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Técnica: Deus é um velho de barba
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25112012
Técnica: Deus é um velho de barba
Nessa técnica, o neo-ateu continuará com a inversão psicótica, dizendo, basicamente, que o oponente acredita em algo como um velhinho vestido de branco, sentando em uma nuvem, manipulando o Universo. Como a ideia é ridícula, segue que Deus não existe.
Vejamos a aplicação que um neo-ateu dá a essa técnica em um caso prático:
Se for pra acreditar num ser com poderes mágicos, que deduzem ser um velhinho vestido de branco, porque estar escrito em um livro de varias paginas de forma pomposa, então Gandalf e o meu Deus
Aqui temos um combo de técnicas: a primeira é a definição de Deus como um velhinho humano. A segunda é a mesma técnica utilizada ao dizer que “Quadrinhos provam o Super-Homem” ou “Harry Potter prova a mágica”. Sobre essa, já falei aqui Outros truques (resumo) – Parte I [Bíblia x Harry Potter] e não vou me alongar nela nesse post, para evitar repetição.
Sobre a nova técnica, ela consiste em dar características materiais para Deus (como velho e vestido) e FINGIR que essa é a visão que o oponente (um teísta tradicional) acredita. Essa fraude intelectual é uma aplicação direta da falácia do espantalho e é facilmente refutável.
A definição de Deus é de um ser IMATERIAL. Se Deus é imaterial, não pode ter características materiais como ser velho. Além disso, a Filosofia também pode demonstrar a imaterialidade de Deus. Com os vários argumentos para a existência de Deus podem nos garantir inferências sobre a natureza dEle.
No Argumento Cosmológico, por exemplo, fala-se de uma causa primeira para o Universo. Se o Universo representa toda classe material existente, então algo que o causou deve ser imaterial. Motivo: se a causa fosse material, então o que entendemos por Universo (realidade material e física) já existiria, caindo em contradição ao falar de “causa para o Universo’. Existir uma matéria anterior ao surgimento da matéria é, obviamente, uma contradição lógica. Portanto, se há uma causa primeira, que é o que os religiosos entendem por Deus, ela deve ser imaterial.
Também sabemos que uma das características de Deus também é ser onipotente. Mas onipotência implica em imaterialidade, como eu argumentei no seguinte post: Deus – características (Final). Vejamos o que eu disse por lá:
Mas se o ser onipotente é material, então ele é materialmente limitado em sua constituição. Vamos pensar, por exemplo, que esse ser é um ser do formato de uma bola de 1cm³. Logo, esse ser não seria capaz de estar presente em locais que excedam sua limitação material. Mas estar presente é um tipo de potência – e o mesmo serve para qualquer outro tipo de limitação material. Logo, um ser onipotente é um ser que não é limitado materialmente na sua composição; isto é, é imaterial. Um ser imaterial é um ser cuja composição não é limitada de nenhuma forma material; e também é um ser onipotente e onisciente sabe tudo sobre qualquer coisa e é capaz de tomar toda ação possível em qualquer lugar, simultaneamente. Então ele está exercendo seu poder e sabedoria sobre todos os lugares, sem nenhum tipo de limitação em presença. Disso, tiramos que ele é, na verdade, um ser imaterial onipresente.
Então, pela filosofia, sabemos que Deus é imaterial. Logo, os predicados materiais que o neo-ateu tentou aplicar a ele estão excluídos automaticamente.
Talvez ele contra-argumente dizendo: “Ok, Deus, como causa primeira e como ser onipotente, deve ser imaterial. E barba e idade são características materiais que um ser material não pode ter. Mas isso é Filosofia. Na Bíblia, Deus é descrito como um corpo”. Para provar, ele pode citar o Ancião dos Dias referido no livro de Daniel:
Depois disto eu continuei olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres.
Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes coisas.
Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como a pura lã; e seu trono era de chamas de fogo, e as suas rodas de fogo ardente.
Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.
Isso demonstra que Deus é material? Obviamente não. Todo o livro de Daniel é claramente simbólico (o quarto animal, dez chifres, olhos, rio de fogo, etc) e as imagens aí descritas não são feitas para serem tomadas literalmente, mas lidas por interpretação. E é até fácil entender o simbolismo em relação ao “Rei Ancião”. A descrição de “ancião” é um simbolismo para a eternidade divina, enquanto o trono reflete a soberania de Deus. A própria Bíblia confirma, em Óseias, que os profetas devem ser entendidos em termos de metáforas: “Falarei aos profetas e multiplicarei as visões, e pelos profetas falarei em parábolas”.
