todas corretas. Além disso, essas crenças surgiram da imaginação de seres humanos. É preferível ficar com a Bíblia, explicação dada pelo próprio Criador, que diz que a alma se tornou mortal por causa do pecado.
Fonte - Cristo Voltará
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Todos os tradutores ignoraram a palavra; ἐμοῦ = de mim. Sem considerar esta palavra o sentido original do foi dito, se perde.
O que o nosso Salvador falou para aquele ladrão, foi mais do que uma promessa de estar junto.
A palavra ἐμοῦ é um caso genitivo, ou seja, aquele ladrão será de Yeshua na eternidade. Cristo não falou que o ladrão estará com, Ele falou que o ladrão será dEle.
Os tradutores ignoraram a palavra ἐμοῦ para não revelar a verdade do que foi dito, e com isto, produzir mais um falso argumento a favor da imortalidade natural do homem.
Por toda a vida o ladrão foi do diabo. Na eternidade o ladrão será de Yeshua.
Vejamos uma tradução do verso palavra por palavra:
καὶ = E \\ εἶπεν = disse \\ αὐτῷ = a ele \\ Ἀμήν = amém \\ σοι = a ti \\ λέγω = digo \\ σήμερον = hoje \\ μετ᾿ = depois \\ ἐμοῦ = de mim \\ ἔσῃ = serás \\ ἐν = em \\ τῷ = o \\ παραδείσῳ = paraíso.
A palavra μετ᾿ significa comigo, assim como significa depois.
[b]Se você considerar que μετ᾿ está com o sentido de Comigo. Obrigatoriamente, você tem que ignorar a palavra ἐμοῦ = de mim. Comigo de mim, não tem sentido nenhum.
A vírgula não pode ficar antes de hoje. A vírgula deve ser colocada após o hoje e também após o depois.
Considerando todas as palavras e traduzindo corretamente, o sentido original do foi dito fica muito claro: “E disse a ele; Amém a ti digo hoje, depois, de mim serás em o paraíso”.
Depois de todas as coisas concluídas, o ladrão com certeza absoluta será do nosso Salvador. Para Cristo, já é hoje. Mas para o ladrão só quando tudo estiver concluído.
A preposição μετ᾿ = depois, obriga o uso da vírgula em hoje. O uso do genitivo deixa claro que o ladrão SERÁ uma posse do nosso Salvador no Paraíso, ou seja, na nova terra: “de mim SERÁS em o paraíso”.
O Reino será na nova terra, é na terra que passaremos a eternidade.
Mais um detalhe: Yeshua não foi à presença do Pai por ocasião da morte, durante três dias Ele esteve no sepulcro. Só após a ressurreição Ele foi para o Pai.
Última edição por Ronaldo em Sex Jan 22, 2010 4:40 pm, editado 1 vez(es)
O que o nosso Salvador falou para aquele ladrão, foi mais do que uma promessa de estar junto.
A palavra ἐμοῦ é um caso genitivo, ou seja, aquele ladrão será de Yeshua na eternidade. Cristo não falou que o ladrão estará com, Ele falou que o ladrão será dEle.
Os tradutores ignoraram a palavra ἐμοῦ para não revelar a verdade do que foi dito, e com isto, produzir mais um falso argumento a favor da imortalidade natural do homem.
Por toda a vida o ladrão foi do diabo. Na eternidade o ladrão será de Yeshua.
Vejamos uma tradução do verso palavra por palavra:
καὶ = E \\ εἶπεν = disse \\ αὐτῷ = a ele \\ Ἀμήν = amém \\ σοι = a ti \\ λέγω = digo \\ σήμερον = hoje \\ μετ᾿ = depois \\ ἐμοῦ = de mim \\ ἔσῃ = serás \\ ἐν = em \\ τῷ = o \\ παραδείσῳ = paraíso.
A palavra μετ᾿ significa comigo, assim como significa depois.
[b]Se você considerar que μετ᾿ está com o sentido de Comigo. Obrigatoriamente, você tem que ignorar a palavra ἐμοῦ = de mim. Comigo de mim, não tem sentido nenhum.
A vírgula não pode ficar antes de hoje. A vírgula deve ser colocada após o hoje e também após o depois.
Considerando todas as palavras e traduzindo corretamente, o sentido original do foi dito fica muito claro: “E disse a ele; Amém a ti digo hoje, depois, de mim serás em o paraíso”.
Depois de todas as coisas concluídas, o ladrão com certeza absoluta será do nosso Salvador. Para Cristo, já é hoje. Mas para o ladrão só quando tudo estiver concluído.
A preposição μετ᾿ = depois, obriga o uso da vírgula em hoje. O uso do genitivo deixa claro que o ladrão SERÁ uma posse do nosso Salvador no Paraíso, ou seja, na nova terra: “de mim SERÁS em o paraíso”.
O Reino será na nova terra, é na terra que passaremos a eternidade.
Mais um detalhe: Yeshua não foi à presença do Pai por ocasião da morte, durante três dias Ele esteve no sepulcro. Só após a ressurreição Ele foi para o Pai.
Última edição por Ronaldo em Sex Jan 22, 2010 4:40 pm, editado 1 vez(es)
"NÃO EXISTE A VÍRGULA"
Aliás talvez você devesse dizer que no grego coiné não existe sinal de pontuação nenhum.
Não existindo os sinais de pontuação em um idioma, quando ele é traduzido para outro onde há os sinais, estes podem ser postos onde melhor convier aos interessados dependendo do entendimento que se tenha do contexto.
Jeovismo ou não, a verdade é que Jesus alegadamente só teria ido para o céu quarenta e três dias depois de ter falado com o malfeitor.
Então se ele disse que estaria naquele mesmo dia com o ladrão no paraíso, ele mentiu.
16 Disse-lhe Jesus:
- Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre).
17 Disse-lhe Jesus:
- Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
18 Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto. (João cap. 20)
Última edição por Ronaldo em Sex Jan 22, 2010 4:41 pm, editado 1 vez(es)
Aliás talvez você devesse dizer que no grego coiné não existe sinal de pontuação nenhum.
Não existindo os sinais de pontuação em um idioma, quando ele é traduzido para outro onde há os sinais, estes podem ser postos onde melhor convier aos interessados dependendo do entendimento que se tenha do contexto.
Jeovismo ou não, a verdade é que Jesus alegadamente só teria ido para o céu quarenta e três dias depois de ter falado com o malfeitor.
Então se ele disse que estaria naquele mesmo dia com o ladrão no paraíso, ele mentiu.
16 Disse-lhe Jesus:
- Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre).
17 Disse-lhe Jesus:
- Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
18 Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto. (João cap. 20)
Última edição por Ronaldo em Sex Jan 22, 2010 4:41 pm, editado 1 vez(es)
Vou apresentar o verso palavra por palavra, vou explicar o essencial. O amigo estuda grego, então, por favor, apresente-me os erros que estou cometendo.
O verso:
καὶ = E
εἶπεν = disse
αὐτῷ = a ele;
O que foi dito?
Ἀμήν = Amém
σοι = Para ti ou a ti. (Pronome pessoal, Segunda pessoa, Caso dativo).
λέγω = Digo
σήμερον = Hoje.
Yeshua entregou ao ladrão uma promessa.
Hoje, é o momento em que foi feito esta promessa. Naquele momento Cristo prometeu algo ao ladrão.
Mas em resposta a que foi feita a promessa?
Verso 42... μνήσθητί = Lembra-te \ μου = de mim \ ὅταν = quando \ ἔλθῃς = vier \ εἰς = em \ τὴν = o \ βασιλείαν = Reino \ σου = de ti.
ἔλθῃς é um verbo na segunda pessoa do singular, Aoristo 2, Modo Subjuntivo: “Lembra-te de mim quando vier em o reino de ti”.
O ladrão tinha dúvida se aquilo seria possível, o seu pedido foi para que Yeshua se lembrasse dele, QUANDO Yeshua estivesse vindo em o seu Reino.
Então, naquele momento, o hoje, Cristo lhe deu a certeza. Ele deu à maravilhosa noticia: “depois, de mim serás em o paraíso”.
A preposição μετὰ indica um tempo: Depois, Após, Além de.
Depois de todas as coisas, quando Cristo vier nos buscar, aquele ladrão será PROPRIEDADE do nosso Salvador.
Naquele momento, o hoje no verso, o ladrão recebeu a certeza de que no futuro, viveria para o nosso Salvador.
ἐμοῦ ou μου é um pronome na primeira pessoa do singular, esta palavra em hipotese nenhuma poderia ser ignorada. Sem ela ninguém pode entender a verdade. E com ela você tem que traduzir de forma correta ou então, ninguém entenderá o que foi dito.
Como entender algo assim: Amém a ti digo hoje depois de mim serás...
Em grego a pontuação não é necessária para a compreensão do texto, nem mesmo a ordem das palavras é importante.
Mas em português se você não organizar as palavras e não usar pontuação, o texto fica sem nenhum sentido.
Tradução correta: “E disse a ele; Amém a ti digo hoje, depois, de mim serás em o paraíso”.
Última edição por Ronaldo em Sex Jan 22, 2010 4:41 pm, editado 1 vez(es)
O verso:
καὶ = E
εἶπεν = disse
αὐτῷ = a ele;
O que foi dito?
Ἀμήν = Amém
σοι = Para ti ou a ti. (Pronome pessoal, Segunda pessoa, Caso dativo).
λέγω = Digo
σήμερον = Hoje.
Yeshua entregou ao ladrão uma promessa.
Hoje, é o momento em que foi feito esta promessa. Naquele momento Cristo prometeu algo ao ladrão.
Mas em resposta a que foi feita a promessa?
Verso 42... μνήσθητί = Lembra-te \ μου = de mim \ ὅταν = quando \ ἔλθῃς = vier \ εἰς = em \ τὴν = o \ βασιλείαν = Reino \ σου = de ti.
ἔλθῃς é um verbo na segunda pessoa do singular, Aoristo 2, Modo Subjuntivo: “Lembra-te de mim quando vier em o reino de ti”.
O ladrão tinha dúvida se aquilo seria possível, o seu pedido foi para que Yeshua se lembrasse dele, QUANDO Yeshua estivesse vindo em o seu Reino.
Então, naquele momento, o hoje, Cristo lhe deu a certeza. Ele deu à maravilhosa noticia: “depois, de mim serás em o paraíso”.
A preposição μετὰ indica um tempo: Depois, Após, Além de.
Depois de todas as coisas, quando Cristo vier nos buscar, aquele ladrão será PROPRIEDADE do nosso Salvador.
Naquele momento, o hoje no verso, o ladrão recebeu a certeza de que no futuro, viveria para o nosso Salvador.
ἐμοῦ ou μου é um pronome na primeira pessoa do singular, esta palavra em hipotese nenhuma poderia ser ignorada. Sem ela ninguém pode entender a verdade. E com ela você tem que traduzir de forma correta ou então, ninguém entenderá o que foi dito.
Como entender algo assim: Amém a ti digo hoje depois de mim serás...
Em grego a pontuação não é necessária para a compreensão do texto, nem mesmo a ordem das palavras é importante.
Mas em português se você não organizar as palavras e não usar pontuação, o texto fica sem nenhum sentido.
Tradução correta: “E disse a ele; Amém a ti digo hoje, depois, de mim serás em o paraíso”.
Última edição por Ronaldo em Sex Jan 22, 2010 4:41 pm, editado 1 vez(es)
A problemática envolvida na tradução de Lucas 23:43
“Em verdade eu te digo, hoje, estarás comigo no paraíso”.
Concordam com a IASD os seguinte documentos históricos:
.
a) Manuscritos Bc e Sy-C (Antigo Siríaco). "Eu digo a você hoje, que Comigo tu deve está no Jardim de Éden."
.
b) O Evangelho de Nicodemos (Fonte antiga), Atos de Pilatos-Descida do Ungido. "E Ele disse a ele: 'Hoje Eu lhe conto a verdade, que Eu devo o ter em Paraíso Comigo.'"; "E imediatamente Ele disse a mim: Amém, amém, hoje Eu lhe falo, você estará comigo em Paraíso.'"
.
c) Macário Magnes (400 d.C): Zahn escreve no Comentário de Lucas. "Macário indigna-se contra estes que, incapazes de acreditar na autoridade de Jesus alcançar o Paraíso, pontuam depois de σήμερον.
.
d) Hesichius de Jerusalem, Século V 'Verdadeiramente eu lhe falo hoje', em Patrologia Grega, Volume Noventa e Três, 1433.
.
e) Teofilacto em Patrologia Grega, Século XII, 'Verdadeiramente Eu lhe falo hoje', em Patrologia Grega, Volume Cento e Vinte e Três, 1104.
.
Ficou evidenciado que o assunto não é de Crítica Textuial, devido ao pequeno valor-alteração das variantes, e sim de tradução. Por outro lado não está claro que Jesus entrou no Paraíso naquele dia. Grilo citou o argumento: "No sepulcro durante três dias".
Lucas 23:43
.
ALEXANDRINOS
και 2532 CONJ E
ειπεν 3004 V-2AAI-3S disse
αυτω 846 P-DSM a-ele:
αμην 281 HEB Amém.
σοι 4771 P-2DS A-ti
λεγω 3004 V-PAI-1S digo
σημερον 4594 ADV hoje
μετ 3326 PREP Com, depois
εμου 1473 P-1GS de-mim
εση 1510 V-FDI-2S estarás
εν 1722 PREP em
τω 3588 T-DSM o
παραδεισω 3857 N-DSM parque-jardim.
.
MAJORITÁRIOS
και 2532 CONJ E
ειπεν 3004 V-2AAI-3S disse
αυτω 846 P-DSM a-ele:
αμην 281 HEB Amém.
λεγω 3004 V-PAI-1S 2.Digo
σοι 4771 P-2DS 1.a-ti
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“Em verdade eu te digo, hoje, estarás comigo no paraíso”.
Concordam com a IASD os seguinte documentos históricos:
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a) Manuscritos Bc e Sy-C (Antigo Siríaco). "Eu digo a você hoje, que Comigo tu deve está no Jardim de Éden."
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b) O Evangelho de Nicodemos (Fonte antiga), Atos de Pilatos-Descida do Ungido. "E Ele disse a ele: 'Hoje Eu lhe conto a verdade, que Eu devo o ter em Paraíso Comigo.'"; "E imediatamente Ele disse a mim: Amém, amém, hoje Eu lhe falo, você estará comigo em Paraíso.'"
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c) Macário Magnes (400 d.C): Zahn escreve no Comentário de Lucas. "Macário indigna-se contra estes que, incapazes de acreditar na autoridade de Jesus alcançar o Paraíso, pontuam depois de σήμερον.
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d) Hesichius de Jerusalem, Século V 'Verdadeiramente eu lhe falo hoje', em Patrologia Grega, Volume Noventa e Três, 1433.
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e) Teofilacto em Patrologia Grega, Século XII, 'Verdadeiramente Eu lhe falo hoje', em Patrologia Grega, Volume Cento e Vinte e Três, 1104.
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Ficou evidenciado que o assunto não é de Crítica Textuial, devido ao pequeno valor-alteração das variantes, e sim de tradução. Por outro lado não está claro que Jesus entrou no Paraíso naquele dia. Grilo citou o argumento: "No sepulcro durante três dias".
Lucas 23:43
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ALEXANDRINOS
και 2532 CONJ E
ειπεν 3004 V-2AAI-3S disse
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αμην 281 HEB Amém.
σοι 4771 P-2DS A-ti
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MAJORITÁRIOS
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αμην 281 HEB Amém.
λεγω 3004 V-PAI-1S 2.Digo
σοι 4771 P-2DS 1.a-ti
σημερον 4594 ADV hoje
μετ 3326 PREP Com, depois
εμου 1473 P-1GS de-mim
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10 Razões Por Que Eclesiastes 12:7 não Serve de Prova para a Teoria da Imortalidade da Alma
Publicado em fevereiro 10, 2010 por Seventh Day
Diz o texto: “O pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”.
1º – Porque a noção de um “espírito” equivalente a uma entidade imortal com que o homem foi dotado na criação (“alma”) parte duma premissa não demonstrada, pois não ocorre qualquer informação nas Escrituras de que tal componente realmente integrasse o indivíduo originalmente criado.
Aliás, ocorre uma discussão entre dualistas “dicotomistas” e “tricotomistas”, quanto a se as designações de “alma” e “espírito” se equivalem ou têm sentidos diferenciados no que tange à condição de vida e morte.
2º – Porque quem ler o capítulo inteiro de Eclesiastes 12 perceberá a linguagem pungente em que o sábio se refere ao fim da vida de todos, antecedido pela penosa experiência da velhice até o ponto em que “o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus que o deu” (vs. 7). O vs. 6 descreve o fim da vida em alegorias variadas e linguagem bem gráfica: “antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço”.
3º – Porque a própria advertência a todos para que o Criador seja lembrado, antes que a morte chegue sem que Ele seja assim tido em conta, não dá margem a qualquer noção de intenção do autor em falar do espírito só dos salvos, e sim de todos os seres humanos.
4º – Porque a morte de todos logicamente significa que Deus, em quem “vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 7:28) retira esse dom da vida. O “fôlego” é reintegrado ao espaço, o corpo retorna ao pó, e a máquina humana cessa de funcionar.
Se a interpretação dos imortalistas é no sentido de que “o espírito” que volta vai para junto de Deus como entidade consciente, então temos a pregação da salvação universal! TODOS os espíritos de TODOS os que são pó (a raça humana inteira) retornaria para Deus! O texto não implica absolutamente separação de salvos e perdidos. . . .
5º – Porque a passagem em discussão deixa implícito que o espírito retorna a Deus no instante do falecimento e esse “espírito” deriva de ruach, no hebraico. Esta palavra tem vários significados dentre os quais “respiração”, “vento”, “vitalidade”, “coragem”, “mente”, “temperamento”, “sede das emoções”, etc. Todavia, em nenhuma das 379 ocorrências de seu uso no Velho Testamento ruach denota uma entidade separada capaz de existência consciente à parte do corpo físico.
6º – Porque se pode depreender que esse “espírito” é o fôlego citado em Gên. 2:7 pelo que diz o mesmo livro de Eclesiastes poucos capítulos antes:
“É por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó, e ao pó tornarão. Quem sabe que o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima, e o dos animais para baixo, para a terra?” (Ecl. 3:18-21)
Esta passagem é de clareza cristalina e o tema discutido é exatamente o mesmo—o fim da vida humana, comparável ao dos animais, pois o “fôlego de vida” de homens e animais é o mesmo, o que é claramente exposto no relato da Criação, em Gên. 1:30:
“E a todos os animais da terra e a todas as aves dos céus e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida . . .”.
O termo para “fôlego de vida” é o mesmo, nephesh.
7º – Porque o paralelismo entre o “espírito de Deus” e “o sopro do Todo-poderoso”, que se acha com freqüência na Bíblia (Isa. 42:5; Jó 27:3; 34:14-15), sugere que os dois termos são usados intercambiavelmente. Ambos fazem referência ao dom da vida concedido por Deus a Suas criaturas. Lemos em Jó 33:4:
“O espírito [ruach] de Deus me criou, e o sopro [neshamah] do Todo-poderoso me concede vida”.
O Espírito de Deus que concede vida é descrito pela sugestiva imagem do “fôlego de vida” em vista de que a respiração é uma manifestação tangível de vida. Uma pessoa que não mais respira está morta. Jó declara:
“Enquanto estiver em mim o meu fôlego [neshamah], e o espírito [ruach] de Deus estiver em minhas narinas; meus lábios não falarão a falsidade” (Jó 27:3).
Certamente ninguém imagina que a suposta “alma imortal” humana permaneça nas narinas da pessoa, entrando e saindo no ato de inspirar, expirar. . . .
O “fôlego” humano e o “espírito” divino são equiparados, em razão de que respirar é visto como uma manifestação do poder sustenedor do Espírito de Deus. Também no Salmo 104:29 e 30 temos uma descrição de como os próprios animais morrem quando Deus lhes corta a respiração.
8º – Porque também outros paralelismos da linguagem poética de Jó ajudam-nos a ver como “espírito” e “fôlego” são a mesma coisa:
“Se ele pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó.” (Jó 34:14,15).
Isto não é uma distinção no sentido em que alguns apresentam, e sim paralelismo. É um recurso comum na língua hebraica, como no Salmo que diz:
“Lâmpada para os meus pés e a Tua palavra, e luz para os meus caminhos”. Aliás, o texto fala exatamente dentro do pensamento já exposto em Ecl. 12:7—o espírito e fôlego de TODOS os seres humanos, sem definir-se salvos e perdidos.
O texto citado de Salmos ensina que a Palavra de Deus é, ao mesmo tempo, lâmpada e luz para os que a ouvem e a colocam em prática. Isso mostra que a lâmpada e a luz são a mesma coisa? Claro que não. Da mesma forma, o espírito e o fôlego são postos lado-a-lado em Jó 34:14, mas deixados em distinção mútua; não é possível confundir os dois.
Isto posto, qual seria a tradução correta de Jó 34:14? Basta ler o contexto e ver o uso constante do recurso do paralelismo. Os dois versos juntos assim rezam:
“Se Deus . . . para Si recolhesse o Seu espírito e o Seu sopro, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó”.
A idéia é exatamente a mesma de Ecl. 12:7—o pó [de todos os seres humanos] volta à terra, e o espírito [de todos, até dos animais (3:19)] é “recolhido” por Deus, não para ficar com Ele no céu, pois a Bíblia não define assim a vida após a morte, nem ensina o universalismo, de TODOS os homens irem para junto de Deus na morte. Evidentemente neste caso temos outra ocorrência de paralelismo sinônimo, nada mais do que isso.
9º – Porque nada indica que o “espírito”, concedido por Deus ao homem no princípio, é o mesmo “sopro”, ou “fôlego de vida”, e tem consciência depois da morte. A Bíblia não autoriza tal interpretação, nem neste verso, nem em qualquer outro. Pelo contrário, o quadro que se ressalta do que o salmista nos apresenta quando esse “espírito” é recolhido é a falta de consciência após a morte:
“Não confieis . . . nos filhos dos homens . . . Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios [pensamentos-KJV; “pensamientos”—Reina Valera, em espanhol] (Salmo 146: 3 e 4).
Muitos outros textos falam claramente da condição de inconsciência do homem na morte: Sal. 6:5; 30:9; 88:10; 115: 17; Ecl. 9: 5, 6; Isa. 38: 18, 19; 1 Cor. 15: 16-19, 32.
10º – Porque a esperança de Jó de vida eterna centralizava-se na ressurreição, não em ir para a glória quando morresse e sua alma para lá se dirigisse:
“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros”. Jó 19: 25-27.
Que a grande esperança de vida eterna se centraliza, não na morte com ida de uma alma para o céu, mas na ressurreição, fica por demais claro ainda os seguintes textos: Sal. 17:15; João 6:39, 40; Lucas 20:37, 38; João 11: 23, 25; Fil. 3:11; 1 Tes. 4:14, 17; Mat. 16:27 (cf. Isa. 40:10); 2 Tim. 4:7, 8).
Publicado em fevereiro 10, 2010 por Seventh Day
Diz o texto: “O pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”.
1º – Porque a noção de um “espírito” equivalente a uma entidade imortal com que o homem foi dotado na criação (“alma”) parte duma premissa não demonstrada, pois não ocorre qualquer informação nas Escrituras de que tal componente realmente integrasse o indivíduo originalmente criado.
Aliás, ocorre uma discussão entre dualistas “dicotomistas” e “tricotomistas”, quanto a se as designações de “alma” e “espírito” se equivalem ou têm sentidos diferenciados no que tange à condição de vida e morte.
2º – Porque quem ler o capítulo inteiro de Eclesiastes 12 perceberá a linguagem pungente em que o sábio se refere ao fim da vida de todos, antecedido pela penosa experiência da velhice até o ponto em que “o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus que o deu” (vs. 7). O vs. 6 descreve o fim da vida em alegorias variadas e linguagem bem gráfica: “antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço”.
3º – Porque a própria advertência a todos para que o Criador seja lembrado, antes que a morte chegue sem que Ele seja assim tido em conta, não dá margem a qualquer noção de intenção do autor em falar do espírito só dos salvos, e sim de todos os seres humanos.
4º – Porque a morte de todos logicamente significa que Deus, em quem “vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 7:28) retira esse dom da vida. O “fôlego” é reintegrado ao espaço, o corpo retorna ao pó, e a máquina humana cessa de funcionar.
Se a interpretação dos imortalistas é no sentido de que “o espírito” que volta vai para junto de Deus como entidade consciente, então temos a pregação da salvação universal! TODOS os espíritos de TODOS os que são pó (a raça humana inteira) retornaria para Deus! O texto não implica absolutamente separação de salvos e perdidos. . . .
5º – Porque a passagem em discussão deixa implícito que o espírito retorna a Deus no instante do falecimento e esse “espírito” deriva de ruach, no hebraico. Esta palavra tem vários significados dentre os quais “respiração”, “vento”, “vitalidade”, “coragem”, “mente”, “temperamento”, “sede das emoções”, etc. Todavia, em nenhuma das 379 ocorrências de seu uso no Velho Testamento ruach denota uma entidade separada capaz de existência consciente à parte do corpo físico.
6º – Porque se pode depreender que esse “espírito” é o fôlego citado em Gên. 2:7 pelo que diz o mesmo livro de Eclesiastes poucos capítulos antes:
“É por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó, e ao pó tornarão. Quem sabe que o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima, e o dos animais para baixo, para a terra?” (Ecl. 3:18-21)
Esta passagem é de clareza cristalina e o tema discutido é exatamente o mesmo—o fim da vida humana, comparável ao dos animais, pois o “fôlego de vida” de homens e animais é o mesmo, o que é claramente exposto no relato da Criação, em Gên. 1:30:
“E a todos os animais da terra e a todas as aves dos céus e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida . . .”.
O termo para “fôlego de vida” é o mesmo, nephesh.
7º – Porque o paralelismo entre o “espírito de Deus” e “o sopro do Todo-poderoso”, que se acha com freqüência na Bíblia (Isa. 42:5; Jó 27:3; 34:14-15), sugere que os dois termos são usados intercambiavelmente. Ambos fazem referência ao dom da vida concedido por Deus a Suas criaturas. Lemos em Jó 33:4:
“O espírito [ruach] de Deus me criou, e o sopro [neshamah] do Todo-poderoso me concede vida”.
O Espírito de Deus que concede vida é descrito pela sugestiva imagem do “fôlego de vida” em vista de que a respiração é uma manifestação tangível de vida. Uma pessoa que não mais respira está morta. Jó declara:
“Enquanto estiver em mim o meu fôlego [neshamah], e o espírito [ruach] de Deus estiver em minhas narinas; meus lábios não falarão a falsidade” (Jó 27:3).
Certamente ninguém imagina que a suposta “alma imortal” humana permaneça nas narinas da pessoa, entrando e saindo no ato de inspirar, expirar. . . .
O “fôlego” humano e o “espírito” divino são equiparados, em razão de que respirar é visto como uma manifestação do poder sustenedor do Espírito de Deus. Também no Salmo 104:29 e 30 temos uma descrição de como os próprios animais morrem quando Deus lhes corta a respiração.
8º – Porque também outros paralelismos da linguagem poética de Jó ajudam-nos a ver como “espírito” e “fôlego” são a mesma coisa:
“Se ele pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó.” (Jó 34:14,15).
Isto não é uma distinção no sentido em que alguns apresentam, e sim paralelismo. É um recurso comum na língua hebraica, como no Salmo que diz:
“Lâmpada para os meus pés e a Tua palavra, e luz para os meus caminhos”. Aliás, o texto fala exatamente dentro do pensamento já exposto em Ecl. 12:7—o espírito e fôlego de TODOS os seres humanos, sem definir-se salvos e perdidos.
O texto citado de Salmos ensina que a Palavra de Deus é, ao mesmo tempo, lâmpada e luz para os que a ouvem e a colocam em prática. Isso mostra que a lâmpada e a luz são a mesma coisa? Claro que não. Da mesma forma, o espírito e o fôlego são postos lado-a-lado em Jó 34:14, mas deixados em distinção mútua; não é possível confundir os dois.
Isto posto, qual seria a tradução correta de Jó 34:14? Basta ler o contexto e ver o uso constante do recurso do paralelismo. Os dois versos juntos assim rezam:
“Se Deus . . . para Si recolhesse o Seu espírito e o Seu sopro, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó”.
A idéia é exatamente a mesma de Ecl. 12:7—o pó [de todos os seres humanos] volta à terra, e o espírito [de todos, até dos animais (3:19)] é “recolhido” por Deus, não para ficar com Ele no céu, pois a Bíblia não define assim a vida após a morte, nem ensina o universalismo, de TODOS os homens irem para junto de Deus na morte. Evidentemente neste caso temos outra ocorrência de paralelismo sinônimo, nada mais do que isso.
9º – Porque nada indica que o “espírito”, concedido por Deus ao homem no princípio, é o mesmo “sopro”, ou “fôlego de vida”, e tem consciência depois da morte. A Bíblia não autoriza tal interpretação, nem neste verso, nem em qualquer outro. Pelo contrário, o quadro que se ressalta do que o salmista nos apresenta quando esse “espírito” é recolhido é a falta de consciência após a morte:
“Não confieis . . . nos filhos dos homens . . . Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios [pensamentos-KJV; “pensamientos”—Reina Valera, em espanhol] (Salmo 146: 3 e 4).
Muitos outros textos falam claramente da condição de inconsciência do homem na morte: Sal. 6:5; 30:9; 88:10; 115: 17; Ecl. 9: 5, 6; Isa. 38: 18, 19; 1 Cor. 15: 16-19, 32.
10º – Porque a esperança de Jó de vida eterna centralizava-se na ressurreição, não em ir para a glória quando morresse e sua alma para lá se dirigisse:
“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros”. Jó 19: 25-27.
Que a grande esperança de vida eterna se centraliza, não na morte com ida de uma alma para o céu, mas na ressurreição, fica por demais claro ainda os seguintes textos: Sal. 17:15; João 6:39, 40; Lucas 20:37, 38; João 11: 23, 25; Fil. 3:11; 1 Tes. 4:14, 17; Mat. 16:27 (cf. Isa. 40:10); 2 Tim. 4:7, 8).
10 Razões Por Que Lucas 23:43 não Serve Para Provar a Teoria da Imortalidade da Alma
Publicado em fevereiro 10, 2010 por Seventh Day
Diz o texto: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43) —Versão Almeida—Corrigida e Revisada.
1º – Porque parte de um pressuposto não comprovado: de que o homem foi dotado por Deus de uma alma imortal na criação—informação não fornecida na Bíblia—e que após a morte tal alma continua consciente e viaja rumo ao local de seu destino eterno, havendo, porém dúvida entre cristãos se os condenados já vão para o inferno e os salvos para o céu, ou se ficam num local intermediário de espera até o dia do juízo, quando se definiria definitivamente a sorte de cada um.
2º – Porque a nota tônica da escatologia bíblica no que tange ao galardão dos justos é que ele ocorre unicamente por ocasião da volta de Jesus: Mat. 16:27; 25:31-34; II Tim. 4:8; 1 Ped. 5:4; Apo. 22:12; 1 Tes. 4:17, além de inúmeras outras passagens.
3º – Porque boas traduções rezam que o ladrão pedia a Jesus que se lembrasse dele “quando vieres no Teu reino”. Assim, por exemplo o fazem Matos Soares, a Trinitariana, a Versão Italiana de G. Deodatti, a francesa de L. Sègond, a inglesa de King James e outras. “Quando vieres no Teu reino” e não “quando entrares”. “Quando vier . . . então Se assentará no trono da Sua glória. . . ”. Mat. 25:31. Para essa ocasião pedia o ladrão um lugar no reino, e não para aquele dia em que agonizava ao lado de Jesus. A expressão “hoje” ligada ao verbo não é redundante, mas enfática, como em Deu. 20:18; Zac. 9:12; Atos 20:26, e outros passos. Jesus dá certeza ao moribundo naquele hora extrema que não seria esquecido quando Ele retornasse em glória.
4º – Porque Jesus não poderia estar no mesmo dia com o malfeitor arrependido porque três dias depois disse à Madalena: “Não me detenhas que Eu ainda não subi para o Meu Pai” (João 20:17). Se não havia ainda subido para o Pai como poderia estar no mesmo dia com aquele homem?
5º – Porque uma análise cuidadosa da cena do Calvário revela que o ladrão não morreu naquele mesmo dia, pois S. João 19:31-33 nos diz que os judeus pediram a Pilatos para que os corpos não ficassem no sábado na cruz, e assim foi ordenado que lhes quebrassem as pernas.
Por que “quebrar as pernas” dos justiçados? Porque o crucificado não morria no mesmo dia. Cristo não morreu dos ferimentos ou da hemorragia, mas de quebrantamento do coração por suportar os pecados do mundo. Mas os outros, não, e as crônicas descrevem o condenado esvaindo-se lentamente durante dias.
Se era necessário quebrar as pernas aos dois malfeitores, antes do pôr-do-sol, é porque não haviam, morrido ainda. Na pior das hipóteses viveram ainda, pelo menos, um dia a mais que o Mestre. Como podia, um deles, estar no mesmo dia junto de Jesus?
6º – Porque há traduções bem autorizadas que vertem o texto de Luc. 23:43 de forma a harmonizá-lo com o teor da Bíblia a respeito do galardão no reino, quando Jesus voltar. E vamos citá-las:
A) Tradução Trinitariana, em português, editada em 1883, pela “Trinitarian Bible Society” de Londres. Diz: “Na verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso”.
B) Emphasized New Testament, de Joseph B. Rotherham, impresso em Londres, em 1903, assim reza: “Jesus! Lembra-te de mim na ocasião em que vieres no Teu reino. E Ele disse-lhe: Na verdade, digo-te neste dia: Comigo estarás no Paraíso”.
C) The New Testament, de George M. Lamsa, de acordo com o Texto Oriental, traduzido de fontes originais aramaicas, diz: “Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”.
D) A chamada Concordant Version, em inglês, assim traduz: “E Jesus lhe disse: ‘Na verdade a ti estou dizendo hoje, comigo estarás no Paraíso”.
E) O famoso Manuscrito Curetoniano da Versão Siríaca, existente no Museu Britânico assim reza: “Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, que comigo estarás no Jardim do Éden”.
F) O comentário da Oxford Companion Bible, que diz: “’Hoje’ concorda com ‘te digo’ para dar ênfase à solenidade da ocasião; não concorda com ‘estarás’”.
G) No Apêndice n°. 173, o famoso Oxford Companion Bible, esclarece: “A interpretação deste versículo depende inteiramente da pontuação, a qual se baseia toda na autoridade humana, pois os manuscritos gregos não tinham pontuação alguma até o nono século, e mesmo nessa época somente um ponto no meio das linhas, separando cada palavra. . . . A oração do malfeitor referia-se também àquela vinda e àquele Reino, e não a alguma coisa que acontecesse no dia em que aquelas palavras foram ditas”.
H) Conclui o mesmo comentário, no final do mesmo Apêndice: “E Jesus lhe disse: ‘Na verdade te digo hoje’ ou neste dia quando, prestes a morrerem, este homem manifestou tão grande fé no Reino vindouro do Messias, no qual só será Rei quando ocorrer a ressurreição – agora, sob tão solenes circunstâncias, te digo: serás comigo no Paraíso”.
7º – Porque a profecia sobre a natureza humana que Cristo prevê: “Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste” (Heb. 10:5). Como a premissa de o homem ser dotado de uma alma imortal não foi comprovada, como poderia Jesus ter recebido algo assim. E se recebeu uma “alma imortal” humana estaria por toda a eternidade preso a isso?
8º – Porque o conceito bíblico de Paraíso é a Nova Terra restaurada, quando os que nela habitarão terão corpos transformados, e não um ambiente de espíritos desincorporados. Em 2 Coríntios 12:2-4, Paulo relata uma experiência extática de ter sido “arrebatado ao paraíso”, que ele localiza no “terceiro céu” (2 Cor. 12:2) mas não dá detalhes a respeito. Em Apocalipse 2: 7, o Senhor oferece esta promessa: “Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus”.
Aqui o paraíso é associado com a árvore da vida, que, segundo Apocalipse 22:2, será encontrada na Nova Jerusalém: “No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos”. Tudo isso sugere que o Paraíso é a eterna habitação dos remidos no Éden restaurado.
Portanto, quando Jesus assegurou ao ladrão penitente de um lugar com Ele no “paraíso” estava-Se referindo às “muitas moradas” na “casa” de Seu Pai e ao tempo em que Ele for “preparar lugar” para receber os Seus para Consigo estarem para sempre (João 14:1-3).
9º – Porque o conceito de imortalidade da alma é incompatível com o teor do ensino bíblico sobre o estado dos mortos. A Bíblia não ensina que os mortos estão conscientes, e sim o contrário disso—ensina a inconsciência, o sono, o total alheamento do que se passa. O que a Bíblia tem a ensinar sobre o estado de uma pessoa morta como segue:
Está dormindo. Que a morte é um sono ocorre 75 vezes nas Escrituras, sendo 47 vezes no Velho Testamento e 18 no Novo Testamento. A teologia popular procura em vão desembaraçar-se desta verdade, alegando ser uma “aparência”, mas Jesus afirma que o sono é a morte real e não a aparência dela. João 11:13 e 14.
Está na sepultura. João 5:28 e 29; Mat. 28:6; João 11:43.
Está no pó da Terra. Gên. 3:19; Sal. 22:15; Isa. 26:19; Jó 7:21; Dan. 12:2, e outros textos.
Está inconsciente, sem ação mental em absoluta inatividade. Sal. 6:5; 146:3 e 4; Ecl. 9:5,6 e 10; 3:20; Isa. 38: 18 e 19.
Não está no Céu. João 3:13; 7:33 e 34; Atos 2:34.
O mau não está no inferno. Está “reservado” no túmulo até o dia do juízo. Jo 21:30; II S. Ped. 2:9, e outros passos.
Estão num mesmo lugar, bons e maus. Ecl. 3:20; 6:6.
O morto será despertado pelo milagre da ressurreição. Isa. 26:19; Dan. 12:2; Eze. 37:12; Luc. 20:37 e 38; João 5:28 e 29; I Cor. 15:42, 44 e 52:; I Tes. 4:16; Apo. 20:6, 13 e outros passos.
A recompensa de cada um só será dada quando Cristo voltar. Mat. 16:27; Apo. 22:14; I Ped. 5:4; 5. Luc. 14:14b; II Tim. 4:1, e outros passos. Os heróis da fé, que dormem desde tempos remotos, alcançarão a recompensa também nessa ocasião. Heb. 11:39 e 40. Só o que vence adquire a imortalidade. Apo. 2:7 e 11.
10º – Porque a crença na imortalidade da alma é característica de TODOS os povos pagãos, em vista de desconhecerem as verdades evangélicas. Daí, por ignorarem a promessa da ressurreição dos mortos, desenvolvem idéias de sobrevivência de um espírito no homem que prossegue vivendo após a morte. Até atribuem espíritos a coisas inanimadas como rios, montanhas, árvores. Não se sabe de nenhum povo pagão, antigo ou moderno, que tenha a concepção de que “vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”. – João 5:28, 29.
Azenilto Brito
Arquivado
Publicado em fevereiro 10, 2010 por Seventh Day
Diz o texto: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43) —Versão Almeida—Corrigida e Revisada.
1º – Porque parte de um pressuposto não comprovado: de que o homem foi dotado por Deus de uma alma imortal na criação—informação não fornecida na Bíblia—e que após a morte tal alma continua consciente e viaja rumo ao local de seu destino eterno, havendo, porém dúvida entre cristãos se os condenados já vão para o inferno e os salvos para o céu, ou se ficam num local intermediário de espera até o dia do juízo, quando se definiria definitivamente a sorte de cada um.
2º – Porque a nota tônica da escatologia bíblica no que tange ao galardão dos justos é que ele ocorre unicamente por ocasião da volta de Jesus: Mat. 16:27; 25:31-34; II Tim. 4:8; 1 Ped. 5:4; Apo. 22:12; 1 Tes. 4:17, além de inúmeras outras passagens.
3º – Porque boas traduções rezam que o ladrão pedia a Jesus que se lembrasse dele “quando vieres no Teu reino”. Assim, por exemplo o fazem Matos Soares, a Trinitariana, a Versão Italiana de G. Deodatti, a francesa de L. Sègond, a inglesa de King James e outras. “Quando vieres no Teu reino” e não “quando entrares”. “Quando vier . . . então Se assentará no trono da Sua glória. . . ”. Mat. 25:31. Para essa ocasião pedia o ladrão um lugar no reino, e não para aquele dia em que agonizava ao lado de Jesus. A expressão “hoje” ligada ao verbo não é redundante, mas enfática, como em Deu. 20:18; Zac. 9:12; Atos 20:26, e outros passos. Jesus dá certeza ao moribundo naquele hora extrema que não seria esquecido quando Ele retornasse em glória.
4º – Porque Jesus não poderia estar no mesmo dia com o malfeitor arrependido porque três dias depois disse à Madalena: “Não me detenhas que Eu ainda não subi para o Meu Pai” (João 20:17). Se não havia ainda subido para o Pai como poderia estar no mesmo dia com aquele homem?
5º – Porque uma análise cuidadosa da cena do Calvário revela que o ladrão não morreu naquele mesmo dia, pois S. João 19:31-33 nos diz que os judeus pediram a Pilatos para que os corpos não ficassem no sábado na cruz, e assim foi ordenado que lhes quebrassem as pernas.
Por que “quebrar as pernas” dos justiçados? Porque o crucificado não morria no mesmo dia. Cristo não morreu dos ferimentos ou da hemorragia, mas de quebrantamento do coração por suportar os pecados do mundo. Mas os outros, não, e as crônicas descrevem o condenado esvaindo-se lentamente durante dias.
Se era necessário quebrar as pernas aos dois malfeitores, antes do pôr-do-sol, é porque não haviam, morrido ainda. Na pior das hipóteses viveram ainda, pelo menos, um dia a mais que o Mestre. Como podia, um deles, estar no mesmo dia junto de Jesus?
6º – Porque há traduções bem autorizadas que vertem o texto de Luc. 23:43 de forma a harmonizá-lo com o teor da Bíblia a respeito do galardão no reino, quando Jesus voltar. E vamos citá-las:
A) Tradução Trinitariana, em português, editada em 1883, pela “Trinitarian Bible Society” de Londres. Diz: “Na verdade te digo hoje, que serás comigo no Paraíso”.
B) Emphasized New Testament, de Joseph B. Rotherham, impresso em Londres, em 1903, assim reza: “Jesus! Lembra-te de mim na ocasião em que vieres no Teu reino. E Ele disse-lhe: Na verdade, digo-te neste dia: Comigo estarás no Paraíso”.
C) The New Testament, de George M. Lamsa, de acordo com o Texto Oriental, traduzido de fontes originais aramaicas, diz: “Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”.
D) A chamada Concordant Version, em inglês, assim traduz: “E Jesus lhe disse: ‘Na verdade a ti estou dizendo hoje, comigo estarás no Paraíso”.
E) O famoso Manuscrito Curetoniano da Versão Siríaca, existente no Museu Britânico assim reza: “Jesus lhe disse: Na verdade te digo hoje, que comigo estarás no Jardim do Éden”.
F) O comentário da Oxford Companion Bible, que diz: “’Hoje’ concorda com ‘te digo’ para dar ênfase à solenidade da ocasião; não concorda com ‘estarás’”.
G) No Apêndice n°. 173, o famoso Oxford Companion Bible, esclarece: “A interpretação deste versículo depende inteiramente da pontuação, a qual se baseia toda na autoridade humana, pois os manuscritos gregos não tinham pontuação alguma até o nono século, e mesmo nessa época somente um ponto no meio das linhas, separando cada palavra. . . . A oração do malfeitor referia-se também àquela vinda e àquele Reino, e não a alguma coisa que acontecesse no dia em que aquelas palavras foram ditas”.
H) Conclui o mesmo comentário, no final do mesmo Apêndice: “E Jesus lhe disse: ‘Na verdade te digo hoje’ ou neste dia quando, prestes a morrerem, este homem manifestou tão grande fé no Reino vindouro do Messias, no qual só será Rei quando ocorrer a ressurreição – agora, sob tão solenes circunstâncias, te digo: serás comigo no Paraíso”.
7º – Porque a profecia sobre a natureza humana que Cristo prevê: “Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste” (Heb. 10:5). Como a premissa de o homem ser dotado de uma alma imortal não foi comprovada, como poderia Jesus ter recebido algo assim. E se recebeu uma “alma imortal” humana estaria por toda a eternidade preso a isso?
