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Paulo e os Padres da igreja primitiva.

Estava lendo um artigo muito longo no link acima, sobre Paulo e os pais da igreja primitiva. É muito interessante, para voce ler é só clicar no artigo que diz:

O artigo esta em formato PDF e será necessário baixar o programa Adobe Acrobat Reader. Caso você já tenha o programa é ó clicar no link e fazer o download, está em espanhol. Por esse motivo pediria ao Professor para traduzi­-lo, se possí­vel. Aqui esta uma pequena parte que copiei do texto:

Houve um tempo em que homens como Inacio usurparam a autoridade da Torah em suas igrejas, perdendo toda esperanca do cumprimento da Torah em suas congregacoes. Ao julgar pelos escritos da Ignacio (107EC) esta claro que o modelo para o governo da igreja era um reflexo fiel do governo romano. A autoridade emanada de Jesus Cristo ao bispo, a continuacao aos ancioes e diacanos. Posto que o bispo ao parecer falava em lugar de Cristo, que eh o Filho de D’us, e opor-se ao bispo era opor-se a D’us mesmo. A Eucaristia, o batismo, e a assembleia comum deveriam levar-se ao cabo tao somente quando e onde o bispo ordenasse e posto que Inacio indica claramente que cada um destes costumes eram necessarios para salvacao, as pessoas estavam obrigadas a obedecerem os mandamentos dos bispos, ou do contario se arriscavam a perder sua alma . Tendo em conta que os bispos haviam ordenado que o domingo era o dia apropiado para a assembleia comum e que somente em este dia deviam ser os sacramentos ordenados de maneira efectiva, a pessoa so podia ser salva adorando no Domindo. Mediante este ato os bispos estavam pisoteando baixo seus pes a Torah de D’us e seus Pactos.

http://www.torahresource.com/Spanish.html

+++

No decorrer dos séculos medievais, a Bíblia sofreu por parte do catolicismo acerbíssimas perseguições. Em 1211, por exemplo, o bispo de Metz se lamentava ao papa Inocêncio III pelo fato da existência de círculos de leigos que, à revelia das autoridades eclesiásticas, liam as Escrituras. Em 1229, o Sínodo de Toulouse proibiu a leitura de suas traduções. Em 1234, o Sínodo de Tarragona ordenou confiscarem-se todas as traduções espanholas e lançá-las à fogueira.

Dentre milhares de interdições e casos de violências contra a Bíblia, a filosofia escolástica foi o maior empreendimento para se distanciar o clero e, em conseqüência, o povo europeu do seu exame. Referindo-se a esta obra nefasta de Tomás de Aquino, o sistematizador da escolástica, o teólogo católico, Van Iersel declara: Desenvolveu-se assim um sistema, por vezes autônomo, de posições teológicas que muitas vezes só muito a custo atingiram a realidade da fé, enquanto o sistema como tal perdia progressivamente o contato visível e detectável com a Escritura. Resultou dai... que se começou a pregar sistemas em vez de ser o partir da Palavra Viva da Escritura.(Igreja, Fé e Missão — Temas Conciliares - Lisboa - 1966, vol V, pág.16).

No fim da Idade Média, porém, influenciadas por cristãos genuínos, algumas áreas do catolicismo começa­ram buscar nas Escrituras esclarecimentos para a sua fé. Nesta conjuntura, invocou-se a Tradição consubstandada na Patrística como fonte suprema de Revelação Divina.

No conceito católico, a Patrística é o conjunto dos escritores da antiga literatura católica. É o período do pensamento tido como cristão que se seguiu à época neotestamentária e que chegou até ao começo da filosofia escolástica.

Impingiu-se, então, a tese de que o consenso (harmonia, acordo) unânime dos santos padres, ou esses escritores antigos, se constituía em legitima revelação.

É evidente que os cristãos não se conformavam e nem se submetiam. Bradavam os seus protestos!

O catolicismo romano, que já conseguira criar o seu hierarca supremo na pessoa do bispo de Roma, via-se em palpos de aranha para poder ajeitar o consenso ou a concordância entre os santos padres.

Cada dia, nos mosteiros surgia novas obras patrísticas. E cada vez mais discordantes entre si.

Quando os cristãos, com ousadia e decisão, resolveram elevar no conceito da Europa a Bíblia como única Regra de Fé e Prática, de acordo mesmo com essa Fonte de Revelação, sentiu-se o catolicismo romano na emergência de terçar todas as suas armas no sentido de estabelecer o mencionado consenso entre os santos padres, imprescindível à sua sobrevivência.

Constatou, porém, que só numa coisa eles concordavam: — é que discordavam em tudo.

Como fazer?

Forjar a necessária concordância unânime!

Com esse propósito, o papa Leão X, em 28 de Abril de 1515, como produto da 10a Sessão do 5o Concilio de Latrão, emitiu a Bula «Inter Multiplices», estabelecendo os índices Expurgatórios, cujo objetivo consistia em exa­minar todas ás obras literárias consideradas até então no conjunto da patrística.

No afã de se lograr a mencionada e ansiosamente almejada harmonia entre os santos padres em todos os pontos doutrinários católicos, decidiu-se estabelecer uma balisa entre eles, considerando-se Isidoro, bispo na Espanha e morto em 636, o último escritor eclesiástico agregado à patrística, no Ocidente. E João Damasceno, falecido em 749, no Oriente.

Assim como os cristãos aceitam haver se encerrado a Revelação Divina com a morte de João, o Apóstolo, os teólogos católicos se submeteram àquela demarcação da sua patrística.

Isso, porém, não bastava. Necessitou-se de um trabalho de expurgo. Por isso, muitas obras dos seis primeiros séculos foram repudiadas.

Mesmo assim com esse trabalho de peneira, o pretendido consenso ou harmonia unânime não foi consegui­do. Apelou-se para a tesoura e para o enxerto. E trechos inteiros contrários às pretensões romanistas foram extraídos. Muitas frases e palavras foram interpoladas no intuito de se transformar o significado dos textos ao sabor das interpretações desejadas!

Enquanto essa tarefa criminosa era consumada nos bastidores da cúria romana, explodiu na Alemanha a Reforma Protestante.

Sentia-se o catolicismo romano ruirem-se-lhes as bases falsas. Entricheiroü-se na atitude de Contra-Reforma e convocou o Concilio de Trento, cuja finalidade foi firmar em dogmas as suas doutrinas contestadas à luz da Bíblia, impondo-as com ameaças de anátemas e excomunhões aos seus fiéis imbecilizados e narcotizados pelas suas superstições cretinizadoras.

Mas, onde estruturar a sua dogmática?
Não na pureza da Bíblia por ser-lhe incompatível e, por isso, proibia sua versão nas línguas vernáculas.

Valeu-se, por conseguinte da Tradição consubstanciada na Patrística. E confirmou na 4a Sessão do Concílio de Trento aos 8 de Abril de 1546, o trabalho de «expurgo» anteriormente estabelecido pelo mundano Leão X no 5o Concilio de Latrão.

Na esfera religiosa européia, a Idade Moderna surgiu empunhando a Bíblia. Nessa conjuntura, o catolicismo resolveu arvorar-se em seu único e legítimo intérprete. Então, nessa sua mesma 4a Sessão estabeleceu que, em matéria de fé e costumes, ninguém ousasse interpretar a Sagrada Escritura em sentido contrário ao inexistente e utópico consenso unânime dos padres. «.. descernit, ut nemo... in rebus fidei et morum... contra unanimem consensum patrum, ipsam Scripturam sacram interpretari audeat».

É a Tradição consubstanciada em norma suprema da interpretação das Escrituras!

O teólogo católico Van Iersel, em seu artigo: «O uso da Bíblia na igreja católica», inserido no vol. V, de Temas Conciliares (página 17), confessa: «... Em oposição à Reforma deu-se um lugar à Tradição ao lado da Escritura, o que tornava muito relativo o valor da Bíblia».

Vamos repetir e frisar bem a constatação de Van Iersel: «... EM OPOSIÇÃO Á REFORMA DEU-SE UM LUGAR À TRADIÇÃO AO LADO DA ESCRITURA, O QUE TORNAVA MUITO RELATIVO O VALOR DA BIBLIA».

