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Apoia a Bíblia o Ensino do Tormento Eterno?
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Apoia a Bíblia o Ensino do Tormento Eterno?
Apoia a Bíblia o Ensino do Tormento Eterno?
Publicado em 27/05/2011 por Blog Sétimo Dia
Referindo-se aos “adoradores da besta”, Apocalipse 14:11 diz que “a fumaça de seu tormento sobe pelos séculos”. Não é isso a doutrina do tormento eterno?
Apocalipse 14:11 diz: “A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome.”
O verso anterior lança luz sobre o significado do tormento que se abaterá sobre os ímpios. O tormento é produzido com “fogo e enxofre” – uma clara alusão ao fogo final, enviado por Deus, o qual consumirá tudo e todos. Note o que é dito em Apocalipse 21:8: “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” Você está percebendo que o fogo e o enxofre causam a “segunda morte”? Ora, se os ímpios sofrerão a “segunda morte”, como ficariam sofrendo eternamente?
Outro fator importante a ser levado em conta é o ensino bíblico de que Deus é “o único que tem imortalidade” (1Tm 6:16). Para que o sofrimento fosse eterno, os ímpios teriam que ser imortais e eternos, não é verdade? Então, como ficariam em eterno sofrimento pessoas que morrerão a segunda morte? Além disso, a ideia do castigo ou sofrimento eterno é contrária ao princípio de justiça de que a pena deve ser proporcional ao crime cometido. Que dizer da justiça de um Deus que, pelas transgressões de uma vida de 70 ou 80 anos, pune o pecador com uma pena de duração eterna? Se um tribunal humano procura aplicar a punição de maneira justa e proporcional ao crime cometido, agiria Deus de maneira diferente, uma vez que Ele é o “Juiz de toda a Terra”? (Gn 18:25).
Voltemos a Apocalipse 14:11. Perceba que ali não é dito que o tormento acontece pelos séculos dos séculos, mas que “a fumaça do seu tormento” é que sobe pelos séculos dos séculos. Estamos tratando aqui não da duração do sofrimento, mas de suas consequências. Ou seja, as consequências do “fogo e enxofre”, pois causarão destruição eterna, “pelos séculos dos séculos”. Nunca mais os ímpios voltarão à vida, pois o fogo e o enxofre causarão a “segunda morte” (Ap 21:8), morte da qual ninguém volta e para a qual não há ressurreição. O fato de a “fumaça do tormento subir” indica que os pecadores já foram queimados, o fogo se apagou e a fumaça sobe. Essa imagem nos lembra o texto de Malaquias 4:1, 3, que diz: “Eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. [...] Pisareis os perversos, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos.” Uma vez que os perversos “se farão cinzas”, como ficariam queimando para todo o sempre?
A linguagem do texto de Apocalipse 14:11 é baseada em Isaías 34:9, 10: “Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela.” Perceba que esses versos de Isaías se referem ao castigo de Deus sobre os edomitas, inimigos implacáveis do povo de Israel. Também Isaías emprega a imagem de fogo e fumaça que “sobe para sempre”. Mas ninguém, em são juízo, acredita que a terra de Edom esteja queimando até os dias de hoje. Tanto João, no Apocalipse, quanto Isaías em sua mensagem de juízo para o edomitas, estão empregando a imagem de fogo e fumaça “subindo para sempre” como indicativo de que o castigo divino, através do fogo, tem consequências eternas.
Não nos esqueçamos de que nem o demônio, nenhum ser humano, nem o castigo divino têm duração eterna. Somente Deus é eterno.
Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor de Teologia no Salt Unasp – Campus 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
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