8º – Porque o conceito bíblico de Paraíso é a Nova Terra restaurada, quando os que nela habitarão terão corpos transformados, e não um ambiente de espíritos desincorporados. Em 2 Coríntios 12:2-4, Paulo relata uma experiência extática de ter sido “arrebatado ao paraíso”, que ele localiza no “terceiro céu” (2 Cor. 12:2) mas não dá detalhes a respeito. Em Apocalipse 2: 7, o Senhor oferece esta promessa: “Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus”.
Aqui o paraíso é associado com a árvore da vida, que, segundo Apocalipse 22:2, será encontrada na Nova Jerusalém: “No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos”. Tudo isso sugere que o Paraíso é a eterna habitação dos remidos no Éden restaurado.
Portanto, quando Jesus assegurou ao ladrão penitente de um lugar com Ele no “paraíso” estava-Se referindo às “muitas moradas” na “casa” de Seu Pai e ao tempo em que Ele for “preparar lugar” para receber os Seus para Consigo estarem para sempre (João 14:1-3).
9º – Porque o conceito de imortalidade da alma é incompatível com o teor do ensino bíblico sobre o estado dos mortos. A Bíblia não ensina que os mortos estão conscientes, e sim o contrário disso—ensina a inconsciência, o sono, o total alheamento do que se passa. O que a Bíblia tem a ensinar sobre o estado de uma pessoa morta como segue:
Está dormindo. Que a morte é um sono ocorre 75 vezes nas Escrituras, sendo 47 vezes no Velho Testamento e 18 no Novo Testamento. A teologia popular procura em vão desembaraçar-se desta verdade, alegando ser uma “aparência”, mas Jesus afirma que o sono é a morte real e não a aparência dela. João 11:13 e 14.
Está na sepultura. João 5:28 e 29; Mat. 28:6; João 11:43.
Está no pó da Terra. Gên. 3:19; Sal. 22:15; Isa. 26:19; Jó 7:21; Dan. 12:2, e outros textos.
Está inconsciente, sem ação mental em absoluta inatividade. Sal. 6:5; 146:3 e 4; Ecl. 9:5,6 e 10; 3:20; Isa. 38: 18 e 19.
Não está no Céu. João 3:13; 7:33 e 34; Atos 2:34.
O mau não está no inferno. Está “reservado” no túmulo até o dia do juízo. Jo 21:30; II S. Ped. 2:9, e outros passos.
Estão num mesmo lugar, bons e maus. Ecl. 3:20; 6:6.
O morto será despertado pelo milagre da ressurreição. Isa. 26:19; Dan. 12:2; Eze. 37:12; Luc. 20:37 e 38; João 5:28 e 29; I Cor. 15:42, 44 e 52:; I Tes. 4:16; Apo. 20:6, 13 e outros passos.
A recompensa de cada um só será dada quando Cristo voltar. Mat. 16:27; Apo. 22:14; I Ped. 5:4; 5. Luc. 14:14b; II Tim. 4:1, e outros passos. Os heróis da fé, que dormem desde tempos remotos, alcançarão a recompensa também nessa ocasião. Heb. 11:39 e 40. Só o que vence adquire a imortalidade. Apo. 2:7 e 11.
10º – Porque a crença na imortalidade da alma é característica de TODOS os povos pagãos, em vista de desconhecerem as verdades evangélicas. Daí, por ignorarem a promessa da ressurreição dos mortos, desenvolvem idéias de sobrevivência de um espírito no homem que prossegue vivendo após a morte. Até atribuem espíritos a coisas inanimadas como rios, montanhas, árvores. Não se sabe de nenhum povo pagão, antigo ou moderno, que tenha a concepção de que “vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”. – João 5:28, 29.
Azenilto Brito
Arquivado
10 Razões Por que Mateus 10:28 não Serve de Prova para a Teoria da Imortalidade da Alma.
Publicado em fevereiro 10, 2010 por Seventh Day
Diz o texto: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”. (Mateus 10:28)
1º - Porque a noção de que esta passagem trate de alguma alma imortal de que o ser humano seria possuidor parte de um pressuposto não demonstrado — de que Deus colocou esse elemento imorredouro no homem ao criá-lo, uma informação que não se acha nas Escrituras (ver Gên. 2:7).
2º – Porque a Bíblia diz que só Deus possui a imortalidade (1 Tim. 1:17; 6:16), e embora as palavras “alma” e “espírito” apareçam em muitas ocasiões nas Escrituras, em nenhum caso estão associadas com os adjetivos “eterno” ou “imortal”.
3º – Porque o tema que está sendo tratado no contexto em nada indica que Cristo esteja discutindo detalhes sobre uma suposta natureza dualística do homem. Antes, Ele fala de relacionamento com Deus, confiança em Sua direção, convicção e fé.
4º - Porque a própria passagem fala de “matar a alma”, que no grego traz o verbo apollumi (destruir), que em várias ocasiões significa claramente o fim completo, como em 2 Pedro 3:7—“destruição dos homens ímpios”.
5º - Porque mesmo em nosso idioma falamos em “dobrar o espírito” de alguém, no sentido de convencer tal pessoa a aceitar uma certa visão, assimilar a convicção íntima de outro abandonando suas próprias. Não poder matar a alma neste caso significa que ninguém poderia eliminar a convicção profunda de alguém pela verdade, conquanto podendo até tirar-lhe a vida. Na passagem de Lucas 12:4, 5 com linguagem semelhante, significativamente não consta a expressão “matar a alma”, apenas é dito: “Não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. . . . Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno”.
6º - Porque em muitas ocasiões Cristo ensinou exatamente a destruição total dos pecadores ao comparar coisas tais como as ervas que são reunidas em molhos para serem queimadas (Mat. 13:30, 40), os maus peixes que são lançados fora (Mat. 13:48), as plantas prejudiciais que são arrancadas (Mat. 15:13), a árvore infrutífera que é cortada (Luc. 13:7), os galhos secos que são queimados (João 15:6).
Ele comparou os perdidos a servos infiéis que são destruídos (Luc. 20:16), o mau servo que será despedaçado (Mat. 24:51), os galileus que pereceram (Luc. 13:2, 3), as dezoito pessoas que foram esmagadas pela torre de Siloé (Luc. 13:4, 5), os antediluvianos que foram destruídos pelo dilúvio (Luc. 17:27), as pessoas de Sodoma e Gomorra que foram destruídas pelo fogo (Luc. 17:29) e os servos rebeldes que foram mortos quando do retorno do seu mestre (Luc. 19:14, 27).
As ilustrações empregadas pelo Salvador descrevem vividamente a destruição final ou dissolução dos ímpios. Jesus perguntou: “Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” (Mat. 21:40). E as pessoas responderam: “Fará perecer [apollumi] horrivelmente a estes malvados” (Mat. 21:41).
7º – Porque o apóstolo Paulo também usou linguagem de destruição. Falando dos “inimigos da cruz”, Paulo diz que “o destino deles é a perdição [apoleia]” (Fil. 3:19). Concluindo sua epístola aos gálatas, Paulo adverte que “o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção [phthora]; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gál. 6:8). O Dia do Senhor virá inesperadamente, “como um ladrão de noite, . . . eis que lhes sobrevirá repentina destruição [olethron] (2 Tes. 1:9). Não há como um processo de destruição durar eternamente.
O Apóstolo acentua ainda que “todos os que pecaram sem lei, também sem lei perecerão [apolountai]” (Rom. 2:12). Em vista do destino final que aguarda crentes e descrentes, Paulo muitas vezes fala dos primeiros como “aqueles que estão sendo salvos—[hoi sozomenoi]” e destes últimos como “aqueles que estão perecendo—[hoi apollumenoi]” (1 Cor. 1:18; 2 Cor. 2:15; 4:3; 2 Tes. 2:10). Esta caracterização comum é indicativa do entendimento de Paulo sobre o destino dos descrentes como destruição derradeira, não tormento eterno.
8º - Porque, à semelhança de Paulo, Pedro também emprega clara linguagem de destruição. Ele fala de falsos mestres que secretamente trazem heresias e que acarretam sobre si “repentina destruição” (2 Ped. 2:1), compara a destruição deles à do mundo antigo pelo dilúvio e das cidades de Sodoma e Gomorra que foram queimadas e transformadas em cinzas como “exemplo” dos que haverão de perecer (2 Ped. 2:5, 6).
Ele alude novamente à sorte dos perdidos quando diz que Deus é “longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Ped. 3:9). As alternativas de Pedro entre arrepender-se e perecer nos trazem à lembrança a advertência de Cristo: “se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (Luc. 13:3). Este último evento se dará por ocasião da vinda do Senhor quando “os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Ped. 3:10). Tal descrição vívida da destruição da Terra e dos malfeitores por fogo dificilmente deixa espaço para idéia de tormento infindável no inferno. Os que pereceram no dilúvio não permaneceram eternamente sendo atormentados na água. Pedro fala do fogo que derreterá os elementos e também cumprirá a destruição dos descrentes, “pela mesma palavra” (de Deus, que ordenou o dilúvio).
9º - Porque também Tiago adverte os crentes a não permitirem que desejos pecaminosos se enraízem em seus corações porque “o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tia. 1:15). À semelhança de Paulo, Tiago explica que o salário derradeiro do pecado é a morte, a cessação da vida, e não o tormento eterno. Ele fala também de Deus “que pode salvar e fazer perecer” [“destruir”, VKJ] (Tia. 4:12). O contraste é entre salvação e destruição.
Tiago encerra sua epístola encorajando os crentes a vigiarem pelo bem-estar uns dos outros porque “aquele que converte o pecador do seu caminho errado, salvará da morte a alma dele, e cobrirá uma multidão de pecados” (Tia. 5:20). Novamente a salvação é da morte ou “destruição”. A propósito, Tiago fala de “salvar a alma da morte” deixando implícito que a alma pode morrer porque é parte da pessoa integral.
10º - Porque, além das claras passagens apocalípticas que falam da segunda morte—o “lago de fogo”—João descreve em Apocalipse 11:18 como ao som da sétima trombeta ele ouve os 24 anciãos proclamando: “chegou . . . o tempo . . . para destruíres os que destroem a terra”. Aqui, novamente, o resultado do juízo final não é condenação ao tormento eterno no inferno, mas destruição e aniquilamento.
Azenilto Brito.
Publicado em fevereiro 10, 2010 por Seventh Day
Diz o texto: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”. (Mateus 10:28)
1º - Porque a noção de que esta passagem trate de alguma alma imortal de que o ser humano seria possuidor parte de um pressuposto não demonstrado — de que Deus colocou esse elemento imorredouro no homem ao criá-lo, uma informação que não se acha nas Escrituras (ver Gên. 2:7).
2º – Porque a Bíblia diz que só Deus possui a imortalidade (1 Tim. 1:17; 6:16), e embora as palavras “alma” e “espírito” apareçam em muitas ocasiões nas Escrituras, em nenhum caso estão associadas com os adjetivos “eterno” ou “imortal”.
3º – Porque o tema que está sendo tratado no contexto em nada indica que Cristo esteja discutindo detalhes sobre uma suposta natureza dualística do homem. Antes, Ele fala de relacionamento com Deus, confiança em Sua direção, convicção e fé.
4º - Porque a própria passagem fala de “matar a alma”, que no grego traz o verbo apollumi (destruir), que em várias ocasiões significa claramente o fim completo, como em 2 Pedro 3:7—“destruição dos homens ímpios”.
5º - Porque mesmo em nosso idioma falamos em “dobrar o espírito” de alguém, no sentido de convencer tal pessoa a aceitar uma certa visão, assimilar a convicção íntima de outro abandonando suas próprias. Não poder matar a alma neste caso significa que ninguém poderia eliminar a convicção profunda de alguém pela verdade, conquanto podendo até tirar-lhe a vida. Na passagem de Lucas 12:4, 5 com linguagem semelhante, significativamente não consta a expressão “matar a alma”, apenas é dito: “Não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. . . . Temei aquele que depois de matar, tem poder para lançar no inferno”.
6º - Porque em muitas ocasiões Cristo ensinou exatamente a destruição total dos pecadores ao comparar coisas tais como as ervas que são reunidas em molhos para serem queimadas (Mat. 13:30, 40), os maus peixes que são lançados fora (Mat. 13:48), as plantas prejudiciais que são arrancadas (Mat. 15:13), a árvore infrutífera que é cortada (Luc. 13:7), os galhos secos que são queimados (João 15:6).
Ele comparou os perdidos a servos infiéis que são destruídos (Luc. 20:16), o mau servo que será despedaçado (Mat. 24:51), os galileus que pereceram (Luc. 13:2, 3), as dezoito pessoas que foram esmagadas pela torre de Siloé (Luc. 13:4, 5), os antediluvianos que foram destruídos pelo dilúvio (Luc. 17:27), as pessoas de Sodoma e Gomorra que foram destruídas pelo fogo (Luc. 17:29) e os servos rebeldes que foram mortos quando do retorno do seu mestre (Luc. 19:14, 27).
As ilustrações empregadas pelo Salvador descrevem vividamente a destruição final ou dissolução dos ímpios. Jesus perguntou: “Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” (Mat. 21:40). E as pessoas responderam: “Fará perecer [apollumi] horrivelmente a estes malvados” (Mat. 21:41).
7º – Porque o apóstolo Paulo também usou linguagem de destruição. Falando dos “inimigos da cruz”, Paulo diz que “o destino deles é a perdição [apoleia]” (Fil. 3:19). Concluindo sua epístola aos gálatas, Paulo adverte que “o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção [phthora]; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gál. 6:8). O Dia do Senhor virá inesperadamente, “como um ladrão de noite, . . . eis que lhes sobrevirá repentina destruição [olethron] (2 Tes. 1:9). Não há como um processo de destruição durar eternamente.
O Apóstolo acentua ainda que “todos os que pecaram sem lei, também sem lei perecerão [apolountai]” (Rom. 2:12). Em vista do destino final que aguarda crentes e descrentes, Paulo muitas vezes fala dos primeiros como “aqueles que estão sendo salvos—[hoi sozomenoi]” e destes últimos como “aqueles que estão perecendo—[hoi apollumenoi]” (1 Cor. 1:18; 2 Cor. 2:15; 4:3; 2 Tes. 2:10). Esta caracterização comum é indicativa do entendimento de Paulo sobre o destino dos descrentes como destruição derradeira, não tormento eterno.
8º - Porque, à semelhança de Paulo, Pedro também emprega clara linguagem de destruição. Ele fala de falsos mestres que secretamente trazem heresias e que acarretam sobre si “repentina destruição” (2 Ped. 2:1), compara a destruição deles à do mundo antigo pelo dilúvio e das cidades de Sodoma e Gomorra que foram queimadas e transformadas em cinzas como “exemplo” dos que haverão de perecer (2 Ped. 2:5, 6).
Ele alude novamente à sorte dos perdidos quando diz que Deus é “longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Ped. 3:9). As alternativas de Pedro entre arrepender-se e perecer nos trazem à lembrança a advertência de Cristo: “se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” (Luc. 13:3). Este último evento se dará por ocasião da vinda do Senhor quando “os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Ped. 3:10). Tal descrição vívida da destruição da Terra e dos malfeitores por fogo dificilmente deixa espaço para idéia de tormento infindável no inferno. Os que pereceram no dilúvio não permaneceram eternamente sendo atormentados na água. Pedro fala do fogo que derreterá os elementos e também cumprirá a destruição dos descrentes, “pela mesma palavra” (de Deus, que ordenou o dilúvio).
9º - Porque também Tiago adverte os crentes a não permitirem que desejos pecaminosos se enraízem em seus corações porque “o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tia. 1:15). À semelhança de Paulo, Tiago explica que o salário derradeiro do pecado é a morte, a cessação da vida, e não o tormento eterno. Ele fala também de Deus “que pode salvar e fazer perecer” [“destruir”, VKJ] (Tia. 4:12). O contraste é entre salvação e destruição.
Tiago encerra sua epístola encorajando os crentes a vigiarem pelo bem-estar uns dos outros porque “aquele que converte o pecador do seu caminho errado, salvará da morte a alma dele, e cobrirá uma multidão de pecados” (Tia. 5:20). Novamente a salvação é da morte ou “destruição”. A propósito, Tiago fala de “salvar a alma da morte” deixando implícito que a alma pode morrer porque é parte da pessoa integral.
10º - Porque, além das claras passagens apocalípticas que falam da segunda morte—o “lago de fogo”—João descreve em Apocalipse 11:18 como ao som da sétima trombeta ele ouve os 24 anciãos proclamando: “chegou . . . o tempo . . . para destruíres os que destroem a terra”. Aqui, novamente, o resultado do juízo final não é condenação ao tormento eterno no inferno, mas destruição e aniquilamento.
Azenilto Brito.
Agora quer saber o que a Bíblia Sagrada diz a respeito da imortalidade do homem?
Então leia os artigos recomendados logo abaixo:
• DEPOIS DA MORTE
• IMORTALIDADE DA ALMA: ANALISANDO AS QUESTÕES DA NATUREZA E DESTINOS HUMANOS
• HOMEM! MORTAL OU IMORTAL?
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Para Onde Vão os que Morrem?
Publicado em janeiro 11, 2010 por Seventh Day
Para assistir aos vídeos clique sobre os links abaixo:
Parte 01 / Parte 02 / Parte 03
Publicado em janeiro 11, 2010 por Seventh Day
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As Doutrinas do Sono e da Imortalidade da Alma
A palavra "alma" possui vários significados, entretanto quero me referir especificamente aquilo que se entende por corpo supra-sensível, princípio espiritual do homem, separável do corpo e imortal.
Esta mesma alma pode ter atributos dos mais variados como ser sede das emoçoes, reponsável pelo movimento do corpo e experiências sobrenaturais.
Minha pergunta relevante é "em pleno século XXI há algum lugar para a crença coerente nesta alma?" e minha resposta é "creio seriamente que não."
Não sendo a alma um objeto empírico não é uma verdade evidente em si mesma e nem está sujeita a experimentação científica e a demonstrabilidade de sua existência deve ser verificada se realmente é defensável do ponto de vista lógico.
Percebo que o "grande argumento" para a crença em uma alma inerentemente imortal se concentra basicamente na necessidade de uma vida pós-morte, mas ele mostra-se falho primeiramente por se sustentar em um desencontro filosófico e teológico gigantesco, por mostrar-se como a única proposta cogitada para um Desígnio para a existência humana e para a crença em um paraíso e em Juízo Final.
Um belo exemplo disto é a série de conversas que temos geralmente com pessoas do nosso cotidiano. Não demora muito para que alguém diga que considerando a complexidade da vida, o significado filosófico dela e a existência de Deus é totalmente tola a idéia que não possuimos uma alma imortal e que morrendo "acaba tudo".
Certamente não estou dizendo que quando se morre "acaba tudo" ou até mesmo negando os argumentos cosmológico e teleológico tão defendidos por vários cristãos que o fazem competentemente. Minha afirmação é que um mesmo havendo um Desígnio para a vida humana não quer dizer que ela possui necessariamente uma alma imortal.
Minha crítica se concentra no fato de que a existência de uma alma além do corpo não é a melhor explicação para a crença na eternidade cristã. Que não possuimos evidência dela e que sua afirmação por parte da religião cristã é contraditória, tola, perigosa e no mínimo dispensável.
O homem não possui a necessidade de uma alma imortal se o seu corpo pode ser ressussitado e imortalizado e esta alma imortal pode ser assim descartada já que não falamos de experiências necessariamente imediátas.
Dizer que o salário do pecado é simplesmente a morte física e que a alma humana é imortal não coincide com a gravidade do pecado, de sua punição e com a expectativa cristã e sua crença na necessidade insubstitutível da ressurreição inegavelmente declarada nas Sagradas Escrituras como podemos ver claramente na visão de uma das maiores autoridades em cristologia e Novo Testamento, Oscar Cullman em sua obra "Imortalidade da Alma ou Ressurreição?".
Meu principal questionamento se concentra em cima da imortalidade da alma, mas não posso deixar de falar sobre muitas perspectivas a respeito dela na história da filosofia e da teologia especialmente cristã.
Em Aristóteles temos a alma humana como o princípio intrínseco de movimento do corpo. Seres inanimados como, por exemplo, mesas, não se movimentam por si mesmos, apenas movidos extrinsecamente por outros. Para o filósofo quando o corpo morre, a alma morre com ele, pois é seu princípio de movimento.
Platão apresenta a alma como sede da memória, responsável pelo movimento do corpo físico e pré-existente à matéria.
Muitas pessoas acreditam que já que o corpo move ele é movido por algo, mas isto não faz sentido. O que nos leva a crer que o corpo necessita de uma alma para mover-se? Se alguém afirmar que tudo o que move é movido por algo seriamos levados a uma impossível regressão das causas e seriamos levados as seguintes questões: Se tudo que se move é movido por algo o que move a alma? O que move aquilo que move a alma? Por que o corpo não pode mover-se por si mesmo como a alma o faz?
Esta pergunta pode dar origem a outra muito mais constrangedora: Se o corpo necessita de uma alma para estar vivo por que a alma também não necessita de algo para fazê-la viver? Por que o corpo não pode simplesmente sustentar a vida que Deus lhe deu e a alma pode?
O problema destas perspectivas é que elas nos levam as causas infinitas. Isto é o que podemos chamar de falácia do taxi como assim definiu Shopenhauer no século XIX. Nela a pessoa usa um argumento até determinado ponto apenas para defender algo e depois tal argumento é abandonado quando levaria mais adiante à concepção de que é absurdo.
Agostinho em Solilóquens desenvolve um argumento mais interessante, mas igualmente sem expressão. Em uma conversa com o seu alter ego ao afirmar "gostaria de ser persoadido de minha imortalidade" nos deixa aberta a possibilidade de que haja algum argumento emocional em questão. Vejo particularmente quatro motivações básicas do pai da igreja latina para a sua crença na imortalidade natural:
a) A tradição grega;
b) O valor emocional;
c) A crença de que a doutrina da imortalidade da alma tem origem inegavelmnte cristã;
d) A clássica incapacidade cristã de distinguir na sua doutrina a imortalidade da alma de uma promessa divina de imortalidade.
Ao meu ver Agostinho erra ao concluir pela imortalidade da alma ao passar pela eternidade da verdade, a necessidade que a verdade possui da percepção e enfim a ligação que a percepção possui com a alma.
Meu primeiro questionamento ao seu argumento parte do conceito de verdade. Agostinho parte da idéia de que a verdade é inegável e auto-evidente, mas a apresenta como algo que necessita da existência humana e que é impossível sem ela.
Se a verdade necessita desta alma humana imortal somos levados a crer que ou o homem é incriado ou a verdade não é eterna, pois ela não poderia existir antes do homem e considerando a perspectiva agostiniana seria algo impensável já que a verdade é a mais real de todas as coisas.
Se a verdade não pode existir sem a existência do homem e sua capacidade de percepção ele deveria existir desde sempre e assim como Platão deveriam defender a pré-existencia da matéria todos aqueles que defendem o argumento de Agostinho.
Se a verdade não pode existir sem o homem e o cristianismo possui uma perspectiva criacionista Deus por Ser anterior ao homem não poderia ser a verdade assim como Jesus afirmou.
Mesmo que a verdade esteja sujeita à percepção, esta percepção não se limita aos seres humanos e por isto não necessita deles. Mesmo que se despreze a percepção animal, Deus por possuir o atributo de Onisciência possui também em si mesmo o conhecimento de todas as percepções e pode exercer este cargo sem a necessidade da imortalidade do homem.
Tomás de Aquino, defende que a alma racional produz o ato de querer e entender, realidades totalmente imateriais. Morrendo o corpo, este entendimento sendo imaterial, estrito senso, permanece sem o corpo. Igualmente René Descartes em O Discurso do Método defende a imaterialidade da alma através da imaterialidade do pensamento. Ao propor o cogito ergo sun (penso, logo existo), Descartes pensa que demonstrar a imaterialidade do pensamento é o mesmo que provar a imaterialidade e consequentemente a imortalidade da alma. Hoje sabemos que o simples ato de pensar é um processo químico e físico.
A IMORTALIDADE DA ALMA EM UMA RELEITURA DA FILOSOFIA DE ANSELMO
Sou profundamente apaixonado pela filosofia de Anselmo com a sua idéia de que Deus é "o Ser do qual nada maior ou mais Perfeito pode-se pensar" e resovi desenvolver deste princípio uma defesa do aniquilamento final dos maus e não do seu tormento em um fogo eterno como um posicionamento mais sóbrio e condizente com o cristianismo. Passarei mais à frente a falar do que podemos chamar de existência moralmente aceitável, a idéia de que não é imoral que pessoas más não sejam eternamente torturadas, mas sim que estas pessoas existam eternamente.
Devemos primeiramente ter em mente que Deus não é somente um Juíz, mas sim o Juíz com o Juízo "do qual nada maior ou mais Perfeito pode-se pensar". O que eu quero dizer com isto é que Deus exercerá o melhor dos Juízos que podem ser pensados e apartir do momento em que uma melhor proposta de Juízo pode ser pensada chegamos à coclusão de que a anterior não será exercida por Deus. Mas qual seria o melhor Juízo? Dizer que Deus exercerá o tormento eterno dos maus é problemático, pois implica em dizer que a tortura é a melhor, mais justa e nobre forma de punição e que deve ser a base da justiça de nossa sociedade, da educação, da familia, da relação social e religiosa. Podemos logo ver surgir a Inquisição e as Cruzadas papais em nosso destino como um sistema inegavelmente terrorista.
Sendo o Juízo deste Deus Perfeito, deve promover o prazer. Se o Juízo final consiste no tormento eterno dos maus deveria-se ter prazer nisto, mas o prazer no sofrimento alheio não pode ser conciliado com o cristianismo e sua pregação de amor ao próximo.
Sei perfeitamente que não crer que todo homem possui a imortalidade não é o mesmo que dizer que nunca algum homem chegará a possuí-la. Entretanto quero defender a impossibilidade de que todos os homens possam alcansar esta imortalidade.
A defesa feita por muitos teólogos e filósofos de uma possível harmonia entre a co-existência de um Deus Perfeito e o tormento eterno mostra-se totalmente inconsistente a um mais profundo exame crítico por não passar pelas perspectivas de eternidade e finalidade.
O cristianismo é uma religião. A palavra "religião" vem do latim "religare", que significa "voltar à ligar". Considerando a etimologia e o cristianismo podemos dizer que ele consiste na idéia de que o homem devido o seu pecado foi separado de Deus e mediante o sacrifício de Cristo há uma religação entre o Criador e Sua Criação.
Esta crença implica em dizer que:
a) O Criacionismo é a idéia de que existe um Deus Perfeito e que este Deus Perfeito criou um universo perfeito;
b) A moral cristã é a idéia de que este Deus Perfeito tem em mente que a Sua Criação seja Perfeita e que ela deve ser Perfeita;
C) A Queda é a idéia de que a Criação deste Deus Perfeito deixou de ser perfeita;
d) O Plano da Redenção ou Messaianismo é a idéia de que este Deus Perfeito resgata a Sua Criação à Perfeição.
O raciocínio é basicamente este:
1) Existe um a Lei Perfeita no mundo que determina o que é e o que não é perfeito e que cuida de que tudo o que exista nele seja perfeito;
2) O mundo em que vivemos é imperfeito porque não está de acordo com os princípios originais de um Deus Perfeito;
3) Este Deus Perfeito prega que este mundo imperfeito irá tornar-se perfeito e considerando que Ele é Perfeito em compreensão não podemos duvidar d'Ele;
4) Se o pecador for atormentado pela eternidade ele mesmo será eterno, o pecado também o será e Deus nunca poderá tornar o mundo perfeito mesmo que tenha em vista a eternidade feliz para os cristãos;
5) Sendo esta Lei Perfeita não pode ver em certo momento o pecado como algo que ultraja as coisas que existem no mundo e depois mudar de perspectiva eternizando-o;
6) A única forma de destruir o pecado é não havendo mais pecadores;
7) O pecado pode ser entinguido do mundo quando o pecador se arrepender de seu pecado e ser lavado pelo sangue de Cristo ou ser destruído com o pecado que sustenta para não mais pecar já que somente pode pecar aquele que existe;
8) A doutrina do tormento eterno não pode ser conciliada com a doutrina cristã de um Deus Perfeito.
Isto também pode ser entendido como:
a) Somente o Perfeito é eterno;
b) O inferno, o pecador e o pecado não são perfeitos;
c) Logo, o inferno, o pecador e o pecado não são eternos.
Ou então como:
a) O mal será destruído;
b) O inferno, caso existe é um lugar mal;
c) O inferno, caso exista será destruído.
Acerca da Inexistência do Ser Como Ausência de Punição
Sem dúvia já recebí severas críticas por desenvolver esta proposta e procurarei refutar algumas delas. Minha primeira pergunta é "pode a simples inexistência ser considerada uma forma de juízo perfeito?"
Alguns acreditam que o desprezo por Deus deve levar às pessoas que por isto decidem ao mais terrível destino e eu realmente concordo. Mas é o mero fogo eterno a queimar as almas o mais forte "castigo" a ser dado?
Muitas pessoas afirmam que se os maus não irão ser tortutados, mas simplesmente deixar de existir Deus não seria Justo e consequentemente imperfeito. Estas pessoas realmente não entenderam minha proposta. Não estou como muitos propondo o aniquilamento como uma ausência de punição, mas como a maior ou talvez a única das punições.
Ao falar de existencia estou referindo-me aquilo que está sobre o Propósito divino e que aquilo que deixa de existir passa, então a não fazer mais parte da Criação de Deus e de Seu projeto para a eternidade. A idéia de existência moralmente aceitável é a de que Deus dá ao homem a capacidade de existir e que somente se pode participar de Seu Propósito no campo da existência. Quando o homem passa a ter uma existência totalmente reprovável ele deve mudar ou deixar de existir. Tudo o que existe está sujeito à manifestar a perfeita Glória de Deus e apartir do momento em que se rejeita tal dever, deverá deixar de existir.
Sendo assim não é o tormento físico relevante, pois ser cortado do corpo existêncial, não podendo gozar da Presença de Deus é o grande "mal" deste julgamento. Se o grande mal a se sofrer no Juízo Final é a Rejeição feita por um Deus Perfeito, o não enquadramento com a Sua Lei Perfeita e o desligamento de Seu Propósito Perfeito, a existência de um inferno é medílcre.
É a mesma coisa que um jovem apaixonado, recém-casado que perde a esposa em um acidente de transito. Se o seu carro foi destruído ou não isto não faz a menor diferença. O problema é ter que encarar que não terá mais a sua amada nos braços e que não mais está sobre este tão elevado projeto de vida oferecido pelo casamento. O estado do carro não poderá acrescentar ou diminuir nada de sua dor.
Acreditar que o inferno seja o grande mal do Juízo Final é agir como a esposa que em algum acidente deste tipo se preocupe mais com o carro do que com o Noivo ou que não é Deus a motivação para o céu, mas sim o inferno.
O grande problema do inferno não é o fogo que arde nele por dias e séculos sem fim. O problema do inferno é que Deus não está nele para consolar a alma e dar esperança. Desconsiderando que o problema é estar condenado a não ter por toda a eternidade um contato com Deus por menor que ele seja o fogo que arderia ali não passaria de um impercepitível e insignifcante detalhe.
Desprezo totalmente a idéia de que um Juízo seja mais perfeito com a existencia de um fogo eterno do que um sem, pois considerando que os maus foram reprovados por um Juízo, um Deus e uma Lei infinitos qualitativamente sou levado a crer que nada se pode acrescentar ou diminuir aquilo que já é infinitamente perfeito.
Creio que estes cristãos se possível lançariam fogo aos céus para impedir que a última chama do inferno se apagasse.
Acerca do Apego Sectário à Doutrina
Não estou me referindo aos injustiçados adventistas, os quais não considero uma seita, mas especificamente as Testemunhas de Jeová e a elas somente.
Alguns, porém, me afirmam ser esta uma doutrina de hereges, mas não vejo nisto sentido. O que identifica um grupo sectário não é a idéia de que tudo que ele fale seja mentira, mas de que ele apresente sutilmente entre algumas verdades a mentira. Se um grupo está errado em tudo o que diz a respeito de Deus também estaria errado em falar que este Deus exista. Todas as religiões devem estar pelo menos certas em alguma coisa. Se as Testemunha de Jeová estão erradas em tudo o que falam Jesus nunca existiu, pois elas assim o pregam.
Não devemos julgar se as doutrinas são verdadeiras ou não baseados na posição das Testemunhas de Jeová em relação à elas, mas julgar as testemunhas de Jeová na posição que tomam, pelas doutrinas que elas defendem.
O diabo não é ateu, é monoteísta. Se o próprio diabo, mesmo sendo o pai da mentira possui algumas crenças verdadeiras não poderia ser diferente com os seus.
Acerca do Mérito dos Maus
Erram aqueles que pensam que os maus merecem o tormento eterno, pois tanto os bons quanto os maus não merecm sequer a própria existência. E aquilo que não merece existir eternamente não pode merecer ser atormentado eternamente, pois somente pode ser digno do tormento eterno aquilo que merece existir eternamente.
Acerca da Imagem e semelhança de Deus
O fato do homem ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, ao contrário do que pensa muita gente não faz do homem um ser imortal. Deus possui claramente atributos incomunicáveis que não podem ser possuídos pelo homem. Já que estamos falando em Criação, o simples fato de o homem ser criado à imagem e semelhança de Deus léva-nos a crer que Deus somente possui o atributo de Ser Criador e Incriado e o homem de criatura.
É portanto, totalmente impossível que o homem possua todos os atributos divinos pelo simples fato de ter sido Criado à imagem e semelhança de Deus, pois o próprio conceito criacionista cristão não pode ser conciliado com uma crença tão absurda.
Acerca do Pecado Contra o Infinito
Embora tenha abraçado a doutrina do aniquilamento não concordo com aqueles que afirmam que os homens maus por cometerem um número finito de pecados, dentro de um tempo finito não necessitam sofrer um juízo eterno. Apesar deste fato eles pecaram contra um Deus Infinito, com uma Lei infinita e devem realmente sofrer um Juízo infinito.
É óbvio também que se determinada coisa, mesmo o pecado finito, não pode ser julgada pelo Juízo Infinito este Juízo Infinito não existe, pois está limitado em si mesmo. O Juízo Infinito é portanto aquele que a tudo julga e por isto assim se chama. Sendo também este Juízo infinito perfeito deve possuir implicações eternas, pois não muda.
Para finalizar gostaria de dizer que um Juízo eterno não quer dizer necessariamente tormento eterno, pois a própria Rejeição oriunda de um Deus Infinito qualitativamente já é um Juízo infinito qualitativamente. Logo, não há motivação alguma para determinar que duas coisas tão antagônicas sejam as mesmas.
Acerca da Indiferença do Pecado Para Com O pecador
Minha afirmação é que sendo Deus um Juíz Perfeito não pode ser indiferente à eternidade do pecado. Mas, talvez alguém diga que mesmo havendo pessoas atormentadas no fogo não existirá o pecado na eternidade.
a) Em um universo em que habitará a manifestação de um Juízo perfeito não poderá haver lugar para o pecado.
b) Os pecadores serão eternamente torturados pelo seu pecado com o seu devido juízo;
c) Todos os homens serão eternos, embora, nem todos virão a gozar do prazer eternal;
d) Se o pecado não é eterno e mesmo assim os homens aos quais lhes é amputado pecado são eternos não podem ser considerados eternamente pecadores;
e) Se os homens, aos quais lhes é amputado hoje o pecado são eternos, mas não serão eternamente pecadores não poderão ter como destino um Juízo de um fogo eterno destinado para os maus, pois os maus não são eternamente maus.
Vejo ter assim dmonstrado definitivamente que não é possível que os maus paguem o seu mal na existência e sim com a inexistência.
A palavra "alma" possui vários significados, entretanto quero me referir especificamente aquilo que se entende por corpo supra-sensível, princípio espiritual do homem, separável do corpo e imortal.
Esta mesma alma pode ter atributos dos mais variados como ser sede das emoçoes, reponsável pelo movimento do corpo e experiências sobrenaturais.
Minha pergunta relevante é "em pleno século XXI há algum lugar para a crença coerente nesta alma?" e minha resposta é "creio seriamente que não."
Não sendo a alma um objeto empírico não é uma verdade evidente em si mesma e nem está sujeita a experimentação científica e a demonstrabilidade de sua existência deve ser verificada se realmente é defensável do ponto de vista lógico.
Percebo que o "grande argumento" para a crença em uma alma inerentemente imortal se concentra basicamente na necessidade de uma vida pós-morte, mas ele mostra-se falho primeiramente por se sustentar em um desencontro filosófico e teológico gigantesco, por mostrar-se como a única proposta cogitada para um Desígnio para a existência humana e para a crença em um paraíso e em Juízo Final.
Um belo exemplo disto é a série de conversas que temos geralmente com pessoas do nosso cotidiano. Não demora muito para que alguém diga que considerando a complexidade da vida, o significado filosófico dela e a existência de Deus é totalmente tola a idéia que não possuimos uma alma imortal e que morrendo "acaba tudo".
Certamente não estou dizendo que quando se morre "acaba tudo" ou até mesmo negando os argumentos cosmológico e teleológico tão defendidos por vários cristãos que o fazem competentemente. Minha afirmação é que um mesmo havendo um Desígnio para a vida humana não quer dizer que ela possui necessariamente uma alma imortal.
Minha crítica se concentra no fato de que a existência de uma alma além do corpo não é a melhor explicação para a crença na eternidade cristã. Que não possuimos evidência dela e que sua afirmação por parte da religião cristã é contraditória, tola, perigosa e no mínimo dispensável.
O homem não possui a necessidade de uma alma imortal se o seu corpo pode ser ressussitado e imortalizado e esta alma imortal pode ser assim descartada já que não falamos de experiências necessariamente imediátas.
Dizer que o salário do pecado é simplesmente a morte física e que a alma humana é imortal não coincide com a gravidade do pecado, de sua punição e com a expectativa cristã e sua crença na necessidade insubstitutível da ressurreição inegavelmente declarada nas Sagradas Escrituras como podemos ver claramente na visão de uma das maiores autoridades em cristologia e Novo Testamento, Oscar Cullman em sua obra "Imortalidade da Alma ou Ressurreição?".
Meu principal questionamento se concentra em cima da imortalidade da alma, mas não posso deixar de falar sobre muitas perspectivas a respeito dela na história da filosofia e da teologia especialmente cristã.
Em Aristóteles temos a alma humana como o princípio intrínseco de movimento do corpo. Seres inanimados como, por exemplo, mesas, não se movimentam por si mesmos, apenas movidos extrinsecamente por outros. Para o filósofo quando o corpo morre, a alma morre com ele, pois é seu princípio de movimento.
Platão apresenta a alma como sede da memória, responsável pelo movimento do corpo físico e pré-existente à matéria.
Muitas pessoas acreditam que já que o corpo move ele é movido por algo, mas isto não faz sentido. O que nos leva a crer que o corpo necessita de uma alma para mover-se? Se alguém afirmar que tudo o que move é movido por algo seriamos levados a uma impossível regressão das causas e seriamos levados as seguintes questões: Se tudo que se move é movido por algo o que move a alma? O que move aquilo que move a alma? Por que o corpo não pode mover-se por si mesmo como a alma o faz?
Esta pergunta pode dar origem a outra muito mais constrangedora: Se o corpo necessita de uma alma para estar vivo por que a alma também não necessita de algo para fazê-la viver? Por que o corpo não pode simplesmente sustentar a vida que Deus lhe deu e a alma pode?
O problema destas perspectivas é que elas nos levam as causas infinitas. Isto é o que podemos chamar de falácia do taxi como assim definiu Shopenhauer no século XIX. Nela a pessoa usa um argumento até determinado ponto apenas para defender algo e depois tal argumento é abandonado quando levaria mais adiante à concepção de que é absurdo.
Agostinho em Solilóquens desenvolve um argumento mais interessante, mas igualmente sem expressão. Em uma conversa com o seu alter ego ao afirmar "gostaria de ser persoadido de minha imortalidade" nos deixa aberta a possibilidade de que haja algum argumento emocional em questão. Vejo particularmente quatro motivações básicas do pai da igreja latina para a sua crença na imortalidade natural:
a) A tradição grega;
b) O valor emocional;
c) A crença de que a doutrina da imortalidade da alma tem origem inegavelmnte cristã;
d) A clássica incapacidade cristã de distinguir na sua doutrina a imortalidade da alma de uma promessa divina de imortalidade.
Ao meu ver Agostinho erra ao concluir pela imortalidade da alma ao passar pela eternidade da verdade, a necessidade que a verdade possui da percepção e enfim a ligação que a percepção possui com a alma.
Meu primeiro questionamento ao seu argumento parte do conceito de verdade. Agostinho parte da idéia de que a verdade é inegável e auto-evidente, mas a apresenta como algo que necessita da existência humana e que é impossível sem ela.
Se a verdade necessita desta alma humana imortal somos levados a crer que ou o homem é incriado ou a verdade não é eterna, pois ela não poderia existir antes do homem e considerando a perspectiva agostiniana seria algo impensável já que a verdade é a mais real de todas as coisas.
Se a verdade não pode existir sem a existência do homem e sua capacidade de percepção ele deveria existir desde sempre e assim como Platão deveriam defender a pré-existencia da matéria todos aqueles que defendem o argumento de Agostinho.
Se a verdade não pode existir sem o homem e o cristianismo possui uma perspectiva criacionista Deus por Ser anterior ao homem não poderia ser a verdade assim como Jesus afirmou.
Mesmo que a verdade esteja sujeita à percepção, esta percepção não se limita aos seres humanos e por isto não necessita deles. Mesmo que se despreze a percepção animal, Deus por possuir o atributo de Onisciência possui também em si mesmo o conhecimento de todas as percepções e pode exercer este cargo sem a necessidade da imortalidade do homem.
Tomás de Aquino, defende que a alma racional produz o ato de querer e entender, realidades totalmente imateriais. Morrendo o corpo, este entendimento sendo imaterial, estrito senso, permanece sem o corpo. Igualmente René Descartes em O Discurso do Método defende a imaterialidade da alma através da imaterialidade do pensamento. Ao propor o cogito ergo sun (penso, logo existo), Descartes pensa que demonstrar a imaterialidade do pensamento é o mesmo que provar a imaterialidade e consequentemente a imortalidade da alma. Hoje sabemos que o simples ato de pensar é um processo químico e físico.
A IMORTALIDADE DA ALMA EM UMA RELEITURA DA FILOSOFIA DE ANSELMO
Sou profundamente apaixonado pela filosofia de Anselmo com a sua idéia de que Deus é "o Ser do qual nada maior ou mais Perfeito pode-se pensar" e resovi desenvolver deste princípio uma defesa do aniquilamento final dos maus e não do seu tormento em um fogo eterno como um posicionamento mais sóbrio e condizente com o cristianismo. Passarei mais à frente a falar do que podemos chamar de existência moralmente aceitável, a idéia de que não é imoral que pessoas más não sejam eternamente torturadas, mas sim que estas pessoas existam eternamente.
Devemos primeiramente ter em mente que Deus não é somente um Juíz, mas sim o Juíz com o Juízo "do qual nada maior ou mais Perfeito pode-se pensar". O que eu quero dizer com isto é que Deus exercerá o melhor dos Juízos que podem ser pensados e apartir do momento em que uma melhor proposta de Juízo pode ser pensada chegamos à coclusão de que a anterior não será exercida por Deus. Mas qual seria o melhor Juízo? Dizer que Deus exercerá o tormento eterno dos maus é problemático, pois implica em dizer que a tortura é a melhor, mais justa e nobre forma de punição e que deve ser a base da justiça de nossa sociedade, da educação, da familia, da relação social e religiosa. Podemos logo ver surgir a Inquisição e as Cruzadas papais em nosso destino como um sistema inegavelmente terrorista.
Sendo o Juízo deste Deus Perfeito, deve promover o prazer. Se o Juízo final consiste no tormento eterno dos maus deveria-se ter prazer nisto, mas o prazer no sofrimento alheio não pode ser conciliado com o cristianismo e sua pregação de amor ao próximo.
Sei perfeitamente que não crer que todo homem possui a imortalidade não é o mesmo que dizer que nunca algum homem chegará a possuí-la. Entretanto quero defender a impossibilidade de que todos os homens possam alcansar esta imortalidade.
A defesa feita por muitos teólogos e filósofos de uma possível harmonia entre a co-existência de um Deus Perfeito e o tormento eterno mostra-se totalmente inconsistente a um mais profundo exame crítico por não passar pelas perspectivas de eternidade e finalidade.
O cristianismo é uma religião. A palavra "religião" vem do latim "religare", que significa "voltar à ligar". Considerando a etimologia e o cristianismo podemos dizer que ele consiste na idéia de que o homem devido o seu pecado foi separado de Deus e mediante o sacrifício de Cristo há uma religação entre o Criador e Sua Criação.