Tornava? Não!!! Porque a Tradição ainda vige e com muito mais intensidade depois deste último Concilio Ecumênico! E ficam por ai certos protestantes católicizados a promover manifestações públicas no Dia da Bíblia de parceria com os embatinados!

Evidentemente que o Concilio Tridentino não podia fundamentar em nenhuma passagem bíblica, o estabelecimento de sua patrística como órgão da Tradição. E os teólogos católicos não se pejam de apresentar como defesa da tese tridentina, o seguinte argumento de cabo de esquadra: — À TRADIÇÃO INFALÍVEL DA IGREJA CATÓLI­CA COMPETEM AS MATËRIAS DE FÉ E COSTUMES.

ORA, O CONSENSO UNÂNIME DOS SANTOS PA­DRES EM MATÉRIA DE FÉ E COSTUMES, DE SI MESMO, REFLETE A MENCIONADA TRADIÇÃO.

PORTANTO, ÊSTE CONSENSO CERTO É O AR­GUMENTO DA VERDADE DIVINA. Os reverendos teólogos, na mais das aberrantes interpretações, firmam a maior do seu silogismo falso nos versículos 19 e 20 do capitulo 28 de Mateus: «Portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século».

A maior do argumento é antilógica! A perícope neotestamentária nem de teve lhe fornece base!

A menor demonstra os paroxismos da estupidez.

E todo o silogismo é um grosseiro sofisma!

A par deste esforço por sistematizar a Tradição no intento de conseguir harmonia, ao menos moral, entre os santos padres em favor das teses católicas inteiramente opostas ou alheias às Sagradas Escrituras, generaliza­ram-se após a Reforma as medidas antes tomadas acidentalmente para proibir ou pelo menos limitar ao mínimo o uso da Bíblia nas línguas vulgares. É verdade que o Concilio de Trento, depois de longas discussões, não proibiu a tradução da Bíblia. Em 1559, todavia, já se encontrava a seguinte cláusula, junto à menção de vá­rias edições da Bíblia, no INDEX DOS LIVROS PROIBI­DOS promulgada por Paulo V: (Não se pode ler, imprimir-se ou possuir-se sem licença do Santo Oficio as edições da Bíblia em língua vulgar). Esta cláusula foi re­produzida de diferentes maneiras nas edições ulteriores até que, em 1664, a lista dos livros proibidos refere simplesmente: (Qualquer Bíblia traduzida em vernáculo).

Estas informações não fomos colhe-las em nenhuma obra polêmica de lavra protestante.

Fomos buscá-las numa revista católica, ANGELI­CUM, uma das mais importantes editadas em Roma, que, em 1947, XXIV, nas páginas 147-158, trouxe o artigo:

«La chiesa e la versione della Scritura in lingua volgare» de autoria do P. G. Duncker.

O catolicismo empenhava-se sobremodo por conservar o Livro Santo inteiramente fechado para o povo. Quem quisesse que estudasse latim para ler a Vulgata.

Outro documento comprobatório desta assertiva é a carta «Magno et Acerbo», de três de Setembro de 1816, em que o seu autor, o papa Pio VII ataca violentamente as traduções vernáculas da Bíblia.

E para completar o cúmulo de tanto pavor, Leão XII, na Encíclica “Ubi Primum”, de cinco de Maio de 1824, chama de «PESTE» as Sociedades Bíblicas por divulgarem aquelas versões indesejáveis aos embustes católicos.

O catecismo de Gand, largamente difundido pelos paises de origem latina, como reflexo desse pavor, em sua forma clássica de pedagogia catequética, perguntava e respondia: «Ë proibido ler a Bíblia? Sim, é proibido aos simples fiéis lê-la sem autorização na sua própria língua. É a Escritura suficientemente clara e pode cada um compreendê-la? Não, é muito obscura em muitas passagens; em conseqüência é muito perigoso para as pessoas sem cultura lê-la.

Conjugaram-se todas as energias nestes dois objetivos: dificultar o acesso à Bíblia por parte do povo e organizar a patrística para demonstrar uma harmonia in­terna como lastro suficiente das teses católicas.

Com sua dogmática firmada na patrística, como órgão de sua Tradição, o catolicismo empreendeu esforços descomunais no sentido de apresentar uma coleção de todas as obras dos escritores de sua literatura antiga por ele mesmo selecionados, objetivando fundamentar os seus dogmas na pretendida concordância entre elas.

O trabalho foi gigantesco em quase todos os mosteiros da Europa em vista mesmo da contingência de se obter o sonhado consenso unânime nos moldes da bula (Inter Multíplices). E somente um século após o Concilio Tridentino, o sínodo da Contra-Reforma e da apologia da Tradição, é que surgiu a primeira grande coleção dos escritores eclesiásticos antigos, elaborada por Margarin de la Bigne, cônego de Bayeux, em 9 volumes in folio e intitulada «Bibliotheca Sactorum Patrum», contendo o texto de mais de 200 autores da antiguidade.

Esta obra não podia satisfazer à necessidade de se comprovar com informes da Tradição todos os dogmas. Precisou, então, ser ampliada e poucos anos depois já se cognominara de «Maxima Bibliotheca Vaterum Patrunv>> por abranger 27 volumes in folio, tornando-se mais apta para estudos mais largos.

Apesar de grandiosa não agradava ainda por não cumprir integralmente o seu objetivo. Além de ser incompleta, reconheceram-se outros defeitos, sobretudo o de manifestar a carência da almejada concordância.

O Concilio de Trento fora terminante: «Para reprimir a petulância a fim de que ninguém, movido pela sua própria competência nas coisas relativas à fé e aos costumes pertencentes à edificação da doutrina cristã, torça para o seu modo de entender a Sagrada Escritura, contrariando o sentido aceito pela santa madre igreja, a quem cabe julgar o verdadeiro sentido e a verdadeira interpretação das Sagradas Escrituras ou contrariando o unânime consenso dos padres» (Sessão IV, de 8 de Abril de 1546).

Era preciso, pois, redobrar os esforços por se conseguir uma coleção satisfatória às exigências das teses católicas.

Ainda, para se safar desta enrascada porque, apesar dos grandes polemistas especializados em sofismas, como cardeal Belarmino, Jesuíta (?!), a Bíblia continuava, mesmo amordaçada, a ameaçar as bases daquelas teses, fizeram-se novas tentativas e apareceram outras coleções: a do frade dominicano Combéfis, concluída em 1672; a do helenista francês João Batista Cotolier, concluída em 1683 e intitulada «monumenta ecclesiae grae­cae»; a do monge beneditino francês, Bernardo de Montfaucon, em 1706; e a do oratoriano, André Gallandi, concluída em 1788 e superior a todas as anteriores.

Todas estas coleções, entretanto, redundaram em no­vos fracassos. Não puderam satisfazer a necessidade de consenso unânime na patrística. Além disso, não foram capazes de desfazer as incertezas sobre os santos padres dos dois primeiros séculos.

Nos meados do século passado, de 1844 a 1860, aconteceu a derradeira arrancada para se lograr o desenrasque desse intrincado problema. Coube ao fundador do jornal católico, «Univers», de Paris, Jaime Paulo Mígne, publicar a coleção mais completa de todas. Intitulada «Patrologiae Cursus Completus», consta de duas séries: a dos padres latinos e a dos gregos. A primeira consta de 217 volumes e a dos gregos, de 162.

Mesmo considerada a mais completa, os seus defeitos, outrossim, são reconhecidos.

Não serviu para suprir a necessidade mais premente da contra-Reforma. Mas, foi útil para lotar as prateleiras das bibliotecas dos mosteiros e servir de pasto para os insetos.

Infrutíferos todos os esforços por se alcançar uma coleção completa. Recrudesceram as dificuldades dos polemistas católicos. Esta própria coleção de Migne, com­posta de 379 volumes in folio, se constituiu em motivo de irrisão.