Mas a Bíblia está certa ao utilizar comparações corporais para falar de Deus? Aí vamos a Tomás de Aquino (que já dava chineladas nos neo-ateus 700 anos antes de eles existirem, diga-se de passagem). Diz ele na Suma Teológica:
“RESPONDO: Convém a Escritura Sagrada nos transmitir verdades divinas e espirituais mediante a comparação com imagens corporais. Deus provê tudo de acordo com a capacidade da natureza de cada um. Ora, é natural ao homem elevar-se do sensível ao inteligível, pois todo nosso conhecimento se origina a partir dos sentidos. É, então, conveniente que na Escritura Sagrada as realidades espirituais nos sejam transmitidas por meio de metáforas corporais. (…) Além disso, sendo a Escritura proposta à todos, (…) é lhe conveniente apresentar as realidades espirituais mediante as imagens corporais, a fim de que as pessoas simples a compreendam; elas que não estão aptas a aprender por si mesmas as realidades inteligíveis”.
Ou seja, ela não só está certa, como até deve utilizar esse tipo de metáfora, pois isso facilita a assimilação de quem Deus é de uma forma geral. Não há problemas com esse tipo de comparação.
Algum desonesto (e eles estão na rede em profusão) poderá dizer que isso é só uma adaptação aos tempos modernos e que Deus nunca foi visto como um ser imaterial, sendo somente agora que estamos adaptando por algum motivo qualquer.
Essa informação é, obviamente, falsa. A Bíblia JÁ concordava com a descrição. Em João 4, 21, se lê que “Deus é um espírito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”. E em São Paulo vemos “Só a Deus, rei dos séculos e invisível” (1 Tm 1, 17) e “As coisas invisíveis de Deus tornam-se visíveis por meio das coisas criadas” (Rm 1, 20). Se o neo-ateu quiser utilizar o entendimento de Deus como uma pessoa material baseado na Bíblia (que, para um adulto, é digno de retardo mental), o problema é dele, pois esse é um país livre. Mas isso não significa que ele terá fundamentos intelectuais honestos para isso.
Enfim, parar refutá-lo, lembre disso:
Com esses pontos em mãos, o erro ficará neutralizado.
Técnica: Deus é um velho de barba
Vejamos a aplicação que um neo-ateu dá a essa técnica em um caso prático:
Se for pra acreditar num ser com poderes mágicos, que deduzem ser um velhinho vestido de branco, porque estar escrito em um livro de varias paginas de forma pomposa, então Gandalf e o meu Deus
Aqui temos um combo de técnicas: a primeira é a definição de Deus como um velhinho humano. A segunda é a mesma técnica utilizada ao dizer que “Quadrinhos provam o Super-Homem” ou “Harry Potter prova a mágica”. Sobre essa, já falei aqui Outros truques (resumo) – Parte I [Bíblia x Harry Potter] e não vou me alongar nela nesse post, para evitar repetição.
Sobre a nova técnica, ela consiste em dar características materiais para Deus (como velho e vestido) e FINGIR que essa é a visão que o oponente (um teísta tradicional) acredita. Essa fraude intelectual é uma aplicação direta da falácia do espantalho e é facilmente refutável.
A definição de Deus é de um ser IMATERIAL. Se Deus é imaterial, não pode ter características materiais como ser velho. Além disso, a Filosofia também pode demonstrar a imaterialidade de Deus. Com os vários argumentos para a existência de Deus podem nos garantir inferências sobre a natureza dEle.
No Argumento Cosmológico, por exemplo, fala-se de uma causa primeira para o Universo. Se o Universo representa toda classe material existente, então algo que o causou deve ser imaterial. Motivo: se a causa fosse material, então o que entendemos por Universo (realidade material e física) já existiria, caindo em contradição ao falar de “causa para o Universo’. Existir uma matéria anterior ao surgimento da matéria é, obviamente, uma contradição lógica. Portanto, se há uma causa primeira, que é o que os religiosos entendem por Deus, ela deve ser imaterial.
Também sabemos que uma das características de Deus também é ser onipotente. Mas onipotência implica em imaterialidade, como eu argumentei no seguinte post: Deus – características (Final). Vejamos o que eu disse por lá:
Mas se o ser onipotente é material, então ele é materialmente limitado em sua constituição. Vamos pensar, por exemplo, que esse ser é um ser do formato de uma bola de 1cm³. Logo, esse ser não seria capaz de estar presente em locais que excedam sua limitação material. Mas estar presente é um tipo de potência – e o mesmo serve para qualquer outro tipo de limitação material. Logo, um ser onipotente é um ser que não é limitado materialmente na sua composição; isto é, é imaterial. Um ser imaterial é um ser cuja composição não é limitada de nenhuma forma material; e também é um ser onipotente e onisciente sabe tudo sobre qualquer coisa e é capaz de tomar toda ação possível em qualquer lugar, simultaneamente. Então ele está exercendo seu poder e sabedoria sobre todos os lugares, sem nenhum tipo de limitação em presença. Disso, tiramos que ele é, na verdade, um ser imaterial onipresente.