Esta crença implica em dizer que:
a) O Criacionismo é a idéia de que existe um Deus Perfeito e que este Deus Perfeito criou um universo perfeito;
b) A moral cristã é a idéia de que este Deus Perfeito tem em mente que a Sua Criação seja Perfeita e que ela deve ser Perfeita;
C) A Queda é a idéia de que a Criação deste Deus Perfeito deixou de ser perfeita;
d) O Plano da Redenção ou Messaianismo é a idéia de que este Deus Perfeito resgata a Sua Criação à Perfeição.
O raciocínio é basicamente este:
1) Existe um a Lei Perfeita no mundo que determina o que é e o que não é perfeito e que cuida de que tudo o que exista nele seja perfeito;
2) O mundo em que vivemos é imperfeito porque não está de acordo com os princípios originais de um Deus Perfeito;
3) Este Deus Perfeito prega que este mundo imperfeito irá tornar-se perfeito e considerando que Ele é Perfeito em compreensão não podemos duvidar d'Ele;
4) Se o pecador for atormentado pela eternidade ele mesmo será eterno, o pecado também o será e Deus nunca poderá tornar o mundo perfeito mesmo que tenha em vista a eternidade feliz para os cristãos;
5) Sendo esta Lei Perfeita não pode ver em certo momento o pecado como algo que ultraja as coisas que existem no mundo e depois mudar de perspectiva eternizando-o;
6) A única forma de destruir o pecado é não havendo mais pecadores;
7) O pecado pode ser entinguido do mundo quando o pecador se arrepender de seu pecado e ser lavado pelo sangue de Cristo ou ser destruído com o pecado que sustenta para não mais pecar já que somente pode pecar aquele que existe;
8) A doutrina do tormento eterno não pode ser conciliada com a doutrina cristã de um Deus Perfeito.
Isto também pode ser entendido como:
a) Somente o Perfeito é eterno;
b) O inferno, o pecador e o pecado não são perfeitos;
c) Logo, o inferno, o pecador e o pecado não são eternos.
Ou então como:
a) O mal será destruído;
b) O inferno, caso existe é um lugar mal;
c) O inferno, caso exista será destruído.
Acerca da Inexistência do Ser Como Ausência de Punição
Sem dúvia já recebí severas críticas por desenvolver esta proposta e procurarei refutar algumas delas. Minha primeira pergunta é "pode a simples inexistência ser considerada uma forma de juízo perfeito?"
Alguns acreditam que o desprezo por Deus deve levar às pessoas que por isto decidem ao mais terrível destino e eu realmente concordo. Mas é o mero fogo eterno a queimar as almas o mais forte "castigo" a ser dado?
Muitas pessoas afirmam que se os maus não irão ser tortutados, mas simplesmente deixar de existir Deus não seria Justo e consequentemente imperfeito. Estas pessoas realmente não entenderam minha proposta. Não estou como muitos propondo o aniquilamento como uma ausência de punição, mas como a maior ou talvez a única das punições.
Ao falar de existencia estou referindo-me aquilo que está sobre o Propósito divino e que aquilo que deixa de existir passa, então a não fazer mais parte da Criação de Deus e de Seu projeto para a eternidade. A idéia de existência moralmente aceitável é a de que Deus dá ao homem a capacidade de existir e que somente se pode participar de Seu Propósito no campo da existência. Quando o homem passa a ter uma existência totalmente reprovável ele deve mudar ou deixar de existir. Tudo o que existe está sujeito à manifestar a perfeita Glória de Deus e apartir do momento em que se rejeita tal dever, deverá deixar de existir.
Sendo assim não é o tormento físico relevante, pois ser cortado do corpo existêncial, não podendo gozar da Presença de Deus é o grande "mal" deste julgamento. Se o grande mal a se sofrer no Juízo Final é a Rejeição feita por um Deus Perfeito, o não enquadramento com a Sua Lei Perfeita e o desligamento de Seu Propósito Perfeito, a existência de um inferno é medílcre.
É a mesma coisa que um jovem apaixonado, recém-casado que perde a esposa em um acidente de transito. Se o seu carro foi destruído ou não isto não faz a menor diferença. O problema é ter que encarar que não terá mais a sua amada nos braços e que não mais está sobre este tão elevado projeto de vida oferecido pelo casamento. O estado do carro não poderá acrescentar ou diminuir nada de sua dor.
Acreditar que o inferno seja o grande mal do Juízo Final é agir como a esposa que em algum acidente deste tipo se preocupe mais com o carro do que com o Noivo ou que não é Deus a motivação para o céu, mas sim o inferno.
O grande problema do inferno não é o fogo que arde nele por dias e séculos sem fim. O problema do inferno é que Deus não está nele para consolar a alma e dar esperança. Desconsiderando que o problema é estar condenado a não ter por toda a eternidade um contato com Deus por menor que ele seja o fogo que arderia ali não passaria de um impercepitível e insignifcante detalhe.
Desprezo totalmente a idéia de que um Juízo seja mais perfeito com a existencia de um fogo eterno do que um sem, pois considerando que os maus foram reprovados por um Juízo, um Deus e uma Lei infinitos qualitativamente sou levado a crer que nada se pode acrescentar ou diminuir aquilo que já é infinitamente perfeito.
Creio que estes cristãos se possível lançariam fogo aos céus para impedir que a última chama do inferno se apagasse.
Acerca do Apego Sectário à Doutrina
Não estou me referindo aos injustiçados adventistas, os quais não considero uma seita, mas especificamente as Testemunhas de Jeová e a elas somente.
Alguns, porém, me afirmam ser esta uma doutrina de hereges, mas não vejo nisto sentido. O que identifica um grupo sectário não é a idéia de que tudo que ele fale seja mentira, mas de que ele apresente sutilmente entre algumas verdades a mentira. Se um grupo está errado em tudo o que diz a respeito de Deus também estaria errado em falar que este Deus exista. Todas as religiões devem estar pelo menos certas em alguma coisa. Se as Testemunha de Jeová estão erradas em tudo o que falam Jesus nunca existiu, pois elas assim o pregam.
Não devemos julgar se as doutrinas são verdadeiras ou não baseados na posição das Testemunhas de Jeová em relação à elas, mas julgar as testemunhas de Jeová na posição que tomam, pelas doutrinas que elas defendem.
O diabo não é ateu, é monoteísta. Se o próprio diabo, mesmo sendo o pai da mentira possui algumas crenças verdadeiras não poderia ser diferente com os seus.
Acerca do Mérito dos Maus
Erram aqueles que pensam que os maus merecem o tormento eterno, pois tanto os bons quanto os maus não merecm sequer a própria existência. E aquilo que não merece existir eternamente não pode merecer ser atormentado eternamente, pois somente pode ser digno do tormento eterno aquilo que merece existir eternamente.
Acerca da Imagem e semelhança de Deus
O fato do homem ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, ao contrário do que pensa muita gente não faz do homem um ser imortal. Deus possui claramente atributos incomunicáveis que não podem ser possuídos pelo homem. Já que estamos falando em Criação, o simples fato de o homem ser criado à imagem e semelhança de Deus léva-nos a crer que Deus somente possui o atributo de Ser Criador e Incriado e o homem de criatura.
É portanto, totalmente impossível que o homem possua todos os atributos divinos pelo simples fato de ter sido Criado à imagem e semelhança de Deus, pois o próprio conceito criacionista cristão não pode ser conciliado com uma crença tão absurda.
Acerca do Pecado Contra o Infinito
Embora tenha abraçado a doutrina do aniquilamento não concordo com aqueles que afirmam que os homens maus por cometerem um número finito de pecados, dentro de um tempo finito não necessitam sofrer um juízo eterno. Apesar deste fato eles pecaram contra um Deus Infinito, com uma Lei infinita e devem realmente sofrer um Juízo infinito.
É óbvio também que se determinada coisa, mesmo o pecado finito, não pode ser julgada pelo Juízo Infinito este Juízo Infinito não existe, pois está limitado em si mesmo. O Juízo Infinito é portanto aquele que a tudo julga e por isto assim se chama. Sendo também este Juízo infinito perfeito deve possuir implicações eternas, pois não muda.
Para finalizar gostaria de dizer que um Juízo eterno não quer dizer necessariamente tormento eterno, pois a própria Rejeição oriunda de um Deus Infinito qualitativamente já é um Juízo infinito qualitativamente. Logo, não há motivação alguma para determinar que duas coisas tão antagônicas sejam as mesmas.
Acerca da Indiferença do Pecado Para Com O pecador
Minha afirmação é que sendo Deus um Juíz Perfeito não pode ser indiferente à eternidade do pecado. Mas, talvez alguém diga que mesmo havendo pessoas atormentadas no fogo não existirá o pecado na eternidade.
a) Em um universo em que habitará a manifestação de um Juízo perfeito não poderá haver lugar para o pecado.
b) Os pecadores serão eternamente torturados pelo seu pecado com o seu devido juízo;
c) Todos os homens serão eternos, embora, nem todos virão a gozar do prazer eternal;
d) Se o pecado não é eterno e mesmo assim os homens aos quais lhes é amputado pecado são eternos não podem ser considerados eternamente pecadores;
e) Se os homens, aos quais lhes é amputado hoje o pecado são eternos, mas não serão eternamente pecadores não poderão ter como destino um Juízo de um fogo eterno destinado para os maus, pois os maus não são eternamente maus.
Vejo ter assim dmonstrado definitivamente que não é possível que os maus paguem o seu mal na existência e sim com a inexistência.
UM FOGO ETERNO QUE NÃO QUEIMA PARA SEMPRE. É POSSÍVEL?
“Eterno”, “para sempre”, “eternamente”, são termos que se acham na Bíblia e que podem transmitir uma noção que não corresponde exatamente a como os percebemos em nosso idioma.
Os lingüistas discutem o sentido das palavras hebraicas e gregas que se traduzem por “eterno” e “eternamente” nas Escrituras (olam, em hebraico; aion, aionios, no grego). Isso pode parecer meio complicado para um leigo, mas uma maneira de entender a questão mais facilmente é comparando várias traduções. Por exemplo, há traduções bíblicas que trazem no Salmo 23:6: “E habitarei na casa do Senhor por longos dias”. Outras Bíblias dizem, “habitarei na casa do Senhor para sempre”. O texto original é o mesmo, mas um tradutor verteu o termo hebraico olam por “longos dias” e outro por “para sempre”, o que não significa exatamente a mesma coisa, obviamente.
Isso se reflete em versões estrangeiras. Em francês, a versão de Louis Segond diz “jusqu’à la fin de mes jours” [até o fim de meus dias], e na versão em espanhol das Sociedades Bíblicas en América Latina aparece “por largos días”, na italiana Nuova Riveduta temos "per lunghi giorni", enquanto em inglês a New International Version verte como “forever” [para sempre], bem como a King James e Revised Standard Version.
“Para sempre” e “eterno, eternamente” no hebraico e grego
Na lei mosaica havia um arranjo pelo qual um escravo iria servir ao seu amo “para sempre” [olam] (Êxodo 21:1-6), mas esse “para sempre” é relativo ao tempo de vida do indivíduo, o que poderia significar “por breve período” ou “por longos dias”, dependendo da longevidade do mesmo.
Os que criticam os observadores do sábado gostam de lembrar que o concerto divino com Israel foi “perpétuo”, no entanto findou na cruz! Então, como uma coisa perpétua pode ter um fim? Pela linguagem hebraica, assim é. O termo olam tem um caráter relativo ao tempo de duração daquilo a que se refere.
No Novo Testamento não é diferente. Paulo se refere a Onésimo, o escravo convertido, que devia voltar a servir “a fim de que o possuísseis para sempre [aionios]” (Filemon 15 e 16). Mas esse “para sempre” significava até o fim da vida do escravo!
E o que dizer do “fogo eterno” que queimou Sodoma e Gomorra, mas não está queimando até hoje? Comparando-se diferentes traduções bíblicas percebe-se que o texto de Judas 7 foi alterado ilegitimamente por tradutores na Versão Almeida Revista e Atualizada em português. No original grego consta pyròs aioniou [fogo eterno], caso genitivo, que qualifica o termo “punição”. Então, não resta dúvida que a melhor tradução é “sofrendo a punição do fogo eterno”.
Novamente, recorrendo às mesmas Bíblias acima citadas, temos:
Francês: “. . . subissant la peine d’un feu éternel”
Italiano: "portando la pena di un fuoco eterno"
Espanhol: “. . . sufriendo el castigo del fuego eterno”
Inglês: “. . . vengeance of eternal fire” [King James]; “. . . the punishment of eternal fire” [NIV]; “. . .punishment of eternal fire” [RSV]; “. . . punishment of eternal fire” [Today’s English Version].
Infelizmente o trabalho de tradutores também envolve às vezes interpretação segundo suas convicções pessoais, o que não devia acontecer, pois o tradutor devia ser “neutro”, mas acontece.
Dois versículos que lançam muita luz
Lendo atentamente os versos abaixo percebe-se algo que talvez nunca haja chamado a atenção de muitos leitores da Bíblia e que ilustra bem a relatividade de sentidos das palavras hebraicas traduzidas por “eternamente”, “para sempre”. Profetizando acerca de Jerusalém, declara o profeta Isaías:
"O palácio será abandonado; a cidade populosa ficará deserta; Ofel e a torre da guarda servirão de cavernas para sempre, . . . até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto: então o deserto se tornará em pomar e o pomar será tido por bosque". -- Isaías 32: 14 e 15.
Notem-se as expressões “para sempre” e “até que” em contexto imediato. Como algo pode ser estipulado “para sempre . . . até que” aconteça um certo fato? Isso no português não faria sentido, mas no hebraico sim.
Outra passagem muito significativa encontra-se pouco adiante. Ao falar dos edomitas que Deus havia destinado “para a destruição”, o profeta Isaías se vale de linguagem hiperbólica semelhante:
"Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela". -- Isaías 34: 9 e 10.
Ora, é sabido que os edomitas desapareceram há muitos séculos. Poder-se-ia dizer que existem ainda piche ardente e fumaça subindo na terra de Edom? Logicamente que não.
É digno de nota que o apóstolo João, no Apocalipse, vale-se dessa mesma linguagem para descrever a sorte final dos ímpios. O mesmo João, lembremo-nos, também valeu-se de figuras do Velho Testamento, como ao tratar da mulher ímpia (a igreja corrompida ao final da história) como Jezabel, e ao falar de Babilônia, ou descrever a besta de Apocalipse 13 como sendo composta com os elementos dos animais de Daniel 7 (leão, leopardo, urso. . . )--ver vs. 2.
Assim, está aí a raiz da linguagem um tanto enigmática que confunde tanta gente boa. O fogo é eterno (como o que destruiu Sodoma e Gomorra), e queimará de dia e de noite com sua fumaça subindo “para sempre”, como também se deu na terra de Edom séculos atrás!
Linguagem bíblica clara de destruição plena e total dos iníquos
Há passagens claras na Bíblia sobre a destruição total dos iníquos: os ímpios perecerão (Salmo 37:20); serão destruídos (Salmo 145:20); morrerão (Ezequiel 18:4); serão consumidos (Salmo 21:9); inexistirão (Salmo 37:10); serão eliminados (Provérbios 2:22) perderão a vida (Provérbios 22:23); tornar-se-ão em cinzas (Malaquias 4:3); se desfarão em fumaça (Salmo 37:20); os que não crerem no Filho Unigênito enviado por Deus perecerão (João 3:16).
Em 2 Tess. 1:9 Paulo, falando dos que rejeitam o evangelho, declara: “Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder”.
Isaías 14:12ss retrata o rei de Babilônia em linguagem que se interpreta geralmente como também referindo-se ao próprio Lúcifer. O mesmo se dá com Ezequiel 28:14ss, que retrata o rei de Tiro, mas a linguagem descritiva é claramente uma referência a Satanás. Os vs. 18 e 19 falam de sua queda final e a destruição eterna com fogo que o transformaria em cinzas. Esse é o fim de Satanás, a “raiz”, que junto com os “ramos” de seus seguidores encontrarão a destruição, como descrito em Malaquias 4:1-3:
"Eis que vem o dia, e arde como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem perversidade, serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo".
As palavras de Jesus
Jesus comparou a destruição dos ímpios com ervas reunidas em molhos para serem queimadas (Mat. 13:30,40), os maus peixes lançados fora (Mat. 13:48'), as plantas prejudiciais que são arrancadas (Mat. 15:13), a árvore infrutífera que é cortada (Luc. 13:7), os galhos secos que são queimados (João 15:6), os servos infiéis que são destruídos (Luc. 20:16), o mau servo que será despedaçado (Mat. 24:51), os galileus que pereceram (Luc. 13:2, 3), as dezoito pessoas que foram esmagadas pela torre de Siloé (Luc. 13:4, 5), os antediluvianos que foram destruídos pelo dilúvio (Luc. 17:27), as pessoas de Sodoma e Gomorra que foram destruídas pelo fogo (Luc. 17:29) e os servos rebeldes que foram mortos quando do retorno do seu mestre (Luc. 19:14, 27).
Todas essas ilustrações empregadas pelo Salvador descrevem vividamente a destruição final dos ímpios. O contraste entre o destino dos salvos e o dos perdidos é um de vida versus destruição. Em Mateus 25:46 Cristo mostra a ANTÍTESE entre “vida eterna” dos remidos e “morte eterna”, dos condenados. Há um paralelo na sorte de ambos os grupos—o caráter eterno de sua sorte futura, de um lado vida eterna, do outro, morte eterna.
Jesus disse: “Eu lhes dou [aos remidos] a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:28'). “Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. Dentro do contexto destas passagens, não há razão para reinterpretar a palavra “perecer” ou “destruir” para significar permanência de vida em tormento infindável, absolutamente eterno.
Em 2 Pedro 3:6-10 temos o paralelo traçado pelo Apóstolo entre os que “pereceram” no dilúvio com os que perecerão ao final, segundo é decretado “pela mesma palavra” [de Deus]. O termo empregado por ele é apollumi, ou derivados, no sentido de DESTRUIÇÃO DOS HOMENS ÍMPIOS, como diz de modo claro o vs. 7. Acaso os que “pereceram” no dilúvio ficaram eternamente dentro d’água, sofrendo tormentos infindáveis nesse “inferno líquido”?
O fogo é inextinguível, mas o que queima, não. . .
Os que citam as referências ao fogo do inferno-geena (Mat. 5:22, 29, 30; 18:8, 9; 23:15; Mar. 9: 48') em apoio à crença no tormento eterno deixam de perceber, como assinala John Stott [autor protestante], que o “próprio fogo é chamado de ‘eterno’ e ‘inextinguível’, mas seria muito estranho se o que é nele lançado se revele indestrutível. Nossa expectativa seria o oposto: seria consumido para sempre, não atormentado para sempre. Assim é a fumaça (evidência de que o fogo realizou sua obra) que se ergue para sempre e sempre (Apo. 14:11; cf. 19:3)”.
Nenhuma das alusões de Cristo ao inferno-geena, indica que o inferno seja um local de tormento infindável. O que é eterno e inextinguível não é a punição, mas o fogo que, como no caso de Sodoma e Gomorra, como já visto na discussão de Judas 7, provoca a completa e permanente destruição dos ímpios, condição que perdura para sempre. O fogo é inapagável por não poder ser apagado até consumir todo material combustível. Em Ezequiel 20:47, 48 temos também menção a um fogo que destrói os inimigos de Deus e não se apagaria. Isso se dá porque “Eu, o Senhor, o acendi”. Em todo o contexto, a linguagem de vingança é de teor de “consumir” (ver 21:31, e 32—“servirás de pasto ao fogo”, e 22:20—“assoprarei sobre vós o fogo do meu furor, e sereis fundidos. . .”). Portanto, o fogo é “inapagável” por ter partido de Deus, e ninguém o poder extinguir. É fogo “inextinguível” nesse aspecto—num claro contexto de destruição total que tal fogo exercerá.
Destruição pressupõe aniquilamento. A destruição dos ímpios é eterna, não porque o processo de destruição continue para sempre, mas porque os resultados são permanentes. Do mesmo modo, os resultados da “punição eterna” de Mateus 25:46 são permanentes. É uma punição que resulta em sua eterna destruição ou aniquilamento, a “segunda morte”.
Falando em “segunda morte”, esta é a que caracteriza o “lago de fogo”, descrito por João no Apocalipse, que ocorre sobre a Terra (ver 20: 9, 10 e 14). Após descrever o lago de fogo que recebe a morte e a sepultura João fala do “novo céu e nova terra” (Apo. 21:1) em seqüência imediata, sem informar nada de que tal “lago de fogo” se transfira para alguma outra parte do universo para prosseguir queimando. Tal lago de fogo, após operar a “segunda morte”, simplesmente sai de cena.
Considerações Finais
O apóstolo Paulo disse que “nele [em Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17:28'). Toda existência de homens e animais depende de Deus. Por mais que se empreguem elaborados argumentos da mais refinada retórica e explicações “lógicas”, não há como justificar que o Criador irá preservar a vida de bilhões de criaturas com o único propósito de que vivam pela eternidade sofrendo por erros e faltas não perdoados, cometidos durante algumas décadas de vida (ou menos). A noção de um inferno de fogo eterno, que nunca completará sua obra destrutiva, é incompatível com a noção de que Deus é amor e justiça. E há quem ensine que Deus “predestina” alguns para se salvar, enquanto os que se perderem é por não terem sido assim “escolhidos”! Nasceram para mais tarde viver eternamente queimando. . . Não admira a quantidade de ateus, agnósticos e materialistas que têm povoado o planeta.
Em contraste, os que não tiverem a felicidade de ver todos os seus entes queridos compartilhando da eternidade bem-aventurada (certamente não muitos) sentirão muito maior conformação em saber que não estão a sofrer eternamente num fogo que jamais se extinguirá. Sobretudo após poderem acessar os registros celestiais para entender as razões de não se terem salvos (ver 1 Cor. 6:2 e 3) saberão que na sua destruição houve justiça e misericórdia.
Quando alguém vive sofrendo por anos de uma doença terminal e chega a morrer, comenta-se: “Pelo menos descansou e parou de sofrer!” Familiares e amigos sentem-se confortados. O mesmo se dará quando o “câncer” do pecado for eliminado de vez do universo. Este será totalmente purificado de qualquer resquício de iniqüidade, pois a promessa bíblica é de que “segundo a Sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2 Pedro 3:13).
10 Razões Por Que Apocalipse 20:10 Não Serve de Prova do Inferno de Fogo Inapagável
Diz o texto: “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde também se encontram não só a besta como o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos séculos”.
1o. – Porque é regra em boa Teologia que não se estabelecem doutrinas com base em passagens simbólicas, parábolas ou textos isolados nas Escrituras, sobretudo os de sentido não muito claro. O livro de Apocalipse é cheio de alegorias extraídas sobretudo do Velho Testamento que precisam ser entendidas dentro das características de tais ilustrações e segundo o seu próprio emprego original. Assim é que temos as referências a Balaão [2:14], Jezabel [2:20], as duas oliveiras de Zacarias 4 [11:4], Elias e a seca [11:6], Sodoma e Egito [11:8], Babilônia [14:8, caps. 17 e 18], Gogue e Magogue [20:8], a besta composta dos mesmos animais de Daniel 7 [13:2], etc.
2o. – Porque a linguagem de “atormentados de dia e de noite” é extraída de Isaías 34:10, que fala de como “nem de noite nem de dia se apagará” o fogo que destrói Edom, representando isso um processo intenso e completo de destruição enquanto esta durar, sendo assolada “de geração em geração” (que equivaleria a “pelos séculos dos séculos”). Contudo, Edom há milênios já não mais existe. Também em Jeremias 17:27 lemos sobre o fogo que consumiria as portas de Jerusalém e não se apagaria. Só que tal fogo já se apagou há milênios.
3o. – Porque a figura do fogo que não se apaga, sendo, pois, inextinguível, também faz parte da linguagem veterotestamentária empregada em Ezequiel 20:47, 48. O motivo por que o fogo que destrói os inimigos de Deus não se apagará é porque “Eu, o Senhor, o acendi”. Em todo o contexto, a linguagem de vingança é de teor de “consumir” (ver 21:31, e 32—“servirás de pasto ao fogo”, e 22:20—“assoprarei sobre vós o fogo do meu furor, e sereis fundidos. . .”).
4o. – Porque no próprio livro de Apocalipse João emprega a mesma linguagem de 20:10 noutros lugares num sentido de algo que dura “de dia e de noite” denotando continuidade e não duração eterna de uma ação. Assim ele descreve as criaturas viventes louvando a Deus sem descanso “de dia e de noite” (Apo. 4:8'), os mártires que servem a Deus “de dia e de noite” (Apo. 7:15) e Satanás acusando os irmãos “de dia, e de noite” (Apo. 12:10).
5o. – Porque a sorte de Babilônia, símbolo da falsa religião, a que estão associados a besta e o falso profeta, lançados conjuntamente no “lago de fogo”, é a destruição total, ao ponto de que “nunca jamais será achada” (Apo. 14:11 e 18:8 e 21).
6o. – Porque os exércitos de Gogue e Magogue, mencionados no contexto imediato (vs. 8), lembram o episódio profetizado por Ezequiel de inimigos de Israel que foram inteiramente desolados e destruídos (ver Ezequiel caps. 38 e 39). Em Isaías 66:24 é descrito o cenário de morte final dos transgressores, falando em cadáveres e vermes que hiperbolicamente nunca morrem, em meio a um fogo que nunca se apaga, sem nenhuma menção a um lugar chamado inferno ou a almas ou espíritos.
7o. – Porque a linguagem do derramar do cálice da ira de Deus, aplicada a Babilônia, é um bem-estabelecido símbolo de juízo divino no Velho Testamento (Isa. 51:17, 22; Jer. 25:15-38; Sal. 60:3; 75:8). Deus derrama o cálice “sem mistura”, isto é, sem diluição, para assegurar seu efeito letal. Os profetas empregaram linguagem semelhante: “beberão, sorverão, e serão como se nunca tivessem existido” (Oba. 16; cf. Jer. 25:18, 27, 33). O mesmo cálice da ira de Deus é servido a Babilônia, a cidade que corrompe o povo. Deus mistura “dobrado para ela”, e o resultado é “flagelos, morte, pranto e fome”, bem como destruição pelo fogo (Apo. 18: 6, 8). O fim de Babilônia, destruída pelo fogo, é também o fim dos apóstatas que bebem do cálice sem mistura de Deus.
8o. – Porque segundo as Escrituras, somente Deus possui em Si a imortalidade (1 Tim. 1:17; 6:16). Ele concede a imortalidade como o dom do evangelho (2 Tim. 1:10:) e os que se perderão é por não terem recebido essa bênção. Em Romanos 2:7 Paulo fala sobre os que receberão a vida eterna em vista de que procuram glória, honra e incorruptibilidade [“imortalidade”, segundo o original grego]. Não se procura por algo que já se possui, supostamente na forma de um elemento eterno que se carregaria no íntimo do ser.
9o. – Porque o contraste entre os salvos e perdidos é definido como os que têm a vida eterna (João 6:54), e os que perecerão, já que o salário do pecado é a morte (João 3:16; Rom. 6:23), lançados que serão no lago de fogo e enxofre, “a saber, a segunda morte” (Apo. 20:14 e 21:8'). Apocalipse 20:9 diz que os que enfrentam o fogo do geena serão “consumidos”. Observem o elemento “enxofre” que aí é introduzido em associação com a “segunda morte” do lago de fogo.
10o. – Porque a sorte final do próprio diabo será a destruição, descrita em linguagem bem vívida em Ezequiel 28:18 e 19 (representado ali como o rei de Tiro, tal como em Isaías 14 é o rei de Babilônia), “. . . um fogo que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra. . . e jamais subsistirás” (comparar com Isa. 14:14, 15 e Mal. 4:1-3). Também um dos demônios que estava para ser expulso por Cristo Lhe pergunta: “Vieste destruir-nos? Isso mostra que esses seres espirituais malignos já sabem que o que lhes espera ao final e a destruição total (Mar 1:24).
O problema de alguns debatedores do tema da natureza e destino humano é alegarem que o sentido de “castigo eterno” em Mateus 25:46—“E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna”—indica a eternidade literal, em termos de tempo infinito, para os condenados. Só que as coisas não são assim, de modo algum. Vejamos:
a) De fato, a palavra “eterno” (aionios) é a mesma para ambos—salvos e perdidos. O tema discutido está relacionado com o aspecto do destino “eterno” dos dois grupos.
b) Só que estão RELACIONADOS em termos de destino final de ambos os grupos, porém NÃO IGUALADOS, pois há contraste entre a condição de vida eterna do grupo de remidos, e o de morte eterna do outro grupo.
c) Cristo está estabelecendo a ANTÍTESE do destino final de salvos e perdidos, e, logicamente, é um destino eterno, definitivo para os dois grupos. A palavra “eterno” está relacionada em ambos os casos, mas não igualada em seu sentido absoluto porque há outras informações na Bíblia para se entender a sorte dos salvos e dos perdidos indicando vida eterna do lado de Deus para os salvos, e “destruição dos homens ímpios” (2 Pedro 3:7). Afinal, a Bíblia diz claramente que “O salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23).
d) Na análise do tema do destino final dos homens não podemos ignorar o começo da história humana partindo de uma premissa não comprovada—de que dentro do ser humano haja uma partícula imortal, criada por Deus no princípio (Gênesis 1 e 2), em função da qual os ímpios terão que viver eternamente no fogo do genna, em que são lançados. Simplesmente não ocorre tal informação na descrição da criação do homem (Gên. 2:7). Nós SOMOS almas viventes, não TEMOS alma.
e) Se não se deve ignorar o começo da história, tampouco o fim deve ser passado por alto, ou o que a Bíblia ensina sobre a sorte dos condenados—o lago de fogo. O fato é que logo em seguida à menção da ação desse lago de fogo, que é a segunda morte, o que temos é uma descrição de “novos céus e uma nova terra . . . e o mar já não existe [nem o lago de fogo]”. Não há, pois, espaço para qualquer lago de fogo prosseguir sua obra destrutiva sobre a superfície dessa Terra renovada, nem consta qualquer informação de que salte de sobre a Terra para prosseguir queimando em outro recanto do universo (ver Apocalipse 20:14-21:8.).
f) Também há uma dificuldade tremenda para os advogados da tese da eternidade literal das penas dos condenados, porque Cristo fala da ressurreição em termos de que todos vêm das sepulturas, os que fizeram o bem, para a “ressurreição da vida”, e os que praticaram o mal, para a “ressurreição da condenação” (João 5:28, 29). Mas se os condenados são, por fim, lançados no lago de fogo, teriam que possuir corpos de uma estrutura tal que fossem eternamente refratários ao fogo! Contudo, somente os remidos terão corpos “incorruptíveis”, como Paulo acentua em Filipenses 3:20, 21 e 1 Coríntios 15:35-54.
g) Ademais, a linguagem bíblica de destruição é claríssima, tanto no Velho, quanto no Novo Testamento. O salmista Davi chega a dizer que os ímpios “derreterão como a cera” (68:2), serão “como a palha que o vento dispersa”, desarraigados e eliminados de modo total (ver Salmo 1:4; 37:10, 20). Ezequiel fala do “rei de Tiro”, numa representação do próprio Satanás, que será destruído inteiramente, “e nunca mais serás para sempre”, como constam de algumas versões (Ezequiel 28:14-18.). Malaquias 4:1-3 diz dos condenados que não ficará “nem raiz, nem ramos”, mas se tornarão em cinzas!
No Novo Testamento temos Paulo falando de como os ímpios serão eternamente destruídos e banidos da face do Senhor (2 Tessalonicenses 1:7-10) quando Cristo vier trazendo consigo os fogos da vingança sobre os inimigos de Deus. Isto é significativo, pois mostra que o inferno de fogo AINDA NÃO EXISTE, o castigo é futuro! E 2 Pedro 3:6 a 10 trata dessa destruição final em termos claríssimos, utilizando a palavra apollumi e derivadas e traçando um paralelo entre a destruição sobre os pecadores antediluvianos com os do tempo do fim. Ou será que os antediluvianos “pereceram” nas águas do dilúvio ficando em eterno tormento líquido, sob tais águas?
h) As palavras “eterno” e “eternamente” não têm sempre em hebraico (olam) e grego (aion, aionios) o sentido absoluto de tempo infindável como em português. Vejamos três sentidos disso em hebraico e três em grego:
Em hebraico (Velho Testamento):
1 – O Salmo 23:6 diz—“habitarei na casa do Senhor para sempre-olam”. Contudo, comparando diferentes versões nota-se que diferentes tradutores, tanto para o português quanto para outros idiomas, preferiram verter olam neste verso como “por longos dias”!
2 – O próprio Jonas, relata sua dificuldade nestes termos: “Desci até à terra, cujos ferrolhos se correram sobre mim para sempre—olam, contudo fizestes subir da sepultura a minha vida” (Jonas 2:6). Que “para sempre” mais breve—durou somente três dias e três noites!
3 – A lepra de Naamã recairia sobre Geazi, o servo de Eliseu, que mentiu e enganou o rei e o profeta, e sobre sua descendência “para sempre-olam”. Será que hoje há leprosos sofrendo de tal enfermidade por serem descendentes do problemático servo do profeta? (ver 2 Reis 5:27).
Em grego (Novo Testamento):
1 – Hebreus 6:2 fala do “juízo eterno-aionios”. Isso não significa que o juízo é um processo que tem começo mas não tem fim, e sim que tal juízo é de conseqüências e/ou efeitos eternos.
2 – Filemom, vs. 15, traz “para sempre-aionios” no sentido do tempo de vida de um homem (o servo ou o seu amo).
3 – O fogo que destruiu Sodoma e Gomorra foi “eterno” (Judas 7), contudo a cidade não está queimando até hoje, porque foi um fogo eterno em suas conseqüências (ou efeitos).
Finalmente, há dicionários gregos que explicam isso:
Liddel & Scott (Dicionário Grego) dá os seguintes significados de aion:
“1. Um espaço ou período de tempo, especialmente toda a vida. Vida. Também a vida de uma pessoa. Idade: a idade do homem. . .
“2. Um longo período de tempo. Eternidade . . .
“3. Mais tarde. Um espaço de tempo claramente definido . . . Uma era. A vida presente. Este mundo”.
Alexandre Cruden, em sua conhecida Concordância (em inglês), assim anota a palavra “eterno”:
“As palavras ‘eterno’, ‘perpétuo’, ‘para sempre’ são algumas vezes tomadas no sentido de um longo espaço de tempo, e não devem sempre ter estritamente esse sentido”.
E o erudito Basil Atkinson observa:
“Quando o adjetivo aionios com o sentido de ‘eterno’ é empregado no grego com substantivos de ação faz referência ao resultado da ação, não ao processo. Assim, a frase ‘castigo eterno’ é comparável a ‘eterna redenção’ e ‘salvação eterna’, ambas sentenças bíblicas. Ninguém supõe que estamos sendo redimidos ou sendo salvos para sempre [como um processo]. Fomos redimidos e salvos de uma vez por todas por Cristo, com resultados eternos. Do mesmo modo, os perdidos não estarão passando por um processo de punição para sempre, mas serão punidos uma vez por todas com resultados eternos. Por outro lado, o substantivo ‘vida’ não é um substantivo de ação, mas um que expressa uma condição. Assim, a própria vida é eterna”.–Life and Immortality. An Examination of the Nature and Meaning of Life and Death as They Are Revealed in the Scriptures (Taunton, Inglaterra, n. d.), p. 101.
Conclusão: Não devemos tomar textos ou termos isolados das Escrituras para daí fixar doutrinas, segundo pressupostos de crenças arraigadas na mentalidade popular. Uma análise mais detalhada do sentido de palavras-chave, como os adjetivos “eterno”, “perpétuo” e expressões tais como “para sempre”, “não se apagará” (para o fogo do castigo) precisa ser empreendida antes de chegar a uma conclusão de sentido real do que o autor quer transmitir, ao descrever o castigo final dos ímpios.
Tomar palavras soltas, textos isolados de sua contextuação imediata ou global, termos de sentido dúbio, metáforas e hipérboles interpretadas literalmente sem considerar as características lingüísticas (como no Hino Nacional Brasileiro, o “pátria amada IDOLATRADA” não significa que literalmente assim o seja) nunca foi a melhor metodologia para o estudo da mensagem divina aos homens ao longo das Escrituras.
Paulo escreve: “Se de fato é justo para com Deus que Ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós outros que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder. Quando vier para ser glorificado nos Seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho)”. 2 Tess. 2:7-10.
Temos nesta passagem alguns pontos importantes:
a) Os que sofrem injustiças agora por causa do evangelho serão recompensados “naquele dia” da volta do Senhor (esta é a ênfase, tal como em 2 Tim. 4:7, 8).
b) Os que atribulam os cristãos receberão a devida paga quando Ele Se manifestar “em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus”. Ou seja, a paga não está ainda ocorrendo, não havendo esse fogo vingador a não ser quando Jesus manifestar-Se, o que destrói a interpretação que muitos dão à parábola do rico e Lázaro como de um inferno já em operação.
c) A punição desses pecadores é claramente descrita como “penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor”, uma linguagem por demais clara: não pode haver uma destruição infindável, a qual, em conseqüência, produz banimento! Estas são palavras bem fortes, claras, e coerentes com Salmo 37:20, Malaquias 4:1 e 3, Mateus 25:46 e tantas outras.
Note-se que o alívio das lutas e injustiças do povo de Deus se dará, NÃO QUANDO MORRESSEM E SUAS ALMAS FOSSEM PARA O CÉU, mas quando obteriam “alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder” (2 Tess. 1:7). Paulo se inclui entre os que esperam esse “alívio”, e aponta à ocasião “quando . . . Se manifestar o Senhor Jesus”! Pode haver linguagem mais clara que liqüida com a idéia de que Paulo tinha expectativa de ir para o céu obter esse alívio imediatamente com sua morte? É praticamente o mesmo que já havia dito quanto a sua expectativa de partir e estar com Cristo, mas isso, como assinalou escrevendo a Timóteo, na certeza de receber o eterno galardão que “o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2a. Tim. 4:8).
É digno de nota que após discorrer sobre tudo isso—a recompensa dos justos e punição dos desprezadores do evangelho (sempre no contexto da vinda gloriosa de Cristo) Paulo encerra dizendo: “Ora, nosso Senhor Jesus Cristo . . . console os vossos corações e os confirme em toda boa obra e boa palavra” (2 Tess. 1: 16, 17), o que equivale às mesmas palavras de consolação encontradas em 1 Tess. 4:18, que ele registra após discutir EXATAMENTE o tema de que os “que dormem” ressuscitarão quando Cristo volta quando então, diz o apóstolo, “estaremos para sempre com o Senhor” (vs. 17). A consolação deriva, não de uma promessa de/ suas almas irem para o céu quando morrerem, mas dessa prometida e aguardada vinda de Cristo, quando “vier para ser glorificado nos Seus santos e ser admirado em todos os que creram, NAQUELE DIA” (2 Tess. 1:10).
À luz de outras passagens onde Paulo enfatiza tão bem essa questão do encontro dos remidos com Jesus “naquele dia” temos um quadro coerente, claro e insofismável de que a herança eterna, a herança da cidade celestial se concretiza, não por ocasião da morte, mas no dia da vinda gloriosa de Cristo. Era esta a expectativa que Paulo busca transmitir aos leitores de suas epístolas nos primeiros séculos da Era Cristã e que, certamente, é-nos transmitida a nós que estamos mais próximos do que nunca da concretização dessa esperança de Paulo e de todos os crentes em Jesus Cristo ao longo dos séculos.
O Que Vem a Ser o “Bicho Que Nunca Morre”?
A passagem de Marcos 9:48 é ótima para se definir, de uma vez por todas, a tão debatida e incompreendida questão do castigo dos réprobos. Na verdade eu a considero o texto-chave para entender todo esse debate a respeito de tal tema.
Basta perceber o que realmente Jesus está dizendo, lembrando que Ele NÃO FALA em "alma" que não morre, e sim em "bicho" que não morre. Ora, alma é alma e bicho é bicho.
Eu perguntei a um grande defensor de imortalidade da alma como entender essa questão de "alma" e "bicho" (por que Jesus não falou de "alma" que não morre) e ele confessou que não sabia dizer. . .
Pois é bem fácil. Basta comparar tal passagem com Isaías 66:24:
"E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne".
Pronto, aí está a fonte das palavras de Cristo. Ele está se valendo da mesma metáfora de Isaías, recorrendo à mesma HIPÉRBOLE, ou seja, a linguagem poeticamente exagerada para pintar com cores mais fortes o cenário que o autor bíblico está descrevendo.
Isaías está acentuando o horror das multidões de inimigos de Deus mortos ao final, com seus cadáveres comidos pelos bichos que aparentemente NUNCA MORREM, ou não morrem até consumirem suas carnes. Para um israelita a maior desonra era morrer e ficar insepulto, comido por vermes ao ar livre.
Assim, Jesus faz essa comparação com a destruição final, valendo-se da mesma FIGURA HIPERBÓLICA do profeta. Ele fala claramente em CADÁVERES, não em "almas".
A hipérbole é um exagero de linguagem para propósitos retóricos, como se dá com o próprio hino nacional brasileiro na parte que diz: "Pátria amada, IDOLATRADA". Só que literalmente ninguém idolatra a pátria, coisa nenhuma, (e nem deve. . .)
Diz o texto: “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde também se encontram não só a besta como o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos séculos”.
1o. – Porque é regra em boa Teologia que não se estabelecem doutrinas com base em passagens simbólicas, parábolas ou textos isolados nas Escrituras, sobretudo os de sentido não muito claro. O livro de Apocalipse é cheio de alegorias extraídas sobretudo do Velho Testamento que precisam ser entendidas dentro das características de tais ilustrações e segundo o seu próprio emprego original. Assim é que temos as referências a Balaão [2:14], Jezabel [2:20], as duas oliveiras de Zacarias 4 [11:4], Elias e a seca [11:6], Sodoma e Egito [11:8], Babilônia [14:8, caps. 17 e 18], Gogue e Magogue [20:8], a besta composta dos mesmos animais de Daniel 7 [13:2], etc.
2o. – Porque a linguagem de “atormentados de dia e de noite” é extraída de Isaías 34:10, que fala de como “nem de noite nem de dia se apagará” o fogo que destrói Edom, representando isso um processo intenso e completo de destruição enquanto esta durar, sendo assolada “de geração em geração” (que equivaleria a “pelos séculos dos séculos”). Contudo, Edom há milênios já não mais existe. Também em Jeremias 17:27 lemos sobre o fogo que consumiria as portas de Jerusalém e não se apagaria. Só que tal fogo já se apagou há milênios.
3o. – Porque a figura do fogo que não se apaga, sendo, pois, inextinguível, também faz parte da linguagem veterotestamentária empregada em Ezequiel 20:47, 48. O motivo por que o fogo que destrói os inimigos de Deus não se apagará é porque “Eu, o Senhor, o acendi”. Em todo o contexto, a linguagem de vingança é de teor de “consumir” (ver 21:31, e 32—“servirás de pasto ao fogo”, e 22:20—“assoprarei sobre vós o fogo do meu furor, e sereis fundidos. . .”).
4o. – Porque no próprio livro de Apocalipse João emprega a mesma linguagem de 20:10 noutros lugares num sentido de algo que dura “de dia e de noite” denotando continuidade e não duração eterna de uma ação. Assim ele descreve as criaturas viventes louvando a Deus sem descanso “de dia e de noite” (Apo. 4:8'), os mártires que servem a Deus “de dia e de noite” (Apo. 7:15) e Satanás acusando os irmãos “de dia, e de noite” (Apo. 12:10).
5o. – Porque a sorte de Babilônia, símbolo da falsa religião, a que estão associados a besta e o falso profeta, lançados conjuntamente no “lago de fogo”, é a destruição total, ao ponto de que “nunca jamais será achada” (Apo. 14:11 e 18:8 e 21).
6o. – Porque os exércitos de Gogue e Magogue, mencionados no contexto imediato (vs. 8), lembram o episódio profetizado por Ezequiel de inimigos de Israel que foram inteiramente desolados e destruídos (ver Ezequiel caps. 38 e 39). Em Isaías 66:24 é descrito o cenário de morte final dos transgressores, falando em cadáveres e vermes que hiperbolicamente nunca morrem, em meio a um fogo que nunca se apaga, sem nenhuma menção a um lugar chamado inferno ou a almas ou espíritos.
7o. – Porque a linguagem do derramar do cálice da ira de Deus, aplicada a Babilônia, é um bem-estabelecido símbolo de juízo divino no Velho Testamento (Isa. 51:17, 22; Jer. 25:15-38; Sal. 60:3; 75:8). Deus derrama o cálice “sem mistura”, isto é, sem diluição, para assegurar seu efeito letal. Os profetas empregaram linguagem semelhante: “beberão, sorverão, e serão como se nunca tivessem existido” (Oba. 16; cf. Jer. 25:18, 27, 33). O mesmo cálice da ira de Deus é servido a Babilônia, a cidade que corrompe o povo. Deus mistura “dobrado para ela”, e o resultado é “flagelos, morte, pranto e fome”, bem como destruição pelo fogo (Apo. 18: 6, 8). O fim de Babilônia, destruída pelo fogo, é também o fim dos apóstatas que bebem do cálice sem mistura de Deus.