Fonte:Anibal Pereira dos Reis


JUSTINO MÁRTIR

por SAMUELE BACCHIOCCHI

Filósofo e mártir cristão, de cultura e origem grega, Justino Martyr nos oferece o primeiro tratado amplo do sábado e a primeira descrição detalhada do culto dominical. A importância de seu testemunho deriva, acima de tudo, do fato de que nosso autor, um filósofo treinado e professor, no tratamento do problema do sábado, como observa F. Regan, “esforça-se, deveras, por uma conclusão perceptiva e equilibrada”.[30] E, mais ainda, como vivesse, ensinasse e escrevesse sua Apologia e Diálogo com Trifo em Roma, sob o reinado de Antonino Pius (138-161 A.D.) ele nos dá um vislumbre de como o problema do sábado e do domingo era sentido na cidade capital.[31] Sua contribuição de ambos é deveras valiosa à nossa investigação.

A atitude de Justino para com o sábado judaico aparece condicionada tanto por seu conceito da Lei Mosaica, como por seu sentimento para com os judeus--este possivelmente evidenciou aquele. Barnabé, de origem judaica, com seu método alegórico tentou esvaziar tais instituições judaicas como o sábado e a circuncisão de todo o seu valor temporal e histórico, atribuindo-lhes significado espiritual e escatológico exclusivos. Justino, pelo contrário, sendo de origem gentia, ignorava o valor moral e corporal da legislação mosaica, e considerava a lei, como James Parkes declara, “uma parte das Escrituras, sem importância, um acréscimo temporário a um livro doutro modo universal e eterno, acrescentado em virtude da especial impiedade dos judeus”.[32] Por exemplo, para Trifo, Justino explica: Nós também observarí­amos a circuncisão da carne, os dias de sábado, numa palavra, todas as suas festividades, se não soubéssemos a razão do porquê lhes foram impostas, a saber, por causa de seus pecados e dureza de coração.[33]
Conquanto Paulo reconheça o valor educativo da lei cerimonial, Justino considera-a “de um modo negativo, como a punição para os pecados de Israel”[34]. Ele confirma sua tese repetidamente. Após argumentar, por exemplo, que os homens santos anteriores a Moisés[35] não observaram nem o sábado nem a circuncisão, conclui: “Portanto, devemos concluir que Deus, que é imutável, ordenou estas coisas e outras similares, para serem feitas unicamente por causa dos homens pecaminosos”.[36] O sábado, então, segundo Justino, é uma ordenança temporária, originando-se em Moisés, imposta aos judeus por causa de sua infidelidade, por algum tempo, precisamente até a vinda de Cristo.[37]

A aceitação desta tese é indispensável para Justino, a fim de salvaguardar a imutabilidade e ocorrência de Deus. Ele explica: Se não aceitamos esta conclusão, então teremos idéias absurdas, como a insensatez de que nosso Deus não é o mesmo Deus que existiu nos dias de Enoque e todos os outros, que não eram circuncidados na carne, e não observavam os sábados e outros ritos, uma vez que Moisés somente mais tarde os instituiu; ou que Deus não deseja que cada geração que sucede da humanidade sempre execute os mesmos atos de justiça. Qualquer uma das suposições é ridí­cula e despropositada. Portanto, devemos concluir que Deus, que é imutável, ordenou que estas coisas e outras semelhantes fossem cumpridas apenas por causa de homens pecadores.[37]

A Igreja Cristã jamais aceitou tese tão falsa. Dizer, por exemplo que Deus ordenou a circuncisão e o sábado unicamente por causa da impiedade dos judeus “como marcos distintivos, para destacá-los de todas as outras nações e de nós, cristãos” para que os judeus somente sofressem aflição,”[38] torna a Deus culpado, para dizer o mí­nimo, de atos discriminatórios. Deixaria implí­cito que Deus deu ordenanças com o propósito primordialmente negativo de destacar judeus para a punição. Infelizmente, é com este pensamento que Justino argumenta pelo repúdio do sábado. O que segue, são os seus argumentos básicos:

(1º) Como, “antes de Moisés não havia necessidade de sábados e festivais, não são necessários agora, quando, segundo a vontade de Deus, Jesus Cristo, seu Filho, nasceu da virgem Maria, uma descendente de Abraão”.[39] O sábado é, portanto, considerado por Justino como uma ordenança temporária, procedente de Moisés, imposto aos judeus por causa de sua infidelidade, e designado a durar até a vinda de Cristo.

(2º) Deus não pretende que o sábado seja guardado, pois “os elementos não estão ociosos e não observam o sábado”,[40] e Ele mesmo “não pára de controlar o movimento do universo neste dia, mas continua dirigindo-o como o faz em todos os outros dias”.[41] Além do mais, o mandamento do sábado foi violado no Velho Testamento por muitos, tais como os principais sacerdotes que “foram ordenados por Deus a oferecer sacrifí­cios no sábado, bem como nos outros dias”.[42]

(3º) Na nova dispensação, os cristãos devem observar um sábado perpétuo, não ao ficarem ociosos durante um dia, mas ao absterem-se continuamente do pecado: A Nova Lei exige que observeis um sábado perpétuo, visto que vos considerais piedosos quando vos abstendes do trabalho em um dos dias da semana, e ao assim fazerdes, não compreendeis o real significado daquele preceito. Também achais ter feito a vontade de Deus quando comeis pão não levedado, porém tais práticas não dão prazer ao Senhor nosso Deus. Se houver um perjuro ou ladrão entre vós, que ele acerte seu caminho; se houver um adúltero, que se arrependa; assim estará guardando um sábado verdadeiro e pací­fico.[43]

(4º) O sábado e a circuncisão não devem ser observados, pois são os sinais da infidelidade dos judeus, impostos a eles por Deus, para distingui-los e separá-los de outras nações: O costume da circuncisão da carne, dado desde Abraão, foi dado a vós como uma marca distintiva, para separá-los de outras nações e de nós, cristãos. O propósito foi que vós, e somente vós, pudésseis sofrer as aflições que agora são vossas com justiça; que somente a vossa terra seja desolada, e vossas cidades arruinadas pelo fogo, e que os frutos de vossa terra sejam comidos pelos estrangeiros perante os vossos olhos; para que a nem um de vós se permita entrar em vossa cidade de Jerusalém. Vossa circuncisão da carne é o único sinal pelo qual podeis certamente ser distinguidos entre todos os outros homens. . . . Como declarei antes, foi por causa de vossos pecados e de vossos pais que, entre outros preceitos, Deus impôs sobre vós a observância do sábado como um sinal.[44]

Pode-se perguntar o que faria Justino atacar instituições tais como o sábado e a circuncisão, e fazer delas--sí­mbolos do orgulho nacional judeu--o sinal da reprovação divina da raça judia. É possí­vel que este autor estivesse influenciado pelas intensas hostilidades antijudaicas que achamos presentes particularmente em Roma? Uma leitura do Diálogo deixa-nos em dúvida. Embora Justino aparentemente busque dialogar desapaixonada e sinceramente com Trifo,[45] sua descrição superficial e avaliação negativa do judaí­smo, juntamente com seus veementes ataques contra os judeus, revela a profunda animosidade e ódio que nutria para com eles. Ele não hesita, por exemplo, de tornar os judeus responsáveis pela campanha difamatória lançada contra os cristãos: “Não tendes poupado esforço algum em disseminar, em toda terra, acusações amargas, obscuras e injustas contra a única luz sem culpa e justa, enviado aos homens por Deus. . . . As outras nações não trataram a Cristo e a nós, seus seguidores, tão injustamente como vós, judeus, que deveras sois os próprios instigadores da opinião maligna que têm do Justo e de nós, Seus discí­pulos. . . . Sois culpados, não somente de vossa própria impiedade, mas também daquela de todos os demais”.[46]

A maldição que era diariamente pronunciada pelos judeus na sinagoga contra os cristãos, aparentemente contribuiu para aumentar a tensão. Justino protesta repetidamente contra tal prática: “Com toda a vossa força desonrais e amaldiçoais em vossas sinagogas todos aqueles que crêem em Cristo. . . . Em vossas sinagogas amaldiçoai todos aqueles por cujo intermédio se tornaram cristãos, e os gentios realizam vossa maldição, ao matarem todos aqueles que meramente admitem que são cristãos.[47]

As hostilidades judaicas contra os cristãos parecem ter conhecido intensos graus de manifestação em certas épocas. Justino diz, por exemplo: “Fazeis tudo ao vosso alcance para forçar-nos a negar a Cristo”.[48] Isto provocou uma compreensiva resistência e ressentimento da parte dos cristãos. “Nós vos resistimos e preferimos suportar a morte,” Justino replica a Trifo “confiantes de que Deus nos dará todas as bênçãos que prometeu por Cristo”.[49] A presença de ressentimento tão profundo contra os judeus, particularmente sentido em Roma, naturalmente levaria cristãos como Justino a lutarem contra instituições judaicas fundamentais como o sábado, e fazer dele, como F. Regan assinala, “um sinal para destacá-los para a punição que eles bem merecem por suas infidelidades”.[50]

Este repúdio e degradação do sábado pressupõe a adoção de um novo dia de adoração. Que melhor modo de evidenciar a distinção cristã dos judeus, que adotar um diferente dia de adoração? É fato digno de nota que em sua exposição do culto cristãos ao imperador Antonino Pius, Justino duas vezes destaca que a assembléia dos cristãos ocorria “no dia do Sol”: “No dia que se chama dia do sol (τη τω ηλιου λεγομενη ημερα) temos um ajuntamento comum de todos os que vivem nas cidades ou nos distritos vizinhos, e são lidas as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, sempre que houver tempo.