Então, pela filosofia, sabemos que Deus é imaterial. Logo, os predicados materiais que o neo-ateu tentou aplicar a ele estão excluídos automaticamente.
Talvez ele contra-argumente dizendo: “Ok, Deus, como causa primeira e como ser onipotente, deve ser imaterial. E barba e idade são características materiais que um ser material não pode ter. Mas isso é Filosofia. Na Bíblia, Deus é descrito como um corpo”. Para provar, ele pode citar o Ancião dos Dias referido no livro de Daniel:
Depois disto eu continuei olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres.
Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes coisas.
Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça como a pura lã; e seu trono era de chamas de fogo, e as suas rodas de fogo ardente.
Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.
Isso demonstra que Deus é material? Obviamente não. Todo o livro de Daniel é claramente simbólico (o quarto animal, dez chifres, olhos, rio de fogo, etc) e as imagens aí descritas não são feitas para serem tomadas literalmente, mas lidas por interpretação. E é até fácil entender o simbolismo em relação ao “Rei Ancião”. A descrição de “ancião” é um simbolismo para a eternidade divina, enquanto o trono reflete a soberania de Deus. A própria Bíblia confirma, em Óseias, que os profetas devem ser entendidos em termos de metáforas: “Falarei aos profetas e multiplicarei as visões, e pelos profetas falarei em parábolas”.
Mas a Bíblia está certa ao utilizar comparações corporais para falar de Deus? Aí vamos a Tomás de Aquino (que já dava chineladas nos neo-ateus 700 anos antes de eles existirem, diga-se de passagem). Diz ele na Suma Teológica:
“RESPONDO: Convém a Escritura Sagrada nos transmitir verdades divinas e espirituais mediante a comparação com imagens corporais. Deus provê tudo de acordo com a capacidade da natureza de cada um. Ora, é natural ao homem elevar-se do sensível ao inteligível, pois todo nosso conhecimento se origina a partir dos sentidos. É, então, conveniente que na Escritura Sagrada as realidades espirituais nos sejam transmitidas por meio de metáforas corporais. (…) Além disso, sendo a Escritura proposta à todos, (…) é lhe conveniente apresentar as realidades espirituais mediante as imagens corporais, a fim de que as pessoas simples a compreendam; elas que não estão aptas a aprender por si mesmas as realidades inteligíveis”.
Ou seja, ela não só está certa, como até deve utilizar esse tipo de metáfora, pois isso facilita a assimilação de quem Deus é de uma forma geral. Não há problemas com esse tipo de comparação.
Algum desonesto (e eles estão na rede em profusão) poderá dizer que isso é só uma adaptação aos tempos modernos e que Deus nunca foi visto como um ser imaterial, sendo somente agora que estamos adaptando por algum motivo qualquer.
Essa informação é, obviamente, falsa. A Bíblia JÁ concordava com a descrição. Em João 4, 21, se lê que “Deus é um espírito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”. E em São Paulo vemos “Só a Deus, rei dos séculos e invisível” (1 Tm 1, 17) e “As coisas invisíveis de Deus tornam-se visíveis por meio das coisas criadas” (Rm 1, 20). Se o neo-ateu quiser utilizar o entendimento de Deus como uma pessoa material baseado na Bíblia (que, para um adulto, é digno de retardo mental), o problema é dele, pois esse é um país livre. Mas isso não significa que ele terá fundamentos intelectuais honestos para isso.
Enfim, parar refutá-lo, lembre disso:
- (1) A definição de Deus é de um ser além de toda matéria. Como “Barba” e “Velho” são aspectos materiais de um ser, Deus não pode ser material;
- (2) A definição de Deus como imaterial é a posição teológica padrão, advinda tanto da filosofia como da interpretação correta da Bíblia (no caso dos cristãos);
- (3) Quando a Bíblia utiliza qualidades corporais para falar de Deus, isso é para facilitar a assimilação de um simbolismo, coisa que é feita em todo tipo de literatura (e excluir só a Bíblia de ser passível desse tipo de análise seria picaretagem);
Com esses pontos em mãos, o erro ficará neutralizado.
Técnica: Deus é um velho de barba
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Inscrição : 08/05/2010
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