8o. – Porque segundo as Escrituras, somente Deus possui em Si a imortalidade (1 Tim. 1:17; 6:16). Ele concede a imortalidade como o dom do evangelho (2 Tim. 1:10:) e os que se perderão é por não terem recebido essa bênção. Em Romanos 2:7 Paulo fala sobre os que receberão a vida eterna em vista de que procuram glória, honra e incorruptibilidade [“imortalidade”, segundo o original grego]. Não se procura por algo que já se possui, supostamente na forma de um elemento eterno que se carregaria no íntimo do ser.
9o. – Porque o contraste entre os salvos e perdidos é definido como os que têm a vida eterna (João 6:54), e os que perecerão, já que o salário do pecado é a morte (João 3:16; Rom. 6:23), lançados que serão no lago de fogo e enxofre, “a saber, a segunda morte” (Apo. 20:14 e 21:8'). Apocalipse 20:9 diz que os que enfrentam o fogo do geena serão “consumidos”. Observem o elemento “enxofre” que aí é introduzido em associação com a “segunda morte” do lago de fogo.
10o. – Porque a sorte final do próprio diabo será a destruição, descrita em linguagem bem vívida em Ezequiel 28:18 e 19 (representado ali como o rei de Tiro, tal como em Isaías 14 é o rei de Babilônia), “. . . um fogo que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra. . . e jamais subsistirás” (comparar com Isa. 14:14, 15 e Mal. 4:1-3). Também um dos demônios que estava para ser expulso por Cristo Lhe pergunta: “Vieste destruir-nos? Isso mostra que esses seres espirituais malignos já sabem que o que lhes espera ao final e a destruição total (Mar 1:24).
COMO A BÍBLIA DESCREVE O FIM DE TUDO—A MORTE DA MORTE!
O problema de alguns debatedores do tema da natureza e destino humano é alegarem que o sentido de “castigo eterno” em Mateus 25:46—“E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna”—indica a eternidade literal, em termos de tempo infinito, para os condenados. Só que as coisas não são assim, de modo algum. Vejamos:
a) De fato, a palavra “eterno” (aionios) é a mesma para ambos—salvos e perdidos. O tema discutido está relacionado com o aspecto do destino “eterno” dos dois grupos.
b) Só que estão RELACIONADOS em termos de destino final de ambos os grupos, porém NÃO IGUALADOS, pois há contraste entre a condição de vida eterna do grupo de remidos, e o de morte eterna do outro grupo.
c) Cristo está estabelecendo a ANTÍTESE do destino final de salvos e perdidos, e, logicamente, é um destino eterno, definitivo para os dois grupos. A palavra “eterno” está relacionada em ambos os casos, mas não igualada em seu sentido absoluto porque há outras informações na Bíblia para se entender a sorte dos salvos e dos perdidos indicando vida eterna do lado de Deus para os salvos, e “destruição dos homens ímpios” (2 Pedro 3:7). Afinal, a Bíblia diz claramente que “O salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23).
d) Na análise do tema do destino final dos homens não podemos ignorar o começo da história humana partindo de uma premissa não comprovada—de que dentro do ser humano haja uma partícula imortal, criada por Deus no princípio (Gênesis 1 e 2), em função da qual os ímpios terão que viver eternamente no fogo do genna, em que são lançados. Simplesmente não ocorre tal informação na descrição da criação do homem (Gên. 2:7). Nós SOMOS almas viventes, não TEMOS alma.
e) Se não se deve ignorar o começo da história, tampouco o fim deve ser passado por alto, ou o que a Bíblia ensina sobre a sorte dos condenados—o lago de fogo. O fato é que logo em seguida à menção da ação desse lago de fogo, que é a segunda morte, o que temos é uma descrição de “novos céus e uma nova terra . . . e o mar já não existe [nem o lago de fogo]”. Não há, pois, espaço para qualquer lago de fogo prosseguir sua obra destrutiva sobre a superfície dessa Terra renovada, nem consta qualquer informação de que salte de sobre a Terra para prosseguir queimando em outro recanto do universo (ver Apocalipse 20:14-21:8.).
f) Também há uma dificuldade tremenda para os advogados da tese da eternidade literal das penas dos condenados, porque Cristo fala da ressurreição em termos de que todos vêm das sepulturas, os que fizeram o bem, para a “ressurreição da vida”, e os que praticaram o mal, para a “ressurreição da condenação” (João 5:28, 29). Mas se os condenados são, por fim, lançados no lago de fogo, teriam que possuir corpos de uma estrutura tal que fossem eternamente refratários ao fogo! Contudo, somente os remidos terão corpos “incorruptíveis”, como Paulo acentua em Filipenses 3:20, 21 e 1 Coríntios 15:35-54.
g) Ademais, a linguagem bíblica de destruição é claríssima, tanto no Velho, quanto no Novo Testamento. O salmista Davi chega a dizer que os ímpios “derreterão como a cera” (68:2), serão “como a palha que o vento dispersa”, desarraigados e eliminados de modo total (ver Salmo 1:4; 37:10, 20). Ezequiel fala do “rei de Tiro”, numa representação do próprio Satanás, que será destruído inteiramente, “e nunca mais serás para sempre”, como constam de algumas versões (Ezequiel 28:14-18.). Malaquias 4:1-3 diz dos condenados que não ficará “nem raiz, nem ramos”, mas se tornarão em cinzas!
No Novo Testamento temos Paulo falando de como os ímpios serão eternamente destruídos e banidos da face do Senhor (2 Tessalonicenses 1:7-10) quando Cristo vier trazendo consigo os fogos da vingança sobre os inimigos de Deus. Isto é significativo, pois mostra que o inferno de fogo AINDA NÃO EXISTE, o castigo é futuro! E 2 Pedro 3:6 a 10 trata dessa destruição final em termos claríssimos, utilizando a palavra apollumi e derivadas e traçando um paralelo entre a destruição sobre os pecadores antediluvianos com os do tempo do fim. Ou será que os antediluvianos “pereceram” nas águas do dilúvio ficando em eterno tormento líquido, sob tais águas?
h) As palavras “eterno” e “eternamente” não têm sempre em hebraico (olam) e grego (aion, aionios) o sentido absoluto de tempo infindável como em português. Vejamos três sentidos disso em hebraico e três em grego:
Em hebraico (Velho Testamento):
1 – O Salmo 23:6 diz—“habitarei na casa do Senhor para sempre-olam”. Contudo, comparando diferentes versões nota-se que diferentes tradutores, tanto para o português quanto para outros idiomas, preferiram verter olam neste verso como “por longos dias”!
2 – O próprio Jonas, relata sua dificuldade nestes termos: “Desci até à terra, cujos ferrolhos se correram sobre mim para sempre—olam, contudo fizestes subir da sepultura a minha vida” (Jonas 2:6). Que “para sempre” mais breve—durou somente três dias e três noites!
3 – A lepra de Naamã recairia sobre Geazi, o servo de Eliseu, que mentiu e enganou o rei e o profeta, e sobre sua descendência “para sempre-olam”. Será que hoje há leprosos sofrendo de tal enfermidade por serem descendentes do problemático servo do profeta? (ver 2 Reis 5:27).
Em grego (Novo Testamento):
1 – Hebreus 6:2 fala do “juízo eterno-aionios”. Isso não significa que o juízo é um processo que tem começo mas não tem fim, e sim que tal juízo é de conseqüências e/ou efeitos eternos.
2 – Filemom, vs. 15, traz “para sempre-aionios” no sentido do tempo de vida de um homem (o servo ou o seu amo).
3 – O fogo que destruiu Sodoma e Gomorra foi “eterno” (Judas 7), contudo a cidade não está queimando até hoje, porque foi um fogo eterno em suas conseqüências (ou efeitos).
Finalmente, há dicionários gregos que explicam isso:
Liddel & Scott (Dicionário Grego) dá os seguintes significados de aion:
“1. Um espaço ou período de tempo, especialmente toda a vida. Vida. Também a vida de uma pessoa. Idade: a idade do homem. . .
“2. Um longo período de tempo. Eternidade . . .
“3. Mais tarde. Um espaço de tempo claramente definido . . . Uma era. A vida presente. Este mundo”.
Alexandre Cruden, em sua conhecida Concordância (em inglês), assim anota a palavra “eterno”:
“As palavras ‘eterno’, ‘perpétuo’, ‘para sempre’ são algumas vezes tomadas no sentido de um longo espaço de tempo, e não devem sempre ter estritamente esse sentido”.
E o erudito Basil Atkinson observa:
“Quando o adjetivo aionios com o sentido de ‘eterno’ é empregado no grego com substantivos de ação faz referência ao resultado da ação, não ao processo. Assim, a frase ‘castigo eterno’ é comparável a ‘eterna redenção’ e ‘salvação eterna’, ambas sentenças bíblicas. Ninguém supõe que estamos sendo redimidos ou sendo salvos para sempre [como um processo]. Fomos redimidos e salvos de uma vez por todas por Cristo, com resultados eternos. Do mesmo modo, os perdidos não estarão passando por um processo de punição para sempre, mas serão punidos uma vez por todas com resultados eternos. Por outro lado, o substantivo ‘vida’ não é um substantivo de ação, mas um que expressa uma condição. Assim, a própria vida é eterna”.–Life and Immortality. An Examination of the Nature and Meaning of Life and Death as They Are Revealed in the Scriptures (Taunton, Inglaterra, n. d.), p. 101.
Conclusão: Não devemos tomar textos ou termos isolados das Escrituras para daí fixar doutrinas, segundo pressupostos de crenças arraigadas na mentalidade popular. Uma análise mais detalhada do sentido de palavras-chave, como os adjetivos “eterno”, “perpétuo” e expressões tais como “para sempre”, “não se apagará” (para o fogo do castigo) precisa ser empreendida antes de chegar a uma conclusão de sentido real do que o autor quer transmitir, ao descrever o castigo final dos ímpios.
Tomar palavras soltas, textos isolados de sua contextuação imediata ou global, termos de sentido dúbio, metáforas e hipérboles interpretadas literalmente sem considerar as características lingüísticas (como no Hino Nacional Brasileiro, o “pátria amada IDOLATRADA” não significa que literalmente assim o seja) nunca foi a melhor metodologia para o estudo da mensagem divina aos homens ao longo das Escrituras.
Reflexão Sobre 2 Tessalonicenses 1:7-10
Paulo escreve: “Se de fato é justo para com Deus que Ele dê em paga tribulação aos que vos atribulam, e a vós outros que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder. Quando vier para ser glorificado nos Seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho)”. 2 Tess. 2:7-10.
Temos nesta passagem alguns pontos importantes:
a) Os que sofrem injustiças agora por causa do evangelho serão recompensados “naquele dia” da volta do Senhor (esta é a ênfase, tal como em 2 Tim. 4:7, 8).
b) Os que atribulam os cristãos receberão a devida paga quando Ele Se manifestar “em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus”. Ou seja, a paga não está ainda ocorrendo, não havendo esse fogo vingador a não ser quando Jesus manifestar-Se, o que destrói a interpretação que muitos dão à parábola do rico e Lázaro como de um inferno já em operação.
c) A punição desses pecadores é claramente descrita como “penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor”, uma linguagem por demais clara: não pode haver uma destruição infindável, a qual, em conseqüência, produz banimento! Estas são palavras bem fortes, claras, e coerentes com Salmo 37:20, Malaquias 4:1 e 3, Mateus 25:46 e tantas outras.
Note-se que o alívio das lutas e injustiças do povo de Deus se dará, NÃO QUANDO MORRESSEM E SUAS ALMAS FOSSEM PARA O CÉU, mas quando obteriam “alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder” (2 Tess. 1:7). Paulo se inclui entre os que esperam esse “alívio”, e aponta à ocasião “quando . . . Se manifestar o Senhor Jesus”! Pode haver linguagem mais clara que liqüida com a idéia de que Paulo tinha expectativa de ir para o céu obter esse alívio imediatamente com sua morte? É praticamente o mesmo que já havia dito quanto a sua expectativa de partir e estar com Cristo, mas isso, como assinalou escrevendo a Timóteo, na certeza de receber o eterno galardão que “o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2a. Tim. 4:8).
É digno de nota que após discorrer sobre tudo isso—a recompensa dos justos e punição dos desprezadores do evangelho (sempre no contexto da vinda gloriosa de Cristo) Paulo encerra dizendo: “Ora, nosso Senhor Jesus Cristo . . . console os vossos corações e os confirme em toda boa obra e boa palavra” (2 Tess. 1: 16, 17), o que equivale às mesmas palavras de consolação encontradas em 1 Tess. 4:18, que ele registra após discutir EXATAMENTE o tema de que os “que dormem” ressuscitarão quando Cristo volta quando então, diz o apóstolo, “estaremos para sempre com o Senhor” (vs. 17). A consolação deriva, não de uma promessa de/ suas almas irem para o céu quando morrerem, mas dessa prometida e aguardada vinda de Cristo, quando “vier para ser glorificado nos Seus santos e ser admirado em todos os que creram, NAQUELE DIA” (2 Tess. 1:10).
À luz de outras passagens onde Paulo enfatiza tão bem essa questão do encontro dos remidos com Jesus “naquele dia” temos um quadro coerente, claro e insofismável de que a herança eterna, a herança da cidade celestial se concretiza, não por ocasião da morte, mas no dia da vinda gloriosa de Cristo. Era esta a expectativa que Paulo busca transmitir aos leitores de suas epístolas nos primeiros séculos da Era Cristã e que, certamente, é-nos transmitida a nós que estamos mais próximos do que nunca da concretização dessa esperança de Paulo e de todos os crentes em Jesus Cristo ao longo dos séculos.
O Que Vem a Ser o “Bicho Que Nunca Morre”?
A passagem de Marcos 9:48 é ótima para se definir, de uma vez por todas, a tão debatida e incompreendida questão do castigo dos réprobos. Na verdade eu a considero o texto-chave para entender todo esse debate a respeito de tal tema.
Basta perceber o que realmente Jesus está dizendo, lembrando que Ele NÃO FALA em "alma" que não morre, e sim em "bicho" que não morre. Ora, alma é alma e bicho é bicho.
Eu perguntei a um grande defensor de imortalidade da alma como entender essa questão de "alma" e "bicho" (por que Jesus não falou de "alma" que não morre) e ele confessou que não sabia dizer. . .
Pois é bem fácil. Basta comparar tal passagem com Isaías 66:24:
"E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne".
Pronto, aí está a fonte das palavras de Cristo. Ele está se valendo da mesma metáfora de Isaías, recorrendo à mesma HIPÉRBOLE, ou seja, a linguagem poeticamente exagerada para pintar com cores mais fortes o cenário que o autor bíblico está descrevendo.
Isaías está acentuando o horror das multidões de inimigos de Deus mortos ao final, com seus cadáveres comidos pelos bichos que aparentemente NUNCA MORREM, ou não morrem até consumirem suas carnes. Para um israelita a maior desonra era morrer e ficar insepulto, comido por vermes ao ar livre.
Assim, Jesus faz essa comparação com a destruição final, valendo-se da mesma FIGURA HIPERBÓLICA do profeta. Ele fala claramente em CADÁVERES, não em "almas".
A hipérbole é um exagero de linguagem para propósitos retóricos, como se dá com o próprio hino nacional brasileiro na parte que diz: "Pátria amada, IDOLATRADA". Só que literalmente ninguém idolatra a pátria, coisa nenhuma, (e nem deve. . .)
O TORMENTO DOS ÍMPIOS E O SOFRIMENTO DE CRISTO
Resumo: Protestantes e católicos imortalistas argumentam que o tormento dos ímpios, como profetizado em Apocalipse 14:11, não terá fim, o que equivale dizer que será da mesma duração da vida eterna dos justos. Esta compreensão, como exposta por eruditos destas correntes do cristianismo, tem lançado dúvidas sobre o caráter justo de Deus e abalado o ensino sobre o gozo eterno dos salvos. O estudo do assunto é pertinente para evidenciar que nem todos os cristãos têm as mesmas dificuldades com as quais os defensores da imortalidade da alma se deparam para harmonizar sua posição com a justiça e a bondade de Deus. Ao lado de outros cristãos, muitos deles eruditos pesquisadores, os adventistas do sétimo dia sustentam posição contrária à dos imortalistas, ao ensinar a aniquilação dos ímpios como ato de juízo coerente com a justiça e a bondade do caráter de Deus. Todos os seres humanos foram incluídos no sofrimento vicário de Cristo ao provar a segunda morte pela raça caída, e somente passarão pelo tormento da segunda morte por escolha própria ao rejeitarem a provisão de escape ofertada por Deus em Cristo, nosso substituto.
Torment of the Ungodly and Christ’s Suffering
Abstract: Protestants and Catholics immortalists defend the position that the torment of ungodly men, as prophetically depicted in Revelation 14:11, will endure forever, what means that it will have the same length as the eternal life of the righteous. Such a theological thinking, as exposed by scholars of these Christian denominations, has cast doubts upon God’s just character and has shaken the teaching concerning the everlasting joy of the redeemed. To study such a matter is a pertinent question in order to clarify the fact that there other Christians that do not suffer the same difficulties faced by the defenders of the immortality of the soul, when they face the task of harmonizing their theological standpoint with the issues of justice and love, as attributes of God’s character. Quite close to other Christians, including some scholars, the Seventh-day Adventists maintain a view contrary to the one held by the immortalists. The Adventists teach the annihilation of the ungodly as an act coherent with the justice of God and His goodness. All humankind has been included in the vicarious sacrifice of Christ when He experienced the second death for the Human race. Only will experience the torment of eternal death those human beings that will reject God’s provision of redemption in Christ, our substitute.
Keywords: Torment, hell, justice, suffering, soul, ungodly, third angel message.
Introdução
Umas das passagens bíblicas mais significativas é Apocalipse 14:9-11, correspondente ao relato da terceira mensagem angélica. Em razão de uma leitura apressada e doutrinariamente preconceituosa, muitos deixam de entender que o principal tema da terceira mensagem é a justiça de Deus oferecida ao pecador, ao invés da ira divina contra a humanidade impenitente.
O propósito deste artigo é apresentar a correta compreensão da terceira mensagem angélica, com ênfase na interpretação do chamado tormento dos ímpios. Figura também como propósito deste estudo destacar a relação que existe entre este tema e a doutrina da justificação pela fé.1
À guisa de introdução, ainda é preciso dizer que a falsa compreensão sobre o estado do homem na morte tem gerado distorções irreconciliáveis sobre a real natureza do tormento dos ímpios. Lee Strobel, por exemplo, chega a confessar o seu impasse diante da aparente contradição entre a bondade e a justiça de Deus, ao tentar entender o significado do sofrimento dos impenitentes, como descrito no Apocalipse. Ele pergunta:
1. A raiz do problema
Onde reside a confusão sobre o tormento dos ímpios (inferno) e a justa bondade de Deus? A confusão, certamente, acha-se na má compreensão imposta sobre o mundo cristão pela doutrina pagã da imortalidade da alma. Esta tese é confirmada por teólogos do calibre de Oscar Cullman e Edward William Fudge. Por suas declarações, ambos destacam o correto ensino da Bíblia. Cullman, um teólogo cristão luterano, nascido na França, em curta sentença, desfaz qualquer dúvida quanto à natureza humana, ao dizer: “A alma não é imortal”.5 E ao se referir sobre a propalada eternidade da alma em detrimento do corpo humano, o mesmo autor reitera que “deve haver ressurreição para ambos; pois desde a queda o homem todo está ‘permeado pela corrupção’”.6 Fudge, um evangélico pertencente à Bering Drive Church of Christ, expõe como não bíblica a tradição popular que aponta Deus como responsável por manter os ímpios vivos no tormento sem fim. Para Fudge, a destruição eterna envolverá o homem total, em seu corpo e alma.7
Histórica e consistentemente, os adventistas do sétimo dia têm ensinado o que afirmam Cullman e Fudge. A obra intitulada, Nisto Cremos: 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia, ao tratar da antropologia bíblica, assim se expressa no tocante à natureza humana:
Sendo uma das pioneiras do pensamento e pregação adventistas, Ellen White percebeu o risco que representava para a compreensão da doutrina de Deus e da salvação o erro acerca da imortalidade da alma. Como evidência da luz que teve sobre esta relação, pode-se apontar sua denúncia acerca dos seguintes erros:
2. O ensino bíblico: As duas mortes
A Bíblia ensina que haverá duas mortes. A primeira é temporária, imposta a todos os seres humanos, sem qualquer discriminação. Em apoio desta declaração, Paulo ensinou seqüencialmente aos cristãos de Roma que (1) todos os seres humanos pecaram (Rm 3:23) e (2) que o salário do pecado é a morte (6:23). Ninguém escapa da morte, exceto pessoas que, na sabedoria e poder de Deus, foram levadas desta Terra para servirem de testemunhas especiais de seu plano redentor. Entres estes figuram o patriarca Enoque e o profeta Elias.
A segunda morte é permanente e atinge somente aqueles que não aceitarem o plano de salvação centralizado na morte de Cristo. Para estes, a promessa da primeira ressurreição, chamada também de ressurreição da vida, torna-se realidade por ocasião da segunda vinda de Cristo à Terra. O claro ensino apresentado em João 5:28,29 remove qualquer dúvida sobre o plano de Deus para trazer de volta à vida todos os seres humanos que sofreram a primeira morte. Este pensamento bane qualquer esperança de salvação universal, ou de considerar a morte como esquecimento eterno, sem dor e sem juízo. Mas a evidência bíblica de duas ressurreições também lança luz sobre o caráter de Deus ao lidar com o mal, pois os que “tiverem praticado o mal” voltam à vida para enfrentarem o juízo divino, cujo clímax é a aplicação da extinção ou aniquilação eterna na segunda morte.
A doutrina bíblica das duas mortes se torna mais compreensível diante de uma leitura mais atentiva de certas passagens, como Hebreus 9:27 e Apocalipse 20:6. Aos Hebreus, Paulo deixa claro que tanto a morte de Cristo e a ordenança da morte humana, como conseqüência universal do pecado, restringem-se a uma única vez. Isto é plena verdade, visto que o completo e suficiente sacrifício de Jesus não precisará ser repetido, nem mesmo em rituais de derramamento de sangue, como ainda era praticado pelos judeus no primeiro século cristão. Para aqueles que aceitam a realidade da expiação pelos méritos de Cristo haverá apenas uma morte, a primeira, da qual acordarão na primeira ressurreição ou ressurreição dos justos (Hb 9:28; 1Ts 4:13-17; 1Co 15:55-57). A promessa para estes é que a segunda morte não tem poder de destruí-los (Ap 20:6 up). Este castigo está reservado para todos os que não aceitaram o plano da salvação. A segunda morte ocorre depois dos mil anos de paz, como ponto culminante do juízo de Deus contra o pecado, seu originador e seus adeptos, quer sejam anjos ou seres humanos. João assim descreve, em Apocalipse 20:12, 13, 14 e 15, este evento final da história do pecado:
(a) Por que ressuscitar os ímpios para matá-los novamente? Por que não deixá-los no túmulo?: Para acharmos uma resposta adequada à gravidade desta questão basta lembrarmos de alguns nomes de ímpios que atormentaram a humanidade e agrediram o povo de Deus, mas morreram de morte natural sem nenhum sofrimento físico ou mental, visto que muitos destes se cercaram de proteção para não serem incomodados. Ultrapassaram os limites do alcance da voz de Deus por cauterizarem suas consciências na prática do mal. Seria justo diante do universo deixar que homens semelhantes a Stalin e Hitler, apenas para citar estes como exemplos de uma imensa lista de facínoras e monstros humanos, simplesmente fossem esquecidos no silêncio da morte?
(b) É o fogo mais quente para aqueles que pecam menos? Como é que a vida de muitos será sustentada no lago de fogo por dias, enquanto que a de outros desaparece em um momento? Se o fogo consome alguns imediatamente, por que não todos?
(c) É misericordioso da parte de Deus sustentar a vida por poucos dias, mas não por anos? Que benefício poderia Deus extrair dos ímpios para este propósito? Wayne Grudem tenta responder a estas questões ao fazer a conexão entre a justiça de Deus e a punição eterna. Ele diz: “Se Deus não executa punição eterna, então, aparentemente, sua justiça não seria satisfeita”.20
Norman Gulley corretamente pondera que “a justiça de Deus é o tema central na controvérsia cósmica.”21 O ponto focal da terceira mensagem angélica é advertir da punição que toma lugar na experiência da segunda morte. Para entendermos e respondermos as questões que se levantam acerca da justiça de Deus na controvérsia sobre a segunda morte, será indispensável que a natureza do tormento seja clarificada à luz da doutrina bíblica.
3. A natureza do tormento
Primeiramente, deve-se ter em mente que o problema relacionado à natureza do tormento não é uma questão de duração, mas de intensidade. A raiz bíblica do verbo “atormentar” – basanízo - é “ir até ao fundo”. A tortura dos ímpios vai até ao máximo de sua intensidade, em plena força, dia e noite até que a última pessoa condenada exale a última respiração. O tormento pode ter lugar apenas quando não houver mais mediador atuando em favor da humanidade. Um outro assunto de vital importância é destacar que o castigo dos ímpios distingue-se da dor física, por ser caracterizado como dor espiritual, agonia mental.
Em segundo lugar, é necessário focalizar o sofrimento de Cristo para entender a natureza do tormento dos ímpios. Aos destinatários da carta de Hebreus (Hb 2:9), o autor inspirado escreveu: “Vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem”.
Esta declaração de Paulo aos hebreus nos leva a entender que Cristo sofreu e provou a segunda morte, não a primeira, visto que Ele morreu por nossos pecados. Se a primeira morte é a conseqüência do pecado, a segunda é a retribuição final da transgressão contra Deus. Como nosso substituto no castigo eterno, Cristo experimentou a “ira de Deus” (João 3:36). A profecia do Servo Sofredor se cumpriu em seu sofrimento e morte: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53:5; Mt 8:17; 1Pd 2:24-25).
Ellen White declarou que, no Getsêmani, Cristo sentiu como se estivesse
Para elucidar melhor a compreensão desse processo de transferência de nossas culpas para Cristo como portador de pecados, deve-se indagar quando isto ocorreu. Quando foi Ele feito pecado por nós? Certamente, no Getsêmani. E foi ali que Ele sofreu a morte. Na cruz Ele provou a morte por toda a humanidade, desde Adão e Eva, mas o teria feito apenas por Eva se ela fosse a única que houvesse pecado como parte da família humana.
Nas palavras de White,
4. Lições para a humanidade
4.1. Avaliação real do sofrimento de Cristo
O ensino da imortalidade da alma lança dúvidas sobre a necessidade da cruz de Cristo como a única esperança de salvação. Pelas Escrituras, o sofrimento de Cristo revela a nós a grandeza do amor de nosso Pai, ao se submeter à zombaria e insultos com o objetivo de se alegrar ao ver salvas em seu Reino almas anteriormente perdidas. Sem a cruz do Calvário não poderíamos ter nenhum raio de esperança, nem um toque do favor de Deus, nenhuma oferta de misericórdia.29 Uma realidade que nenhum ser humano pode avaliar em toda a sua extensão é o sofrimento que foi suportado por Cristo.
O ensino que postula a imortalidade da alma humana como um ser desincorporado é uma falsa expectativa que conduz o ser humano à separação de Deus e à conseqüente morte eterna. Cristãos, ao aceitarem essa errônea doutrina, não conseguem estabelecer uma relação clara entre o sofrimento de Cristo e o tormento eterno. Isto se deve em razão da crença na doutrina da imortalidade da alma, ao procurarem explicar a necessidade da permanente natureza do tormento como solução final para a eliminação dos pecadores impenitentes. Tal explicação pode ser nos moldes da visão católica ou na linguagem da teologia protestante, com matiz popular ou acadêmico.
4.2. Relação bíblica correta entre o Evangelho e o juízo
O escritor da epístola aos Hebreus deixa claro que há estreita relação entre o aceitar o evangelho e a necessidade do juízo final (Hb 9:27-28). Esta relação se encontra presente também em Apocalipse 14:6-12, texto no qual a idéia do tormento dos ímpios surge em conexão com a pregação do evangelho eterno e o preparo para a hora do juízo. A rejeição do evangelho eterno implica sentença de morte expressa no juízo. A proclamação do evangelho e o anúncio do juízo estão ligados no plano de Deus. Se não há julgamento, não há necessidade do evangelho. São dois lados da mesma moeda. Esse foi o conteúdo da pregação apostólica, como pode ser comprovado no exemplo de Paulo diante de Félix:
Após este incêndio, iniciado e mantido pelo próprio Senhor, fogo eterno em sua origem e efeitos porque é ação de Deus, não haverá “nem raiz e nem ramo” do pecado (2Pe 3:12; Ml 4:1) e o planeta será restaurado à sua beleza e pureza edênicas, conforme a promessa (2Pe 3:13). Gulley, corretamente, observa que “a segunda morte não é inferno eterno. É o último inimigo - morte permanente”34. Ela se extingue tão logo cessa o seu trabalho de consumir o pecado em todas as suas manifestações.
Jonathan Edwards disse que “o mundo provavelmente será convertido em um grande lago ou globo líquido de fogo, no qual os ímpios estarão sempre humilhados, que estarão sempre em meio à tempestade”.35 Gulley critica Edwards observando que “uma tal visão de inferno contradiz a promessa bíblica de uma nova terra (Ap 21:1)”.36
Finalmente, é preciso entender o significado da palavra eterno no contexto do tormento dos ímpios, a fim de eliminar qualquer dúvida sobre a duração do sofrimento que experimentarão no clímax da história da salvação. Os que argumentam a eternidade dos sofrimentos dos ímpios no tormento do inferno procuram base nas expressões “a fumaça do seu tormento sobre pelos séculos dos séculos” (Ap 14:11) e “serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos” (Ap 20:10). Mas os que assim procedem, deixam de ler a expressão no final de Apocalipse 20:9: “desceu, porém, fogo do céu e os consumiu”.
A imagem de um fogo ardendo eternamente para atormentar os ímpios é estranha ao texto e à teologia bíblica. Isto pode ser verificado ao se ler expressões semelhantes, como a que se encontra em Judas 6 e 7, lembrando a realidade do juízo de Sodoma e Gomorra, que foram postos “para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição”. Vale lembrar que o “fogo eterno” que destruiu as duas cidades ímpias cessou a sua ação destruidora quando não restava nada mais para consumir. A melhor e mais explicativa passagem bíblica para a duração da ação do fogo do juízo e o conseqüente tormento dos ímpios, poderia ser Malaquias 4:1-2. Esta profecia aponta exatamente para dia do juízo como aquele tempo que
4.3. A escolha final é do próprio pecador
A Bíblia, desde Gênesis até o Apocalipse, deixa claro que Deus não toma a decisão de salvar o ser humano sem o exercício de sua vontade, pelo exercício de seu livre arbítrio. Esta é atitude do Senhor ao conceder o direito de escolher comer ou não o fruto proibido no Éden (Gn 3:1-14). Embora o pecado tenha escravizado a raça, a graça manifesta no sacrifício de Cristo nos coloca em condições de escolher a quem servir (Dt 30:15-20; Js 2:15; Mt 11:29-30; Hb 3:7-10; 4:7; Ap 3:20; 22:17), o que permite concluir que o pecador morre a segunda morte por sua livre escolha. Por isso não é estranho pensar em pecadores confessando a justiça de Deus no juízo final (Rm 14:11). Ellen White comenta a isenção de Deus no juízo, nos seguintes termos:
4.4. O tormento nasce dos pensamentos dos ímpios
A declaração apocalíptica de que os ímpios “não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome” (Ap 14:11), pode ser entendida pelo comentário de Ellen White de que “os próprios pensamentos do pecador são seus acusadores: e não haverá tortura mais aguda do que os aguilhões de uma consciência culpada, que não darão repouso a ele nem de dia nem de noite”.39
4.5. Ninguém precisa perecer
Dietrich Bonhoeffer é o autor da expressão “costly Grace” ou a “graça preciosa” de grande valor. Este é o conceito da graça de Deus, conforme lido e percebido pela ótica do Calvário. Paulo identificou o preço pago pela nossa salvação com a vida do próprio Senhor. Todos estamos livres para aceitar a oferta de salvação proporcionada por Deus, pois Cristo pagou o nosso débito com sua própria morte. Logo, ninguém precisa perecer no lago de fogo, a menos que o faça por escolha pessoal. E a escolha está entre aceitar o que Jesus já realizou quando permitiu viver o tormento da separação do Pai, imposto pela natureza do nosso pecado que foi colocado sobre Ele, ou rejeitar o seu sacrifício como sendo de nenhum valor.
Essa é a rejeição que equivale a aceitação da penalidade a ser sofrida no juízo final. Mas, em sã consciência iluminada pelo conhecimento das Escrituras Sagradas, ninguém precisa passar por esse sofrimento, por essa angústia de alma. Ellen White assevera que vincular o destino de nossa vida à decisão pessoal em relação ao que Cristo fez e está fazendo por nós
não é um ato de poder arbitrário da parte de Deus. Os que Lhe rejeitavam a misericórdia ceifarão aquilo que semearam. Deus é a fonte da vida; e quando alguém escolhe o serviço do pecado, separa-se de Deus, desligando-se assim da vida.40
Nas palavras de Gulley,
1 O presente artigo foi motivado pela excelente exposição bíblica sobre o mesmo tema, em sermão pregado na igreja do Unasp, Campus Engenheiro Coelho, no dia 11 de março de 2000.
2 Lee Strobel, Em defesa da fé (São Paulo: Vida, 2002), p. 231.
3 Ibidem. Ver The atheist debater´s handbook (Buffalo, New York: Prometheus, 1979), p. 237.
4 Bertrand Russel, Por que não sou cristão e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos (São Paulo: Exposição do Livro, 1960), p. 22.
5 Oscar Cullman, Imortalidade da alma ou ressurreição dos mortos? (Artur Nogueira, SP: União Central Brasileira, 2002), p. 27.
6 Ibidem.
7 Ver Edward William Fudge, The Fire That Consumes: A Biblical and Historical Study of the Doctrine of Final Punishment (Falbrok, CA: Verdict, 1982), p. 111-112.
8 Rubens Lessa, ed. Nisto Cremos: 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia (Tatuí, SP: CPB, 2003), pp. 126.
9 Ibidem, p. 454.
10 Ibidem.
11 Samuel Bacchiocchi, Immortality or Ressurrection: A Biblical Study on Human Nature and Destiny (Berrien Springs, MI: Biblical Perspectives, 1997), p. 74.
12 Aécio Cairus, “A Doutrina do Homem”, em George Reid, ed. Handbook of Seventh-day Adventist Theology (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000), p. 219.
13 Norman Gulley, Christ is Coming (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1998), p. 257.
14 Ellen G. White, História da Redenção (Santo André, SP: CPB, 1972), pp. 389-370.
15 Ibidem.
16 Ibidem.
17 Ibidem.
18 Ibidem.
19 Ellen White, O grande conflito (Tatuí, SP: CPB, 1988), p. 673.
20 Norman Gulley¸ Christ is Coming (Hargerstown, MD: Review and Herald, 1988), p. 314.
21 Ibidem, p. 315.
22 White, O desejado de todas as nações (Tatuí, SP: CPB, 2003), p. 681.
23 Idem, Testimonies for the Church (Boise, ID: Pacific Press, 1988), 4:493.
24 Idem, O desejado de todas as nações, p. 693-94.
25 Ibidem, 759.
26 Idem, Bible Training School, 1/5/1915.
27 Ibidem.
28 Idem, Bible Echo, 1/8/1892.
29 Idem, Testimonies for the Church (Boise, ID: Pacific Press, 1988),. 4:503.
30 Ibidem.
31 Ibidem, p. 374.
32 Atos 24:24-25. Itálico suprido.
33 Norman Gulley, Christ is coming, p. 322.
34 Gulley, Christ is Coming, p. 323.
35 Ibidem.
36 Ibidem.
37 Ibidem, p.310.
38 White, O desejado de todas as nações, p. 58.
39 Ibidem, p. 223.
40 Ibidem, p. 764.
41 Gulley, Christ is Coming, p. 320.
42 Nels Ferre, Christian Understanding of God (New York: Harper, 1951, p. 228. Citado por Gulley, Christ is Coming, p. 330).
[url=http://www.unasp.edu.br/kerygma/artigo6.04.asp]http://www.unasp.edu.br/kerygma/artigo6.04.asp[/url]
http://www.unasp.edu.br/kerygma/artigo6.4_miranda.pdf
Resumo: Protestantes e católicos imortalistas argumentam que o tormento dos ímpios, como profetizado em Apocalipse 14:11, não terá fim, o que equivale dizer que será da mesma duração da vida eterna dos justos. Esta compreensão, como exposta por eruditos destas correntes do cristianismo, tem lançado dúvidas sobre o caráter justo de Deus e abalado o ensino sobre o gozo eterno dos salvos. O estudo do assunto é pertinente para evidenciar que nem todos os cristãos têm as mesmas dificuldades com as quais os defensores da imortalidade da alma se deparam para harmonizar sua posição com a justiça e a bondade de Deus. Ao lado de outros cristãos, muitos deles eruditos pesquisadores, os adventistas do sétimo dia sustentam posição contrária à dos imortalistas, ao ensinar a aniquilação dos ímpios como ato de juízo coerente com a justiça e a bondade do caráter de Deus. Todos os seres humanos foram incluídos no sofrimento vicário de Cristo ao provar a segunda morte pela raça caída, e somente passarão pelo tormento da segunda morte por escolha própria ao rejeitarem a provisão de escape ofertada por Deus em Cristo, nosso substituto.
Palavras-chave: Tormento, inferno, justiça, sofrimento, alma, ímpios, terceira mensagem angélica.
Torment of the Ungodly and Christ’s Suffering
Abstract: Protestants and Catholics immortalists defend the position that the torment of ungodly men, as prophetically depicted in Revelation 14:11, will endure forever, what means that it will have the same length as the eternal life of the righteous. Such a theological thinking, as exposed by scholars of these Christian denominations, has cast doubts upon God’s just character and has shaken the teaching concerning the everlasting joy of the redeemed. To study such a matter is a pertinent question in order to clarify the fact that there other Christians that do not suffer the same difficulties faced by the defenders of the immortality of the soul, when they face the task of harmonizing their theological standpoint with the issues of justice and love, as attributes of God’s character. Quite close to other Christians, including some scholars, the Seventh-day Adventists maintain a view contrary to the one held by the immortalists. The Adventists teach the annihilation of the ungodly as an act coherent with the justice of God and His goodness. All humankind has been included in the vicarious sacrifice of Christ when He experienced the second death for the Human race. Only will experience the torment of eternal death those human beings that will reject God’s provision of redemption in Christ, our substitute.
Keywords: Torment, hell, justice, suffering, soul, ungodly, third angel message.
Introdução
Umas das passagens bíblicas mais significativas é Apocalipse 14:9-11, correspondente ao relato da terceira mensagem angélica. Em razão de uma leitura apressada e doutrinariamente preconceituosa, muitos deixam de entender que o principal tema da terceira mensagem é a justiça de Deus oferecida ao pecador, ao invés da ira divina contra a humanidade impenitente.
O propósito deste artigo é apresentar a correta compreensão da terceira mensagem angélica, com ênfase na interpretação do chamado tormento dos ímpios. Figura também como propósito deste estudo destacar a relação que existe entre este tema e a doutrina da justificação pela fé.1
À guisa de introdução, ainda é preciso dizer que a falsa compreensão sobre o estado do homem na morte tem gerado distorções irreconciliáveis sobre a real natureza do tormento dos ímpios. Lee Strobel, por exemplo, chega a confessar o seu impasse diante da aparente contradição entre a bondade e a justiça de Deus, ao tentar entender o significado do sofrimento dos impenitentes, como descrito no Apocalipse. Ele pergunta:
Que tipo de Deus é este que gosta de ver as suas criaturas se contorcerem para sempre – sem esperança, sem possibilidade, sem redenção – em uma câmara de torturas que em cada detalhe é tão horrenda e bárbara como um campo de concentração nazista?2Para Strobel, os ateus, a exemplo de B. C. Johnson, estariam certos ao afirmar que “a idéia do inferno é moralmente absurda”.3 Bertrand Russel, filósofo ateu de nacionalidade inglesa, diante dessa contradição imposta pelo falso entendimento do que significa o inferno na Bíblia, chegou a declarar: “No meu entendimento, existe um defeito muito sério no caráter moral de Cristo, que é acreditar no inferno. Eu não acho que uma pessoa que seja profundamente humana possa crer na punição eterna”.4
1. A raiz do problema
Onde reside a confusão sobre o tormento dos ímpios (inferno) e a justa bondade de Deus? A confusão, certamente, acha-se na má compreensão imposta sobre o mundo cristão pela doutrina pagã da imortalidade da alma. Esta tese é confirmada por teólogos do calibre de Oscar Cullman e Edward William Fudge. Por suas declarações, ambos destacam o correto ensino da Bíblia. Cullman, um teólogo cristão luterano, nascido na França, em curta sentença, desfaz qualquer dúvida quanto à natureza humana, ao dizer: “A alma não é imortal”.5 E ao se referir sobre a propalada eternidade da alma em detrimento do corpo humano, o mesmo autor reitera que “deve haver ressurreição para ambos; pois desde a queda o homem todo está ‘permeado pela corrupção’”.6 Fudge, um evangélico pertencente à Bering Drive Church of Christ, expõe como não bíblica a tradição popular que aponta Deus como responsável por manter os ímpios vivos no tormento sem fim. Para Fudge, a destruição eterna envolverá o homem total, em seu corpo e alma.7
Histórica e consistentemente, os adventistas do sétimo dia têm ensinado o que afirmam Cullman e Fudge. A obra intitulada, Nisto Cremos: 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia, ao tratar da antropologia bíblica, assim se expressa no tocante à natureza humana:
Na criação, nossos primeiros pais receberam a imortalidade, embora sua conservação estivesse condicionada à obediência. Tendo recebido acesso à árvore da vida, destinavam-se eles a viver para sempre. A única forma pela qual eles poderiam ameaçar seu estado de imortalidade seria através da transgressão da ordem que lhes proibia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Desobediência conduzi-los-ia à morte (Gn. 2;17; cf. 3:22).8Samuele Bacchiocchi, em seu estudo bíblico sobre a natureza e destino do ser humano, declara que
As Escrituras em parte alguma descrevem a imortalidade como uma qualidade ou estado que o homem – ou sua “alma” ou “espírito” – possui inerentemente. Os termos usualmente traduzidos por “alma” ou “espírito” [...] ocorrem mais de 1600 vezes na Bíblia, mas em nenhum caso estão associados a “imortal” ou “imortalidade”.9
Deus e os seres humanos diferem acentuadamente. Deus é infinito, os homens são finitos. Deus é imortal, eles são mortais. Deus é eterno, eles são transitórios. [...] Na Criação “formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2:7). O relato da criação revela que a humanidade derivou sua vida de Deus (cf. At 17:25, 28; Cl 1:16,17). O corolário deste fato básico é que imortalidade não é inerente à humanidade, mas é um dom de Deus.10
não há nenhuma indicação na Bíblia de que o espírito de vida dado ao homem na criação era uma entidade consciente antes que isto fosse dado. Tal fato dá-nos razões para crer que o espírito de vida não tem personalidade consciente quando retorna a Deus. O espírito que retorna a Deus é simplesmente o princípio da vida animal repartido por Deus tanto para os seres humanos como para os animais durante o percurso de sua existência terrena.11Aécio Cairus, acreditado teólogo adventista, de nacionalidade argentina, em seu artigo “A doutrina do homem”, assim conclui sobre o valor de uma retribuição aniquilacionista:
A Bíblia não fala de tormento ou dor eternos para os ímpios, apesar dos agentes de destruição, tais como fogo e fumaça, serem de eternos (Mat. 25:41; Apoc. 14:11). Os ímpios são lançados para dentro de um formidável e inexorável ambiente que garante que nenhum resíduo será deixado.12Norman Gulley, de maneira convergente com os seus pares anteriormente citados, questiona o ensino da imortalidade da alma ao afirmar que “as Escrituras não apenas dizem que Deus é o único detentor da imortalidade, mas também declaram que a imortalidade será concedida no segundo advento (1Co 15:53)”.13
Sendo uma das pioneiras do pensamento e pregação adventistas, Ellen White percebeu o risco que representava para a compreensão da doutrina de Deus e da salvação o erro acerca da imortalidade da alma. Como evidência da luz que teve sobre esta relação, pode-se apontar sua denúncia acerca dos seguintes erros:
O que se pode concluir destas corajosas e oportunas declarações de Ellen White é que a doutrina da imortalidade da alma conduz as pessoas a odiarem a Deus, em virtude da crença no castigo eterno, ou a conceberem o erro da salvação universal. E, mais do que isto, esta falsa doutrina também pode levar os seres humanos a se tornarem ateus ao não conseguirem conciliar de maneira razoável a idéia do inferno com o caráter amorável do Criador e redentor. Finalmente, muitos que tendem à aceitação da imortalidade da alma são, em muitos casos, levados à insanidade mental.