“O dia do Sol é, deveras, o dia em que nós todos fazemos nossa reunião rotineira, porque é o primeiro dia no qual Deus, transformando as trevas em matéria prima, criou o mundo; e nosso Salvador Jesus Cristo ressurgiu dos mortos no mesmo dia. Pois eles o crucificaram no dia anterior àquele de Saturno, e no dia seguinte que é o Dia do Sol, ele apareceu aos seus apóstolos e discí­pulos, e ensinou-lhes as coisas que também vos passamos para consideração”.[51]

Por que Justino enfatiza que os cristãos adoram “no dia do Sol”? Em vista de seu ressentimento para com os judeus e seu sábado, não é plausí­vel admitir que ele o fez para tornar o imperador ciente de que os cristãos não eram rebeldes judeus mas cidadãos obedientes? Tendo em mente, como será visto no próximo capí­tulo, que os romanos já naquela época veneravam o dia do Sol, a referência explí­cita e repetida de Justino a tal dia bem poderia representar um esforço calculado para levar os cristãos para mais perto dos costumes romanos que dos judeus. Isto parece fundamentado pelas mesmas razões que ele concede para justificar a observância do domingo. Sintetizaremos as três razões básicas como segue: (1ª) Os cristãos se reúnem no dia do Sol para comemorarem o primeiro dia da Criação “no qual Deus, transformando as trevas em matéria prima, criou o mundo”. (67, 7) O ví­nculo entre o dia do Sol e a criação da luz no primeiro dia é mera coincidência? Assim não parece, especialmente porque Justino mesmo, em seu Diálogo com Trifo explicitamente compara a devoção que os pagãos rendem ao sol, com aquela que os cristãos oferecem a Cristo que é mais radiante que o sol: “Está escrito que Deus uma vez permitiu que o sol fosse adorado, e, contudo, não podeis descobrir alguém que jamais sofresse morte por causa de sua fé no sol. Mas podeis achar homens de toda nacionalidade, que pelo nome de Jesus sofreram e ainda sofrem toda espécie de tormento, ao invés de negarem sua fé Nele. Pois sua palavra de verdade e sabedoria é mais radiante e brilhante do que a força do sol, e penetra as próprias profundezas do coração e da mente”.[52]

Os cristãos aparentemente perceberam cedo a coincidência entre a criação da luz no primeiro dia e a veneração do sol que ocorria no mesmo dia. Como bem assinala J. Daniélou, descobriu-se que o dia consagrado ao sol coincidia com o primeiro dia da semana judaica e assim com o dia do Senhor cristão. . . . O domingo foi visto como uma renovação do primeiro dia de Criação”.[53] Perguntar-se-ia o que levou à associação dos dois temas. É possí­vel que os cristãos, em sua busca por um dia de adoração distinto do sábado judaico (o sinal da infidelidade judaica) percebessem no dia do sol, um substituto válido pois sua rica simbologia poderia eficazmente expressar a verdade cristã? Tal hipótese será examinada no capí­tulo seguinte.

(2º) Os cristãos adoram no dia do sol, porque é o dia em que “nosso Salvador Jesus Cristo ressurgiu dos mortos. . . . Pois eles o crucificaram no dia anterior àquele de Saturno, e no dia seguinte, que é domingo, apareceu aos seus apóstolos e discí­pulos” (67, 7). A ressurreição de Cristo já era sentida como motivo válido para reuniões no dia do sol para adorar a Deus. Contudo, como W. Rordorf admite, “na primeira Apologia de Justino (67, 7) o motivo primordial para a observância do domingo era comemorar o primeiro dia da Criação e somente secundariamente, também a ressurreição de Jesus”.54 A Ressurreição, apresentada tanto por Barnabé como por Justino como uma razão adicional para a guarda do domingo, tornar-se-á, entretanto, gradualmente o motivo fundamental para o culto no domingo.[55]

(3º) Os cristãos observam o domingo porque sendo o oitavo dia “possui uma certa importância misteriosa, que o sétimo dia não possuí­a”.[56] Por exemplo, Justino alega que a circuncisão era executada no oitavo dia porque era um “tipo de verdadeira circuncisão pela qual somos circuncidados do erro e da impiedade por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo que ressurgiu dos mortos no primeiro dia da semana”.[57] Além do mais, as oito pessoas salvas do dilúvio no tempo de Noé “eram figura daquele oitavo dia” (o qual, todavia, sempre primeiro em poder), em que nosso Senhor apareceu ressurreto dos mortos”.[58]

Notemos que enquanto em sua exposição do culto cristão ao imperador, Justino repetidamente enfatiza que os cristãos se reúnem no dia do Sol (possivelmente, como sugerimos, para aproximarem-se mais dos costumes romanos na mente do imperador), em sua polêmica com Trifo, o judeu, Justino denomina o domingo “oitavo dia”, como distinção e substituição do sábado do sétimo dia.[59] As duas diferentes designações bem poderiam sumariar dois significativos fatores que contribuí­ram para a mudança do sábado para o domingo, isto é, antijudaí­smo e paganismo, poderí­amos dizer que conquanto a aversão prevalecente para com o judaí­smo em geral e para com o sábado em particular ocasionaram o repúdio do sábado, a existente veneração pelo dia do sol orientou os cristãos em direção a esse dia, tanto para evidenciar sua incisiva distinção dos judeus como para facilitar a aceitação da fé cristã pelos pagãos. Esta conclusão se tornará cada vez mais clara nos dois próximos capí­tulos em que examinaremos a influência do culto do sol e a primitiva teologia do domingo.

Referências

30. F. A. Regan, Dies Dominica, p. 26.

31. Eusebius, HE 4, 12, 1: “Ao imperador Tito Aelius Adrian Antoninus Pius Caesar Augustus. . . . Eu, Justino, filho de Prisco . . . apresento esta petição”; Johannes Quasten (nota 16), p. 199, com referência às duas Apologias, escreve: “Ambas as obras são endereçadas ao Imperador Antoninus Pius. Parece que S. Justino as compôs entre os anos 148-161, por que observa (Apology 1, 46): “Cristo nasceu há cento e cinqüenta anos sob o domí­nio de Quirinus”. O lugar de composição era Roma”. Com respeito ao Dialogue, Quasten observa: “O Dialogue deve ter sido composto depois das Apologias, por que há uma referência à primeira Apology no capí­tulo 120” (Ibid., p. 202). Ainda que Eusébio (HE 4, 18, 6) indique Éfeso como o lugar onde a conversação se deu, provavelmente na época da revolta Barkokeba, mencionada nos capí­tulos 1 e 9 do Dialogue, é evidente que o Dialogue não relata a controvérsia exata, ocorrida cerca de 20 anos antes. Pareceria razoável presumir que Justino faz de uma controvérsia real que teve meramente a estrutura de seu Dialogue, que, contudo, escreve à luz da situação em Roma naquela época. O fato de que escreve o Dialogue em Roma e não em Éfeso, vinte anos após sua ocorrência, indica a necessidade que Justino sentia de apanhar a pena e defender o Cristianismo das acusações judaicas em Roma.

