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É possível uma filosofia cristã?

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19052010

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É possível uma filosofia cristã? Empty É possível uma filosofia cristã?




http://estadonoetico.blogspot.com/2010/04/filosofia-crista-as-razoes-da-fe.html

http://filosofiareformacional.blogspot.com/2010/03/conselho-aos-filosofos-cristaos-alvin.html

A palavra Filosofia vem do grego: FILOS e SOFIA. FILOS é um derivado do verbo FILEIN, que significa AMAR. SOFIA quer dizer SABEDORIA. Por tanto, a Filosofia quer dizer “Amor a Sabedoria”. Na antiguidade grega se chamava filósofo a todo aquele que tinha ou inclinação ou tendência aos conhecimentos mais profundos acerca da natureza, o homem e Deus.

O objetivo da filosofia é estudar toda a realidade, tudo quanto existe ou pode existir. Enquanto algumas ciências se ocupam de terrenos limitados, se referem com exclusividade a certos grupos de seres. Devido a isto, são chamadas ciências particulares. A filosofia estuda todas as coisas, toda a realidade, todo ente(ente é tudo o que existe ou pode chegar a existir), tanto o material como o espiritual, o orgânico como o inorgânico, os seres naturais ou os seres criados pela homem (artefatos, cultura, etc.). A diferença das ciências particulares, que estudam as explicações imediatas ou causas diretas das coisas, a filosofia só se interessa pelas causas supremas ou explicações últimas e definitivas da realidade.

A maioria dos cristãos pensam que a filosofia é só pensamento secular e que, por conseguinte, não pode existir uma filosofia cristã pois isso implicaria em uma contradição, já que o secular não é cristão. Esta asseveração nos leva, por lógica, a conclusão que toda filosofia é contrária à bíblia, estabelecendo deste modo uma condição de luta entre filosofia e a bíblia. Porém, é de fato a filosofia contrária ao que a bíblia nos ensina acerca da natureza da realidade e das coisas? Antes de entrarmos mais neste assunto, creio que seria útil darmos uma olhada em Colossenses 2.8 : “ cuidado que ninguém vos engane por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo as tradições dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo a Cristo”. Em outra versão lemos:” Tenham cuidado; não se deixem levar por quem vos querem enganar com teorias e argumentos falsos, pois eles não se apóiam em Cristo, mas sim nas tradições dos homens e em poderes que dominam este mundo”.

Também podemos traduzir esta passagem da seguinte maneira: “tomem cuidado para vocês não se tornarem cativos por uma filosofia vã e enganosa, que depende da tradição humana e dos princípios elementares deste mundo em vez de Cristo”.

Observamos em primeiro lugar o que a bíblia diz:” Não sejam cativos por uma filosofia vã”, mas sim sejam cativos por Cristo”(leia 2 Co 10.5). É claro que quando fala de filosofia vã está falando de uma filosofia que não tem substância, que não oferece consistência, uma filosofia que não pode resistir a nenhuma classe de exame sem ficar exposta. Em segundo lugar, encontramos “filosofias vãs... que depende da tradição humana e dos princípios elementares deste mundo em vez de Cristo. Isto deixa claro que Paulo não era contra a toda filosofia, mas sim aquela que segue a tradição humana em vez da de Cristo. De modo que é possível sim falarmos de uma filosofia cristã.
Quando falamos de uma filosofia cristã estamos nos referindo a uma atividade intelectual na qual uma pessoa cristã está disposta a pensar descritivamente acerca da realidade e suas causas supremas em dependência da revelação divina.

A filosofia cristã rechaça as respostas falsas e declara que a única filosofia válida é aquela que está de acordo com Cristo. Enquanto a filosofia humana exclui a Deus e a sua revelação, e põe o homem como o juiz supremo. A filosofia cristã coloca Deus e sua revelação como o fundamento de toda a atividade filosófica e critério supremo de toda a verdade. Como podemos ver, a diferença básica entre filosofia humana e cristã é seu fundamento. Uma fomenta a independência de Deus e a outra, a dependência Dele.

É POSSÍVEL UMA FILOSOFIA CRISTÃ?