(a) Tirania de Deus: Deus sendo visto como tirano pela humanidade
Satanás disse a seus anjos que fizessem um esforço especial para espalhar a mentira a princípio proferida a Eva no Éden: “Certamente não morrereis.” E, sendo o erro recebido pelo povo, e sendo este levado a crer que o homem é imortal, Satanás induziu-os a crer que o pecador viverá em eterno estado de miséria. Achava-se preparado o caminho para Satanás agir por intermédio de seus representantes e apresentar a Deus perante o povo como um tirano vingativo, como alguém que mergulhe no inferno todos os que não Lhe agradem, e os faça para sempre sentir Sua ira; e, enquanto sofrem indizível aflição, e se contorcem nas chamas eternas, é Ele representado a olhar sobre eles com satisfação. Satanás sabia que, se esse erro fosse recebido, Deus seria odiado por muitos, em vez de amado e adorado; e que muitos seriam levados a crer que as ameaças da Palavra de Deus não seriam literalmente cumpridas, pois que seria contra Seu caráter de benevolência e amor mergulhar nos tormentos eternos seres que Ele criara.14
(b) Universalismo: A crença de que toda a humanidade será salva
Outro extremo que Satanás tem levado o povo a adotar consiste em não tomarem em nenhuma consideração a justiça de Deus e as ameaças de Sua Palavra, e representá-lo como sendo misericórdia, de modo que ninguém perecerá, mas que todos, tanto santos como pecadores, serão finalmente salvos em Seu reino.15
(c) Incredulidade na revelação bíblica
Em conseqüência dos erros populares da imortalidade da alma, e do intérmino estado de misérias, Satanás tira vantagem de outra classe, e os leva a considerar a Bíblia como um livro não inspirado. Acham que ela ensina muitas coisas boas, mas não podem depositar confiança na mesma e amá-la, porque lhes foi ensinado que ela declara a doutrina do tormento eterno.16
(d) Ateísmo
Uma outra classe Satanás ainda leva mais longe, mesmo a negar a existência de Deus [...] Portanto negam a Bíblia e seu Autor, e consideram a morte como um sono eterno.17
(e) Loucura ou insanidade mental
Ainda há outra classe que é medrosa e tímida. A estes, Satanás tenta para cometer pecado, e depois de haverem pecado mostra-lhes que o salário do pecado não é a morte, mas vida em horríveis tormentos, a serem suportados pelas eras sem fim da eternidade. Aumentando assim diante de seus espíritos fracos os horrores de um inferno eterno, toma posse de suas mentes e eles perdem a razão.18
2. O ensino bíblico: As duas mortes
A Bíblia ensina que haverá duas mortes. A primeira é temporária, imposta a todos os seres humanos, sem qualquer discriminação. Em apoio desta declaração, Paulo ensinou seqüencialmente aos cristãos de Roma que (1) todos os seres humanos pecaram (Rm 3:23) e (2) que o salário do pecado é a morte (6:23). Ninguém escapa da morte, exceto pessoas que, na sabedoria e poder de Deus, foram levadas desta Terra para servirem de testemunhas especiais de seu plano redentor. Entres estes figuram o patriarca Enoque e o profeta Elias.
A segunda morte é permanente e atinge somente aqueles que não aceitarem o plano de salvação centralizado na morte de Cristo. Para estes, a promessa da primeira ressurreição, chamada também de ressurreição da vida, torna-se realidade por ocasião da segunda vinda de Cristo à Terra. O claro ensino apresentado em João 5:28,29 remove qualquer dúvida sobre o plano de Deus para trazer de volta à vida todos os seres humanos que sofreram a primeira morte. Este pensamento bane qualquer esperança de salvação universal, ou de considerar a morte como esquecimento eterno, sem dor e sem juízo. Mas a evidência bíblica de duas ressurreições também lança luz sobre o caráter de Deus ao lidar com o mal, pois os que “tiverem praticado o mal” voltam à vida para enfrentarem o juízo divino, cujo clímax é a aplicação da extinção ou aniquilação eterna na segunda morte.
A doutrina bíblica das duas mortes se torna mais compreensível diante de uma leitura mais atentiva de certas passagens, como Hebreus 9:27 e Apocalipse 20:6. Aos Hebreus, Paulo deixa claro que tanto a morte de Cristo e a ordenança da morte humana, como conseqüência universal do pecado, restringem-se a uma única vez. Isto é plena verdade, visto que o completo e suficiente sacrifício de Jesus não precisará ser repetido, nem mesmo em rituais de derramamento de sangue, como ainda era praticado pelos judeus no primeiro século cristão. Para aqueles que aceitam a realidade da expiação pelos méritos de Cristo haverá apenas uma morte, a primeira, da qual acordarão na primeira ressurreição ou ressurreição dos justos (Hb 9:28; 1Ts 4:13-17; 1Co 15:55-57). A promessa para estes é que a segunda morte não tem poder de destruí-los (Ap 20:6 up). Este castigo está reservado para todos os que não aceitaram o plano da salvação. A segunda morte ocorre depois dos mil anos de paz, como ponto culminante do juízo de Deus contra o pecado, seu originador e seus adeptos, quer sejam anjos ou seres humanos. João assim descreve, em Apocalipse 20:12, 13, 14 e 15, este evento final da história do pecado:
E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros [...] E foram julgados, um por um, segundo as suas obras [...] [e] lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.Coerente com a justiça de Deus declarada por Paulo na segunda carta aos coríntios, capítulo 5, verso 10, Ellen White comenta que o tormento da segunda morte não será igual para todos, ao dizer:
Alguns são destruídos em um momento, enquanto outros sofrem muitos dias. Todos são punidos segundo suas ações [...] Nas chamas purificadoras os ímpios são finalmente destruídos, raiz e ramos – Satanás a raiz, seus seguidores os ramos.19Há questões concernentes à segunda morte que precisam ser respondidas, antes que alguém possa ter plena confiança no caráter de Deus. Algumas são respondidas pelo claro ensino da Bíblia. Para outras, não se encontra resposta a menos que descansemos nossa mente na sabedoria de Deus e na revelação dos desdobramentos desses episódios na eternidade. Eis algumas dessas questões:
(a) Por que ressuscitar os ímpios para matá-los novamente? Por que não deixá-los no túmulo?: Para acharmos uma resposta adequada à gravidade desta questão basta lembrarmos de alguns nomes de ímpios que atormentaram a humanidade e agrediram o povo de Deus, mas morreram de morte natural sem nenhum sofrimento físico ou mental, visto que muitos destes se cercaram de proteção para não serem incomodados. Ultrapassaram os limites do alcance da voz de Deus por cauterizarem suas consciências na prática do mal. Seria justo diante do universo deixar que homens semelhantes a Stalin e Hitler, apenas para citar estes como exemplos de uma imensa lista de facínoras e monstros humanos, simplesmente fossem esquecidos no silêncio da morte?
(b) É o fogo mais quente para aqueles que pecam menos? Como é que a vida de muitos será sustentada no lago de fogo por dias, enquanto que a de outros desaparece em um momento? Se o fogo consome alguns imediatamente, por que não todos?
(c) É misericordioso da parte de Deus sustentar a vida por poucos dias, mas não por anos? Que benefício poderia Deus extrair dos ímpios para este propósito? Wayne Grudem tenta responder a estas questões ao fazer a conexão entre a justiça de Deus e a punição eterna. Ele diz: “Se Deus não executa punição eterna, então, aparentemente, sua justiça não seria satisfeita”.20
Norman Gulley corretamente pondera que “a justiça de Deus é o tema central na controvérsia cósmica.”21 O ponto focal da terceira mensagem angélica é advertir da punição que toma lugar na experiência da segunda morte. Para entendermos e respondermos as questões que se levantam acerca da justiça de Deus na controvérsia sobre a segunda morte, será indispensável que a natureza do tormento seja clarificada à luz da doutrina bíblica.
3. A natureza do tormento
Primeiramente, deve-se ter em mente que o problema relacionado à natureza do tormento não é uma questão de duração, mas de intensidade. A raiz bíblica do verbo “atormentar” – basanízo - é “ir até ao fundo”. A tortura dos ímpios vai até ao máximo de sua intensidade, em plena força, dia e noite até que a última pessoa condenada exale a última respiração. O tormento pode ter lugar apenas quando não houver mais mediador atuando em favor da humanidade. Um outro assunto de vital importância é destacar que o castigo dos ímpios distingue-se da dor física, por ser caracterizado como dor espiritual, agonia mental.
Em segundo lugar, é necessário focalizar o sofrimento de Cristo para entender a natureza do tormento dos ímpios. Aos destinatários da carta de Hebreus (Hb 2:9), o autor inspirado escreveu: “Vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem”.
Esta declaração de Paulo aos hebreus nos leva a entender que Cristo sofreu e provou a segunda morte, não a primeira, visto que Ele morreu por nossos pecados. Se a primeira morte é a conseqüência do pecado, a segunda é a retribuição final da transgressão contra Deus. Como nosso substituto no castigo eterno, Cristo experimentou a “ira de Deus” (João 3:36). A profecia do Servo Sofredor se cumpriu em seu sofrimento e morte: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53:5; Mt 8:17; 1Pd 2:24-25).
Ellen White declarou que, no Getsêmani, Cristo sentiu como se estivesse
excluído da luz da mantenedora presença de Deus. Era então contado entre os transgressores. Devia suportar a culpa da humanidade caída. Sobre Aquele que não conheceu pecado, devia pesar a iniqüidade da raça caída. Tão terrível Lhe parece o pecado, tão grande o peso da culpa que deve levar sobre Si, que é tentado a temer que ele O separe para sempre do amor do Pai. Sentindo quão terrível é a ira de Deus contra a transgressão, exclama: “A minha alma está profundamente triste até à morte”.22Tiago 1:15 sugere um processo para o pecado: “e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”, isto é, a segunda morte. O pecado é um processo, desde o ato ou pensamento até a consumação do seu resultado final na segunda morte. A salvação deve tratar com todo o desenvolvimento. Para ser plenamente vencedor, Cristo precisou carregar no interior de sua vida toda a amargura da desesperança e do desespero, todo o tormento que a culpa poderia trazer a qualquer ser humano. Somente assim poderia Ele demonstrar se tinha poder para vencer todas as forças do pecado.
O tormento dos ímpios se tornará um ensino cada vez mais claro se entendermos o que causou a morte de Cristo. Teria sido o sofrimento físico ou a agonia mental da separação do Pai? Isaías 53 se refere à culpa de nossos pecados colocados sobre Ele. Paulo, aos coríntios, afirma que “Aquele que não conheceu pecado, ele [Deus] o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21).
Diante destas declarações inspiradas é certo concluir que o tormento produzido pela culpa exerceu a parte mais significativa na experiência final de Cristo como o portador de nossos pecados. Isso implica dizer o mesmo sobre a experiência dos ímpios. Não será tanto o fogo que causará a dor, mas a presença da culpa pelos pecados. Na segunda morte, a culpa exerce o papel de combustível para o castigo. Ellen White lembra que
no dia quando o Livro do Céu for aberto, o Juiz expressará, não em palavras, ao homem sua culpa, mas lançará um penetrante, condenatório olhar, e cada obra, cada transação da vida, será vividamente impressa sobre a memória do malfeitor.23
Para elucidar melhor a compreensão desse processo de transferência de nossas culpas para Cristo como portador de pecados, deve-se indagar quando isto ocorreu. Quando foi Ele feito pecado por nós? Certamente, no Getsêmani. E foi ali que Ele sofreu a morte. Na cruz Ele provou a morte por toda a humanidade, desde Adão e Eva, mas o teria feito apenas por Eva se ela fosse a única que houvesse pecado como parte da família humana.
Nas palavras de White,
Deus sofria com Seu Filho. Anjos contemplavam a agonia do Salvador. Viam seu Senhor circundado de legiões das forças satânicas, Sua natureza vergada ao peso de misterioso pavor que todo O fazia tremer. [...] Suportara aquilo que criatura alguma humana jamais poderia sofrer; pois provara os sofrimentos da morte por todos os homens.24Uma compreensão errada sobre o significado do tormento dos ímpios pode ser a porta para muitos outros erros de natureza teológica que deformam o pensamento e, conseqüentemente, o viver cristão. Por outro lado, a doutrina correta, segundo a Palavra de Deus, provê grandes lições doutrinárias que, quando aprendidas, produzem equilíbrio mental e viver bem orientado.
Todo o céu, bem como os não caídos mundos foram testemunhas do conflito. [...] À medida que dEle era retirada a presença do Pai, viram-nO aflito por uma dor mais atroz que a da grande e derradeira luta com a morte.25
Seu sofrimento no jardim do Getsêmani foi uma terrível angústia que deve sempre permanecer como um terrível mistério para a família humana. No Jardim do Getsêmani Cristo sofreu em lugar do homem, e a natureza humana do Filho de Deus cambaleou sob o peso do terrível horror da culpa do pecado [...] A natureza humana teria então morrido sob o horror do senso do pecado não houvesse um anjo do céu O fortalecido para suportar a agonia. Cristo está sofrendo a morte que era pronunciada sobre os transgressores da lei de Deus.26
Foi em conseqüência do pecado, a transgressão da lei de Deus, que o jardim do Getsêmani tornou-se preeminentemente o lugar de sofrimento para um mundo pecaminoso. Nenhuma tristeza, nenhuma agonia, pode ser comparada com aquilo que foi suportado pelo Filho de Deus. O ser humano não se tornou um portador de pecados, e ele nunca conhecerá o horror da maldição do pecado que o Salvador suportou. Nenhuma tristeza humana pode servir para qualquer comparação com a tristeza dAquele sobre quem a ira de Deus foi derramada com opressiva força. A natureza humana pode suportar apenas uma medida finita de sofrimento, antes de sucumbir; mas a natureza de Cristo excedeu na capacidade de suportar a dor, pois o humano existia na natureza divina, e criou a capacidade de resistir ao sofrimento resultante dos pecados de um mundo perdido.27
O peso de culpa, em face à transgressão da lei do Pai, foi tão grande que a natureza humana era inadequada para o suportar. Os sofrimentos de mártires não podem oferecer nenhuma comparação com a agonia de Cristo. A presença divina esteve com eles em seus sofrimentos; mas a face do Pai foi escondida de Seu amado Filho.28
4. Lições para a humanidade
4.1. Avaliação real do sofrimento de Cristo
O ensino da imortalidade da alma lança dúvidas sobre a necessidade da cruz de Cristo como a única esperança de salvação. Pelas Escrituras, o sofrimento de Cristo revela a nós a grandeza do amor de nosso Pai, ao se submeter à zombaria e insultos com o objetivo de se alegrar ao ver salvas em seu Reino almas anteriormente perdidas. Sem a cruz do Calvário não poderíamos ter nenhum raio de esperança, nem um toque do favor de Deus, nenhuma oferta de misericórdia.29 Uma realidade que nenhum ser humano pode avaliar em toda a sua extensão é o sofrimento que foi suportado por Cristo.
A cruz de Cristo deve ser o grande centro ao redor do qual cada coisa deve girar. Tudo deve estar em subordinação ao Calvário. A cruz está plantada entre a divindade e a humanidade, entre o céu e a terra. Nunca se move para mais próximo da Terra. Todas as coisas concernentes à salvação do homem devem estar à sombra da cruz.30
Cristo sofreu humilhação para salvar-nos da desgraça eterna. Ele consentiu em sofrer escárnio, zombaria, e abuso sobre Ele a fim de defender-nos.31
O ensino que postula a imortalidade da alma humana como um ser desincorporado é uma falsa expectativa que conduz o ser humano à separação de Deus e à conseqüente morte eterna. Cristãos, ao aceitarem essa errônea doutrina, não conseguem estabelecer uma relação clara entre o sofrimento de Cristo e o tormento eterno. Isto se deve em razão da crença na doutrina da imortalidade da alma, ao procurarem explicar a necessidade da permanente natureza do tormento como solução final para a eliminação dos pecadores impenitentes. Tal explicação pode ser nos moldes da visão católica ou na linguagem da teologia protestante, com matiz popular ou acadêmico.
4.2. Relação bíblica correta entre o Evangelho e o juízo
O escritor da epístola aos Hebreus deixa claro que há estreita relação entre o aceitar o evangelho e a necessidade do juízo final (Hb 9:27-28). Esta relação se encontra presente também em Apocalipse 14:6-12, texto no qual a idéia do tormento dos ímpios surge em conexão com a pregação do evangelho eterno e o preparo para a hora do juízo. A rejeição do evangelho eterno implica sentença de morte expressa no juízo. A proclamação do evangelho e o anúncio do juízo estão ligados no plano de Deus. Se não há julgamento, não há necessidade do evangelho. São dois lados da mesma moeda. Esse foi o conteúdo da pregação apostólica, como pode ser comprovado no exemplo de Paulo diante de Félix:
Passados alguns dias, vindo Félix com Drusila, sua mulher, que era judia, mandou chamar Paulo e passou a ouví-lo a respeito da fé em Cristo Jesus. Dissertando ele acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro, ficou Félix amedrontado e disse: por agora, podes retirar-te e, quando eu tiver vagar, chamar-te-ei.(ênfase do autor)32A compreensão do juízo de Deus e o seu conseqüente clímax na aniquilação dos ímpios, Satanás e os anjos rebeldes é o lógico final para a história da salvação humana, conforme a doutrina bíblica. O contrário disso é aceitar a falsa imagem sobre Deus que Satanás deseja ver pendurada nas paredes de nossa mente. Gulley coloca essa relação de modo explícito, ao afirmar:
Eu creio que a doutrina do inferno tem feito mais do que qualquer outra para distanciar pessoas para longe de Deus. O quadro de um Deus arbitrário, severo, sem coração e irado que se deleita na tortura de Seus filhos tem sido repulsiva para um incontável número de indivíduos. Especialmente quando cristãos argumentam que o inferno inclui aqueles que Deus não elegeu para a salvação, e então os confinou para a agonia sem fim, meramente porque esta é a Sua vontade. A idéia cruel de que os santos se regozijarão ao verem os ímpios contorcendo-se porque eles não entenderam quão gracioso Deus é para salvá-los; que eles se regozijarão ao verem suas próprias mães lançadas no inferno; que Deus estará eternamente irado contra os ímpios – são todas idéias que mostram o grau de extensão das artimanhas que Satanás tem posto a operar até entre os cristãos, enquanto ele pinta o retrato de um injusto Deus dominando sobre a humanidade33.O escritor de Apocalipse declara que “o lago de fogo” consome a morte e o próprio inferno, pois estes foram lançados para dentro de suas chamas devoradoras. E conclui: “Esta é a segunda morte, o lago de fogo” (Ap 20:13). O fato é que a segunda morte extingue a presença da primeira, visto que a promessa se cumpre “e a morte já não existirá, não haverá luto” (Ap 21:4). O lago de fogo não é outro senão o próprio planeta em chamas, terra e céus “incendiados” pela ação de Deus, sob cujo calor sofrerá a purificação final de todos os vestígios do pecado, incluindo a presença de seres humanos impenitentes.
Após este incêndio, iniciado e mantido pelo próprio Senhor, fogo eterno em sua origem e efeitos porque é ação de Deus, não haverá “nem raiz e nem ramo” do pecado (2Pe 3:12; Ml 4:1) e o planeta será restaurado à sua beleza e pureza edênicas, conforme a promessa (2Pe 3:13). Gulley, corretamente, observa que “a segunda morte não é inferno eterno. É o último inimigo - morte permanente”34. Ela se extingue tão logo cessa o seu trabalho de consumir o pecado em todas as suas manifestações.
Jonathan Edwards disse que “o mundo provavelmente será convertido em um grande lago ou globo líquido de fogo, no qual os ímpios estarão sempre humilhados, que estarão sempre em meio à tempestade”.35 Gulley critica Edwards observando que “uma tal visão de inferno contradiz a promessa bíblica de uma nova terra (Ap 21:1)”.36
Finalmente, é preciso entender o significado da palavra eterno no contexto do tormento dos ímpios, a fim de eliminar qualquer dúvida sobre a duração do sofrimento que experimentarão no clímax da história da salvação. Os que argumentam a eternidade dos sofrimentos dos ímpios no tormento do inferno procuram base nas expressões “a fumaça do seu tormento sobre pelos séculos dos séculos” (Ap 14:11) e “serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos” (Ap 20:10). Mas os que assim procedem, deixam de ler a expressão no final de Apocalipse 20:9: “desceu, porém, fogo do céu e os consumiu”.
A imagem de um fogo ardendo eternamente para atormentar os ímpios é estranha ao texto e à teologia bíblica. Isto pode ser verificado ao se ler expressões semelhantes, como a que se encontra em Judas 6 e 7, lembrando a realidade do juízo de Sodoma e Gomorra, que foram postos “para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição”. Vale lembrar que o “fogo eterno” que destruiu as duas cidades ímpias cessou a sua ação destruidora quando não restava nada mais para consumir. A melhor e mais explicativa passagem bíblica para a duração da ação do fogo do juízo e o conseqüente tormento dos ímpios, poderia ser Malaquias 4:1-2. Esta profecia aponta exatamente para dia do juízo como aquele tempo que
arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz e nem ramo. Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria.Para Gulley37, o fogo anunciado por Malaquias corresponde à Geena escatológica descrita por Jesus, ao usar linguagem figurada do depósito de lixo – o vale do filho (ou filhos) de Hinon (do ar. Gehinna; do heb. Ge hinnon) - que ardia dia e noite ao sudoeste de Jerusalém, há aproximadamente dois mil. A Geena era uma figura do fogo eterno no que diz respeito aos efeitos de sua obra, pois permanecia ardendo para queimar todo o lixo e cadáveres até a sua extinção final. Esta é a idéia que lemos na última parte de Malaquias 4:1: “de sorte que não lhes deixará nem raiz e nem ramo”. Assim deve ser compreendida a penalidade que Paulo anuncia para os ímpios “quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2Ts 1:7-8). Segundo o apóstolo, “estes sofrerão penalidade de eterna destruição” (verso 9). Faz-se necessário que se pontue que, segundo Paulo, os ímpios sofrerão penalidade de “eterna destruição” e não de tormento sem fim.
4.3. A escolha final é do próprio pecador
A Bíblia, desde Gênesis até o Apocalipse, deixa claro que Deus não toma a decisão de salvar o ser humano sem o exercício de sua vontade, pelo exercício de seu livre arbítrio. Esta é atitude do Senhor ao conceder o direito de escolher comer ou não o fruto proibido no Éden (Gn 3:1-14). Embora o pecado tenha escravizado a raça, a graça manifesta no sacrifício de Cristo nos coloca em condições de escolher a quem servir (Dt 30:15-20; Js 2:15; Mt 11:29-30; Hb 3:7-10; 4:7; Ap 3:20; 22:17), o que permite concluir que o pecador morre a segunda morte por sua livre escolha. Por isso não é estranho pensar em pecadores confessando a justiça de Deus no juízo final (Rm 14:11). Ellen White comenta a isenção de Deus no juízo, nos seguintes termos:
No dia do juízo final, toda alma perdida compreenderá a natureza de sua rejeição da verdade. A cruz será apresentada, e sua real significação será vista por todo espírito que foi cegado pela transgressão. Ante a visão do Calvário com sua misteriosa Vítima, achar-se-ão condenados os pecadores. Toda falsa desculpa será banida. A apostasia humana aparecerá em seu odioso caráter. Os homens verão o que foi sua escolha. Toda questão de verdade e de erro, na longa controvérsia, terá então sido esclarecida. No juízo do Universo, Deus ficará isento de culpa pela existência ou continuação do mal. Será demonstrado que os decretos divinos não são cúmplices do pecado. Não havia defeito no governo de Deus, nenhum motivo de desafeto.38
4.4. O tormento nasce dos pensamentos dos ímpios
A declaração apocalíptica de que os ímpios “não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome” (Ap 14:11), pode ser entendida pelo comentário de Ellen White de que “os próprios pensamentos do pecador são seus acusadores: e não haverá tortura mais aguda do que os aguilhões de uma consciência culpada, que não darão repouso a ele nem de dia nem de noite”.39
4.5. Ninguém precisa perecer
Dietrich Bonhoeffer é o autor da expressão “costly Grace” ou a “graça preciosa” de grande valor. Este é o conceito da graça de Deus, conforme lido e percebido pela ótica do Calvário. Paulo identificou o preço pago pela nossa salvação com a vida do próprio Senhor. Todos estamos livres para aceitar a oferta de salvação proporcionada por Deus, pois Cristo pagou o nosso débito com sua própria morte. Logo, ninguém precisa perecer no lago de fogo, a menos que o faça por escolha pessoal. E a escolha está entre aceitar o que Jesus já realizou quando permitiu viver o tormento da separação do Pai, imposto pela natureza do nosso pecado que foi colocado sobre Ele, ou rejeitar o seu sacrifício como sendo de nenhum valor.
Essa é a rejeição que equivale a aceitação da penalidade a ser sofrida no juízo final. Mas, em sã consciência iluminada pelo conhecimento das Escrituras Sagradas, ninguém precisa passar por esse sofrimento, por essa angústia de alma. Ellen White assevera que vincular o destino de nossa vida à decisão pessoal em relação ao que Cristo fez e está fazendo por nós
não é um ato de poder arbitrário da parte de Deus. Os que Lhe rejeitavam a misericórdia ceifarão aquilo que semearam. Deus é a fonte da vida; e quando alguém escolhe o serviço do pecado, separa-se de Deus, desligando-se assim da vida.40
Nas palavras de Gulley,
quando a vasta multidão dos salvos e perdidos coexistem momentaneamente ao final do milênio, todos vêem suas vidas á luz da morte de Cristo por eles. Eles vêem que o julgamento tem já tomado lugar no Calvário (Ap 12:9-11). Ali Cristo foi julgado um pecador no lugar deles. Ele assumiu o castigo devido a eles. Ali Ele morreu a segunda morte que todos os seres humanos merecem. E ali Ele conquistou o inferno para eles [no qual não precisam mais sofrer].41Em conclusão, vale lembrar algumas declarações o que o erudito Nels Ferre emite sobre o conceito de inferno eterno. Ele diz que essa falsa doutrina “está naturalmente fora de questão”:
A própria concepção de inferno eterno é monstruosa e um insulto para a concepção das últimas coisas em outras religiões, para não mencionar a doutrina do soberano amor de Deus. Uma tal doutrina torna Deus um tirano, onde qualquer Hitler humano seria um santo de terceiro grau, e os campos de concentração de tortura humana os campos de piquenique do Rei. Que uma tal doutrina pudesse ser concebida, para não dizer crida, mostra quão longe de qualquer compreensão do amor de Deus muitas pessoas uma vez foram, e pasmem, continuam indo.42Notas de referências
1 O presente artigo foi motivado pela excelente exposição bíblica sobre o mesmo tema, em sermão pregado na igreja do Unasp, Campus Engenheiro Coelho, no dia 11 de março de 2000.
2 Lee Strobel, Em defesa da fé (São Paulo: Vida, 2002), p. 231.
3 Ibidem. Ver The atheist debater´s handbook (Buffalo, New York: Prometheus, 1979), p. 237.
4 Bertrand Russel, Por que não sou cristão e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos (São Paulo: Exposição do Livro, 1960), p. 22.
5 Oscar Cullman, Imortalidade da alma ou ressurreição dos mortos? (Artur Nogueira, SP: União Central Brasileira, 2002), p. 27.
6 Ibidem.
7 Ver Edward William Fudge, The Fire That Consumes: A Biblical and Historical Study of the Doctrine of Final Punishment (Falbrok, CA: Verdict, 1982), p. 111-112.
8 Rubens Lessa, ed. Nisto Cremos: 27 Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia (Tatuí, SP: CPB, 2003), pp. 126.
9 Ibidem, p. 454.
10 Ibidem.
11 Samuel Bacchiocchi, Immortality or Ressurrection: A Biblical Study on Human Nature and Destiny (Berrien Springs, MI: Biblical Perspectives, 1997), p. 74.
12 Aécio Cairus, “A Doutrina do Homem”, em George Reid, ed. Handbook of Seventh-day Adventist Theology (Hagerstown, MD: Review and Herald, 2000), p. 219.
13 Norman Gulley, Christ is Coming (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1998), p. 257.
14 Ellen G. White, História da Redenção (Santo André, SP: CPB, 1972), pp. 389-370.
15 Ibidem.
16 Ibidem.
17 Ibidem.
18 Ibidem.
19 Ellen White, O grande conflito (Tatuí, SP: CPB, 1988), p. 673.
20 Norman Gulley¸ Christ is Coming (Hargerstown, MD: Review and Herald, 1988), p. 314.
21 Ibidem, p. 315.
22 White, O desejado de todas as nações (Tatuí, SP: CPB, 2003), p. 681.
23 Idem, Testimonies for the Church (Boise, ID: Pacific Press, 1988), 4:493.
24 Idem, O desejado de todas as nações, p. 693-94.
25 Ibidem, 759.
26 Idem, Bible Training School, 1/5/1915.
27 Ibidem.
28 Idem, Bible Echo, 1/8/1892.
29 Idem, Testimonies for the Church (Boise, ID: Pacific Press, 1988),. 4:503.
30 Ibidem.
31 Ibidem, p. 374.
32 Atos 24:24-25. Itálico suprido.
33 Norman Gulley, Christ is coming, p. 322.
34 Gulley, Christ is Coming, p. 323.
35 Ibidem.
36 Ibidem.
37 Ibidem, p.310.
38 White, O desejado de todas as nações, p. 58.
39 Ibidem, p. 223.
40 Ibidem, p. 764.
41 Gulley, Christ is Coming, p. 320.
42 Nels Ferre, Christian Understanding of God (New York: Harper, 1951, p. 228. Citado por Gulley, Christ is Coming, p. 330).
[url=http://www.unasp.edu.br/kerygma/artigo6.04.asp]http://www.unasp.edu.br/kerygma/artigo6.04.asp[/url]
http://www.unasp.edu.br/kerygma/artigo6.4_miranda.pdf
COMO A BÍBLIA DEVIA DIZER, MAS NÃO DIZ (SE. . .) |
Para desconsolo dos defensores dessa doutrina, a Bíblia tem linguagem bem diversa do que esperariam, para que respaldasse suas teorias. Vejam na seqüência de textos abaixo como idealmente ela devia transmitir as idéias defendidas por muitos nesse ensino, mas não é o que realmente diz.
Há alguns aspectos bem instrutivos neste material, e todos poderão aprender com o mesmo, numa experiência que chega a ser divertida.
NO VELHO TESTAMENTO
Comecemos com o relato da criação do homem:
Gênesis 2:7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente”.]
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
“
Não é esta, porém, a linguagem biblica, porque Moisés não pretendia ensinar a primeira mentira proferida sobre o nosso planeta, “É certo que não morrereis” (Gên. 3:4).
Eclesiastes 3:19-21: “Pois o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos brutos; uma e a mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim morre o outro; todos têm o mesmo fôlego; e o homem não tem vantagem sobre os brutos; porque tudo é vaidade. Todos vão para um lugar; todos são pó, e todos ao pó tornarão. Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens vai para cima, e se o espírito dos brutos desce para a terra?”
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
“
Não é esta, porém, a linguagem biblica, porque Salomão, ao fazer uma profunda reflexão sobre a natureza e destino humanos, compara perfeitamente homens e animais. Na morte o homem não leva vantagem alguma sobre os animais, pois todos são pó e voltarão a tal condição. O fôlego de vida simplesmente é desligado do homem e não vai para parte alguma, nem para cima, nem para baixo. Assim como ao desligar-se uma lâmpada esta deixa de emitir luz porque sua fonte de energia não está ali atuando, o homem na morte perde sua fonte de “energia” vital, e vira apenas pó, permanecendo em total inconsciência, no sono da morte, até o despertar do dia da ressurreição.
Eclesiastes 12:7: “. . . e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
“. . .
Simplesmente não é esse o teor da mensagem de Salomão que no contexto todo, JAMAIS indica que está se referindo só ao homem salvo. Os que defendem a imortalidade da alma e se utilizam desse verso estão, no fundo, pregando o universalismo, ou seja—a salvação universal, porque assim como TODOS vão ao pó, igualmente o espírito de TODOS os homens voltaria para Deus. O que se dá é que o espírito, ou ruach-fôlego de vida, é reintegrado ao espaço como o ar tantas vezes inalado e expirado pelo homem.
Eclesiastes 9:5 e 6: “Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol".
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Creio que isso até dispensa maiores comentários. . .
Jó 19:25: “Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida esta minha pele, então fora da minha carne verei a Deus; vê-lo-ei ao meu lado, e os meus olhos o contemplarão, e não mais como adversário. O meu coração desfalece dentro de mim!”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Não é esta, porém, a mensagem de Jó, um livro escrito pelo mesmo Moisés que não deixa a mínima pista de uma criação dualística do homem, nada de alma imortal. Jó esperava ver a seu redentor quando Jesus retornar, não quando sua alma for para o céu, e no cap. 14:7-14 ele dá um golpe de morte sobre a tese da imortalidade da alma ao dizer que “como as águas se retiram de um lago, e um rio se esgota e seca, assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus não acordará nem será despertado de seu sono”. Com isso temos mais demonstrações claras da noção de que a morte é um sono inconsciente.
Salmo 37:20: “Mas os ímpios perecerão, e os inimigos do Senhor serão como a beleza das pastagens; desaparecerão, em fumaça se desfarão”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Isto não é o que o salmista quer transmitir, porém, especialmente em vista do que ele também diz no Salmo 92:7, “quando os ímpios brotam como a erva, e florescem todos os que praticam a iniqüidade, é para serem destruídos para sempre”. A própria palavra “destruição” indica algo que chegou a um fim, não que permanece eternamente em atividade.
Salmo 146: 3 e 4: “Não confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há auxílio. Sai-lhe o espírito, e ele volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Contudo, não é essa a idéia que o salmista deseja transmitir, como se pode ver claramente também no Salmo 115:17: "Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio”. Ele fala DA PESSOA dos mortos, e no paralelismo de linguagem confirma que não podem louvar a Deus “os que descem ao silêncio”, o que liqüida a questão. Temos aí claramente a morte comparada com silêncio, com a mesma força em que é comparada a um sono. Ambos os sentidos denotam isso mesmo—inconsciência na morte.
Daniel 12:2: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e horror eterno”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Não é isso, porém, que o profeta ensina. Apenas e tão-somente fala dos que “dormem”, uma metáfora comum nas Escrituras, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, para falar da morte, pois a idéia é exatamente de que nessa condição há inconsciência total, já que “na morte não há lembrança de ti [Deus]; no Seol quem te louvará?” (Sal. 6:5).
E ele jamais faz essa divisão de “corpo” e “alma” ou “espírito”, já que fala DAS PESSOAS que dormem, e estão no pó da terra, não em qualquer “departamento do além”.
NO NOVO TESTAMENTO
João 5:28, 29: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Nem faria sentido almas que já estariam na vida reincorporar para a “ressurreição da vida”. A própria linguagem do texto deixa claro que só pela ressurreição é que adentrarão a vida. Isso se harmoniza com o que é dito pouco antes, no vs. 25: "Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão”.
Igualmente os que já estavam em condenação terem que reincorporar para apenas assumir um corpo e voltar à condenação anterior, que lógica há nisso? Sem falar no problema dos dualistas não saberem explicar como os corpos dos ressurretos não-salvos podem suportar eternamente o “fogo” da condenação sendo que só os remidos terão corpos incorruptíveis.
João 11:11: “E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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E aqui temos mais uma de nossas “charadas teológicas”, como alguém denominou certas de nossas perguntas para reflexão: se Cristo tirou Lázaro do céu, fez-lhe uma maldade, pois se foi trazê-lo do ambiente perfeito do céu para voltar a este vale de lágrimas, isso não lhe seria nada favorável. Ou se estivesse no inferno (pouco provável pois ele era um seguidor do Mestre) estaria lhe dando uma nova oportunidade de salvação, o que é antibíblico.
Ademais, Lázaro não trouxe nenhuma informação do período de quatro dias em que esteve morto. Se tivesse experiências a compartilhar de sua vida no além nesse tempo, sem dúvida o evangelista João teria o maior interesse em registrar seu depoimento no evangelho que produziu.
João 14:1-3: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Mas não é isso que a Bíblia ensina, pois a ênfase da mensagem de Cristo sempre foi a ressurreição, o reencontro com Seus filhos mediante a ressurreição dos mortos, como em João 6:54: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”.
João 20:17: “Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi ao Pai”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Não foi, porém, o que o Salvador declarou à Madalena ao terceiro dia.
1 Coríntios 15:16-18: “Porque, se os mortos não são ressuscitados, também Cristo não foi ressuscitado. E, se Cristo não foi ressuscitado, é vã a vossa fé, e ainda estais nos vossos pecados. Logo, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Não é essa a idéia que o Apóstolo deseja transmitir. A lógica de sua linguagem é de que a ressurreição é uma verdade indiscutível, confirmada e garantida pela ressurreição do próprio Cristo. Não fosse pela ressurreição, que é o tema dominante do capítulo, os que dormiram em Cristo estariam perdidos, não garantidos com suas almas no céu.
1 Coríntios 15:32: “Se, como homem, combati em Éfeso com as feras, que me aproveita isso? Se os mortos não são ressuscitados, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Este texto é interessantíssimo, e uma tortura para os defensores do dualismo. Se Paulo cresse na imortalidade da alma as palavras paulinas não fariam o menor sentido nesta passagem, porque se fosse estraçalhado pelas feras, isso só afetaria o seu corpo, a alma estaria garantida. Então, o “comamos e bebamos que amanhã morreremos” não pode aplicar-se de jeito nenhum a um contexto de crença na imortalidade da alma.
2a. Pedro 3:5-7: “. . . desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição [destruição] dos homens ímpios”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
“. . .
Cremos que este texto é de clareza meridiana, sobretudo quando vem no contexto do que Pedro também fala da destruição geral ocorrida no dilúvio. O paralelo que ele mesmo faz entre a destruição geral do dilúvio e a destruição final dos homens ímpios não dá margem a qualquer ambigüidade quanto a sua intenção em falar o mesmo que Paulo mencionou sobre a sorte dos ímpios em 2a Tess. 1:7-10 (“punição de . . . eterna destruição, banidos da face do Senhor”).
Apocalipse 21:1: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe”.
Como Devia Ter Sido Escrito Para Ajustar-se às Teses do Erro
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Esta é outra de nossas “charadas teológicas” que até agora ninguém realmente resolveu de forma minimamente aceitável. Não ocorre qualquer informação de que aconteça algo mais com esse lago de fogo após cumprir o seu papel de “segunda morte”. Não é dito em parte alguma que salta de sobre a superfície da Terra, onde queima os que nele são lançados (ver vs. 9ss), para prosseguir queimando noutra parte do universo. Como não é dito isso, só pode continuar sobre o planeta. . .
Na verdade, esse lago de fogo da “segunda morte” simplesmente sai de cena. O que ocorre mesmo com os ímpios nele lançados é explicado em Malaquias 4:1-3:
“Pois eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como restolho; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da estrebaria. E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos”.
Vamos começar uma série de tópicos que tratam da natureza e destino humano. E como tudo deve partir dos ALICERCES, que tal ponderar exatamente sobre a forma como Deus criou o homem?
Eis 10 ponderações sobre o tema da criação do homem:
10 PONTOS PARA REFLEXÃO SOBRE A NATUREZA E DESTINO HUMANOS
1o. - No relato da Criação de Gênesis 1 e 2 nada é dito de Deus ter formado dentro do homem uma “alma” ou “espírito” imortal. O que encontramos é a informação de que Deus soprou no homem o fôlego de vida, que é o termo hebraico nephesh, muitas vezes traduzido como “espírito”. Destarte, a informação bíblica é de que o homem se tornou uma “alma vivente”. Assim, ele É uma alma vivente, e não possui uma alma imortal.
2o. - As Escrituras mesmas ensinam a condição de total inconsciência dos que jazem no pó da terra, e fazem a comparação entre os seres humanos e os animais, que na morte seriam iguais, segundo palavras do sábio Salomão: Eclesiastes 3:19-21; 9:5 e 6; (Ver também o Salmo 146:3 e 4).
3o. - Embora na morte homens e animais se comparem, há a promessa de que “vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão, os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:28 e 29). Todos ressuscitarão, pois, vindos do túmulo (não do céu, inferno ou purgatório) para comparecer perante o divino tribunal.
4o. - Os que admitem a imortalidade da alma passam por alto geralmente o aspecto cristocêntrico do ensino da imortalidade condicional. Pois se o dom da imortalidade será concedido a alguns, é porque estes atenderam ao chamado do evangelho de Cristo. Foram atraídos pela mensagem da cruz, onde Cristo morreu para pagar o preço de seus pecados. Mas ao terceiro dia ressuscitou para ser o penhor de quantos hão de ressurgir para a vida eterna. Em Cristo, pois, concentram-se nossas esperanças quanto à posse da vida eterna. 1 Coríntios 15:16-18; João 11:11-14. “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (I João 5:12).
5o. - Do ponto de vista da lógica, o pensamento bíblico parecerá muito mais coerente. De que valeria uma ressurreição final para atribuição de salvação e condenação, sendo que, segundo a crença na imortalidade da alma, os justos já estariam no gozo das bem-aventurança celestiais (teriam partido para a “glória”, na morte) e os ímpios já estariam no inferno ou purgatório? Em outras palavras, todos os casos já teriam sido decididos com o próprio fim da existência de cada um e não haveria necessidade de ressurreição e juízo finais.
6o. - Segundo a Bíblia, os ímpios após receberem o veredito divino, serão exterminados sobre a própria terra (Apocalipse 20:7 a 9 e 14, cf. 21:1, 2). Haverá, assim, uma “solução final” para o problema do pecado sem um prévio “campo de concentração” de fogo e enxofre pois nunca é dito, na descrição do “lago de fogo”, que este se transfira para alguma parte do universo enquanto queima em tormentos os ímpios. A angústia e o sofrimento não serão eternizados e os seres humanos não terão uma pena injusta, desproporcional à culpa. Tal como Sodoma e Gomorra “sofreram a pena do fogo eterno” (Judas 7) mas não estão a queimar até hoje, o fogo que destruirá os ímpios é eterno em seus efeitos, não duração.
7o. - A Bíblia mostra que Satanás e seus seguidores serão finalmente desarraigados de sobre a Terra (Malaquias 4:1-3; Romanos 6:23; Ezequiel 28:13-19). Será um ato de misericórdia final de Deus--a união de Seu amor e justiça.
8o. - A Bíblia mostra claramente a condição de destruição final dos ímpios tanto no Velho quanto no Novo Testamento (ver ainda Sal. 37:10, 20, 34; Sof. 1:14-18; 2 Tes. 1:7-10, 2 Ped. 3:7-10) e aponta ao “lago de fogo” como segunda morte.
9o. - Além de seu caráter nitidamente cristocêntrico (“Aquele que tem o Filho tem a vida”--I João 5:12), o entendimento da imortalidade condicional representa, sem dúvida, o melhor antídoto contra a crescente influência do espiritismo, Nova Era, além de destruir as bases de doutrinas erradas como o purgatório, batismo pelos mortos e intercessão dos santos de algumas religiões que se intitulam cristãs.
10o. - A crença no inferno inapagável, além de não contar com fundamentação bíblica segura, a não ser tomando-se textos isolados de sua contextuação sem perceber o caráter metafórico ou hiperbólico de certas expressões, é uma grande fonte de descrença e oposição ao Evangelho. Muitas pessoas racionais não conseguem harmonizar o quadro de um fogo inapagável para torturar pecadores ali preservadas pelo Criador com o que a Bíblia ensina sobre Deus ser amorável e de justiça impecável.
DEZ PERGUNTAS AOS QUE CRÊEM NA IMORTALIDADE DA ALMA
1º - Por que Jesus diz a Seus seguidores que iria subir para lhes "preparar moradas", mas a ênfase que dá quanto à ocupação das mesmas é o momento do reencontro com eles quando retornasse para os receber, e não quando morressem e suas almas fossem para o céu para as irem ocupando (João 14:1-3)?
Obs..: O pensamento popular é de que na morte a alma do indivíduo parte para o céu, onde encontrará a Cristo e todos os demais que já para lá foram. Mas é estranho que Jesus não diga nada sobre essas moradas estarem disponíveis antes do tempo de Seu retorno, deixando implícito que só então levará os Seus consigo para ocuparem ditas moradas.