32. James Parkes (nota 19), p. 101; cf. Dialogue 19 e 22.

33. Justin, Dialogue 18, 2, Falls, Justin’s Writings, p. 175.

34. W. Rordorf, Sabbat, p. 37, nota 1.

35. No capí­tulo 19 do Dialogue, Justino cita especificamente Adão, Abel, Noé, Ló e Melquisedeque. No capí­tulo 46 ele dá uma lista de nomes de certo modo diferente.

36. J. Daniélou, Bible and Liturgy, p. 234, comenta o raciocí­nio de Justino dizendo: “Podemos ver desde o princí­pio que Deus poderia suplantar o sábado sem contradizer-se de modo algum, pois foi levado a instituí­-lo apenas porque foi forçado a fazer assim por causa da perversidade do povo judeu, e em conseqüência, tinha o desejo de fazê-lo desaparecer tão logo realizasse seu propósito de educação”.

37. Justin, Dialogue 23, 1, 2, Falls, Justin’s Writings, p. 182.

38. Justin, Dialogue 16, 1, e 21, 1.

39. Justin, Dialogue 23, 3 Falls, Justin’s Writings, p. 182.

40. Loc. cit.

41. Justin, Dialogue 29, 3.

42. Justin, Dialogue 12, 3, Falls, Justin’s Writings, p. 166.

44. Justin, Dialogue 16, 1 e 21, 1, Falls, Justin’s Writings, pp. 172, 178. A menção da circuncisão e do sábado por Justino, como marcos distintivos com o propósito de proibir os judeus de “entrarem na vossa cidade de Jerusalém” (Dialogue 16), parece ser uma referência implí­cita ao decreto de Adriano que proibiu todo judeu de entrar na cidade, (cf. Dialogue 19, 2-6; 21, 1; 27, 2; 45, 3; 92, 4); no capí­tulo 92 do Dialogue, a referência ao edito de Adriano é muito mais explí­cita. Justino até diz de modo claro que a circuncisão e o sábado foram dados porque “Deus em sua presciência sabia que o povo (isto é, os judeus) mereceria ser expulso de Jerusalém para jamais ter permissão de entrar lá”. (Falls, Justin’s Writings, p. 294): Pierre Prigent também comenta que, segundo Justino, a circuncisão e o sábado foram dados a Abraão e a Moisés por que “Deus previu que Israel mereceria ser expulso de Jerusalém e não ser permitido que habitassem ali” (Justin et L’Ancien Testament, 1964, p. 265 e p. 251).

45. Alguém poderia argumentar que algumas das propostas amigáveis de Justino para os judeus são indí­cios não de tensão, mas de relacionamento amigável que existia entre os judeus e os cristãos. Justino não tece a possibilidade (que, entretanto, como ele admite, outros cristãos rejeitavam) de que os conversos judeus que continuavam observando a Lei Mosaica poderiam ser salvos, contanto que não persuadissem os gentios de fazer o mesmo? (Dialogue 47) Justino não chama aos judeus “irmãos” (Ibid., 96) e promete “remissão de pecados” àqueles que se arrependeram (Ibid., 94). Não diz Justino que a respeito do fato de que os judeus amaldiçoam os cristãos e os forçam a negar a Cristo, contudo “nós (isto é, os cristãos) oramos por vós para que possais experimentar a misericórdia de Cristo?” (Ibid., 96). Enquanto, por um lado, não pode ser negado que Justino orava pelos judeus e lhes apelava como indiví­duos a se arrependerem e a aceitarem a Cristo, por outro deve ser reconhecido que a preocupação de Justino para com a salvação de judeus sinceros não mudou seu status, como um povo, de inimigos a amigos. De fato, na próxima sentença do capí­tulo 96 do Dialogue, Justino explica a razão para a atitude do cristão: “Pois Ele (isto é, Cristo) instruiu-nos a orar a ti pelos nossos inimigos”. Não há dúvida quanto a serem os judeus os inimigos dos cristãos. Justino explica, contudo, que a atitude hostil dos judeus para com os cristãos não é outra senão a continuação de sua oposição histórica como a rejeição da verdade e dos mensageiros de Deus. No capí­tulo 133, por exemplo, após reiterar a atitude rebelde tradicional dos judeus para com os profetas, ele declara: “deveras, vossa mão está ainda erguida para fazer o mal, porque, embora haveis morto a Cristo, não vos arrependeis; ao contrário, odiais (sempre que o podeis) e nos matais . . . e não cessais de amaldiçoá-lo e àqueles que lhe pertencem, embora oremos por vós e por todos os homens, como fomos instruí­dos por Cristo, nosso Senhor, pois Ele ensinou-nos a orar até pelos nossos inimigos, e a amar aqueles que nos odeiam, e a abençoar aqueles que nos amaldiçoam”. (Falls, Justin’s Writings, pp. 354-355). Enquanto os cristãos oravam pela conversão dos judeus, reconheciam ao mesmo tempo, como Justino diz, que os judeus não se arrependeram e que, como um povo, eram “uma nação inútil, desobediente e infiel” (Dialogue 130). “Os judeus”, Justino afirma alhures, “são um povo cruel, insensato, cego, defeituoso, filhos em quem não há fé” (Dialogue 27). Tal avaliação negativa dos judeus e do judaí­smo reflete a existência de um conflito agudo tanto entre os judeus e cristãos como entre os judeus e o Império. Observamos, na verdade, como Justino interpreta o sábado e a circuncisão como as marcas da infidelidade impostas por Deus aos judeus para que somente eles pudessem sofrer punição e ser “expulsos de Jerusalém e jamais lhes permitir entrar ali”. (Dialogue 92, ver nota 44). Poderia ser digno de nota também que os apelos de Justino aos judeus no contexto de uma condenação sistemática de suas crenças e costumes é semelhante ao apelo de Celsus aos cristãos para participarem na vida pública e orarem pelo Imperador, no contexto da mas sistemática e veemente demolição das verdades fundamentais do cristianismo. Poderia ser que Justino e Celsus (ambos filósofos profissionais) usaram apelos sensatos para fazer com que seus ataques parecessem mais razoáveis?

46. Justin, Dialogue 17, Falls, Justin’s Writings, pp. 174, 173; o fato de que as autoridades judaicas ativamente se empenharam em publicar calúnias contra os cristãos está fundamentado (1) pela trí­plice repetição de acusação de Justino (cf. Dialogue 108 e 117); (2) pela reprovação semelhante feita por Orí­genes (Contra Celsum 6, 27; cf. ibid. 4, 32); (3) pelo testemunho de Eusébio que pretendia ter encontrado “nos escritos dos primeiros dias que as autoridades judaicas em Jerusalém enviaram apóstolos claros e categóricos aos judeus de toda a parte, anunciando a emergência de uma nova heresia hostil a Deus, e que estes apóstolos, revestidos de autoridade escrita, refutaram os cristãos em todos os lugares” (em Isaiam 18, 1 PG 24, 213A); (4) pelo debate entre o judeu e o cristão preservado por Celsus, que talvez contenha o mais completo catálogo de acusações tí­picas proferidas pelos judeus contra os cristãos naquela época. Para uma discussão adicional do papel dos judeus na perseguição dos cristãos, ver W. H. Frend, Martyrdom and Persecution in the Early Church, 1965, pp. 178-204.

47. Justin, Dialogue 16 e 96, Falls, Justin’s Writings, pp. 172, 299; o fato de que Justino se refere, em vários vezes, à maldição que era diariamente pronunciada contra os cristãos (ver capí­tulos 47; 93; 133) nas sinagogas, sugere que o costume era bem conhecido e divulgado naquela época. Epiphanius (Adversus haereses 1, 9) e Jerônimo (em Isaiam 52, 5) confirmam a existência de costume em seu tempo.

48. Justin, Dialogue 96, Falls, Justin’s Writings, p. 299, é digno de nota que, segundo Justino, prosélitos judeus, em comparação com os judeus étnicos preservavam um dupla porção de ódio pelos cristãos. Ele escreve: “Os prosélitos . . . blasfemam Seu nome, duas vezes mais que vós (isto é, os judeus) e também buscam torturar e matar a nós, os que cremos nEle, pois procuram seguir vosso exemplo em tudo” (Dialogue 122, Falls, Justin’s Writings, p. 337).