Última edição por Ronaldo em Qua maio 19, 2010 10:09 pm, editado 1 vez(es)
Eduardo
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É possível uma filosofia cristã? :: Comentários

Eduardo

Mensagem Qua maio 19, 2010 9:35 pm por Eduardo

As Características Filosóficas do Cristianismo


Não há propriamente uma história da filosofia cristã, assim como há uma história da filosofia grega ou da filosofia moderna, pois no pensamento cristão, o máximo valor, o interesse central, não é a filosofia, e sim a religião. Entretanto, se o cristianismo não se apresenta, de fato, como uma filosofia, uma doutrina, mas como uma religião, uma sabedoria, pressupõe uma específica concepção do mundo e da vida, pressupõe uma precisa solução do problema filosófico. É o teísmo e o cristianismo. O cristianismo fornece ainda uma - imprescindível - integração à filosofia, no tocante à solução do problema do mal, mediante os dogmas do pecado original e da redenção pela cruz. E, enfim, além de uma justificação histórica e doutrinal da revelação judaico-cristã em geral, o cristianismo implica uma determinação, elucidação, sistematização racional do próprio conteúdo sobrenatural da Revelação, mediante uma disciplina específica, que será a teologia dogmática.
Pelo que diz respeito ao teísmo , salientamos que o cristianismo o deve, historicamente, a Israel. Mas entre os hebreus o teísmo não tem uma justificação, uma demonstração racional, como, por exemplo, em Aristóteles, de sorte que, em definitivo, o pensamento cristão tomará na grande tradição especulativa grega esta justificação e a filosofia em geral. Isto se realizará graças especialmente à Escolástica e, sobretudo, a Tomás de Aquino. Pelo que diz respeito à solução do problema do mal, solução que constitui a integração filosófica proporcionada pelo cristianismo ao pensamento antigo - que sentiu profundamente, dramaticamente, este problema sem o poder solucionar - frisamos que essa representa a grande originalidade teórica e prática, filosófica e moral, do cristianismo. Soluciona este o problema do mal precisamente mediante os dogmas fundamentais do pecado original e da redenção da cruz. Finalmente, a justificação da Revelação em geral, e a determinação, dilucidação, sistematização racional do conteúdo da mesma, têm uma importância indireta com respeito à filosofia, porquanto implicam sempre numa intervenção da razão. Foi esta, especialmente, a obra da Patrística e, sobretudo, de Agostinho.





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Esta parte, dedicada à história do pensamento cristão, será, portanto, dividida do seguinte modo: o Cristianismo, isto é, o pensamento do Novo Testamento, enquanto soluciona o problema filosófico do mal; a Patrística, a saber, o pensamento cristão desde o II ao VIII século, a que é devida particularmente a construção da teologia, da dogmática católica; a Escolástica, a saber, o pensamento cristão desde o século IX até o século XV, criadora da filosofia cristã verdadeira e própria.
Características Gerais do Pensamento Cristão


Foi conquistada a cidade que conquistou o universo. Assim definiu São Jerônimo o momento que marcaria a virada de uma época. Era a invasão de Roma pelos germanos e a queda do Império Romano.
A avalancha dos bárbaros arrasou também grande parte das conquistas culturais do mundo antigo.
A Idade Média inicia-se com a desorganização da vida política, econômica e social do Ocidente, agora transformado num mosaico de reinos bárbaros. Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. O cristianismo propaga-se por diversos povos. A diminuição da atividade cultural transforma o homem comum num ser dominado por crenças e superstições.
O período medieval não foi, porém, a "Idade das Trevas", como se acreditava. A filosofia clássica sobrevive, confinada nos mosteiros religiosos. O aristotelismo dissemina-se pelo Oriente bizantino, fazendo florescer os estudos filosóficos e as realizações científicas. No Ocidente, fundam-se as primeiras universidades, ocorre a fusão de elementos culturais greco-romanos, cristãos e germânicos, e as obras de Aristóteles são traduzidas para o latim.
Sob a influência da Igreja, as especulações se concentram em questões filosófico-teológicas, tentando conciliar a fé e a razão. E é nesse esforço que Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino trazem à luz reflexões fundamentais para a história do pensamento cristão.
A Filosofia Medieval e o Cristianismo


Ao longo do século V d.C., o Império Romano do Ocidente sofreu ataques constantes dos povos bárbaros. Do confronto desses povos invasores com a civilização romana decadente desenvolveu-se uma nova estruturação européia de vida social, política e econômica, que corresponde ao período medieval.
Em meio ao esfacelamento do Império Romano, decorrente, em grande parte, das invasões germânicas, a Igreja católica conseguiu manter-se como instituição social mais organizada. Ela consolidou sua estrutura religiosa e difundiu o cristianismo entre os povos bárbaros, preservando muitos elementos da cultura pagã greco-romana.
Apoiada em sua crescente influência religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel político na sociedade medieval. Desempenhou, por exemplo, a função de órgão supranacional, conciliador das elites dominantes, contornando os problemas da fragmentação política e das rivalidades internas da nobreza feudal. Conquistou, também, vasta riqueza material: tornou-se dona de aproximadamente um terço das áreas cultiváveis da Europa ocidental, numa época em que a terra era a principal base de riqueza. Assim, pôde estender seu manto de poder "universalista" sobre diferentes regiões européias.
Conflitos e Conciliação entre a Fé e Saber