2º - Por que Jesus, quando confortava as irmãs do falecido Lázaro, além de ter empregado antes a metáfora do sono--"Nosso amigo Lázaro está dormindo. . ."--não lhes indicou que o falecido estava na glória celestial, mas referiu-lhes a esperança da ressurreição (João 11:17-27)?
Obs.: Entre as pessoas religiosas é tão comum consolarem-se os enlutados falando de como seus falecidos estão bem, felizes por terem trocado este mundo de sofrimento e dor pela habitação nos "páramos da glória. . .". Contudo, não é este o quadro do diálogo do evento da morte de Lázaro, tanto da parte de Cristo quanto das enlutadas irmãs de Lázaro. O tema da conversação entre eles não é o suposto destino celestial do fiel seguidor de Cristo, mas a FUTURA ressurreição dos mortos.
3º - Quando Cristo ressuscitou a Lázaro, após estar o seu amigo morto por quatro dias, tirou-o do céu, do inferno ou do purgatório? Se foi do céu fez-lhe uma maldade trazendo-o de volta para sofrer nesta Terra. Se foi do inferno (pouco provável, pois ele era um seguidor do Mestre), concedeu-lhe uma segunda oportunidade de salvação, o que é antibíblico.
Obs.: Esta pergunta dispensa maiores comentários. A lógica da questão é inescapável. O fato é que Lázaro ressuscitou e não trouxe nenhuma informação do mundo do além. Se tivesse algo a contar, sem dúvida o evangelista João teria o maior interesse e prazer em reproduzir suas palavras e testemunho no seu evangelho.
4º - Por que Cristo e Paulo acentuam que os mortos ressuscitarão ao ouvirem a voz do arcanjo e a trombeta divina, sendo "despertados" do sono da morte (Mateus 24:30; 1 Tessalonicenses 4:16), quando suas almas supostamente vêm do céu, inferno, purgatório para reincorporarem, estando já bem despertas?
Obs.: A metáfora do sono é constante, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, representando a morte. Diante de claras passagens que tratam da inconsciência dos mortos (que “não louvam o Senhor”—Salmo 115:17) percebe-se por que se dá o uso de tal metáfora, como no Salmo 13:3—“o sono da morte”; em Daniel 12:2, “dormem no pó da terra”; João 11:11, “Lázaro adormeceu”; 1 Tess. 4:13, “os que dormem”; 1 Cor. 15:18, “os que dormiram em Cristo”. . .: é que na morte prevalece uma condição de INCONSCIÊNCIA para aqueles que morreram.
Eis outras passagens que claramente apresentam a morte como um sono: Salmo 146:4; Eclesiastes 9:5,10; Isaías 38:18,19; 1 Reis 2:10; 1 Reis 11:43; Jó 14:10-12; Jeremias 51:39.
5º - Por que Paulo, ao discutir específica e detalhadamente em 1 Tessalonicenses 4:13-18 e, especialmente, no capítulo 15 de 1 Coríntios, como será o reencontro final de todos os salvos com o Salvador em parte alguma fala de almas vindas do céu, ou seja de onde for, para reincorporarem?
Obs.: Assim como no início da história do homem não consta qualquer "alma imortal" sendo introduzida no ser original, nada consta sobre almas vindas do céu, inferno ou purgatório para reincorporarem quando do surgimento dos que se foram na ressurreição.
6º - Paulo diz aos tessalonicenses ainda que não deviam lamentar pelos seus amados falecidos que “dormiam”, encerrando com a recomendação: “Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (vs. 18). Ele nunca diz que já desfrutavam as bênçãos celestiais, e sim que estavam “dormindo” e seriam despertados. Por que a consolação deriva da promessa da ressurreição, e não de que as almas de seus entes queridos já estivessem no céu?
Obs.: Também esta é de clareza indiscutível. A consolação derivaria da esperança da ressurreição, não do fato de que os que “dormiam” estivessem já no desfrute das glórias celestiais.
7º - Paulo diz claramente que sem a ressurreição dos mortos—confirmada e garantida pela do próprio Cristo—“os que dormiram em Cristo pereceram” (1 Coríntios 15:16 a 18). Por que pereceram, já que deviam estar garantidos com suas almas no céu?
Obs.: O tema dominante do capítulo é a ressurreição dos mortos, assim a lógica da pergunta também é inescapável. Em 1 Tessalonicenses 4:14 é dito que Cristo “trará juntamente em Sua companhia os que dormem”, mas todo o teor da passagem e do ensino bíblico é de que Ele os trará, não do céu, mas das sepulturas (ver João 5:28, 29; Daniel 12:2).
8º - Mais adiante no mesmo capítulo Paulo confirma o que disse nos vs. 16 a 18, acentuando que arriscou morrer lutando com feras, dando a entender que se morresse estaria também perdido (vs. 32). Ao comentar, “comamos, bebamos que amanhã morreremos”, não estaria claramente indicando que sem a realidade da ressurreição, não há esperança alguma de vida eterna?
Obs.: À luz da pergunta anterior, esta revela-se indiscutivelmente uma prova irrefutável de que Paulo não pensava em termos de uma “alma imortal” indo para o céu quando da morte, pois não tinha ele próprio tal esperança. Sua expectativa é expressa em 2 Tim. 4:6-8 onde fala que “naquele dia” esperava receber o seu galardão eterno. Para ele, se não fosse pela ressurreição, nem valia a pena viver pois a morte seria o fim de tudo. É interessante examinar também os vs. 30 e 31: “E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora? Dia após dia morro!. . .” A idéia de morte/ressurreição sem nada de intermeio é claríssima.
9º - Por que Jó fala de sua esperança em ver o seu Redentor “na minha carne”, quando Ele finalmente “se levantará sobre a Terra”, e não que iria vê-lo quando sua alma fosse para o céu (Jó 19:25)?
Obs.: No capítulo 14 o patriarca Jó já dá um golpe de misericórdia sobre a crença da imortalidade da alma comparando a morte a um lago que se seca e um rio que se evapora. Agora ele ressalta que esperava ver ao Redentor só quando este Se levantasse sobre a Terra (o 2o. advento de Cristo) e quando tivesse de volta o seu corpo, revestido da sua pele, não quando sua alma fosse para o céu.
10º - Por que as palavras “alma” e “espíritos” aparecem tantas vezes na Bíblia, em diferentes sentidos e contextos, mas nunca vêm acompanhadas dos adjetivos “imortal”, “eterno”, perpétuo, além do fato de que em vez de declarar que alma não morre jamais, o que a lemos é sobre morte da alma, tanto no Velho quanto no Novo Testamento (Eze. 18:4 e Tiago 5:20)?
Obs.: Um fato embaraçoso para os dualistas cristãos é que não se sabe de nenhum povo pagão, do presente ou do passado, que haja deixado de crer em almas e espíritos (inclusive atribuindo isso a coisas tais como vulcões, florestas, rios ou animais) para crer que “vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:28, 29). A crença na ressurreição final de todos os mortos é característica do cristianismo genuíno que não devia acolher noções claramente do paganismo. É fruto da primeira mentira proferida pelo diabo sobre este planeta, “É certo que não morrereis” (Gên. 3:4).
JESUS NÃO ENSINOU A IMORTALIDADE DA ALMA
Nas palavras de Cristo em João 14:1-3 e João 5:28, 29 não há pista alguma de “almas imortais” referidas em qualquer desses textos com os Seus dizeres:
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”.
“Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.
São bem significativas as palavras de Cristo sobre “preparar lugar” para os Seus, seguidas de Sua promessa de retorno: “virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também”. Ora, se Cristo ensinasse a imortalidade da alma iria dizer que os lugares estariam disponíveis aos salvos conforme fossem morrendo e suas almas chegassem no céu para assumi-las. O fato de Ele relacionar o Seu retorno ao encontro com os remidos para, então, ocuparem tais moradas é altamente significativo. Simplesmente não há espaço para a noção de almas ou espíritos indo para o céu nessa fala do Salvador.
Por outro lado, o texto sobre a ressurreição de João 5:28 e 29 é antecedido por alguns comentários muito significativos de Cristo: “Em verdade, em verdade, vos digo que vem a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão” (vs. 25).
Observem que Ele fala que “os mortos” ouvirão a voz do Filho de Deus e viverão. Neste verso específico Ele certamente se refere aos salvos, pois fala: “os que a ouvirem, viverão”. Estas palavras não fazem sentido para quem creia na imortalidade da alma, porque os que ouvirem a voz já estão vivos, na forma de uma “alma imortal”. Os que viverão são os que estiverem nas sepulturas, não os que estejam em algum local do universo esperando esse “ouvir a voz”, para terem vida.
Se as almas é que vêm de diferentes locais, primeiro, não precisariam ouvir voz alguma para despertar—já estão muito bem despertas. E se estão despertas é por estarem vivas, e o “viverão” a elas não pode aplicar-se!
E há mais uma ponderação a considerar: Jesus diz, “os mortos ouvirão a voz. . .” Ora, se Cristo cresse na imortalidade da alma iria dizer—“as almas dos que morreram se reincorporarão e ouvirão a voz. . .” A preocupação Dele não é com os que estão em alguma parte do espaço, mas com “os mortos”. E esses mortos são “todos os que se acham nos túmulos”. O tema no contexto é o juízo a que todos devem submeter-se—a ressurreição da vida e a do juízo.
E o Que Dizer Da Ressurreição de Lázaro?
Quando se lê o que é considerado o maior dos milagres de Cristo—a ressurreição de seu amigo Lázaro, morto já fazia quatro dias (João cap. 11)—as palavras do Salvador não deixam igualmente qualquer pista para a crença na imortalidade da alma. Senão, vejamos:
a) Cristo diz aos discípulos que o amigo Lázaro estava “dormindo”, utilizando a metáfora do sono para falar da morte, algo muito comum nas Escrituras tanto do Velho quanto do Novo Testamento. A morte é retratada na Bíblia como um sono inconsciente (Salmo 146:4; Ecl. 9: 5, 6 10; 1 Tes. 4:13-18).
b) Na rápida conversa que teve com as enlutadas irmãs, Cristo jamais diz algo sobre Lázaro estar desfrutando as bênçãos celestiais, mas aponta à ressurreição “no último dia” como fonte de consolação. Marta reage às palavras Dele na mesma base—confirmando sua esperança na ressurreição (João 11: 23, 24).
c) Cristo faz a declaração magnífica e confortadora: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em Mim, ainda que morra viverá” (vs. 25). A ênfase não está em almas indo para o céu, mas, de novo, na ressurreição do dia final. Por isso quem aceita o Evangelho viverá, não por ter uma alma imortal, mas graças à ressurreição que resulta em imortalidade, concedida como um dom aos que crêem (2 Tim. 1:10).
d) Quando Lázaro é trazido à vida, nada tem para contar de seu tempo “no além”. Decerto se ele tivesse algo a narrar do período em que esteve morto, o apóstolo João haveria de registrar sem hesitação. Seria tema importantíssimo e do maior interesse da comunidade de crentes. Contudo, Lázaro nenhuma informação trouxe da sua possível passagem pelo céu, porque nada teve para contar a respeito.
e) Se Cristo tivesse trazido Lázaro do céu para voltar a sofrer sobre a Terra ter-lhe-ia feito uma maldade. Se o trouxe do inferno (improvável, pois era um seguidor do Mestre) ter-lhe-ia dado nova oportunidade de salvação, o que é antibíblico.
As palavras e atos de Cristo são coerentes com o que Ele havia dito em João 6:39: “E a vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum Eu perca de todos os que Me deu; pelo contrário, Eu o ressuscitarei no último dia”. Tais palavras são repetidas nos vs. 40, 44 e 54. Este último verso é muito significativo: “Quem comer a Minha carne e beber o Meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. E no vs. 58 Ele novamente acentua: “Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram, e contudo morreram: quem comer este pão viverá eternamente”. Está muito claro que Ele relaciona a posse da vida eterna com a ressurreição no último dia!
Se Cristo ensinasse a imortalidade da alma sem dúvida Suas palavras refletiriam tal noção nestas declarações, pois é incrível que deixasse de mencionar um fato tão relevante no que diz respeito ao destino dos salvos, o tema que está expondo nessas passagens.
O Estado do Homem na Morte
Está dormindo. Que a morte é um sono acorre 75 vezes nas Escrituras, sendo 47 vezes no Velho Testamento e 18 no Novo Testamento. A teologia popular procura em vão desembaraçar-se desta verdade, alegando ser uma “aparência,” mas Jesus afirma que a sono é a morte real e não a aparência dela. João 11:13 e 14.
Está na sepultura. João 5:28 e 29; Mat. 28:6; João 11:43.
Está no pó da Terra. Gên. 3:19; Sal. 22:15; Isa. 26:19; Jó 7:21; Dan. 12:2, e outros passos.
Está inconsciente, sem ação mental em absoluta inatividade. Sal. 6:5; 146:3 e 4; Ecles. 9:5,6 e 10; 3:20; Isa. 38: 18 e 19.
Não está no Céu. João 7:33 e 34; 14:1-3 (os lugares preparados a serem ocupados SÓ quando Cristo retornar); Atos 2:34
O mau não está no inferno. Está “reservado” no túmulo até o dia do juízo. Jo 21:30; II S. Ped. 2:9, e outros passos.
O homem morto, tanto bom como mau, está num mesmo lugar. Ecles. 3:20; 6:6.
O morto será despertado pelo milagre da ressurreição. Isa. 26:19; Dan. 12:2; Ezeq. 37:12; Luc. 20:37 e 38; S. João 5:28 e 29; I Cor. 15:42, 44 e 52:; I Tess. 4:16; Apoc. 20:6, 13 e outros passos.
A recompensa de cada um só será dada quando Cristo voltar. S. Mat. 16:27; Apoc. 22:14; I S. Ped. 5:4; 5. Luc. 14:14 Última parte; II Tim. 4:1, e outros passos. Os heróis da fé, que dormem desde tempos remotos, alcançarão a recompensa também nessa ocasião. Heb. 11:39 e 40. Só o que vence adquire a imortalidade. Apoc. 2:7 e 11.
“Deus de Vivos, Não de Mortos”--Esta Declaração Confirma a Imortalidade da Alma?
Alguns tomam a passagem de Mateus 22:32--“Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. . . Ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos. Ouvindo isto, as multidões se maravilhavam da Sua doutrina”--como “prova” irrefutável de que Jesus pregava àquela gente a idéia de imortalidade da alma.
Quando, porém, se analisa O MESMO EPISÓDIO desse diálogo de Cristo com os saduceus citando o relato idêntico redigido por Lucas, o que é um recurso inteiramente válido para análises bíblicas, percebe-se que, longe de confirmar a tese da imortalidade da alma, estes dizeres mostram o verdadeiro enfoque do ensino de Cristo a respeito do destino final do homem.
Lucas apresenta as mesmas palavras de Cristo de modo mais completo. Vejamos como se encerrou o diálogo entre Cristo e os saduceus no relatório de Lucas:
“E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou no trecho referente à sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos; porque para ele todos vivem. Então disseram alguns dos escribas: Mestre, respondeste bem. Dai por diante não ousaram mais interrogá-lo”. (Lucas 20:37-40).
Vejam bem, amigos. A ênfase mais uma vez não é sobre a imortalidade da alma, mas sobre RESSURREIÇÃO! São tão claras as palavras--“e que os mortos hão de ressuscitar. . .” (vs. 37). Ora, os advogados da imortalidade da alma estariam cobertos de razão se Jesus houvesse dito: “E que os mortos vão para o céu com suas almas. . .” Mas não é isso o que Ele disse!
Ademais, observem que a própria discussão começa assim: “Chegando alguns dos saduceus, homens que dizem não haver ressurreição. . . ” (vs. 27). E vejam, na seqüência da fala dos saduceus: “Essa mulher, pois, no dia da ressurreição, de qual deles [dos sete irmãos falecidos] será esposa?” (vs. 33). E as palavras de Cristo a certa altura: “. . . os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos. . .” (vs. 35).
Na discussão não existe A MÍNIMA pista para qualquer noção de imortalidade da alma. Os saduceus não perguntaram: “E quando esses sete irmãos forem morrendo e suas almas forem chegando no céu. . .” Percebe-se bem que o enfoque jaz totalmente sobre a ressurreção dos mortos? E também digno de nota é o detalhe de que Cristo fala dos que hão de ser dignos de “alcançar a era vindoura [a consumação dos séculos] E A RESSURREIÇÃO DENTRE OS MORTOS”?
Esta passagem considerada globalmente, em lugar de favorecer a noção de imortalidade da alma é EXATAMENTE uma confirmação de a expectativa de vida eterna, na era vindoura, dar-se pela ressurreição dos mortos! E nesse contexto é que Cristo encerra o diálogo referindo-se a Moisés dizendo: “E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou . . . quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”, para daí concluir: “Ora, Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos; porque para ele todos vivem”.
E por que para Ele todos vivem? Por terem uma “alma imortal” ou por ressuscitarem dos mortos? Qual é o contexto? Qual é a ênfase? Qual é o sentido lógico lendo-se todo o conjunto dos debates e sua conclusão? Claramente, o episódio do diálogo de Cristo com os saduceus a respeito da ressurrreição dos sete irmãos e a mulher que enviuvou do primeiro, longe de comprovar a tese da imortalidade da alma, concentra-se na ressurreição dos mortos, associada ao alcance da “era vindoura”.
Tão claro é isso, que até os saduceus que queriam pegar Jesus em contradição terminaram O elogiando (“Então disseram alguns dos escribas: Mestre, respondeste bem. Dai por diante não ousaram mais interrogá-lo”). É interessante que esta não é a primeira vez que isso ocorre--os que querem arranjar um pretexto para apanhar Jesus terminam até O elogiando (ver Marcos 12:34).
A METÁFORA DO SONO PARA ILUSTRAR A MORTE
"Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol". -- Ecl. 9:5, 6.
Salomão diz estas coisas em profunda reflexão sobre a condição dos mortos CONFIRMANDO o que havia dito antes, em 3:19-21 e CONCORDANDO com o teor global do ensino bíblico.
O que a Bíblia ensina sobre o estado dos mortos é apresentado numa porção de claros textos, e a indicação é de que estão DORMINDO. A metáfora do sono é clara indicação do entendimento dos autores bíblicos de que há total INCONSCIENCIA. Isso se confirma em inúmeros textos, como no Salmo 146:3 e 4--"Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação. Sai-lhes o espírito [ruach--fôlego vital] e eles tornam ao pó. Nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios [ou 'pensamentos', como na VKJ e outras versões]". E no Salmo 6:5 lemos: "Na morte não há recordação de Ti [Deus]; no sepulcro quem te dará louvores?"
Tanto no Velho quanto no Novo Testamento a morte é muitas vezes descrita como um "sono". Há várias referências de alguém que "dormiu com os seus pais" (Gên. 28:11; Deu. 31:16; 2 Sam. 7:12; 1 Reis 2:10). Começando com sua aplicação inicial a Moisés ("Eis que estás para dormir com teus pais"--Deu. 31:16), e depois com Davi ("Quando teus dias se cumprirem, e descansares com teus pais"--2 Sam. 7:12), e Jó ("Agora me deitarei no pó"--Jó 7:21), encontramos este belo eufemismo para a morte atravessando qual fio ininterrupto por toda a extensão do Velho e Novo Testamentos, findando com a declaração de Pedro de que "os pais dormem" (2 Ped. 3:4).
Diz o profeta Daniel (12:2): "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eternos". Note-se que nesta passagem tanto os ímpios quanto os santos estão no pó da terra e ambos os grupos serão ressuscitados no final.
E eis outra profunda reflexão de Jó fazendo uma pergunta retórica: "O homem, porém, morre e fica prostrado; expira o homem, e onde está?" (Jó 14:10). Sua resposta é: "Como as águas do lago se evaporam, e o rio se esgota e seca, assim o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus não acordará, nem será despertado do seu sono" (Jó 14:11-12; cf. Sal. 76:5; 90:5).
Aqui está uma descrição bem vívida da morte. Quando uma pessoa exala o seu último suspiro, "o que é ele?", ou seja, "o que é deixado dele?" Nada. Ele não mais existe. Torna-se como um lago ou rio cujas águas se secaram. Ele dorme na sepultura e "não despertará" até o fim do mundo.
Ficamos a pensar: iria Jó apresentar uma descrição tão negativa da morte se cresse que sua alma sobreviveria à morte? Se a morte introduzisse a alma de Jó na presença imediata de Deus no céu, por que fala ele de esperar até não mais "existirem os céus" (Jó 14:11) e até ser "substituído" (Jó 14:14)? É evidente que nem Jó nem qualquer outro crente no VT sabia de uma existência consciente após a morte.
Passando para o Novo Testamento vemos que a morte é descrita como um sono também, e mais freqüentemente do que no Velho. A razão pode ser que a sperança da ressurreição, que é esclarecida e fortalecida pela ressurreição de Cristo, dá novo significado ao sono da morte do qual os crentes despertarão por ocasião da segunda vinda de Cristo. Assim como Cristo dormiu na sepultura antes e Sua ressurreição, igualmente os crentes dormem em suas tumbas enquanto esperam por sua ressurreição.
Há duas palavras gregas com o sentido de "sono" empregadas no Novo Testamento. A primeira é koimao, empregada quatorze vezes para falar do sono da morte. Um derivado desse substantivo grego é koimeeteerion, do qual deriva nossa palavra cemitério. Incidentemente, a raiz dessa palavra é também a do termo lar-oikos. Destarte, o lar e o cemitério estão ligados orque ambos são lugares de dormida.
A segunda palavra grega é katheudein, geralmente empregada para o sono ordinário. No Novo Testamento é usada quatro vezes para o sono da morte (Mat. 9:24; Mar. 5:39; Luc. 8:52; Efé. 5:14; 1 Tes. 4:14).
Ao tempo da crucifixão de Cristo, "abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos, que dormiam, [kekoimemenon] ressuscitaram" (Mat. 27:52). No texto original consta: "Muitos corpos dos santos adormecidos foram ressuscitados". É óbvio que o que foi ressuscitado foi a pessoa integral, não só os corpos. Não encontramos qualquer referência quanto a suas almas serem reunidas com seus corpos, certamente porque esse conceito é estranho à Bíblia.
Falando figuradamente da morte de Lázaro, Jesus declarou: "Nosso amigo adormeceu, mas vou para despertá-lo" (João 11:11). Quando Jesus percebeu que não tinha sido compreendido, disse-lhes claramente "Lázaro morreu" (João 11:14). A seguir, Jesus apressou-se a reassegurar a Marta: "Teu irmão há de ressurgir" (João 11:23).
Este episódio é significativo, primeiro de tudo porque Jesus claramente descreve a morte como um "sono" do qual os mortos despertarão ao som de Sua voz. A condição de Lázaro na morte foi semelhante a um sono do qual alguém desperta.
Cristo disse: "Vou despertá-lo do sono" (João 11:11). O Senhor levou a efeito Sua promessa indo até a sepultura para despertar a Lázaro chamando: "Lázaro, vem para fora. Saiu aquele que estivera morto tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lençol" (João 11:43-44).
Esse despertar de Lázaro do sono da morte pelo som da voz de Cristo faz paralelo com o despertar dos santos adormecidos no dia de Sua gloriosa vinda. Eles também ouvirão a voz de Cristo e sairão para a vida novamente. "Vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão" (João 5:28; cf. João 5:25). "Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro" (1 Tes. 4:16).
Há harmonia e simetria nas expressões "dormir" e "despertar" como empregadas na Bíblia, no sentido de entrar e sair da condição da morte. As duas expressões corroboram a noção de que a morte é um estado de inconsciência, do qual os crente despertarão no dia da vinda de Cristo. -- Estudo baseado na discussão do Dr. Samuele Bacchiocchi em sua obra Imortalidade ou Ressurreição?
Pedro, João, Judas—Nada de Imortalidade da Alma
Em nenhuma das epístolas desses autores cristãos se encontra a mínima pista de que eles cressem na partida de uma “alma imortal” na morte para a herança celestial ou para o castigo eterno
A idéia tão popular quanto antibíblica de que na morte a pessoa imediatamente vai para o seu destino eterno através de uma alma imortal não encontra o mínimo respaldo nos ensinos de Jesus Cristo nem nos do apóstolo Paulo, como já acentuamos em estudos específicos. Será, porém, que os demais apóstolos de Cristo teriam uma visão diferente?
Veremos no estudo a seguir que um estudo detido do que Pedro, João e Judas dizem em suas epístolas demonstra que eles igualmente não criam nessa doutrina de origem pagã que adentrou o cristianismo a partir de influências platônicas e de outras origens.
Nada de Dualismo nas Epístolas de Pedro
Examinemos, na ordem, como inicialmente Pedro discute essa questão. Sublinharemos alguns pensamentos que merecem destaque e comentários especiais. Diz ele no capítulo 1 de sua primeira epístola, versos 3 a 7:
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo; na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.
As partes sublinhadas mostram a lógica do raciocínio do autor. A viva esperança de que os cristãos são possuidores têm que ver com a “herança” reservada no céu, e que será desfrutada pelos filhos de Deus, não quando morrem e suas almas vão para o céu, e sim “no último tempo . . . na revelação de Jesus Cristo”.
Clarissimamente a ênfase está no evento da volta de Cristo, quando Ele virá conceder essa herança aos salvos. Não existe a mínima pista de “morrer e ir para o céu”, como é o conceito tão popularizado entre os cristãos, e mesmo adeptos de outras fés, com base no conceito de imortalidade da alma.
Esta afirmação de certeza de Pedro quanto à herança garantida no céu, mas a revelar-se “naquele dia”, é reiterada no vs. 13 do mesmo capítulo:
"Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo".
A tradução NIV traz “when Jesus Christ is revealed”, ou “quando Jesus Cristo for revelado”, o que é confirmado pela tradução em português, “A Bíblia na Linguagem de Hoje”.
No capítulo 4, vs. 12 e 13, lemos esta mensagem de encorajamento e esperança:
"Amados, não estranheis a ardente provação que vem sobre vós para vos experimentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas regozijai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo; para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e exulteis".
A revelação da glória de Cristo se dará quando de Seu advento. Ora, se Pedro cresse na imortalidade da alma não teria por que falar em regozijo e exultação dos crentes ligando isso àquela ocasião. Se fossem com suas almas para o céu, seguindo-se à morte, não iriam ali exultar e alegrar-se? Na perspectiva do Apóstolo, porém, só quando da “revelação da Sua glória” é que tal sentimento de felicidade se confirmaria.
No capítulo 5, versos 1 a 4, por outro lado, o Apóstolo volta a tratar da glória futura, destacando, não a imortalidade da alma, mas a revelação de tal glória no tempo final:
"Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória".
A clareza da linguagem é indiscutível. Nada de esperar pela glória a não ser “quando se manifestar o supremo Pastor”, Jesus Cristo.
Na Linguagem de Castigo aos Pecadores Nem Sinal de Almas Imortais
Em contraste com a certeza magnífica para a comunidade cristã da herança eterna quando da manifestação do “Sumo Pastor”, temos também o aspecto negro dos acontecimentos futuros, no que diz respeito aos que não se salvarão. Pedro fala no capítulo 2 da 2a. epístola:
"E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita. Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo; se não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé, pregador da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente; e se livrou ao justo Ló, atribulado pela vida dissoluta daqueles perversos (porque este justo, habitando entre eles, por ver e ouvir, afligia todos os dias a sua alma justa com as injustas obras deles); também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados" (vs. 2-9).
Claramente o texto fala dos próprios anjos maus que foram lançados nas “trevas exteriores” [no grego tártaros], o que não é ainda o inferno, mas é indicado como sua postura de seres expulsos da glória eterna enquanto aguardam o juizo, pois que estão “reservados” para tal ocasião. E que o que espera esses anjos finalmente é a “destruição” fica muito claro em Marcos, quando um dos demônios que Cristo confrontou para expulsar pergunta-Lhe: “Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos?” (Marcos 1:24).
Assim também os ímpios estão reservados para esse futuro “dia do juízo”, o que denota não terem ainda sido condenados no inferno, ou geena. Paulo fala sobre os “fogos da vingança” que serão trazidos por Cristo quando de Sua vinda (2 Tes. 1:7-10).
Pedro claramente fala da destruição de Sodoma e Gomorra como um “exemplo” para os que vivem impiamente. Nenhuma idéia de “morrer e ir para o inferno”, como na mentalidade popular.
No vs. 12 a 17 ele reforça o pensamento:
"Mas estes, como criaturas irracionais, por natureza feitas para serem presas e mortas, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo a paga da sua injustiça; pois que tais homens têm prazer em deleites à luz do dia; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em suas dissimulações, quando se banqueteiam convosco; tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição; os quais, deixando o caminho direito, desviaram-se, tendo seguido o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça, mas que foi repreendido pela sua própria transgressão: um mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. Estes são fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade, para os quais está reservado o negrume das trevas".
Aí está a linguagem clara de que os pecadores estão “reservados” para o castigo final, intitulado “negrume das trevas”. Nada de “inferno de fogo eterno” em funcionamento, pois “negrume das trevas” parece-se muito mais com a “eterna destruição, banidos da face do Senhor”, a que Paulo se refere em 2a. Tes. 1:9. E à luz da própria declaração quanto a Sodoma e Gomorra terem sido deixadas como “exemplo” de castigo aos pecadores ao tempo de Ló, não pairam dúvidas quanto à sorte desses que vivem blasfemando e cometendo todo tipo de pecado ao final. E a palavra “destruição” por si só já denota algo que tem um fim. Onde já se ouviu falar de uma destruição que nunca se . . . destrói?!
Agora, quando chegamos no capítulo 3, de 2a. Pedro, as coisas se esclarecem de modo indiscutível:
". . . sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas próprias concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo [u]reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios. Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade, aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça. Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensível em paz".
Estes textos falam de como os ímpios zombariam dos cristãos quanto a sua convicção da VINDA de Cristo, não de crerem no céu. Isso é significativo. Como também é muito significativo o fato de mencionarem os mortos como os que “dormiram”. Igualmente, o mesmo Deus que por Sua “palavra” ordenou a destruição dos ímpios ao tempo do dilúvio, também ordenará que ocorra um “dilúvio de fogo” que não só destruirá os ímpios, mas fará com que os elementos “ardendo” se dissolvam e se fundam. Ou seja, tanto os ímpios quanto o próprio ambiente deste mundo atual enfrentarão a destruição, passando por radical transformação.
Ora, isso é confirmação de tantas passagens do Velho e Novo Testamento que acentuam exatamente isso: a destruição dos homens ímpios (Sal. 37:9, 10, 20; 68:2; 92:7; Eze. 28:14-19; Sof. 1:14-19; Mal. 4:1-3; Mat. 10:28b; 2 Tes. 1:7-10; Apo. 20:14; 21:8).
E em suas últimas palavras de exortação de sua segunda epístola, Pedro ainda acentua que os cristãos estavam “aguardando e desejando a vinda do dia de Deus” e “esperando” a consumação dos séculos, assim, nessa perspectiva, deviam manter vidas sóbrias e santas, crescendo “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.
Ainda que os cristãos primitivos aguardassem vivamente que as promessas da vinda de Cristo se cumprissem em seu tempo, o teor global do que é ensinado, tanto quanto à herança eterna, quanto ao castigo dos pecadores, não deixa margem a qualquer noção, seja de imortalidade da alma ou de inferno de fogo eterno.
Em João e Judas, Nada de Dualismo Também
Em 1a. João temos a mesma exortação à santidade com base na esperança da volta do Senhor:
"E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda" (1 João 2:28).
"Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos. E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro (1 João 3:2, 3)".
No capítulo 4 ele também destaca:
"Nisto é aperfeiçoado em nós o amor, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos também nós neste mundo".
Por que ele acentua essa confiança “no dia do juízo” e não no dia da morte, quando a “alma imortal” supostamente iria entrar no céu? Ou o crente ao morrer já teria definida a sua sorte no “departamento dos futuros salvos”, como alguns ensinam como sendo o local para onde se dirigiriam os salvos, ali permanecendo à espera do dia do juízo para saber se se salvarão ou não, embora já certos de que sim (pois estão no lado do hades reservado para os salvos!).
Finalmente, chegamos à epístola de Judas onde, no vs. 7, ele repete a linguagem usada por Pedro sobre Sodoma e Gomorra, dando um detalhe interessante:
". . . aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia, assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno".
Os anjos foram expulsos do céu para “prisões eternas”, mas estão esperando “o juízo do grande dia”, com o que vemos mais uma vez como o “eterno” tem sentido elástico na língua grega (como na hebraica). Tanto que Sodoma e Gomorra e cidades vizinhas foram postas como exemplo do castigo de anjos e homens maus, “sofrendo a pena do fogo eterno”.
Daí se pode entender melhor a linguagem hiperbólica do “fogo eterno”, que não tem sentido absoluto, em termos de tempo, pois o fogo que queimou Sodoma e Gomorra, que foi “eterno”, não está mais queimando em nossos dias. O “eterno” refere-se a seus efeitos e conseqüências, não à sua duração. É o que se passa com o “juízo eterno” (Heb. 6:2), que não se refere a um processo que tem início, mas não tem fim.
É tal como o fogo que “não se apagará”, que queimaria as portas de Jerusalém quando do cativeiro, mas não estão queimando até hoje (Jer. 17:27).
Portanto, temos demonstrado em diferentes de nossos estudos que nem Paulo, nem Pedro, nem João, nem Judas (como também Tiago) ensinavam qualquer coisa semelhante a almas imortais que deixam o morto e vão conscientes para céu, inferno, purgatório, hades, sheol, ou seja o departamento do além que se imagine. . .
Sem falar no estudo especial onde provamos que Jesus Cristo também não ensinava a doutrina de origem pagã da imortalidade da alma, oriunda da primeira mentira proferida sobre este planeta, “É certo que não morrereis” (Gên. 3:4).
Como Entender os “Espíritos em Prisão”— 1 Pedro 3: 18, 19
Diz o texto: “Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água”.
Esta frase, “espíritos em prisão”, tem confundido a muitos, porque têm idéia de que um espírito seja um homem ‘desencarnado’, existente alhures em alguma região inferior. Daí dizerem que, entre a crucifixão e a ressurreição, Jesus foi a algum lugar, selecionou os espíritos dos antediluvianos dos dias de Noé, e lhes pregou, concedendo-lhes segunda oportunidade de salvação. Isto envolve os erros da consciência na morte; da existência de algum lugar, como seja o purgatório; da possibilidade de uma segunda oportunidade; da descida de Cristo ao inferno (ou hades), suposto local dos espírito desencarnados.
“Nos dias de Noé”. Aí está a chave para se descobrir a época da pregação. Noé foi o instrumento usado por Cristo e pelo Espírito, e por ele a mensagem do arrependimento foi pregada, antes do dilúvio: “o apóstolo passa do exemplo de Cristo ao do mundo antigo, e apresenta aos judeus, a quem escrevia, o acontecimento referente aos que creram na pregação de Cristo por intermédio de Noé, e a ele obedeceram-atitude bem diversa daquela dos que continuaram desobedientes e descrentes--dando a entender aos judeus que estes se achavam sob sentença semelhante. Deus não havia de suportá-los por muito tempo mais”.—Mathew Henry.
Era Noé um “pregoeiro da justiça” (II S. Pedro 2:5) e Gênesis 6:9 ressalta bem claro que o espírito de Deus estava com ele, poisa “andava com Deus”. Em Lucas 4:18-21, Isaías 42:7 e 61:1 vemos que Jesus compreendia que a obra que deveria realizar era a “abertura da prisão aos presos”. Achavam-se ligados em pecado, e Cristo devia fazer essa obra, porquanto sobre Ele estava “o espírito do Senhor Jeová”. O que Jesus fez em Seus dias, foi feito por Noé em sua época. Adam Clarke, concluindo pela impossibilidade de se tratar de “espíritos desencarnados”, diz que a frase “os espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hebreus 12:23) “certamente se refere a homens justos, e homens que se acham ainda na igreja militante; e o Pai dos ‘espíritos’ (Hebreus 12:9) tem referência a homens ainda no corpo; e o ‘Deus dos espíritos de toda a carne’ (Números 16:22 e 27:16) significa homens, não em estado desencarnado”.
O Dr. Pearson, da Igreja Anglicana, diz: “É certo, pois, que Cristo pregou àquelas pessoas que nos dias de Noé eram desobedientes, em todo o tempo em que a ‘longanimidade de Deus esperava’ e, conseqüentemente, enquanto era oferecido o arrependimento, e é igualmente certo que Ele nunca lhes pregou depois de haverem morrido”. Vemos assim que mesmo eminentes teólogos, que acreditam na alma imortal, admitem que essa passagem não ensina a doutrina da imortalidade da alma.
Quem eram esses “espírito em prisão” e como Cristo pregou para eles é corretamente explicado por João Wesley: “Por meio de que espírito Ele pregou?—Através do ministério de Noé, aos espíritos em prisão--os homens perversos antes do Dilúvio. . . . Quando a longanimidade de Deus esperava? —Durante cento e vinte anos, por todo o tempo em que estava sendo preparada a arca; quando então Noé os admoestava a que fugissem da ira futura”.—Explanatory Notes Upon the New Testament, p. 615.
Os que utilizam tal texto para defender a imortalidade da alma vêem-se diante de um dilema. Se disserem que Ele foi ali pregar uma nova oportunidade de salvação para aqueles indivíduos, isso é contra as Escrituras. Onde mais a Bíblia ensina uma segunda oportunidade de salvação para os que morreram, já que o texto de Hebreus 9:27 é claríssimo ao dizer que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disso, o juízo”.
Sem falar na clara discriminação que isso significaria. Por que só os que viveram ao tempo de Noé é que mereceriam tal chance? E se Ele foi pregar qualquer outro tema, que mensagem teria ido levar-lhes, e com que propósito? De qualquer modo, eles já não estão condenados eternamente?!
Podemos até especular sobre tal “pregação”: “Eis que vos trago novas de grande desespero: Estão sofrendo o castigo por seus pecados? Não viram nada ainda! Muito mais torturas enfrentarão depois da ressurreição quando forem lançados com corpos não-incorruptíveis, como são os dos remidos, no lago de fogo!. . .”
Analisando Apocalipse 6:9-11:
As "Almas" Debaixo do Altar
A descrição das almas dos mártires debaixo do altar é erradamente interpretada pelos dualistas como uma demonstração da existência de tais almas no Céu (Apoc. 6:9-11). Imaginam que o texto fala de espíritos sem corpo. Antes de refutarmos, será bom repetir que o livro de Apocalipse é eminentemente simbólico, e um próprio opositor declara em seu livro anti-adventista: "Ora, é fácil confundir e enganar alguém com interpretações plausíveis que se dêem a estes símbolos." E é precisamente isto que ele faz, na argumentação das "almas debaixo do altar" considerando como um fato real aquilo que é simbólico. Ora, esta passagem não pode ser tomada em sentido literal. Além disso, é preciso considerar:
a) Se é verdade que as almas dos justos, ao morrerem eles, vão diretas para a glória, não ficariam acotoveladas debaixo do altar dos sacrifícios, sofrendo aflitas, clamando em altos brados por vingança contra os inimigos. Devem incomodar um bocado os outros moradores do céu com seus gritos lancinantes, o tempo todo. . . Nem isto é do espírito cristão, que manda "amar os inimigos, a orar por eles."
b) Afirmar que o altar estava no Céu é temerário, pois o único altar que lá existe, é o altar do incenso, e não o do sacríficio, e o fato de dizerem que queriam vingança "dos que habitam sobre a Terra" não indica que estivessem no Céu. Mesmo porque, segundo a melhor exegese, estas "almas" eram as pessoas vítimas da matança--do cavaleiro chamado Morte, descrito no quarto selo. Queremos dizer que as "almas" que aparecem sob o quinto selo foram mortas sob o selo precedente, dezenas ou mesmo centenas de anos antes, portanto os seus perseguidores já estavam mortos, e ainda, de conformidade com a teologia popular, deveriam já estar no inferno, portanto já sofrendo a punição, sendo inócuo, pois, o clamor por vingança.
Com referência ao altar, diz o comentarista bíblico metodista Adão Clarke:
"Foi-lhe apresentada uma visão simbólica, na qual Ele viu um altar; e debaixo dEle as almas dos que foram mortos por causa da Palavra de Deus--martirizados pela sua fidelidade ao cristianismo--são representadas como sendo recenteniente mortas, vítimas da idolatria e da superstição. O altar acha-se na Terra e não no Céu."
Portanto, o clamor por vinganca era simbólico. Diz-se que o sangue de Abel clamava a Deus. Gên. 4:9 e 10. O salário dos trabalhadores, retido por fraude, clamava, e seu clamor chegou aos ouvidos de Deus. S. Tia. 5:4. Houve, na visão, a mesma personificação atribuída ao rico e Lázaro. Nada além disso.
Diz o teólogo presbiteriano Alberto Barnes, em seu comentário sobre o passo:
"Não devemos supor que isto ocorreu literalmente, e que João viu de fato as almas dos mártires debaixo do altar, porque toda a representação é simbólica; tampouco devemos supor que os ofendidos e maltratados estejam de fato no Céu clamando por vingança contra aqueles que os maltrataram . . . Pode-se, contudo, bem concluir que haverá uma lembrança dos sofrimentos dos perseguidos tão real como se ali fose feito semelhante clamor, e que os opressores tem tanto a temer da vingança divina como se aqueles a quem injuriaram clamassem no Céu ao Deus que ouve as orações e exerce vingança."
As visões dos selos referem-se a eventos históricos, passados na Terra. Essas "almas" (pessoas) por certo não estavam vivas quando João as viu sob o quinto selo, pois somente depois da ressurreição estariam vivas e fruiriam o milênio. Ler Apoc. 20:4.
Se fossem "espírito" como querem os dualistas, como se concebe espíritos imponderáveis, fluídicos e abstratos vestindo roupagens brancas?
Não, tratava-se de uma visão. Tudo era simbólico. Como a reputação dos mártires tivesse sido enegrecida, então se mostrou sua inocência pelo símbolo de vestiduras brancas.
A passagem de modo algum se destina a ensinar a doutrina da consciência na morte. Nem a pessoa na glória pede vingança. Assim, vai por terra mais um castelo de cartas das teses dualistas.
Palavras-chave para entender o tema da natureza e destino humanos-I:
O Que A Bíblia Fala Sobre Nephesh, Ruach e Neshamah
“Alma” e “Espírito”
Gênesis 2:7: “Uma Alma Vivente”. Importante declaração bíblica para entender a natureza humana por ocasião da Criação é o breve relato da própria criação do homem: “Então formou Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida; e o homem tornou-se uma alma vivente” (Gên. 2:7). Historicamente, este texto tem sido lido através das lentes do dualismo. Tem-se presumido que o fôlego de vida soprado nas narinas de Adão foi simplesmente uma alma imaterial, imortal, que Deus implantou em seu corpo. Assim, a frase “o homem tornou-se uma alma vivente” (Gên. 2:7) tem sido interpretada como significando que “o homem obteve uma alma vivente”. E tal como a vida terrena começou com a implantação de uma alma imortal num corpo físico, segundo os dualistas, ela termina quando a alma deixa o corpo.
O problema com essa interpretação jaz no fato de que o “fôlego de vida [neshamah]” que Deus soprou nas narinas de Adão não foi uma alma imortal, mas o Espírito divino que transmite vida e é freqüentemente caracterizado como o “sopro de Deus”. Assim, lemos em Jó 33:4: “O espírito [ruach] de Deus me criou, e o sopro [neshamah] do Todo-poderoso me concede vida”. O paralelismo entre o “espírito de Deus” e “o sopro do Todo-poderoso”, que se acha com freqüência na Bíblia (Isa. 42:5; Jó 27:3; 34:14-15), sugere que os dois termos são usados intercambiavelmente porque ambos fazem referência ao dom da vida concedido por Deus a Suas criaturas.
O Espírito de Deus que concede vida é descrito pela sugestiva imagem do “fôlego de vida”, porque a respiração é uma manifestação tangível de vida. Uma pessoa que não mais respira está morta. Jó declara: “Enquanto estiver em mim o meu fôlego [neshamah], e o espírito [ruach] de Deus estiver em minhas narinas; meus lábios não falarão a falsidade” (Jó 27:3). Aqui o “fôlego” humano e o “espírito” divino são equiparados, porque respirar é visto como uma manifestação do poder sustenedor do Espírito de Deus.
A posse do “fôlego de vida” não confere em si mesmo imortalidade, porque, por ocasião da morte, “o fôlego de vida” retorna para Deus. A vida deriva de Deus, é sustida por Deus, e retorna para Deus. Essa verdade é expressa em Eclesiastes 12:7: “O pó volta à terra, como era, e o espírito volta para Deus que o deu”. O que retorna para Deus não é a alma imortal humana, mas o Espírito divino que transmite vida e que nas Escrituras são igualadas ao fôlego de Deus: “Se Deus. . . recolhesse o seu espírito [ruach] e o seu sopro [neshamah], toda carne pereceria juntamente, e o homem retornaria ao pó” (Jó 34:14-15). O paralelismo indica que o fôlego de Deus é o Seu Espírito transmissor de vida. Deve-se observar também que o “espírito” que volta para Deus é o de TODOS os seres humanos, não só dos salvos.