49. Justin, Dialogue 96.

50. F. A. Regan, Dies Dominica, p. 26; cf. Dialogue 19, 2-4; 21, 1; 27, 2; 45, 3; 92, 4.

51. Justin, Dialogue 67, 3-7, Falls, Justin’s Writings, pp. 106-107 (grifo nosso).

52. Justin, Dialogue 121, Falls, Justin’s Writings, p. 335; cf. Dialogue 64 e 128.

53. J. Daniélou, Bible and Liturgy, pp. 253 e 255, a relação causal entre o dia do Sol e a origem do domingo é investigada no próximo capí­tulo.

54. W. Rordorf, Sunday, p. 220.

55. O papel da Ressurreição na origem do domingo é considerado no capí­tulo IX.

56. Justin, Dialogue 24, 1.

57. Justin, Dialogue 41, 4.

58. Justin, Dialogue 138, 1; a referência ás “oito almas” ocorre no Novo Testamento em I Pedro 3:20 e II Pedro 2:5. J. Daniélou percebe uma justificativa para o oitavo dia mesmo na referência de Justino (cf. Dialogue 138) aos “quinze cúbitos” de água que cobriram as montanhas durante o dilúvio (“Le Dimanche comme huitième jour”, Le Dimanche, Lex Orandi 39, 1965, p. 65).

59. J. Daniélou, Bible and Liturgy, p. 257, comenta astutamente que o simbolismo do oitavo dia como primeiro dia “era usado pelos cristãos para exaltar a superioridade do domingo sobre o sábado”. Note-se que Justino usa o Velho Testamento, para sustentar tanto a tese de que o sábado era uma instituição temporária, introduzida como sinal de reprovação do povo judeu, como para provar a superioridade do domingo sobre o sábado. Os Pais da Igreja, veremos encontraram “prova” adicional no Velho Testamento para justificar a validade do oitavo dia e para usar seu simbolismo como um eficiente engenho polêmico/apologético na controvérsia sábado/domingo.



Última edição por Eduardo em Seg Nov 28, 2011 12:39 pm, editado 3 vez(es)
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[Patrística] Cisternas Rotas :: Comentários

Eduardo

Mensagem Dom Jan 23, 2011 11:06 am por Eduardo

Que tal repetirmos o testemunho do ex-sacerdote católico canadense sobre o grande choque que teve que se empenhou em examinar a fundo essa literatura patrística? Vejamos o testemunho de Charles Chiniquy, famoso religioso católico canadense radicado nos EUA que foi confessor do Pres. Lincoln e que se converteu à fé Reformada, tratando da questão da Patrística:

Trata-se de um trecho interessante do livro de Chiniquy, 50 Years in the “Church” of Rome--The Conversion of a Priest [50 Anos na “Igreja” de Roma--A Conversão de um Sacerdote]. Ele viveu no século XIX e após sua conversão escreveu o volumoso livro onde levanta uma série incrível de fatos sobre doutrina e costumes da Igreja onde passou 50 anos de sua vida, sendo 25 dos mesmos como sacerdote.

Capítulo XLI

O trabalho mais desolador de um sincero sacerdote católico é o estudo dos Pais da Igreja. Ele não dá um passo no labirinto de suas discussões e controvérsias sem ver os sonhos de seus estudos teológicos e pontos de vista religiosos desaparecerem! Preso por um voto solene, de interpretar as Escrituras Sagradas somente segundo o unânime consenso dos Pais da Igreja, a primeira coisa que o angustia é sua absoluta falta de unanimidade na maior parte dos assuntos que discutem. O fato é que mais de dois terços do que um Pai escreveu é para provar que o que outro Pai escreveu é errado ou herético.

O estudante dos Santos Padres também descobre que muitos deles nem mesmo concordam com eles próprios. Muitas vezes confessam que estavam errados quando disseram isso ou aquilo; que mais tarde mudaram de opinião; que agora é que se apegam à verdade salvadora que anteriormente condenavam como um erro danoso! O que fazer com o voto solene de cada sacerdote diante desse fato inegável?

É verdade que nos meus livros teológicos católicos-romanos eu tinha longos trechos dos Pais, apoiando mui claramente e confirmando minha fé nesse dogmas. Por exemplo, tinha as liturgias apostólicas de São Pedro, São Marcos, e São Tiago, para provar que o sacrifício da missa, o purgatório, as orações pelos mortos, a transubstanciação, eram cridos e ensinados desde os tempos primitivos dos apóstolos. Mas qual não foi a minha desolação quando descobri que essas liturgias nada mais eram senão vis e audaciosas falsificações apresentadas ao mundo, por meus papas e minha Igreja, como verdades evangélicas. Eu não poderia encontrar palavras para expressar meu senso de vergonha e consternação.

Que direito tem a minha Igreja de ser chamada infalível, quando ela publicamente é culpada de tais mentiras?

Desde minha infância tem sido ensinado, bem como todos os católicos-romanos, que Maria é a mãe de Deus, e muitas vezes, todo dia, quando orando a ela, eu costumava dizer, “Santa Maria, mãe de Deus, rogai por mim”. Mas qual não foi minha angústia quando li no “Tratado Sobre Fé e Credo”, por Agostinho, estas palavras: “Quando o Senhor diz ‘Mulher o que tenho contigo? Ainda não é chegada a minha hora’ (João 2:4) Ele a está é admoestando a entender que, com respeito a ser Ele Deus, para Ele não havia mãe”.

Isso estava demolindo os ensinos de minha Igreja, e dizendo-me que era blasfêmia chamar Maria de mãe de Deus de tal modo que me senti como atingido por um raio.

Muitos livros podem ser escritos, se meu plano fosse transmitir o relato de minhas agonias mentais, quando lendo os Pais da Igreja. Assim ferido, mostrei-os ao Sr. Brassard, dizendo: “Não vê aqui a irrefutável prova de que aquilo que lhe tenho dito tantas vezes, que, durante os primeiros seis séculos de cristianismo, não encontramos a mínima prova de que houvesse qualquer coisa como nosso dogma do supremo poder e autoridade do Bispo de Roma, ou de qualquer outro bispo, sobre o restante do mundo cristão?

“Meu caro Chiniquy”, respondeu o Sr. Brassard, “eu não lhe disse que quando adquiriu os Santos Padres, estava fazendo uma coisa tola e perigosa? Sendo que é o único sacerdote no Canadá que tem os Santos Padres, pensa-se e comenta-se em muitos lugares, que foi por orgulho que os adquiriu; que foi para exaltar-te acima do restante do clero. Vejo, com tristeza, que estás perdendo rápido o respeito do bispo e dos sacerdotes em geral por causa de tua indomitável perseverança em dedicar todo o teu tempo livre ao estudo deles. És também muito independente e imprudente em falar do que chamas contradições dos Santos Padres, e de sua falta de harmonia com algumas de nossas posições religiosas.

“Muitos dizem que essa excessiva dedicação ao estudo, sem um momento de pausa, irá afetar negativamente tua inteligência e perturbar-te a mente. Até se diz a boca pequena que não se surpreenderiam se a tua leitura da Bíblia e dos Santos Pais te conduza ao abismo do protestantismo. Eu sei que eles estão errados, e faço de tudo em meu poder para defender-te. Mas, julguei, como teu mais dedicado amigo, ser o meu dever dizer-te essas coisas, e advertir-te antes que seja demasiado tarde”.