No plano cultural, a Igreja exerceu amplo domínio, trançando um quadro intelectual em que a fé cristã era o pressuposto fundamental de toda sabedoria humana.
Em que consistia essa fé?
Consistia na crença irrestrita ou na adesão incondicional às verdades reveladas por Deus aos homens. Verdades expressas nas Sagradas Escrituras (Bíblia) e devidamente interpretadas segundo a autoridade da Igreja.
"A Bíblia era tão preciosa que recebia as mais ricas encadernações" .
De acordo com a doutrina católica, a fé representava a fonte mais elevada das verdades reveladas - especialmente aquelas verdades essenciais ao homem e que dizem respeito à sua salvação. Neste sentido, afirmava Santo Ambrósio (340-397, aproximadamente): Toda verdade, dita por quem quer que seja, é do Espírito Santo .
Assim, toda investigação filosófica ou científica não poderia, de modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica. Segundo essa orientação, os filósofos não precisavam se dedicar à busca da verdade, pois ela já havia sido revelada por Deus aos homens. Restava-lhes, apenas, demonstrar racionalmente as verdades da fé.
Não foram poucos, porém, aqueles que dispensaram até mesmo essa comprovação racional da fé. Eram os religiosos que desprezavam a filosofia grega, sobretudo porque viam nessa forma pagã de pensamento uma porta aberta para o pecado, a dúvida, o descaminho e a heresia (doutrina contrária ao estabelecido pela Igreja, em termos de fé).
Por outro lado, surgiram pensadores cristãos que defendiam o conhecimento da filosofia grega, na medida em que sentiam a possibilidade de utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo. Conciliado com a fé cristã, o estudo da filosofia grega permitiria à Igreja enfrentar os descrentes e demolir os hereges com as armas racionais da argumentação lógica. O objetivo era convencer os descrentes, tento quanto possível, pela razão, para depois fazê-los aceitar a imensidão dos mistérios divinos, somente acessíveis à fé.
Entre os grandes nomes da filosofia católica medieval destacam-se Agostinho e Tomás de Aquino. Eles foram os responsáveis pelo resgate cristão das filosofias de Platão e de Aristóteles, respectivamente.
"Tomai cuidado para que ninguém vos escravize por vãs e enganadoras especulações da "filosofia", segundo a tradição dos homens, segundo os elementos do mundo, e não segundo Cristo." (São Paulo).
Patrística


"A fé em busca de argumentos racionais a partir de uma matriz platônica"
Desde que surgiu o cristianismo, tornou-se necessário explicar seus ensinamentos às autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo com o estabelecimento e a consolidação da doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Eles tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de conquista espiritual.
Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se empenharam na elaboração de inúmeros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como patrística por terem sido escritos principalmente pelos grandes Padres da Igreja.
Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia greco-romana, tentou munir a fé de argumentos racionais. Esse projeto de conciliação entre o cristianismo e o pensamento pagão teve como principal expoente o Padre Agostinho.
"Compreender para crer, crer para compreender". (Santo Agostinho)
Escolástica


"Os caminhos de inspiração aristotélica levam até Deus".
No século VIII, Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a Ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a renascença carolíngia.
Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias: gramática, retórica e dialética (o trivium ) e geometria, aritmética, astronomia e música (o quadrivium ). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à teologia.
A fundação dessas escolas e das primeiras universidades do século XI fez surgir uma produção filosófico-teológica denominada escolástica (de escola).
A partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras de Aristóteles, descobertas até então, e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego.
A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, como problema básico de especulação filosófica. Nesse sentido, o período escolástico pode ser dividido em três fases:
Primeira fase - (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança na perfeita harmonia entre fé e razão.
Segunda fase - (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras de Tomás de Aquino. Nesta fase, considera-se que a harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida.
Terceira fase - (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, caracterizada pela afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão.
A Questão dos Universais:


O que há entre as palavras e as coisas


O método escolástico de investigação, segundo o historiador francês Jacques Le Goff, privilegiava o estudo da linguagem (o trivium ) para depois passar para o exame das coisas (o quadrivium ). Desse modo surgiu a seguinte pergunta: qual a relação entre as palavras e as coisas?
Rosa, por exemplo, é o nome de uma flor. Quando a flor morre, a palavra rosa continua existindo. Nesse caso, a palavra fala de uma coisa inexistente, de uma idéia geral. Mas como isso acontece? O grande inspirador da questão foi o inspirador neoplatônico Porfírio, em sua obra Isagoge : "Não tentarei enunciar se os gêneros e as espécies existem por si mesmos ou na pura inteligência, nem, no caso de subsistirem, se são corpóreos ou incorpóreos, nem se existem separados dos objetos sensíveis ou nestes objetos, formando parte dos mesmos".
Esse problema filosófico gerou muitas disputas. Era a grande discussão sobre a existência ou não das idéias gerais , isto é, os chamados universais de Aristóteles.

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