O fato de que a morte é caracterizada como a retirada do fôlego de vida (o Espírito divino que concede vida), demonstra que o “fôlego de vida” não é um espírito ou alma imortal que Deus confere a Suas criaturas, mas o dom da vida que os seres humanos possuem pela duração de sua existência terrena. Enquanto permanecer o “sopro de vida”, os seres humanos são “almas viventes”. Quando, porém, o sopro se vai, tornam-se almas mortas. Isso explica porque a Bíblia freqüentemente se refere à morte humana como a morte da alma (Lev. 19:28; 21:1, 11; 22:4; Núm. 5:2; 6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13; Ageu 2:13).
Corpo é Alma Visível. A maior parte dos eruditos bíblicos reconhece que a “alma-nephesh” em Gênesis 2:7 não é uma essência imaterial, imortal distinta, implantada no corpo, mas simplesmente o princípio que anima o corpo. Comentando sobre Gên. 2:7, o erudito católico Dom Wulstan Mork, escreve: “É nephesh [alma] que dá vida ao bashar [corpo]. O corpo, longe de ser separado de seu princípio que anima o corpo, é a alma [nephesh]” [The Biblical Meaning of Man (Milwaukee, Wisconsin, 1967), p. 34].
Em idêntica linha de pensamento, Hans Walter Wolff, autor de um avançadíssimo estudo de Antropologia do Velho Testamento, pergunta: “O que nephesh [alma] significa aqui? Certamente não a alma [no sentido dualístico tradicional]. . . . O homem não possui nephesh [alma], ele é nephesh [alma], ele vive como nephesh [alma]” [Anthropology of the Old Testament (Filadélfia, 1974), p. 10].
Sumariando, a expressão “o homem se tornou uma alma vivente-nephesh hayyah” apenas significa que em resultado do sopro divino, o corpo inanimado fez-se um ser vivente, que respirava--nada menos do que isso. O coração começou a bater, o sangue a circular, o cérebro a pensar, sendo todos os sinais vitais ativados. Declarado em termos simples, “uma alma vivente” significa “um ser vivo”, e não “uma alma imortal”.
Os Animais Como “Almas Viventes”. Uma prova muito patente de que a expressão “alma vivente” não significa “alma imortal” é o repetido emprego da mesma frase “alma vivente-nephesh hayyah” para descrever a criação dos animais (Gên. 1:20, 21, 24, 30; 2:19; 9:10, 12, 15, 16; Lev. 11:46). Este importante fato é desconhecido da maioria das pessoas porque os tradutores da maioria das versões decidiu traduzir a frase hebraica “nephesh hayyah” como “criaturas viventes” em referência aos animais, e como “alma vivente” nas referências a seres humanos. Por quê? Simplesmente porque os tradutores estavam tão condicionados por suas crenças de que tão-só os seres humanos contam com uma alma imortal não possuída pelos animais, que tomaram a liberdade de traduzir o nephesh do hebraico como “criatura”, antes que “alma”, quando empregada para animais. Norman Snaith condena com justiça esse interpretação arbitrária como “bastante repreensível” porque a frase hebraica devia ser traduzida exatamente do mesmo modo em ambos os casos. Fazê-lo doutro modo é enganar todos quantos não lêem o hebraico. Não há desculpas nem defesa apropriada” [“Justice and Immortality,” Scottish Journal of Theology 17, 3, (setembro de 1964), pp. 312-313].
O repetido emprego de nephesh-alma como referência a toda sorte de animais claramente revela que a nephesh-alma não é uma essência concedida aos seres humanos, mas o princípio que anima a vida ou o “fôlego de vida” que está presente tanto nas pessoas quanto nos animais porque ambos são seres conscientes (ver Ecles. 3:19-21--homens e animais têm o mesmo fôlego de vida). O que distingue os seres humanos dos animais não é a alma, mas o fato de que os seres humanos foram criados à imagem de Deus, isto é, com possibilidades semelhantes às de Deus, não disponíveis aos animais.
O relato bíblico da criação do homem indica que a natureza humana consiste de um todo indivisível onde o corpo, o fôlego de vida, e a alma funcionam, não como entidades separadas, mas como características da mesma pessoa. O corpo é uma pessoa como um ser concreto; a alma é uma pessoa como um indivíduo vivo; o fôlego ou espírito de vida é uma pessoa tendo sua fonte em Deus. Esta é a essência do ponto de vista criacional da natureza humana, expandida no restante da Bíblia.
Palavras-chave para entender o tema da natureza e destino humanos-II:
Morte e Sepultura no Velho Testamento
Sheol e Abbadon
Morte e Sepultura no Velho Testamento. A palavra hebraica sheol, é diferentemente traduzida nas Escrituras como “sepultura”, “morte”, “abismo”, “inferno”, etc. Os tradutores da Versão King James arbitrariamente traduziram sheol como ‘sepultura’, quando referindo-se aos justos, cujos corpos jaziam na sepultura, e como ‘inferno’ quando referindo-se aos ímpios cujas almas estariam supostamente sendo atormentadas no inferno. Isso tem acarretado confusão no entendimento deste tema. O autor imortalista J. Thomson, tratando do tema da morte no Velho Testamento, assim se manifesta: “Por ocasião da morte o corpo permanecia sobre a terra; a nephesh [alma] passava para o sheol; mas o fôlego, espírito ou ruach, retornava para Deus, não para o sheol. Mas no sheol, um lugar de escuridão, silêncio e esquecimento, a vida era melancólica e sombria”. (“Death and the State of the Soul after Death”, in Basic Christian Doctrine, ed. Carl F. H. Henry (Nova York, 1962), pág. 271.
Contudo, lembra o Dr. Bacchiocchi em sua obra Immortality or Resurrection?, que “essas interpretações de sheol como o lugar de habitação das almas (em vez de ser o local de repouso dos corpos na sepultura) ou o lugar de punição para os ímpios, conhecido como inferno, não resistem sob a luz do emprego bíblico de sheol. Este fato é reconhecido mesmo por John W. Cooper que produziu o que seja, talvez, a tentativa mais erudita de socorrer a tradicional visão dualística da natureza humana do maciço ataque da erudição moderna contra tal noção. Cooper declara: ‘Talvez o mais interessante para os cristãos tradicionais notarem seja o fato de que sheol é o lugar de descanso dos mortos, independentemente de sua condição religiosa durante a vida. sheol não é o “inferno” ao qual os ímpios são condenados e do qual os fiéis do Senhor são poupados em glória. . . . Não há dúvida de que os crentes e os descrentes eram todos tidos como indo para o sheol quando morrem’. Body, Soul and Life Everlasting: Biblical Anthropology and the Monism-Dualism Debate (Grand Rapids, 1989), pág. 61.
“O . . . The Interpreter’s Dictionary of the Bible declara até mais enfaticamente que ‘Em parte alguma do Velho Testamento é a habitação dos mortos considerada um lugar de punição e tormento. O conceito de um “inferno” de fogo desenvolveu-se em Israel somente durante o período helenístico’” (Theodore H. Gaster, “Abode of the Dead”, Op. Cit. (Nashville, 1962), pág. 788.
Mais adiante, discutindo a etimologia da palavra e localização do sheol, prossegue Bacchiocchi:
“O sheol localiza-se bem nas profundezas da terra porque é freqüentemente mencionado em contraste com o céu para denotar os limites extremos do universo. O sheol seria o mais profundo lugar no universo, assim como o céu é o mais elevado. Amós descreve a inescapável ira de Deus nestes termos: ‘Ainda que desçam ao mais profundo abismo, a minha mão os tirará de lá; se subirem ao céu, de lá os farei descer’ (Amós 9:2, 3). Semelhantemente o salmista exclama: ‘Para onde me ausentarei do Teu Espírito? para onde fugirei da Tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo [sheol] estás também’ (Salmo 139: 7 e 8, cf. Jó 11:7-9).
“Situando-se abaixo, na terra, os mortos alcançam o sheol por ‘descerem’, um eufemismo para ser sepultado na terra. Destarte, quando Jacó foi informado da morte de seu filho José, declarou: ‘Chorando, descerei a meu filho até à sepultura [sheol]’”. Também convém recordar o episódio do castigo dos rebeldes de Coré e Dotã que foram engolidos terra abaixo, e o original fala que desceram vivos ao sheol (Números 16:33).
Em muitas ocasiões sheol é empregado em paralelo com o termo hebraico bor, abismo, como no Salmo 88:3, 4. Noutras ocasiões o paralelismo ocorre com o termo abbadon, que significa “destruição” ou “ruína”. Abaddon aparece em paralelismo com sepultura: “Acaso nas trevas se manifestam as Tuas maravilhas? e a Tua justiça nas terra do esquecimento [abaddon]?” (Sal. 88:12).
Em Jó 26:6 e Prov. 15:11 e 27:20 o “além”, ou “inferno” [sheol] e o “abismo” [abaddon] surgem também em paralelismo. Por isso, conclui Bacchiocchi: “O fato de que sheol está associado com abaddon mostra que o reino dos mortos era visto como o lugar de destruição, não como o lugar de eterno sofrimento para os ímpios”.
O sheol também é caracterizado como “a terra das trevas e da sombra da morte” (Jó 10:21), onde os mortos nunca mais vêem a luz (Sal. 49:20; 88:13). É, igualmente, a “região do silêncio” (Sal. 94:17; cf. 115:17), bem como a terra de onde não há retorno (Jó 7:10). No Salmo 55:15 sheol é claramente identificada com morte e sepultura, como se dá também no Salmo 141:7--“Ainda que sejam espalhados os meus ossos à boca da sepultura [sheol] quando se lavra e sulca a terra”.
Estes textos todos demonstram irrefutavelmente que o sheol não é o repositório de espíritos que nos deixaram, mas o reino dos mortos. Em seu clássico estudo Anthropology of the Old Testament, Hans Walter Wolff faz notar que, ao contrário das religiões do Oriente Médio, em que os mortos eram glorificados, mesmo endeusados, “no Velho Testamento qualquer coisa semelhante é impensável. Geralmente, a referência à descida para o sheol como o mundo dos mortos nada mais significa do que uma indicação do sepultamento como o fim da vida (Gên. 42:38; 44:29, 31; Isa. 38:10, 17; Sal. 9:15, 17; 16: 10; 49:9, 15; 88:3-6, 11; Prov. 1:12)”. (Op. Cit., pág. 103).
A expressão “dormiu com os seus pais” (como em 1 Reis 1:21; 2:10; 11:43) simplesmente reflete a idéia de que os mortos se reúnem com seus predecessores no sheol, num estado sonolento e inconsciente. A idéia de descanso ou sono no sheol é evidente em Jó que clama em meio a seus tormentos físicos: “Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao sair dela? . . . Porque já agora repousaria tranqüilo; dormiria, e então haveria para mim descanso. . . . Ali os maus cessam de perturbar, e ali repousam os cansados”. (Jó 3: 11, 13, 17). Os versos 21 e 22, na seqüência, são altamente significativos no contexto do que foi acima exposto. Ver ainda Jó 17:13-16; 14:12; 19:25-27.
Conclusão: As várias ocorrências de sheol examinadas, seja isoladamente ou em paralelismo com outros termos, claramente indicam que tal termo nunca se refere a um lugar de tormento para os perdidos, com fogo e tudo o mais (aliás, o elemento “fogo” é o grande ausente nessas descrições do sheol, já “vermes” e “gusanos” são lembrados vez ou outra). Tampouco é um lugar de consciência para almas ou espíritos que partiram desta vida. O reino dos mortos é descrito sempre como um lugar de trevas, esquecimento, silêncio e inatividade que assim prossegue até o dia do “despertar”--a ressurreição.
PARA ENTENDER O EPISÓDIO DO MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO
Analisando o Suposto Aparecimento do Espírito de Moisés no Monte
Alegam os dualistas que na cena da transfiguração (registrada em Mateus 17: 1-8) que era "o espírito" de Moisés que lá aparecera e não seu corpo glorificado, como sustentamos. A Biblia não diz que era o espírito de Moisés que lá se achava. Isto é uma conclusão gratuita. Dizem os evangelhos gue Moisés e Elias lá apareceram ao lado do Mestre, em pessoa, glorificados como o seremos algum dia se permanecermos fiéis até ao fim. Dizer que o texto alude a espírito é ir "além do que está escrito." Consideremos o seguinte:
1. Cristo lá Se achava corporalmente, porém transfigurado num ser resplandecente sem perder, contudo, Suas Características pessoais.
2. Elias que não provara a morte--também ali se achava corporalmente. Ou teria ele deixado o corpo inanimado ou tombado em algum canto do Céu, enquanto o espírito descera ao monte da transfiguração? Elias fora arrebatado vivo, e ao ingressar no Céu, sem dúvida seu corpo fora transformado, fora glorificado, pois "a carne e a sangue não podem herdar o reino de Deus;" nem a corrupção herdar a incorrupção." Mas, lemos em S. Lucas 9:31 que Moisés e Elias "apareceram com glória." Jesus também, pois toda a cena era uma antecipação da glória futura do reino.
3. Se os dois personagens acima citados lá se achavam com corpos glorificados, porque só Moisés lá estaria em espírito? Seria uma "alma" visível, conversando com pessoas corporalmente presentes? Diz S. Marcos que ambos (Moisés e Elias) falavam com Jesus. Logo, não eram espíritos. Tão real era a cena ali no monte que Pedro propôs construir três tendas. "Uma para Ti [para Cristo], outra para Moisés, e outra para Elias." S. Mar. 17:4. É inadmissível construir tenda para um espírito. Não se tratava de visão, sonho ou alucinação de Pedro, porque, quase quarenta anós depois, bem lúcido ainda, referia-se ao fato: "nós vimos a Sua glória" (II S. Ped. 1:16-18). Vira a pessoa de Jesus, a pessoa de Elias e a pessoa de Moisés.
O fato de os dois personagens desaparecerem depois não prova que eram espíritos, pois o corpo glorificado também tem esta propriedade. Jesus, ressurreto, penetrou num cômodo completamente trancado. S. João 20:19.
4. Que Moisés ressuscitara é fato que aceitamos, inclusive por outras evidências bíblicas. Lemos que, de fato, Moisés fora sepultado na terra de Moabe, no entanto, ninguém soube o local de sua sepultura. Deut. 34:6. Havia nisso um desígnio da parte de Deus. Todos os que morrem, são contados como prisioneiros de Satanás, no sentido de estarem na sepultura, retidos, inativos, vencidos. Lemos, porém, em Heb. 2:14, que Jesus, "pela Sua morte aniquilou o que tinha o império da morte, isto é, o diabo." Pois bem, cremos que Moisés escapou da prisão da morte.
a) Em Judas 9, lemos que houve disputa entre Miguel, arcanjo, e o diabo acerca DO CORPO de Moisés. A disputa era sobre a sepultura, mas sobre o corpo do servo de Deus. Satanás reclamava Moisés como seu cativo, porém Miguel (que cremos ser Cristo, Dan. 10:21; 12:1; S. João 5:28; Dan. 12:2; I Tess. 4:16) também o reclamava para si. Não seria admissível que houvesse uma disputa sobre o corpo de Moisés, a não ser que se tratasse da ressurreição desse corpo. A ambição maior do inimigo é manter mortos PARA SEMPRE todos os que são filhos de Deus, e dormem nos seus túmulos.
b) Lendo-se as ressurreições ocorridas na Biblia, antes da de Cristo, costuma-se citar a do filho da viúva de Sarepta (I Reis 17) como a mais antiga. Temos, contudo, em Romanos 5:14, essa espantosa revelação: "No entanto, a morte reinou desde Adão até MOISÉS. . ." Notemos o verbo reinar, que quer dizer, dominar, prevalecer. Ora, depois de Moisés os homens continuaram morrendo, mas o texto acima nos diz que a morte teve domínio indiscutível sobre os mortais até MOISÉS. Em outras palavras, até Moisés ninguém se levantou do túmulo para provar que é possível reviver. Nisso o diabo viu seu império abalado. Vemos nisso evidência clara da ressurreição de Moisés.
c) Muitos comentadores não adventistas também admitem a ressurreição de Moisés. Olshausen entende que a narrativa da transfiguração é literal, e no seu comentário sobre o acontecimento, afirma:
"Porque se admitimos a realidade da ressurreição do corpo e sua glorificação--verdades que indubitavelmente fazem parte da doutrina cristã--toda a ocorrência no monte não apresenta grandes dificuldades. A aparição de Moisés e Elias, que é tida por muitos como ponto assaz incompreensível, é facilmente concebida como possível, se aceitarmos a sua glorificação corporal."
O notável comentarista Adão Clarke assim considera o texto de Mateus 17:3:
"Elias veio do Céu no mesmo corpo com que deixou a Terra, pois fora trasladado, e não viu a morte. (II Reis 2:11). E o corpo de Moisés fora provavelmente ‘ressuscitado, como sinal ou penhor da ressurreição; e como Cristo está para vir a julgar os vivos e os mortos--porque nem todos morreremos, mas todos seremos transformados (I Coríntios 15: 51)--Ele certamente deu plena representação deste fato na pessoa de Moisés, que morrera e então fora trazido à vida (ou aparecera naquele momento como aparecerá ressurreto no dia final), e na pessoa de Elias, que nunca provou a morte. Ambos os corpos (Moisés e Elias) apresentavam a mesma aparência, para mostrar que os corpos dos santos glorificados são os mesmos, quer a pessoa seja arrebatada (viva) ou ressuscitada (estando morta) ."
d) Os judeus criam na ressurreição de Moisés. Havia entre eles um livro apócrifo intitulado "Assunção de Moisés." Crê-se geralmente que Judas 9 é nada menos que uma citação desse livro.
e) A maior prova, porém, é o fato de Moisés aparecer glorificado no monte.
Cita ainda [os dualistas] I Cor. 15:20 para concluir que Cristo foi o primeiro a ser ressuscitado. Leiam-se, contudo, estas passagens: I Reis 17:17-22; II Reis 4:32-36; S. Mat. 27:52 e 53; S. Luc. 7:14; S. João 11:43 e 44; Heb. 11:35, além de outras. Mas ressurreição para a glória, a primeira foi a de Moisés.
Cristo, feito "as primícias dos que dormem," não significa que fosse o primeiro da ressurreição, pois em outro texto semelhante a Tradução Brasileira reza: "seria Ele o primeiro que, pela ressurreição dos mortos, havia de anunciar a luz ao povo e aos gentios." Atos 26:23.
E Boomfield, em seu comentário pondera:
"As palavras do texto podem ser traduzidas ‘depois da ressurreição dos mortos’ ou ‘pela ressurreição,’ sendo mais exata esta última."
Wakfield traduziu assim o passo: "Cristo sofreria a morte, e seria o primeiro a proclamar a salvação a Seu povo e aos gentios pela ressurreição dos mortos."
"Primícias" não está em relação com prioridade, mas com o símbolo. Relaciona-se com o molho movido que o sacerdote erguia na festa dos asmos, na dedicação dos primeiros frutos da colheita. Cristo era o Antitipo dos molhos, do mesmo modo como é chamado Cordeiro por ser Antitipo dos cordeiros do sacrificio, no ritual do santuário. Houve muitos cordeiros sacrificados antes dEle. Como Antitipo, Cristo é as primícias dos que dormem. Leia-se S. Tia. 1:18 e ver-se-á que também somos primícias. Em Apoc. 14:4 se lê que os 144.000 são primícias também. E assim se desmantela mais uma ficção imortalista. [Baseado em segmento da obra Subtilezas do Erro, de Arnaldo B. Christianini].
Imortalidade da alma:
NADA NO COMEÇO, MEIO OU FIM DA HISTÓRIA HUMANA
Quando estudamos as Escrituras deixando que elas simplesmente nos transmitam sua simples mensagem sem tentar acrescentar-lhe conceitos popularizados e acatados por falsas razões apreendemos o fato de que no princípio da história humana não aparece nada sobre Deus ter colocado no homem uma “alma imortal”. Nada consta quanto a isso no relato da criação porque NÃO ERA NECESSÁRIO. O homem foi programado como um ser especial, criado à imagem e semelhança do Criador, para viver eternamente no jardim paradisíaco. Assim, ele já contava em si com o potencial de ser eterno, jamais morrer, e tinha pleno e amplo acesso à árvore da vida. Daí, os crentes na Bíblia que defendem a imortalidade da alma utilizam-se de passagens que NÃO DIZEM o que estas contêm, como a questão de Deus ter soprado nas narinas do homem um “fôlego de vida” e esse ser a suposta “alma imortal”. Contudo, no estudo “O Que a Bíblia Fala Sobre Nephesh, Ruach, Sheol e Hades” demonstramos como o fôlego de vida dos homens e dos animais é exatamente o mesmo.
Nada no relato da Criação
Nada, absolutamente nada, comprova a tese da imortalidade da alma pela simples leitura do relato objetivo e simples do Gênesis. E que o “fôlego de vida” de homens e animais é exatamente o mesmo, constatamos de passagens claras nas Escrituras que o indicam. Vejamos algumas:
“Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará”.—Gên. 6:17.
“E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na arca”—Gên. 7:15.
“Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó. Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo da terra?”— Ecl. 3:19-21.
A posse do “fôlego de vida” não confere em si mesmo imortalidade, porque, por ocasião da morte, “o fôlego de vida” retorna para Deus. A vida deriva de Deus, é sustida por Deus, e volta para Deus. Essa verdade é expressa em Eclesiastes 12:7: “O pó volta à terra, como era, e o espírito ruach] volta para Deus que o deu”. O que retorna para Deus não é a alma imortal humana, mas o Espírito divino que transmite vida e que nas Escrituras é igualada ao fôlego de Deus: “Se Deus. . . recolhesse o seu espírito [ruach] e o seu sopro [neshamah], toda carne pereceria juntamente, e o homem retornaria ao pó” (Jó 34:14-15). O paralelismo de linguagem indica que o fôlego de Deus é o Seu Espírito transmissor de vida. E observem que é o “espírito [fôlego]” de TODOS os homens, não somente dos salvos, que vai para Deus.
O fato de que a morte é caracterizada como a retirada do fôlego de vida (o Espírito divino que concede vida), demonstra que o “fôlego de vida” não é um espírito ou alma imortal que Deus confere a Suas criaturas, mas o dom da vida que os seres humanos possuem pela duração de sua existência terrena. Enquanto permanecer o “sopro de vida”, os seres humanos são “almas viventes”. Quando, porém, o sopro se vai, tornam-se almas mortas. Isso explica porque a Bíblia freqüentemente se refere à morte humana como a morte da alma (Lev. 19:28; 21:1, 11; 22:4; Núm. 5:2; 6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13; Ageu 2:13).
Nada Pelo Meio da História Humana
Já vimos como no início da história e formação do homem não aparece nenhuma “alma imortal” como elemento constitutivo da natureza do ser criado “à imagem e semelhança” de Deus. O que a Palavra de Deus nos revela é que Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o “fôlego de vida” e este tornou-se uma “alma vivente” (não que recebeu uma alma vivente).
Reforçando a verdade já exposta de que o fôlego de vida do homem e dos animais é igual temos mais este claro texto:
“E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez”.—Gênesis 1:30.
Também veremos como na descrição de um dos últimos atos do drama da história humana—a ressurreição dos mortos—nada se diz sobre almas imortais procedendo seja da parte que for do universo para reincorporarem. É estranho como na detalhada descrição do apóstolo Paulo, tanto em 1 Tessalonicenses 4:13ss e 1 Coríntios 15, bem como no próprio ensino de Cristo a respeito (em João 5:25-30) esse elemento não apareça e nenhuma menção ou mínimo indício de uma “alma imortal” ocorra.
Contudo, o que dizer sobre o que a Bíblia apresenta entre o início e o fim, com respeito ao tema da ressurreição? Vejamos um trecho muitíssimo significativo do profeta Ezequiel, que inspiradamente põe-se a descrever um evento de ressurreição—a famosa visão do vale de ossos secos. Embora tenha um sentido simbólico, relata algo bem concreto relativo à formação do homem:
“Veio sobre mim a mão do Senhor, e ele me fez sair no Espírito do Senhor, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos. E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos. E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor Deus, tu o sabes. Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o Senhor. Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso. E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito. E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
"Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso. E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito. E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo. Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós mesmos estamos cortados. Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir os vossos sepulcros, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu”.
É importante comparar diferentes traduções da passagem para desfazer qualquer dúvida de sentido de termos. A tradução judaica The Holy Scriptures According to the Masoretic Text [Escrituras Sagradas, Segundo o Texto Massorético], da The Jewish Publication Society of America (Sociedade Americana de Publicações Judaicas), de Philadelphia, EUA, bem como a King James e a New International Version falam de “fôlego”, em lugar de “espírito”, no que tange ao retorno do último componente para transmitir vida ao conjunto dos ossos “sequíssimos” que se unem a nervos, músculos, pele e, por fim, o recebimento desse “fôlego”, transforma aquela miraculosa reconstituição em seres humanos, pessoas viventes e bem ativas.
Também é digno de nota que na versão A Bíblia na Linguagem de Hoje, da Sociedade Bíblica do Brasil, encontramos as seguintes declarações nesse capítulo: “Porei respiração dentro de vocês e os farei viver de novo”; “porém não havia respiração nos corpos” e “Homem mortal, profetize para o vento . . . para soprar sobre esses corpos mortos a fim de que vivam de novo”. Uma nota de rodapé explica: “Vento: a mesma palavra hebraica pode significar espírito, ou respiração, ou fôlego, ou vento”. Essa palavra hebraica é ruach, a mesma de Eclesiastes 12:7—”E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”.
Para reforçar ainda mais essa concepção da restauração dos que morreram à vida, temos estas palavras no texto transcrito do profeta Ezequiel: “Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu abrir os vossos sepulcros, e vos fizer subir das vossas sepulturas, ó povo meu”.
Portanto, os elementos básicos que formam esse exército sob o comando do Senhor procedem das sepulturas, sem qualquer menção a almas oriundas seja do lugar que for no universo. O fôlego é adicionado aos componentes reconstituídos de carne e ossos, e a vida é restaurada. Mais uma vez percebam—nenhuma menção a qualquer alma imortal sendo reintegrada aos seres para que vivam.
Ora, se solicitássemos a uma pessoa que creia na imortalidade da alma que descrevesse como se daria uma ressurreição, sem dúvida o componente “alma imortal” seria até o mais importante de todos para transmitir vida a quem jazia morto. Contudo, em parte alguma das Escrituras, nem no começo, nem no fim, nem pelo meio do relato bíblico, consta tal coisa. Daí que quando Jesus conversava com as irmãs enlutadas, por ocasião da morte de Lázaro, não as consolou dizendo coisa alguma sobre ele estar na glória, como é a crença popular. A ênfase da conversação deles é a FUTURA ressurreição dos mortos por todo o capítulo 11 de João. Daí Jesus poder dizer sem deixar margem a dúvida:
“Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em Mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” — João 11:25, 26.
Mais uma vez percebemos a ênfase, não em que a vida eterna depende de um elemento imaterial, imortal, no homem, mas no crer em Cristo para poder ressuscitar, pois somente assim, “ainda que esteja morto, viverá”.
Nada No Fim da História Humana
Se nada consta das Escrituras indicando a introdução de uma “alma imortal” na criação do homem, o que dizer do seu fim? A Bíblia apresenta o reencontro final de Cristo com Seus remidos, e Paulo detalha como se dará a ressurreição dos mortos. Nem das palavras de Cristo, nem das detalhadas explicações de Paulo sobre como será o reencontro ao final entre Cristo e Seus remidos aparece o mínimo indício de almas imortais vindas seja de onde for no imenso universo para reincorporarem e retornarem à vida. Vejamos estas passagens:
“Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. . . . Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”.— João 5:25, 28 e 29.
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. — João 14:1-3.
Claramente se percebe por tais palavras que os salvos “ouvirão a voz do Filho de Deus” e daí “viverão”. Eles estavam “nos sepulcros”, não no céu, ou qualquer outro local do universo. Dizer que eram os corpos que estavam nos sepulcros somente não faz sentido dentro do teor global do que é dito. Jesus fala de INDIVÍDUOS, não de corpos de indivíduos. E Ele prometeu que as moradas que foi preparar estariam disponíveis a esses salvos procedentes das sepulturas. Não diz que ocupariam essas “moradas” quando eles morressem e suas almas fossem para o céu, mas quando voltasse para Suas palavras terem cumprimento: “vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também”. Tudo indica que esse estar junto com Cristo passa-se, não quando almas vão para o céu na morte, e sim quando Cristo voltar e os anjos dos céus partirem para recolher os Seus escolhidos, como outro texto bíblico deixa por demais claro:
“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus”. — Mateus 24:30, 31.
O apóstolo Paulo o confirma claramente, acentuando sua esperança de obter o galardão eterno “naquele dia” da volta de Cristo, e não quando sua alma supostamente fosse para o céu por ocasião da morte:
“Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”. — Filipenses 3:20, 21.
Paulo confirma esta sua ardente expectativa em 2 Timóteo 4:6-8 ao falar do tempo de sua partida, que estava próximo:
“Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”.
Na descrição detalhada que faz dos acontecimentos finalíssimos da história humana, com a ressurreição dos mortos e encontro com o Senhor, confirma-se a perspectiva de que somente então é que os indivíduos ressuscitados (não meramente seus corpos) encontrar-se-ão com o Salvador, e com toda a comunidade de demais remidos no Senhor:
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”.—1 Tess. 4:13-18.
E em 1 Coríntios 15, praticamente todo o capítulo é dedicado a esse tema. Vejamos alguns textos do mesmo:
“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” — 1 Coríntios 15:51-55.
Fica por demais claro por tais palavras que não há qualquer noção de almas vindas do céu ou seja de onde for para reincorporarem. Ademais, a própria linguagem de toque de trombetas, voz do Senhor, para despertar “os que dormem em Cristo” não dá margem a imaginar almas vindo, já perfeitamente despertas, reunindo-se a seus corpos procedentes do pó da terra, para daí saírem dessa condição por tais convocações solenes.
E a ressurreição é quando a morte é derrotada, não quando as almas saem dos cadáveres, prevalecendo em existência eterna. Nesse caso, a doutrina da imortalidade da alma contradiz a declaração paulina de que “tragada foi a morte na vitória”. E essa vitória é a da ressurreição dos mortos, não o fator “imortalidade” contida na “alma” de um indivíduo.
Os versos 12-19 de 1 Coríntios 15 aplicam um golpe de morte sobre as teses de imortalidade da alma:
“Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.
E reforçando o que é aí dito, temos o vs. 32:
“Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos”.
Observemos bem as implicações do que acima é exposto:
a) Haverá ressurreição dos mortos porque o próprio Cristo ressuscitou, como evidência de tal possibilidade.
b) Se não tivesse havido a ressurreição de Cristo, a pregação do evangelho e a fé dos crentes seria vã.
c) E se não fosse o fato da ressurreição, confirmada e garantida pela do próprio Cristo, “os que dormiram em Cristo pereceram”.
d) Se “pereceram”, é porque a ressurreição não se teria dado, e a pregação do evangelho fora “vã”, uma vez que os mortos em Cristo não estariam desfrutando a vida, e sim mortos no pó da terra. Também, segundo o vs. 32, a melhor opção seria aproveitar hedonisticamente esta vida: “comamos e bebamos, que amanhã morreremos”.
Estas passagens claramente são uma refutação da tese de que os que “dormem em Cristo” estão em algum lugar, já garantidos pela eternidade. Qual nada, se não fosse o fato da ressurreição, ressaltado pelo contexto, teriam perecido. A ênfase de todo o contexto inegavelmente jaz no tema dominante do capítulo—a ressurreição dos mortos no dia da volta de Jesus.
Paulo claramente indica que o seu desejo de “partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fil. 1:23) se concretizará, não quando sua alma fosse para o céu, mas quando da ressurreição dos mortos. É estranho que se a expectativa dele refletida no princípio de Filipenses envolvesse a posse de uma “alma imortal”, isso não mereça mais elaboração na mesma epístola, pelo capítulo 3, vs. 20, e na detalhada descrição do encontro final dos remidos com o Salvador em 1 Tessalonicenses 4, vs 13 em diante, e todo o capítulo 15 de 1 Coríntios.
Assim, amigos, basta permitir que o texto das Escrituras flua normalmente, sem forçar o sentido com suposições extra-escriturísticas que tudo se torna claro. Não há “alma imortal” alguma retratada nas Escrituras nem no começo, nem no fim da existência humana. Esta é a verdade bíblica. O que passa disso é de origem suspeita, sobretudo quando temos declarada na Bíblia a primeira mentira de Satanás sobre este planeta aos nossos primeiros pais: “É certo que não morrereis”. Gên. 3:4.
O termo "nephesh" ocorre no Velho Testamento 754 vezes e os seus três usos principais são:
1) Alma Como Uma Pessoa Necessitada
No seu livro da maior autoridade e atualidade Anthropology of the Old Testament [Antropologia do Velho Testamento] que é virtualmente indisputável entre eruditos de várias persuasões teológicas, Hans Walter Wolff intitula o capítulo sobre a alma como “nephesh-Homem Necessitado”. A razão para esta caracterização de nephesh como “homem necessitado” torna-se evidente quando se lêem os muitos textos que retratam nephesh-alma em situações perigosas em proporções de vida e morte.
Sendo que Deus foi quem fez o homem “uma alma vivente” e que sustém a alma humana, os hebreus quando em perigo apelavam a Deus para livrar suas almas, ou seja, suas vidas. Davi orou: “livra do ímpio a minha alma [nephesh]”; “por amor da Tua justiça, tira da tribulação a minha alma [nephesh]” (Sal. 143:11). O Senhor merece ser louvado, “pois livrou a alma [nephesh] do necessitado da mão dos malfeitores” (Jer. 20:13).
As pessoas tinham grande temor por suas almas [nephesh] (Jos. 9:24) quando outros estavam buscando suas almas [nephesh] (Êxo. 4:19; 1 Sam. 23:15). Ele tiveram que fugir por suas almas [nephesh] (2 Reis 7:7) ou defender suas almas [nephesh] (Est. 8:11); se não o fizessem, suas almas [nephesh] seriam totalmente destruídas (Jos. 10:28, 30, 32, 35, 37, 39). “A alma que pecar, essa morrerá” (Eze. 18:4, 20). Raabe pediu aos dois espias israelitas que salvassem sua família falando em termos de “livrareis as nossas vidas [almas-VKJ] da morte” (Jos. 2:13). Nesses casos, é evidente que a alma que estava em perigo e necessitava ser livrada era a vida do indivíduo.
A alma experimentava perigo não só dos inimigos, mas também da falta de alimento. Ao lamentar o estado de Jerusalém, Jeremias declarou: “Todo o povo anda gemendo e à procura de pão; deram eles as suas cousas mais estimadas a troco de mantimento para restaurar as forças [alma-nephesh, VKJ] (Lam. 1:11). Os israelitas resmungavam no deserto porque não tinham mais carne como antes no Egito. “Agora, porém, seca-se a nossa alma [nephesh], e nenhuma cousa vemos senão este maná” (Núm. 11:6).
O jejuar tinha implicações para a alma porque interrompia nutrimento de que carecia a alma. No Dia da Expiação os israelitas eram ordenados: “afligireis as vossas almas” (Lev. 16:29) pelo jejum. Eles se abstinham de comida para demonstrar que suas almas dependiam de Deus tanto para o nutrimento físico quanto para a salvação espiritual. “Muito apropriadamente”, escreve Tory Hoff, “eles [os israelitas] eram solicitados a jejuar no Dia da Expiação porque suas almas é que eram expiadas mediante o derramamento de sangue [de uma alma inocente] e era o Deus providencial que sustinha a alma, a despeito do pecado da alma”.
O tema do perigo e libertação associado com a alma [nephesh] permite-nos ver que a alma no Velho Testamento era vista, não como um componente imortal da natureza humana, mas como a condição incerta e insegura da vida que às vezes era ameaçada de morte. Essas situações que envolviam intenso perigo e libertação recordavam aos israelitas que eles eram almas [nephesh] necessitadas, pessoas com vida cuja existência dependia constantemente de Deus para proteção e livramento.
2) A Alma Como Sede das Emoções
Sendo o princípio animador da vida humana, a alma também atuava como o centro de atividades emocionais. Ao falar da sunamita, 2 Reis 4:27 diz: “A sua alma [nephesh] está em amargura”, Davi clamou ao Senhor buscando livramento de seus inimigos, dizendo: “A minha alma [nephesh] está profundamente perturbada . . . . Volta-Te, Senhor, e livra a minha alma [nephesh]” (Sal. 6:3, 4).
Enquanto as pessoas estavam esperando pela libertação de Deus, suas almas perdiam vitalidade. Tory Hoff faz notar que “em vista de que o salmista amiúde escrevia em face de sua experiência [de perigo], os Salmos incluem sentenças tais como ‘desfalecia neles a alma’ (Sal. 107:5), ‘a minha alma de tristeza verte lágrimas’ (Sal. 119:28), ‘desfalece-me a alma, aguardando a Tua salvação’ (Sal. 119:81), ‘minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor’ (Sal. 84:2), e ‘no meios destas angústias, desfalecia-lhes a alma’ (Sal. 107:26). Jó indaga: ‘Até quando afligireis a minha alma. . .?’ (Jó 19:2). Também era a alma que esperaria por livramento. ‘Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa’ (Sal. 62:1). ‘Aguarda o Senhor, a minha alma O aguarda’ (Sal. 130:5).
Sendo que o hebreu sabia que todo o livramento procedia de Deus, sua alma tomaria ‘refúgio’ em Deus (Sal. 57:1) e ‘tem sede de Deus’ (Sal. 42:2; 63:1). Uma vez tenha passado o perigo e a natureza intensa, precária da situação houvesse findado, a alma louvaria a Deus pela libertação recebida. ‘Gloriar-se-á no Senhor a minha alma’ (Sal. 34:2). ‘E minha alma se regozijará no Senhor, e se deleitará na sua salvação’ (Sal. 35:9)”.
Estas passagens que falam da alma como sede da emoção são interpretadas por alguns dualistas como apoiando a noção da alma como uma entidade imaterial ligada ao corpo e responsável pela vida emocional e intelectual do indivíduo. O problema com essa interpretação é, como explica Tory Hoff, que “a alma é a ‘sede da emoção’ não mais do que qualquer outro termo antropológico hebraico”. Veremos que a alma é somente um centro de emoções porque o corpo, o coração e os rins, e outras partes do corpo também funcionam como centros emocionais. Do ponto de vista holístico bíblico da natureza humana, uma parte do corpo pode muitas vezes representar o todo.
Wolff corretamente observa que o conteúdo emocional da alma é igualado ao eu da pessoa e não é uma entidade independente. Ele cita, como exemplo, o Salmo 42:5, 11 e 43:5 em que se encontra o mesmo cântico de lamento e auto-exortação: “Por que estás abatida, ó minha alma? por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei”. “Aqui”, Wolff escreve, “nephesh [alma] é o eu da vida necessitada, sedenta de desejo”. Nada há nestas passagens que sugira que a alma é uma parte imaterial da natureza humana que está equipada com personalidade e consciência e é capaz de sobreviver à morte. Notaremos que a alma morre quando o corpo morre.
3) A Alma Como Sede da Personalidade
A alma [nephesh] é vista no Velho Testamento não somente como a sede das emoções, mas também como a sede da personalidade. A alma é a pessoa como um indivíduo responsável. Em Miquéias 6:7 lemos: “Darei o meu primogênito pela minha transgressão? o fruto do meu corpo pelo pecado da minha alma [nephesh]?” A palavra hebraica traduzida aqui por “corpo” é beten, que significa barriga ou ventre. O contraste aqui não é entre corpo e alma. Ao comentar este texto, Dom Wulstan Mork escreve: “O sentido não é que a alma seja uma causa humana do pecado, com o corpo como o instrumento da alma. Antes, o nephesh, a pessoa viva integral, é a causa do pecado. Portanto, neste verso, a responsabilidade pelo pecado é atribuída à nephesh como a pessoa”.
Encontramos a mesma idéia em vários textos que discutem o pecado e a culpa. “Quando alguém [“uma alma-nephesh”-VKJ] pecar por ignorância . . .” (Lev. 4:2); “Quando alguém [“uma alma-nephesh”-VKJ] pecar nisto. . . levará a sua iniqüidade” (Lev. 5:1); “Mas a pessoa [“alma-nephesh-VKJ] que fizer alguma cousa atrevidamente . . . tal pessoa [“alma-nephesh”-VKJ] será eliminada do meio do seu povo” (Núm. 15:30). “Eis que todas as almas [nephesh] são minhas; . . . a alma [nephesh] que pecar, essa morrerá” (Eze. 18:4). É evidente que em textos como estes, a alma é a pessoa responsável que pensa, deseja e deve responder por sua conduta.
Qualquer atividade física era empreendida pela alma porque tal atividade presumia uma pessoa vivente, pensante e ativa. “O hebraico não dividia e atribuía atividades humanas. Qualquer ato era da nephesh completa em ação, daí, da pessoa integral”. Como adequadamente expressa W. D. Stacey, “nephesh sofria, tinha fome, e pensava porque cada uma dessas funções requeria a personalidade integral para realizá-la, e a distinção entre o emocional, físico e mental não era feita”.
No Velho Testamento a alma e o corpo são duas manifestações da mesma pessoa. A alma inclui e presume o corpo. “De fato”, escreve Mork, “os antigos hebreus não podiam conceber uma sem a outra. Aqui não havia a dicotomia grega de alma e corpo, de duas substâncias opostas , mas uma unidade, homem, que é bashar [corpo] de um aspecto e nephesh [alma] de outro. Bashar, pois, é a realidade concreta da existência humana, nephesh é a personalidade da existência humana”.
A concepção neotestamentário é, eminentemente, também a veterotestamentária. Mas eu vou deixar pra postar o estudo mais tarde, se for necessário, pois este tópico já está ficando muito grande.
O termo traduzido em Gn 2.7 como "alma vivente", do hebraico "nephesh hayyah", também é aplicado aos animais em Gênesis 1.20, 21, 24 e 30; 2.19; 9.10, 12, 15, 16; Lv 11.46. Todos estes textos têm a mesma designação no hebraico de nephesh hayyah para os animais, mas foram traduzidos no Almeida como "criatura vivente". Por que não traduziram a mesma expressão da mesma forma? Porque já se partiu para o texto com o pressuposto do conceito pagão de alma.
Assim, a utilização do termo "alma" no Antigo Testamento é estranha ao seu contexto e só serve para inserir ali conceitos ideológicos e teológicos que não fazem parte da concepção de mundo do texto.
Uma boa tradução é aquela utilizada pela Bíblia de Jerusalém que aplica "ser vivente" a todas as passagens onde ocorre o "nephesh hayyah". Assim, homens e animais são seres viventes, que foram formados do mesmo pó da terra (Gn 2.7 e 2.19) e receberam o mesmo sopro nas narinas (Gn 2.7 e 7.22).
Dessa forma, não há como defender no Antigo Testamento qualquer referência a uma parte imortal do ser humano que, pela influência grega, especialmente do platonismo, convencionou-se a chamar de "alma".
A parte racional e criativa do ser humano é fruto da "imago Dei" que lhe foi outorgada na Criação. Qualquer tentativa de elucubração além disso é extorsão, estupro do texto!
Parábola do Rico e Lázaro
INTRODUÇÃO
O compêndio da Bíblia encerra grandes lições para seus estudiosos. Devido a sua diversidade de assuntos, por vezes ela é mal compreendida, e desta forma surgem interpretações incorreras.
Um exemplo clássico da situação acima é a parábola do rico e Lázaro, citada em Lucas 16:19-31. Parábola que têm sido mal aplicada mesmo no meio evangélico.
O propósito desta pesquisa é buscar de maneira segura algumas soluções para perguntas como: Para quem foi direcionada esta parábola? Por que Jesus usou esta parábola? Qual o propósito fundamental desta parábola?
O presente estudo limitou-se a pesquisa em dicionários, comentários, enciclopédias e obras literárias de diversos autores em fontes no português e inglês. A pesquisa iniciou-se com esta breve introdução, seguida de quatro partes fundamentais. A primeira explicando, o que é uma parábola e o uso de suas interpretações. Na segunda é abordado o público alvo da parábola do rico e Lázaro. Na terceira, um rápido estudo das palavras relevantes do texto. E a quarta parte sendo a aplicação para a época e para o presente. Encerrando o trabalho com o resumo e conclusão desta obra.