Eu respondi: “O Bispo Prince me disse as mesmas coisas, e eu conto qual foi a resposta que dele obtive: ‘Quando se ordena um sacerdote, não é ele levado a jurar que nunca interpretará as Santas Escrituras exceto segundo o unânime consenso dos Santos Padres? Como podemos saber o seu consenso unânime sem estudá-los? Não é por demais estranho que, não só os sacerdotes não estudam os Santos Padres , mas que o único no Canadá que está tentando estudá-los, é posto sob ridículo e suspeição de heresia? É minha falta se esta preciosa rocha, chamada ‘consenso unânime dos Santos Padres’, que é o próprio fundamento de nossa crença religiosa, não se ache em parte alguma neles? É minha falta se Orígenes nunca creu na eterna punição dos réprobos; se São Cipriano negava a suprema autoridade do Bispo de Roma; se Santo Agostinho declarou positivamente que ninguém era obrigado a crer no purgatório; se São João Crisóstomo publicamente negou a obrigação da confissão auricular, e a real presença do corpo de Cristo na eucaristia? É minha falta se um dos mais eruditos santos papas, Gregório, o Grande, chamou pelo nome de Ancristo, todos os seus sucessores, por tomarem o nome de Supremo Pontífice, e tentar persuadir o mundo de que tinha, por divina autoridade, uma jurisdição e poder sobre o restante da Igreja?’”

“E o que o Bispo Prince te respondeu?” reagiu o Sr. Brassard.

“O mesmo como fez, expressando seus temores de que o estudo da Bíblia e dos Santos Padres ou me conduziria a um asilo de loucos, ou me lançaria no abismo sem fundo do protestantismo”.

Eu lhe respondi de modo bem sério: “Até quando Deus mantenha a minha inteligência saudável, não posso unir-me aos protestantes, pois as inumeráveis e ridículas seitas desses heréticos são um antídoto seguro contra seus erros venenosos. Não permanecerei um bom católico em razão da uninimidade dos Santos Padres, o que não existe, mas permanecerei um católico por casa da grande e visível unanimidade dos profetas, apóstolos, e evangelistas com Jesus Cristo. Minha fé não se firmará sobre as palavras falíveis, obscuras e volúveis de Orígenes, Tertuliano, Crisóstomo, Agostinho, ou Jerônimo; mas sobre a infalível palavra de Jesus, o Filho de Deus, e de Seus inspirados autores: Mateus, Marcos, Lucas, João, Pedro, Tiago, e Paulo. É Jesus, não Orígenes, que agora me guiará; pois este último foi um pecador como o sou, e o primeiro é para sempre meu Salvador e meu Deus. Eu conheço o suficiente dos Santos Padres para assegurar a vossa senhoria que o voto que fazemos de aceitar a Palavra de Deus segundo o seu unânime consenso é um miserável equívoco, se não um blasfemo perjúrio. É evidente que Pio IV, que impôs a obrigação desse voto sobre todos, nunca leu um único volume dos Santos Padres. Ele não seria culpado de tão incrível erro se tivesse sabido que os Santos Padres são unânimes em somente uma coisa, de que diferem de cada um dos demais em quase tudo”.

“E o que o Sr. Prince disse sobre isso?” indagou o Sr. Brassard.

“Exatamente quando eu o apertava sobre a questão da Virgem Maria, ele abruptamente pôs fim ao diálogo olhando o relógio e dizendo que tinha um compromisso naquele exato momento”.

Levi Dobbs, quando foi questionado por um jovem ministro de como comprovar algo que não encontrasse na Bí­blia:

“Recomendo, no entanto, um judicioso emprego dos Pais em geral, da mais alta confiança para qualquer pessoa que esteja na situação do meu consulente. A vantagem dos Pais é dupla: em primeiro lugar porque exercem grande influência sobre as multidões; em segundo lugar porque você poderá encontrar o que quiser nos Pais. Não creio que haja opinião mais tola e manifestamente absurda, para a qual você não possa encontrar passagens para sustentá-la nas páginas daqueles veneráveis homens de experiência. E para a mente comum, tanto vale um como outro. Se acontecer que o ponto que você quer provar nunca tenha ocorrido aos Pais, então você pode facilmente mostrar que eles teriam tomado seu lado se apenas tivessem pensado no assunto. E se, por acaso, nada há para sustentar, mesmo remotamente, de maneira favorável o ponto em questão, não desanime: faça uma boa e vigorosa citação e coloque nela o nome dos Pais, e pronuncie-a com ar de triunfo. Ela será igualmente valiosa. Nove décimos do povo não se detém a indagar se a citação apóia a matéria em debate. Sim, irmão, os Pais são a sua fortaleza. Eles são a melhor dádiva do Céu ao homem que tenha uma causa que não possa ser amparada por nenhum outro modo.”

O Dr. Eduardo Carlos Pereira classifica os escritos dos padres apostólicos como “testemunha falí­vel de autoridade humana” e “tradição que a crí­tica não pode sequer firmar no terreno digno da história”.

Análise de Citações Comuns dos “Pais” da Igreja Com Respeito ao Dia do Senhor

Bob Pickle


Introdução

As citações sob discussão neste estudo podem ser encontradas postadas em vários websites. Representam uma tentativa de demonstrar que:

* Os cristãos sempre observaram o primeiro dia da semana (domingo)”

* Enquanto os observadores do sábado citam autores do século 20, que imaginam o que teria acontecido 1900 anos antes, nós citamos cristãos cujos escritos têm 1900 anos de idade e falavam do que viam!”

* O registro histórico, desde a Ressurreição de Cristo, mostra que os cristãos sempre observaram o primeiro dia da semana (domingo), e nunca o sábado do sétimo dia”.

Contudo, uma análise objetiva das próprias citações usadas conduzem a várias conclusões:

* Os que fazem tais reivindicações provavelmente nunca se incomodaram de ler essas citações nas fontes originais.

* Os que compilaram a lista original de citações podem ter intencionalmente tentado enganar.

* Os vários websites que postam essas citações, em vista de incorporarem materiais identicamente errí´neos, provavelmente “plagiaram” de alguma outra fonte, sem que crédito apropriado fosse atribuí­do.

Que essa última conclusão seja mesmo uma possibilidade é extremamente paradoxal, dado o fato de que alguns desses websites se especializaram em levantar alegações de “plagiarismo” de certa observadora do sábado do passado. Certamente um website que acusa alguém de plagiar não devia empenhar-se em plagiarismo!


DUAS CITAS DO DIDAQUÊ

A melhor maneira de demonstrar a necessidade das conclusões acima é começar com as cinco citas do Didaquê. Sim, cinco citações são oferecidas do “Didaquê de 90 AD”, mas o fato é que dessas cinco, somente a primeira é realmente do Didaquê! As demais quatro realmente derivam das Constituições Apostólicas, uma compilação de material escrito talvez de 250 AD a 350 AD. Que esses múltiplos websites incorretamente atribuam um documento de 250 AD-350 AD a um suposto “Didaquê de 90 AD” é forte evidência de plagiarismo.
Após a divulgação destas informações, espera-se que esses vários websites realizem necessárias revisões. De fato, um já o fez. Mas uma pesquisa de “Didaquê de 90 AD” pode ainda revelar alguns web sites trazendo as citações errí´neas.


”Didaquê” #2

Em seguida gostarí­amos de apresentar a segunda citação do Didaquê, completo com erros tipográficos, juntamente com o que o original realmente diz:

Como Citado no Website:

Didaquê, 90 AD: . . . todo dia do Senhor, mantende vossas solenes assembléias, e regozijai-vos: pois aquele que jejuar no dia do Senhor será culpado, sendo esse o dia da ressurreição . . . (Constituições dos Santos Apóstolos, Ante-Nicene Fathers, Vol. 7, pág. 449).

Como consta do original:

[Constituições Apostólicas, 250-300 AD]: Ordenamo-vos que jejueis todo quarto dia da semana, e todo dia da preparação, e o que dispensardes pelo jejum dai aos necessitados; cada dia de sábado, exceto um, e todo dia do Senhor, tende vossas solenes assembléias, e regozijai-vos: pois será culpado quem jejua no dia do Senhor, que é o dia da ressurreição, ou durante o tempo do Pentecoste, ou, em geral, quem se entristece num dia festival do Senhor. Pois neles devemos nos regozijar, e não lamuriar.--lv. 5, sec. 3, xx.