Através deste compêndio, o grupo de alunos pesquisadores, espera contribuir para que esta parte das Santas Escrituras seja mais bem compreendida.
CAPÍTULO I
O QUE É UMA PARÁBOLA?
A palavra inglesa parábola vem do grego parabolé tendo o significado de: uma justaposição, uma comparação, uma ilustração, uma parábola, um provérbio. Esta palavra vem do verbo paraballõ significando, ordenar as coisas ao lado de outra, ou seja, por comparação.
Essencialmente o grego parabolé e sua equivalente hebraica masal são mais plenos em significados de que a palavra inglesa parábola, limitando sua definição como uma narrativa cujos propósitos primários é ensinar a verdade. Na forma literária é uma metáfora ampliada.
Mas nos Evangelhos uma parábola é uma narrativa colocada lado a lado de uma certa verdade espiritual para fins de comparação. As parábolas do nosso Senhor geralmente foram baseadas sobre experiências comuns da vida familiar diária de Seus ouvintes, e freqüentemente sobre incidentes específicos que recentemente tinham ocorrido ou que eles podiam ver no momento. A narrativa em si própria era simples e resumida, e sua conclusão geralmente tão óbvia de modo a não permitir incertezas. Colocada lado a lado de uma verdade espiritual era designada para ilustrar. A parábola assim tornava-se uma parte pela qual os ouvintes podiam vir a compreender e apreciar a verdade. Assim encontrava as pessoas onde elas estavam e, por uma agradável e familiar vereda, conduzia os seus pensamentos para onde Jesus pretendia dirigir-lhes. Esta era uma janela pela qual a alma podia alentar sobre as vistas da verdade celestial.
A Interpretação das Parábolas de Cristo
Estudando as parábolas de Jesus é muito relevante seguir integralmente os princípios de interpretação. Esses princípios podem ser sintetizados assim:
1 – Uma parábola é um modo pelo qual a verdade pode ser vista, e não uma verdade em si própria.
2 – O contexto em que uma parábola é dada – o lugar as circunstâncias, as pessoas a quem foi falada, e o problema em discussão – deve ser tomada em consideração e feita à chave para interpretação.
3 – A própria introdução e conclusão de Cristo para as parábolas geralmente tornam claro seu propósito fundamental.
4 – Cada parábola ilustra um aspecto fundamental da verdade espiritual. Os detalhes de uma parábola são significativos unicamente quando contribuem para a classificação daquele ponto particular da verdade.
5 – Antes que o significado da parábola no reino espiritual possa ser compreendida é necessário ter um quadro claro da situação descrita na parábola, em termos de costumes e modelos do pensamento e expressão. Parábolas são vívidas palavras ilustradas que devem ser vistas, conforme foi falado, antes que possam ser compreendidas.
6 – Em vista do fato fundamental que uma parábola é dada para ilustrar a verdade, e geralmente uma verdade particular, nenhuma doutrina pode ser baseada sobre detalhes incidental de uma parábola.
7 – A parábola integral e em parte, deve ser interpretada em termos da verdade, e é designada para ensinar, quando colocada em linguagem literal no contexto imediato e em qualquer lugar das escrituras.
Estabelecido o significado e a interpretação das parábolas pode-se adentrar ao próximo tópico da pesquisa.
CAPITÚLO II
QUAL O PÚBLICO ALVO?
Quando se lê o texto de Lucas 16:19 a 31, naturalmente ocorre a interrogação sobre para que público Jesus direcionou esta parábola.
Acerca do pouco que se sabe e quanto às circunstâncias que rodearam a apresentação desta parábola o Comentário Adventista do Sétimo dia afirma que fica evidente o fato de que esta parábola foi dirigida especialmente aos fariseus (Lc 15:2, 16:14), mas também aos discípulos (16:1), aos publicanos e aos pecadores (15:1), e finalmente ao grande público que também estava presente (Lc 12:1, 14:25 e 15:1).
Os fariseus termo que significa separados, era a seita mais segura da religião judaica segundo Atos 26:5. Foi uma seita criada no período anterior à guerra dos macabeus com o fim de oferecer resistência ao espírito helênico que se havia manifestado entre os judeus, tendente a adotar os costumes da Grécia.
Torna-se relevante nesta parte da presente pesquisa conhecer a crença desta seita. Os fariseus sustentavam a doutrina da predestinação que consideravam em harmonia com o livre arbítrio. Criam na imortalidade da alma, que haveria de reencarnar-se também na existência do espírito, criam nas recompensas e castigos na vida futura, de acordo com o modo de viver neste mundo, que as almas dos ímpios eram lançadas em prisão eterna, enquanto que as dos justos, revivendo iam habitar em outros corpos.
Os fariseus eram estritos e fanáticos conservadores bíblicos, e como escribas difundiam ensinos exagerados que circundavam a lei e às observâncias legalistas. Josefo, que também era fariseu diz que eles, não somente aceitavam a lei de Moisés interpretando-a com exagerada diligência, como também haviam ensinado ao povo mais práticas de que seus antecessores, que não estavam escritos na lei de Moisés. Conseqüentemente esta crença tornou-se hereditária, professada por homens de caráter muito inferior ao que ela professava.
CAPITÚLO III
ESTUDO DAS PALAVRAS
Hades, o além, o mundo subterrâneo dos mortos é traduzido também por inferno.
Na LXX, Hades ocorre mais de 100 vezes, na maioria das vezes para traduzir o hebraico Sheol, o mundo subterrâneo que recebe todos os mortos. É uma terra de trevas, onde não há lembrança de Deus (Jo 10:21-22, 26:5, Sl 6:5, 30:9 [LXX 29], 15:17 [LXX 13], Pv 1:12, 27:20, Isa 5:14).
Portanto, para compreendermos o significado real de Hades é necessário estudarmos o significado de Sheol no AntigoTestamento.
Sheol: Sepultura, inferno, cova.3 O vocábulo não ocorre fora do A.T, à exceção de uma única vez é nos papiros judaicos de Elefantina, em que é usado com o sentido de Sepultura.4A palavra obviamente se refere de alguma maneira ao lugar dos mortos.
Há grande divergência de opinião acerca do significado do termo, o que é em parte causado por diferentes maneiras de entender o ensino do Antigo Testamento sobre a questão da morte e ressurreição.
Um dos problemas de Sheol é que homens tantos bons (Jacó, Gn 37:35) quantos maus (Core, Data, etc., Nm 16:30) vão para lá. Mas a melhor tradução para Sheol parece ser “sepultura”. De acordo com o seu uso na Bíblia.
No judaísmo rabínico, sob influência persa e helênica apareceu a doutrina da imortalidade da alma, alterando-se, assim, o conceito de Hades. A atestação mais antiga desta doutrina é em Enoque 22.
Um fator contribuinte neste ponto é a substituição da doutrina neotestamentária da ressurreição dos mortos (1Co 15) pela doutrina grega da imortalidade da alma. Assim acontece no cristianismo irrefletido, que fracassa por não perguntar se a crença se fundamenta no N.T ou no pensamento grego pagão.
Ao chamar Abraão de Pai Abraão (16:24, 27 e 30), o rico está apelando para a afinidade sangüínea com o Pai desta Nação. Entretanto, essa atividade genética, física, especialmente na teologia de Lucas (3:8), nada significa. Segundo uma lenda judaica, Abraão estará sentado à entrada do inferno a fim de certificar-se de que nenhum israelita circuncidado seja atirado ali. Entretanto, até mesmo para os israelitas sentenciados a passar algum tempo no inferno, Abraão detém a autoridade de retirá-los de lá e recepcioná-los, encaminhando-os ao céu. Provavelmente essas tradições deram ao rico da parábola a esperança de que Abraão pudesse confortá-lo.
Seio (de Abraão), kolpon, em Lucas 16:22, aparece no caso acusativo, singular masculino. Como região, enseada, o mesmo sentido usado em Jo 1:18.
Três expressões eram comumente usadas entre os Judeus para expressar o futuro estado da bem-aventurança, a saber: 1 – o Jardim do Éden (ou paraíso), 2 – o trono da glória, e 3 – o seio de Abraão. Na parábola do Rico e Lázaro (Lc 16:20), é usada a terceira dessas expressões, a qual também era a mais comumente usada entre as três.
Para os judeus, a comunidade do AntigoTestamento o termo:Hêq, sulco, dobra, colo, regaço, seio. Possuía uma variedade de idéias abstratas e figurativas.
É usado para enfatizar a intimidade familiar (Dt 28:54). O cuidado atencioso e o desvelo podem ser por ele expresso, como no caso do desvelo da viúva para com seu filho enfermo (I Rs 17:19) e da promessa divina de carregar seu povo junto ao seio (Isa 40:11). Colocar as esposas do rei morto ou deposto no regaço do novo rei representava a autoridade desse monarca (II Sm 12:8, cf. também II Sm 16:20-23), Noemi colocou formalmente o filho de Rute no seu regaço como símbolo de que o menino era seu legítimo herdeiro (e também herdeiro de seu falecido marido) Rt 4:16.1Portanto este termo poderia significar: hospede favorecido do céu.
A idéia de filiação era um importante conceito judaico sobre a salvação.3 Um homem justo ou justificado é um filho de Abraão, que está sendo transformado à imagem do Filho (Rm 8:29, II Co 3:18), alguém que terminará por participar de toda a plenitude de Deus(Ef 3:19) e de sua natureza divina (II Pe 2:4).
Na passagem de João 18:23 nota-se que jazer no seio era o lugar dos convivas mais favorecidos. A expressão “seio de Abraão” do N.T transmite a idéia de consolo, paz e segurança, visto que Abraão, como progenitor da nação judaica, naturalmente preocupava-se com o bem estar de todos os seus descendentes.
CAPÍTULO IV
ESPLICAÇÃO DA PARÁBOLA
Esta parábola é a mais comentada do evangelho de Lucas, devido ser mal interpretada e equivocadamente compreendida por alguns leitores. Muitos têm afirmado que este relato de Cristo não é uma parábola, pelo fato dEle não a ter mencionado como tal. Esta declaração é improcedente, desde que há outras parábolas aceitas como parábolas, sem que Jesus as mencionasse como pertencendo a este gênero literário. Porém, de acordo com o Manuscrito D, que é o Código de Beza, esta parte do evangelho de Lucas se trata de uma parábola.
Há uma seqüência de parábolas mencionadas por Jesus nesta parte de Lucas, a do filho pródigo, o administrador infiel e automaticamente a parábola do rico e Lázaro.
Existe uma suposição de que Jesus queria dizer através desta parábola que os homens bons e maus recebiam suas recompensas após a morte, porém esta alegoria contradiz dois princípios:
1º) Um dos princípios mais relevantes de interpretação segundo já foi visto, é que cada parábola tem um propósito de ensinar uma verdade fundamental.
2º) O sentido de cada parábola deve ser analisado apartir do contexto geral da Bíblia.
Na verdade Jesus nesta parábola não estava tratando do estado do homem na morte, nem do tempo quando se daram as recompensas. 2 Ademais interpretar que esta parábola ensina que os homens recebem sua recompensa imediatamente após a morte, é contradizer claramente o que a Bíblia apresenta por um todo (Mt 16:27, 25:31-40, ICo 15:51-55, Isa 4:16, 17, Ap 22:12), dentre outros textos.
Obviamente nesta parábola Jesus estava fazendo uma clara distinção entre a vida presente e a futura, pretendendo através desta relação mostrar que a salvação do judeu-fariseu, ou de qualquer homem, seria individual e não coletiva, como criam, e isso através da verdadeira consideração a imutável lei de Deus aos profetas (Lc 16:27-31).
A parábola do rico e Lázaro tem o propósito de ensinar que o destino futuro fica determinado pelo modo que o homem aproveita as oportunidades nesta vida.
Em conexão com o contexto da parábola anterior do administrador infiel. “Se, pois, não vos tornardes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?” Lc 16:11.
Sendo assim, compreende-se que os fariseus não administravam suas riquezas de acordo com a vontade divina, e por isso estavam arriscando seu futuro, perdendo a vida eterna.
Portanto fica estabelecido que interpretar esta parábola de forma literal, resultaria em ir contra os próprios princípios encontrados nas escrituras, como comenta Chaij: “Fosse essa história uma narrativa real, enfrentaríamos, o absurdo de ter que admitir ser o ‘seio de Abraão’ o lugar onde os justos desfrutarão o gozo, e que os ímpios podem se ver e falar uns com os outros”.
Na Bíblia não encontramos um lugar de descanso referindo-se como seio de Abraão. Mas segundo o historiador Josefo os judeus do tempo de Jesus criam numa fábula muito semelhante à dada por Cristo. Obviamente não se pode deixar de reconhecer a íntima semelhança entre a fábula judaica e a parábola do rico e Lázaro. Por isso os Judeus do templo de Jesus costumavam chamar o lugar dos justos de seio de Abraão. Uma afirmativa que não é bíblica.
Aplicação
As lições apresentadas nesta parábola são claras e convincentes, porém os justos ou injustos receberam suas recompensas somente no dia da ressurreição (Jo 14:12-15,20 e 21, Sl 6:5, 115:17, Ec 9:3-6 e Isa 38:18).
“A Bíblia não descreve um céu onde os justos são vistos pelos ímpios e nem um inferno de onde os perversos contemplam os justos e com eles mantém conversação”.
Na verdade esta parábola traça um contraste entre o rico que não confiava em Deus e o pobre que nele depositava confiança.2 Os Judeus criam ser a riqueza um sinal das bênçãos de Deus pelo fato de serem descendentes de Abraão, e a pobreza indício, do seu desagrado para com os ímpios.
O problema não estava no fato do homem ser rico, mas sim por ser egoísta. A má administração dos bens concedidos por Deus haviam afastado os fariseus e os Judeus da verdadeira riqueza, que é a vida eterna, esqueceram do segundo objetivo que se encerra na lei de Deus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Mt 22:39.
A Bíblia declara que todos os homens enfrentaram o juízo final, e este é o tempo de assegurar a salvação (Ec 12:14; Isa 1:27; Jr 33:15 e Ap 19:02).
RESUMO E CONCLUSÃO
A Parábola do rico e Lázaro encontrada em Lucas 16:19-31 têm levantado interpretações incorretas sobre o que Jesus estava falando com esta ilustração.
Não se pode deixar de lado o propósito do uso das parábolas, que era em primeiro lugar clarear a mente para ali introduzir uma verdade fundamental, não sendo em si própria uma verdade.
No contexto de Lucas 16 vários grupos de pessoas estavam envolvidas, porém o objetivo desta parábola é direcionado especialmente aos fariseus. Esta seita judaica cria na doutrina da predestinação, imortalidade da alma, assim como também nas recompensas e castigos na vida futura. As almas dos ímpios eram lançadas em prisões, enquanto as dos justos, reviveriam em outros corpos.
Ao estudar as palavras do texto relevantes como seio de Abraão, e Hades, nota-se que a esperança do povo judeu, e não só do grupo de fariseus, depositavam suas esperanças no fato de serem descendentes de Abraão e que por ele ser seu progenitor salvaria toda a sua semente.
Portanto Jesus estava usando as crenças dos fariseus para lhes dar uma mensagem fundamental de quê o destino de cada homem fica determinado pela forma que aproveita as oportunidades nesta vida.
A aplicação mais relevante desta parábola reside na metodologia de Jesus em levar a mensagem do Evangelho. Cristo usou a crença dos fariseus, para lhes ensinar uma verdade fundamental que significa a oportunidade de vida que existe enquanto o homem vive. O que hoje é aparentemente um problema ao se ler a Bíblia, foi a solução para dar a mensagem àqueles homens. Jesus em Lucas 16:19-31, não estava interessado em provar o que era errado e sim o que era certo, pois Ele é a Verdade, Cristo estava mais preocupado em salvar as almas, quebrando paradigmas, conceitos e preconceitos, pois Ele fez tudo para salvar as pessoas. E a mensagem foi dada.portanto uma obra de transformação.
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Estudo elaborado Por:
Esequiel Bussmann, Gilberto Gregório,
João Marcos, Misael dos Reis, Rodrigo Serveli,
Ronaldo Rebouças
Maio de 2002
A Parabóla do Homem Rico e o Mendigo Lázaro
Lucas 16:19-31
LITERALMENTE FALANDO:
Por suas atitudes, quem merece de fato, o Céu? – O Rico ou Lázaro?
Manda a sinceridade que o todo desta parábola seja interpretado literalmente, já que parte assim é feita, para financiar a fugaz doutrina da imortalidade da alma.
“E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos Seus discípulos.” Marcos 4:33 e 34.
Vamos, com a ajuda do Espírito Santo, desvendar a parábola do Rico e Lázaro. Como ponto de partida, descubramos pelo dicionário qual o significado da palavra parábola. Diz o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa que é uma “narração alegórica”. Isto é: Parábola é uma alegoria e, segundo o mesmo dicionário, alegoria é: “Exposição de um pensamento sob forma figurada; ficção que representa um objeto para dar idéia de outro; continuação de metáforas que significam uma coisa nas palavras e outra no sentido.”
A palavra grega traduzida por “parábola” significa: “comparação”, “tipo”, “figura”. Isto é: Uma linguagem em códigos.
Mal comparando, e com a devida anuência do irmão, digo: Uma estória engendrada, um conto, que esconde e acoberta uma verdade importante (Eze. 17:2; 24:3). A parábola, pois, tem o objetivo de transmitir uma verdade; mas ela mesma não é esta verdade. Ouça o testemunho de Jesus e do evangelista Mateus:
“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis mas não compreendereis. E vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido. E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam os seus ouvidos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e Eu os cure.” – Mateus 13: 13-15.
“Tudo isso disse Jesus por parábolas à multidão. E nada lhes falava sem parábolas, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta que disse: Abrirei em parábolas a Minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.” – Mateus 13: 34-35.
Compor parábolas era o método particular que Jesus usava para o ensino. Ao expor através destas ilustrações a verdade que queria apresentar, Ele o fazia por um motivo todo especial; e a respeito, diz-nos Ellen G. White, abalizada escritora:
“Entre as multidões que O rodeavam, havia sacerdotes e rabinos, escribas e anciãos, herodianos e maiorais, amantes do mundo, beatos, ambiciosos que desejavam, antes de tudo, achar alguma acusação contra Ele. Espias seguiam-Lhes os passos, dia a dia, para apanhá-Lo nalguma palavra que Lhe causasse a condenação, e fizesse silenciar para sempre aquele que parecia atrair a Si o mundo todo.
“O Salvador compreendia o caráter desses homens e apresentava a verdade de maneira tal, que nada podiam achar que lhes desse ensejo de levar seu caso perante o Sinédrio. Em parábolas, Ele censurava a hipocrisia e o procedimento ímpio daqueles que ocupavam altas posições. E, em linguagem figurada, vestia a verdade de tão penetrante caráter, que, se as mesmas fossem apresentadas como acusações diretas, não dariam ouvidos às Suas palavras e teriam dado fim rápido ao Seu ministério.” – Paráb. Jesus, pág. 22.
Está claro então que havia um motivo especial para o Mestre falar em parábolas, sobretudo para que se cumprisse também a profecia messiânica que diz: “Abrirei em parábolas a Minha boca...” Salmo 78:2.
Há uma corrente de leitores da Bíblia que afirma com veemência ser a narrativa de Jesus sobre o Rico e Lázaro não uma parábola, e sim uma doutrina real. Ao agirem assim, além de contradizê-la, chocam-se com uma barreira evangélica, formada pelos mais respeitáveis teólogos dos mais variados ramos protestantes, que concordam ser este conto puramente parábolico. Portanto, é preciso ficar sacramentado, sem nenhuma sombra de dúvidas, que a narração é uma parábola: A parábola do Rico e Lázaro.
Por conseguinte, a doutrina da imortalidade da alma e do galardão após a morte, extraída, como fazem, dessa parábola, é acima de tudo inconveniente, pois sabido é, e aceito pelos mais eminentes exegetas, que não se pode firmar doutrina sobre parábolas, pois ela é uma ficção, uma alegoria, uma metáfora.
O Doutor Joseph Angus, teólogo evangélico (da Igreja Batista), em sua obra – História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 181 aconselha-nos judiciosamente a respeito das parábolas. Diz ele:
“Converter delicados pormenores em grandes verdades escriturísticas é obscurecer o grande desígnio do todo. E assim trazemos um significado para a parábola em vez de extrair dela o significado. Isso é um hábito que nos pode levar aos enganos mais sérios.” – Grifos meus.
Particularmente, não acho existir “engano mais sério”, do que esconder-se o verdadeiro sentido parabólico desta estória, para apresentar a doutrina da imortalidade da alma, a doutrina do Céu e inferno, ou seja: O Céu para o bom, e o inferno para o mau, imediatamente após a morte. Ouça, ainda, E.G. White:
“Nesta parábola Cristo se acerca do povo em seu próprio terreno. A doutrina de um estado consciente de existência entre a morte e a ressurreição era mantida por muitos dos que ouviam as palavras de Cristo. O Salvador lhes conhecia as idéias e compôs Sua parábola de modo a inculcar verdades importantes em lugar dessas opiniões pré-concebidas.” – Parábolas de Jesus pág. 263.
Em síntese, prezado irmão, estamos diante de uma estória contada por Jesus, que, se estudarmos diligentemente (cavando fundo), notaremos a beleza da verdade que o Salvador queria ensinar. Antes de começarmos a estudar a parábola, deixe-me dizer-lhe o que falou um eminente teólogo:
“É regra aceita em teologia que as doutrinas não devem ser baseadas sobre parábolas.” – F.D. Nichol, Answers to Objections, nota ao pé, pág. 567 – citado em Subtilezas do Erro.
Pois bem, façamos de conta que estes teólogos, pesquisadores e escritores estejam errados, e chegamos à incongruência de considerar essa parábola literalmente, como a aceitam muitos sinceros cristãos. Então vamos considerá-la assim, toda literalmente, certo? Coloquemos, portanto, em pauta, o Rico da parábola.
• Nem a Bíblia nem Jesus disseram que o rico era mau. Dizem apenas que era rico. E ser Rico não é característica do desagrado de Deus; pelo contrário, a riqueza do cristão é sinal de bênçãos do Céu.
• Abraão foi chamado “amigo de Deus” e os cristãos sabem do cuidado do Senhor sobre ele e sua família, e, no entanto, lemos em Gênesis 13:2: “Era Abraão muito rico em gado, em prata e em ouro.”
• Jó, o habitante da terra de Uz, homem sincero, reto e temente a Deus, foi tam-bém amado por Ele e lemos em seu livro, capítulo 1 versículos de 1 a 3: “...e era o seu gado 7.000 ovelhas, 3.000 camelos e 500 juntas de bois e 500 jumentas, era também muitíssima a gente a seu serviço, de maneira que este homem era maior que todos os do Oriente”. Aí está o homem mais rico do Oriente e também um grande amigo de Deus, e por Ele lembrado e amado.
• Salomão, José de Arimatéia, Nicodemos, este, afirmam, era tão rico, que sua fortuna daria para sustentar a nação judaica por 10 anos, e no entanto não foi repelido por Jesus; pelo contrário, o Mestre amou-o profundamente.
Então, caro irmão, depreendemos daí que não é nenhum pecado ser rico. E a Bíblia informa simplesmente, nesta parábola: “Havia um homem rico... e ele morreu...” (Luc. 16:22). E isso não é, nunca foi, jamais será pecado tão grave que o possa lançar ao inferno. Vê, se formos tratar esta parábola literalmente, pergunto: O que é errado? O que fez o Rico para se perder e ser lançado no inferno?
Não esqueça, Jesus apresentou simplesmente um homem Rico. Não disse que ele era transgressor da Lei de Deus, nem mau, nem avarento. Nem que tenha adquirido sua riqueza com fraude, injustiça ou roubo. Apenas um homem rico. Coloquemos em pauta, agora, o mendigo Lázaro.
• Nem a Bíblia, nem Jesus, mencionam que ele tenha sido um crente bom e fiel, e muito menos cumpridor da Lei de Deus. Diz, simplesmente: Era um mendigo.
• Ouça irmão, e não se escandalize: Mendicância é prova do desfavor de Deus (perdão Senhor!). Não precisa desencostar-se da cadeira, nem engolir seco, estamos considerando literalmente a parábola, e é isso o que diz a Bíblia, e aqui está Davi para provar; diz ele: “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência mendigar o pão.” Sal. 37:25.
(Por conseguinte, literalmente falando, o nosso bom mendigo parabólico, coitado, não era justo, muito menos descendente de algum justo. Ademais, a Bíblia silencia quanto ao fato de que pelo menos ele tenha feito algo de bom, para merecer o Céu).
Por isso, irmão, aceitar essa parábola literalmente, como se quer admitir, forçoso será crer que o mendigo foi salvo pelos “méritos da pobreza”, o que contraria frontalmente o plano de salvação, pois é notório que o homem só será salvo mediante sua fé na aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador.
A Bíblia não ensina, em nenhum lugar, que por ser pobre ou ter sofrido muitas agruras, padecido muitas dores, alguém ganhe por isso o Céu por recompensa. Tal não é bíblico! O que as Escrituras mencionam a respeito é que os pobres sempre teremos conosco (Mat. 26:11), e que temos o dever de ampará-los, mas também eles deverão fazer sua decisão ao lado de Cristo, se é que desejam habitar o Céu um dia. (Sabe, eu já fui tão pobre, meu pai morreu deixando minha mãezinha com 4 filhos. Minha irmã era a mais velha e contava 10 anos. Morei em morro e favela. Carrego com orgulho uma marca de fome em meu braço esquerdo. Com ela irei para o Céu, mas... só porque eu também fiz minha decisão por Cristo.)
Literalmente falando, a benemerência deste Rico parabólico assumiu proporções maiores, porque Lázaro não era um mendigo somente, era um farrapo de gente, com o corpo todo carcomido por uma doença terrível, possivelmente a lepra.
Sabe você como era que um leproso deveria andar quando não estava enclausurado? Sua obrigação, por Lei, era passar ao largo e gritar: “Sou leproso”, “estou imundo”, “afastem-se”. (Lev. 13:44-46). Isto quando não eram apedrejados. Coitados! Pobres criaturas!
Agora meu irmão, imagine o seguinte:
– Você acorda de manhã, e junto com seus filhos se prepara para sair, quando, ao abrir o portão, depara com esse pobre “trapo” de gente, caindo aos pedaços, e os seus cães lambendo aquelas feridas em carne viva, devorada pela lepra. Diga sinceramente, qual seria sua reação? Daria a ele comida, mesmo sendo migalhas (migalhas de rico é fartura) de sua mesa ou chamaria a Polícia ou a Saúde Pública?
– Sim, qual seria sua atitude ao encontrar, na porta de sua casa um leproso, em avançado grau de enfermidade?
Sua reação, meu amado, é uma incógnita, mas a do Rico da parábola, não. Permitiu-lhe comer migalhas e não o expulsou de sua porta; e, do relato, imaginamos haver durado dias essa beneficência. Portanto, esse Rico parabólico não é um homem mau, mas bom, de coração inclinado a apiedar-se dos desvalidos da sorte, não acha?
Agora lhe pergunto sinceramente: Considerando as virtudes de ambos, (certamente baseando-se no literal, que é o que estamos fazendo com toda a parábola), quem merece o Céu? Sim, argumentando literalmente, se Lázaro por ser mendigo foi para o Céu, o Rico não pode deixar de ir também, porque não é pecado ser rico, e, esse da parábola, demonstrou genuína humanidade, não expulsou o mendigo de sua porta, não chamou a Polícia nem a Saúde Pública, e ainda permitiu-lhe alimentar-se do pão de sua mesa.
Isto bastaria para derrubar a tese de que essa parábola tem que ser aceita literalmente para fundamentar a doutrina da imortalidade da alma e do galardão imediato após a morte; mas, não paremos aqui.
Continuemos considerando-a literalmente, e segure-se firme, para que a terra não fuja de debaixo dos seus pés, porque diz o relato fictício que Lázaro morreu, e foi para o “seio de Abraão”. Lucas 16:23.
Então, ensina esta parábola, se tomada ao pé da letra (literalmente), que o homem, sendo pobre, mendigo, desvalido, ao morrer, tem como prêmio, ou recompensa, o Céu (seio de Abraão). Então, façamos as seguintes perguntas:
• Você não acha que o seio de Abraão seja muito pequeno, porque no máximo este patriarca devia ter de altura, 2,30 m?
• E os pobres e mendigos que morreram antes de Abraão, para que seio foram?
• Caberá no seio de Abraão todos os pobres do mundo quando morrerem, pois é sabido que a maior parte da população mundial, que já se aproxima dos 5 bilhões, são pobres?
• Bem, se apenas por ser mendigo alguém tem direito ao Céu, o crente então jamais poderá ficar fora dele, e que seio é esse para caber tanta gente? Abel, que viveu antes de Abraão, para que seio foi?
• Agora, pasme o irmão. Para onde fugir, diante desta pergunta: E Abraão, chamado o amigo de Deus, homem justo e bom, o pai da fé, morreu, e para onde foi? Para o seu próprio seio?
Percebeu?
Como se pode notar, uma parábola jamais poderá ser interpretada literalmente, porque, se assim for, teremos de admitir que Abraão tem um seio descomunal para acolher tanta gente. Os que aceitam essa parábola literalmente, terão de crer nesse absurdo, ou então aceitá-la no que lhes satisfaz, o que é uma grande desonestidade para com a Palavra de Deus.
Pois bem, continuemos considerando a parábola literalmente, e como tal, em seguida, temos na narrativa de Jesus que admitir seja a fronteira entre o Céu e o inferno tão próxima uma da outra que permite conversação, diálogo entre as pessoas que gozam as delícias do paraíso com as do suplício eterno.
Se a parábola ensina assim (como querem os imortalistas), que os eleitos de Deus personificados pelo mendigo conversam com os ímpios no inferno, personificados pelo Rico; imaginemos por exemplo, que você, irmão, esteja no Céu, gozando a bem-aventurança, contemplando a face gloriosa do Salvador, usufruindo da calmaria celestial, passeando por entre aquele belo jardim, sentindo o frescor e perfume das flores, quando, de repente, você ouve gemidos, e estes aumentam gradativamente. Então, você contempla seu parente no inferno, o fogo inclemente devorando-o; dores, gritos horripilantes, tormento indizível. Medite: Como você se sentiria no Céu, vendo do lado de lá, ali bem pertinho, um seu querido neste estado? Afinal, o Céu e o inferno estão separados por uma “parede-de-meia”? Ora irmão, é inadimissível; é insuportável crer numa coisa dessa! Mas é o que se terá de admitir ao aceitar que esta parábola foi um conto real, uma doutrina de Jesus.
Não terminemos aqui! Ainda deve nos impressionar o fato de que, ao se basear nessa parábola para afirmar que a alma é imortal, e se, de crente, vai para o Céu após a morte, volto a perguntar: Que almas eram essas? Sabe por quê?
• Tinham dedos (Luc. 16:24).
• Tinham línguas (Luc. 16:24).
• Tinham olhos (Luc. 16:23).
• Tinham sede (Luc. 16:24).
• Falavam e ouviam (Luc. 16:27-31).
Ora, se essas almas tinham dedos, é lógico que deveriam ter braços. Se tinham línguas, forçoso é crer que tinham boca, se possuíam olhos, era preciso terem rostos.
– Meu irmão, um rosto precisa de um pescoço, o pescoço precisa de um tronco, um tronco precisa de membros, braços, pernas, pés, etc. E, se falavam e ouviam, certamente tinham sentimento, e esse era traduzido pela sede, e tudo isso porque o cérebro funcionava.
Então, por favor, que “almas” eram essas que têm um corpo completo, com cabeça, tronco e membros? Ou não eram almas? E agora amado, para onde ir?
Bem, ainda assim, os que preconceituosamente crêem na imortalidade inerente da alma, e do galardão imediato após a morte, asseveram que essa parábola é uma doutrina porque as “almas” estavam conscientes através do diálogo que mantiveram. Mas, desculpe-me, isto é um equívoco, porque o diálogo havido não foi entre as “almas” que se imaginam, pois segundo a narrativa os personagens eram pessoas reais com corpo e tudo.
Quer ver algo mais estranho e inquietante? Releia a parábola e considere também que nela não aparecem o Senhor Jesus, nem Deus, nem anjos. Ora, que Céu é esse que não se encontra o Criador? Nem o Seu trono? Despido de toda a beleza de que é provido!!
Finalizando, para os que aceitam essa parábola literalmente e sobre ela fundamentam a doutrina mencionada, não poderão, então, fugir da aceitação de outras parábolas similares relatadas pela mesma Bíblia, no campo literal.
Há, por exemplo, no livro de Juízes 9:7-15, a parábola de Jotão. Lemos ali que as árvores falavam, e que levantaram reis sobre elas, certamente outras árvores. Você crê que as árvores falavam? Eram conscientes? Certamente que não. Temos absoluta certeza. Mas é uma parábola. Então, aceita-se uma e outra não? Como é isso?
Observe esta outra parábola bíblica:
II Reis 14:9
“Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que está no Líbano enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua filha por mulher ao meu filho; mas os animais do campo que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo.”
Então, que lhe parece? Cardo e cedro são árvores. Árvores de lei e estão falando. E que casamento de filhos de árvores é esse? Querido irmão, são parábolas, e parábolas são metáforas, ficção, estória, não podem ser entendidas literalmente. Jamais.
Tudo aí é figurado. É uma ilustração. Nada mais que dois reis: O de Judá (Amazias), e o de Israel (Jeoás); são personificados pelas árvores. Jeoás compôs a parábola para Amazias. Este não a atendeu (II Reis 14:11), e por isso, o povo do “cardo” (Amazias) foi ferido pelos “animais do campo” (exército do “cedro” – Jeoás).
Na parábola da ovelha perdida, a ovelha é um animal, mas representa o pecador (Lucas 15). Não há o que negar, parábola é um ilustrativo para extrair-se uma verdade. Na parábola do semeador, a semente é o evangelho. A vinha do Senhor é a casa de Israel. Isaías 5:1-7.
Nenhuma das quarenta e quatro parábolas proferidas por Jesus podem ser aceitas literalmente, porque parábola é uma ilustração para clarear o ensino.
Chegamos então à conclusão de que é um equívoco considerar parábolas pelo lado literal e aplicá-las para sedimentar doutrina bíblica. Fica, por conseguinte, claro, que Jesus não ensinou o que se prega hoje em dia, baseando-se nesta parábola.
Finalmente, afirmo, essa parábola não foi mencionada por Jesus como uma doutrina. Digo-lhe no Senhor. A única coisa de escatológica e doutrinária, em toda a narração, só é o verso 31, que é o final da estória e que trata da ressurreição, nada mais.
O que, afinal, desejava ensinar o Senhor? É o assunto que estudaremos a seguir, com toda a sinceridade de uma meiga criança.
Fizemos o estudo literal dessa parábola, apenas para demonstrar a que absurdos chegaríamos caso a aceitássemos como uma doutrina e não uma estória, ficção, como realmente é, uma vez que ela tem sido usada literalmente para abonar a doutrina da imortalidade da alma.
O Rico da parábola era uma “símile” dos judeus, a quem Deus fez os depositários dos oráculos divinos. Deveriam por isso ser a luz das nações. Os reis da terra deveriam caminhar vendo a glória de Deus sobre eles. Isaías 60:3.
O mendigo parabólico também era uma “símile” (analogia – semelhança) dos gentios, que eram, coitados, considerados como cães, imundos e indignos do favor do Céu, pelos judeus.
Destacamos ainda, da lavra desta célebre escritora evangélica, Ellen G. White, este outro pensamento:
“O Senhor fizera dos judeus depositários da verdade sagrada. Nomeou-os mordomos de Sua graça. Deu-lhes todas as vantagens temporais e espirituais, encarregou-os de partilhar estas bênçãos. Uma instrução especial fora-lhes dada concernente ao tratamento de irmãos empobrecidos, dos estrangeiros dentro de suas portas e dos pobres entre estes. Não deveriam procurar ganhar tudo para o proveito próprio, antes deveriam lembrar-se dos necessitados e repartir com eles. E Deus prometeu abençoá-los de acordo com as obras de amor e misericórdia. Como o rico, porém, não estendiam a mão auxiliadora para aliviar as necessidades temporais e espirituais da humanidade sofredora. (Permitia-lhe comer das migalhas. Mas ele poderia fazer muito por ele e não o fez). Cheios de orgulho, consideravam-se o povo escolhido e favorecido de Deus; contudo não serviam nem adoravam a Deus. Depositavam confiança na circunstância de serem filhos de Abraão. ‘Somos descendência de Abraão’ (João 8:33), diziam, com altivez. Ao chegar a crise, foi revelado que se tinham divorciado de Deus, e confiado em Abraão como se fosse Deus.” – Parábolas de Jesus, págs. 267/268, grifos meus.
Assim que, foram os judeus comparados ao homem Rico da parábola, porque tinham as riquezas do evangelho; no entanto, não cumpriram a vontade de Deus a seu respeito, que era de ser a luz dos gentios. No campo religioso, os pobres gentios pegavam mesmo, apenas as migalhas.
No pátio do Templo de Jerusalém havia uma linha demarcatória que, se os gentios dali passassem, eram mortos no ato, isso porque eram considerados indígnos de cultuar a Jeová neste santuário. (Leia-a à página 379).
Entretanto, encontramos nas Escrituras belos exemplos de verdadeira fé entre os gentios, como é o caso do centurião romano de Cafarnaum pedindo a Jesus que curasse seu criado, conforme se lê em Mateus 8:5-13. Nesta experiência o centurião expressou exatamente o que os judeus pensavam dos gentios:
“No sou digno de que entreis em minha casa...” (verso 8).
No entanto, o centurião demonstrou grande fé quando disse: “Diga somente uma palavra e meu criado sarará...” (verso 8). Jesus curou o servo daquele gentio e publicamente elogiou sua fé com estas palavras: “...Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé...” (verso 10), assegurando que muitos gentios assentar-se-ão à mesa com Abraão (Veja Gálatas 3:27-29; Romanos 10:12). Anote agora, este outro belo exemplo de sublime e sincera fé:
“E, partindo Jesus dali, foi para as bandas de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou dizendo: Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoniada. Mas Ele não lhe respondeu palavra. E os discípulos, chegando ao pé dEle, rogaram-lhe dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E Ele respondendo disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela e adorou-O dizendo: Senhor, socorre-me. Ele porém, respondendo disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé: Seja isto feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.” – Mateus 15: 21-28.
Jesus não possuia o preconceito dos judeus com relação aos gentios. Ele apenas procedeu assim para que fosse revelada, publicamente, a fé daquela mulher gentílica, naquEle que veio para o Seu próprio povo, e este não O aceitou.
Aqui estão, amados, dois exemplos de grande fé, revelada por aqueles que eram literalmente considerados como “cães”, indígnos dos favores e bênçãos divinos, por serem gentios. No entanto, mereceu do Mestre elogios tais, por uma fé que não havia encontrado em Seu próprio povo.
Por favor, observe a preferência de Jesus pelos FILHOS. Quem são eles?
Mateus 10:5-6
“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
Eram, portanto, os filhos, a casa de Israel, nação judaica, aquele povo tão amado por Deus, nação diferenciada entre todas com bênçãos inefáveis; e agora, para sedimentar, provar o cuidado, amor, preferência de Deus por ela, o próprio Jesus vem, e envia discípulos a lhes pregar as boas-novas do Reino.
Por conseguinte, queria Jesus ensinar, na parábola do Rico e Lázaro, que os judeus (Rico) banqueteavam-se na mesa da verdade, enquanto os gentios (Lázaro), coitados, eram os cachorrinhos que procuravam a todo custo apanhar migalhas do evangelho. E parabéns para eles, passaram das migalhas para as gemas puras e cristalinas do santo evangelho do Senhor.
Os ricos vestiam-se de linho branco. O branco significa paz, pureza, e era isso que Deus lhes desejava, caso ouvissem, e fossem fiéis ao legado divino. Os gentios eram o Lázaro tão repelente quanto o leproso. Eram os leprosos espirituais. Não tinham direito, como pensavam os judeus, às bênçãos e favores de Deus. Mas, irmão, a mesa da verdade, da qual se orgulhavam os judeus, tornou-se em laço para eles.
Romanos 11:9
“E Davi diz: Torne-se-lhes sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por sua retribuição.”
E, na verdade, esse foi o quinhão de um povo recalcitrante, endurecido por tanta desobediência e rebelião. Embora representassem a preferência nacional de Deus, os judeus rejeitaram e mataram o Senhor do evangelho, por isso foram “quebrados” e outros “galhos” foram “enxertados” na Oliveira – nós, os gentios – representados na parábola, por Lázaro, o mendigo. Romanos 11:17-21.
A maior prova de que o Rico (nação judaica) recebeu “seus bens em sua vida”, como informa a parábola, foi o fato de ter sido chamada para ser o sacerdócio real de Deus na Terra, nação santa, peculiar. Sobre ela dispensou o Senhor, por séculos, bênçãos sem medidas, deu-lhes uma terra onde mana leite e mel e por fim deu-lhes o próprio Messias. E qual foi a reação do Rico (judeus)?: “...Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam...” João 1:11.
Os judeus, portanto, rejeitaram o Messias (o Rico morre). Esta rejeição consolidou-se com o apedrejamento de Estêvão, o primeiro mártir (Atos 7:54-60), quando então os filhinhos ou o Rico da parábola, perderam definitivamente a preferência divina, bem como o direito à salvação como um povo, embora individualmente tenham direito a ela.
Após o apedrejamento de Estêvão, ocorreu uma grande perseguição aos cristãos (Atos 8:1). Esta perseguição, conquanto não pareça, constituiu-se em uma milagrosa operação celestial, pois o evangelho foi anunciado poderosamente aos gentios (Lázaro), para que eles também participassem do banquete da salvação. Agora, não comeriam mais migalhas da mesa de seu Senhor, mas fariam parte inconteste da mesa da verdade. Veja que maravilhoso:
“Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se pregasse primeiro a Palavra de Deus; mas visto como a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios; porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te puz para luz dos gentios, para que sejas de salvação até os confins da Terra. E os gentios ouvindo isso, alegraram-se, e glorificavam a Palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. E a Palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província.” Atos 13: 46-49.
“Ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia, que também os gentios tinham recebido a Palavra de Deus.” Atos 11:1.
Perceba o quadro atual:
O RICO EM TORMENTO
(judeus)
Perderam a hegemonia nacional, conforme a Parábola. Perderam o privilégio de ser o povo escolhido de Deus (Deut. 7:6). Perderam o majetoso templo, a nação, e dispersos foram por todo o mundo. Muito embora Deus os ame a todos, e, individualmente tenham direito à salvação, desde que aceitem a Jesus Cristo como Salvador pessoal.
LÁZARO CONSOLADO
no seio de Abraão
(gentios)
Possuem a verdade, exercem fé, crêem, vivem e pregam o evangelho, esperam a volta de Jesus e transformaram-se na geração eleita de Deus, ouça: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquEle que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tinheis alcançado misericórdia, mas agora alcan-çastes misericórdia.” I. Pedro 2:9-10.
ABRAÃO
Entrou nessa parábola, porque é considerado o pai da fé, segundo a Bíblia. E todos os que se salvarem, o serão pela fé em Cristo, e nunca por obras ou méritos próprios; e serão chamados filhos de Abraão pela fé. Gálatas 3: 9.
O SEIO DE ABRAÃO
Quer dizer, simplesmente: Privilégios e favores. Ó gentios! Como Deus nos ama!
Para finalizar, tenhamos em mente este pensamento:
“Na parábola do Rico e Lázaro, Cristo mostra que nesta vida os homens decidem seu destino eterno. Durante o tempo da Graça de Deus, esta é oferecida a toda alma. Mas, se os homens desperdiçam as oportunidades na satisfação própria, segregam-se da vida eterna. Não lhes será concedida nova oportunidade. Por sua própria escolha cavaram entre eles e Deus um abismo intransponível.” – Paráb. de Jesus, pág. 260. E.G. White. Grifos meus.
Meus queridos irmãos, está claro que, nesta parábola, Jesus continua apresentando a lição iniciada com a parábola do mordomo infiel de Lucas 16:1-12, e a tônica de Seu ensino é que o “destino eterno” de uma pessoa é determinado pelo uso que ela faz das oportunidades que se apresentam HOJE.
Assim, pois, sem sombras de dúvidas, a parábola do Rico e Lázaro foi apresentada por Jesus para esclarecer definitivamente que o destino do homem – rico ou pobre é decidido aqui nesta vida, “pelo uso feito dos privilégios e oportunidades” conferidos por Deus.
Leia, como complemento: Mateus 16:27; 25:31-41. I Coríntios 15:51-55. I Tessalonicenses 4:16-17. Apocalipse 22:12, etc.
Tenho ânsias de explodir em brados de aleluias ao Senhor, pois que Ele é bom, e nos dá sabedoria para andarmos na luz. – Aleluia! Glória a Deus!
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