O leitor de pronto verá que a elipse inicial representa a omissão de “todo dia de sábado . . . e”. Em outras palavras, a própria cita com que se tenciona provar que “os cristãos sempre observaram o primeiro dia da semana (domingo) e nunca o sábado do sétimo dia” de fato prova o contrário. Os cristãos até o final do terceiro século ainda estavam observando o sábado. Mas a omissão aparentemente enganosa das palavras em questão impede o leitor de discernir este fato.
Se o domingo é de fato sagrado, o dia de culto para o cristão, se deveras é o que a Bí­blia ensina, então que os fatos falem por si ós. A verdade não carece de fraude para seu apoio.
Alguns podem ficar intrigados com o sentido de “todo sábado, exceto um”. Isto se refere ao jejum. Com o passar dos séculos, Roma tornou o sábado um dia de jejum, enquanto o domingo era um dia de regozijo, o que fez com que o domingo parecesse preferí­vel ao sábado na mente de muitos. A Igreja do Oriente, porém, resistiu à idéia de fazer do dia de sábado uma ocasião para jejum. Para eles o sábado do Decálogo era por demais especial para ser um dia de tristeza e jejum. Como a citação acima expõe, eles nunca deviam jejuar no sábado, exceto um sábado por ano, que comemorava o sepultamento de Cristo (ver lv. 2, sec. 3, xv).
Destarte, as Constituições Apostólicas revelam uma incrí­vel quantidade de respeito pelo sábado. Não ó são os cristãos admoestados a se reunirem cada sábado, como também são instados a tornarem cada sábado um dia de regozijo, com exceção de um.
Outro ponto a destacar: A princí­pio alguns cristãos observavam um domingo por ano. Posteriormente, muitos estavam observando tanto o sábado quanto o domingo. Às vezes na última metade do segundo século AD, o domingo começou a ser chamado de Dia do Senhor. A citação das Constituições Apostólicas, acima, não contradiz essas observações históricas. Embora muitos cristãos estivessem ainda observando o sábado em 300 AD, também estavam observando o domingo. E tinham começado a chamar o domingo de dia do Senhor, embora a Bí­blia em parte alguma o chame dessa forma.


”Didaquê” #3


Como Citado no Website:

Didaquê, 90 AD: E no dia da ressurreição de Nosso Senhor, reuni-vos mais diligentemente, dirigindo louvores a Deus, que fez o universo mediante Jesus, e no-Lo enviou, condescendendo a permitir que sofresse, e O ressuscitou dentre os mortos. Doutro modo, que desculpa apresentará a Deus aquele que não se reúne nesse dia para ouvir a palavra salvadora com respeito à ressurreição . . .? (Constituições dos Santos Apóstolos, Ante-Nicene Fathers, Vol. 7, pág. 423)

Como Consta do Original:

[Constituições Apostólicas, c. 250-300 AD]: . . . reuni-vos todos os dias, de manhã e à noitinha, cantando salmos e orando na casa do Senhor: pela manhã recitando o Salmo sessenta e dois, e à noitinha o cento e quarenta, mas principalmente no dia de sábado. E no dia da ressurreição do Senhor, que é o dia do Senhor, reuni-vos mais diligentemente, dirigindo louvores ao Deus que fez o universo mediante Jesus, e no-Lo enviou, e condescendeu em permitir que sofresse, e O ressuscitou dentre os mortos. Doutro modo, que desculpas apresentará a Deus aquele que não se reúne nesse dia para ouvir a palavra salvadora concernente à ressurreição . . . ?--lv. 2, sec. 7, lix.

É fato que muitos cristãos, pelo ano 300 AD estavam observando também o domingo, mas esta citação mesmo com que se busca provar que os cristãos “nunca [observaram] o sábado” na verdade diz que eles se reuniam para culto “principalmente no dia de sábado”. Por que essa parte da citação foi deixada de fora nos vários websites que citam esta passagem?

Isto é apenas uma pequena mostra das muitas outras distorções na literatura patrí­stica que o autor assinala e documenta devidamente.
O fato é que por falta de comprovação bí­blica para a observância do domingo, o antigo feriado solar dos pagãos romanos, o dies solis, que adentrou o cristianismo via-tradição católica, há muitos que recorrem à “santa tradição” para tentar encontrar fundamento para uma prática tão arraigada, como é o acatamento desse falso sábado que desde meados do século II da Era Cristã prevalece no mundo religioso.

Amigos, estou em dí­vida com o Prof. Az na postagem destes textos que ele se referiu, no que concerne ao assunto do tópico. Vou procurar postá-los aos poucos. Abraço a todos.

Análise de Citações Comuns dos “Pais” da Igreja Com Respeito ao Dia do Senhor
Bob Pickle

Introdução


As citações sob discussão neste estudo podem ser encontradas postadas em vários websites. Representam uma tentativa de demonstrar que:

* Os cristãos sempre observaram o primeiro dia da semana (domingo)”
* Enquanto os observadores do sábado citam autores do século 20, que imaginam o que teria acontecido 1900 anos antes, nós citamos cristãos cujos escritos têm 1900 anos de idade e falavam do que viam!”
* O registro histórico, desde a Ressurreição de Cristo, mostra que os cristãos sempre observaram o primeiro dia da semana (domingo), e nunca o sábado do sétimo dia”.

Contudo, uma análise objetiva das próprias citações usadas conduzem a várias conclusões:

* Os que fazem tais reivindicações provavelmente nunca se incomodaram de ler essas citações nas fontes originais.
* Os que compilaram a lista original de citações podem ter intencionalmente tentado enganar.
* Os vários websites que postam essas citações, em vista de incorporarem materiais identicamente errí´neos, provavelmente “plagiaram” de alguma outra fonte, sem que crédito apropriado fosse atribuí­do.

Que essa última conclusão seja mesmo uma possibilidade é extremamente paradoxal, dado o fato de que alguns desses websites se especializaram em levantar alegações de “plagiarismo” de certa observadora do sábado do passado. Certamente um website que acusa alguém de plagiar não devia empenhar-se em plagiarismo!

[size=14pt]CINCO CITAS DO “DIDAQUÊ”[/size]

A melhor maneira de demonstrar a necessidade das conclusões acima é começar com as cinco citas do Didaquê. Sim, cinco citações são oferecidas do “Didaquê de 90 AD”, mas o fato é que dessas cinco, somente a primeira é realmente do Didaquê! As demais quatro realmente derivam das Constituições Apostólicas, uma compilação de material escrito talvez de 250 AD a 350 AD. Que esses múltiplos websites incorretamente atribuam um documento de 250 AD-350 AD a um suposto “Didaquê de 90 AD” é forte evidência de plagiarismo.

Após a divulgação destas informações, espera-se que esses vários websites realizem necessárias revisões. De fato, um já o fez. Mas uma pesquisa de “Didaquê de 90 AD” pode ainda revelar alguns web sites trazendo as citações errí´neas.

[size=14pt]”Didaquê” #2[/size]

Em seguida gostarí­amos de apresentar a segunda citação do Didaquê, completo com erros tipográficos, juntamente com o que o original realmente diz:

Como Citado no Website Como Consta no Original
Didaquê, 90 AD: . . . todo dia do Senhor, mantende vossas solenes assembléias, e regozijai-vos: pois aquele que jejuar no dia do Senhor será culpado, sendo esse o dia da ressurreição . . . (Constituições dos Santos Apóstolos, Ante-Nicene Fathers, Vol. 7, pág. 449). [Constituições Apostólicas, 250-300 AD]: Ordenamo-vos que jejueis todo quarto dia da semana, e todo dia da preparação, e o que dispensardes pelo jejum dai aos necessitados; cada dia de sábado, exceto um, e todo dia do Senhor, tende vossas solenes assembléias, e regozijai-vos: pois será culpado quem jejua no dia do Senhor, que é o dia da ressurreição, ou durante o tempo do Pentecoste, ou, em geral, quem se entristece num dia festival do Senhor. Pois neles devemos nos regozijar, e não lamuriar.--lv. 5, sec. 3, xx.

O leitor de pronto verá que a elipse inicial representa a omissão de “todo dia de sábado . . . e”. Em outras palavras, a própria cita com que se tenciona provar que “os cristãos sempre observaram o primeiro dia da semana (domingo) e nunca o sábado do sétimo dia” de fato prova o contrário. Os cristãos até o final do terceiro século ainda estavam observando o sábado. Mas a omissão aparentemente enganosa das palavras em questão impede o leitor de discernir este fato.

Se o domingo é de fato sagrado, o dia de culto para o cristão, se deveras é o que a Bí­blia ensina, então que os fatos falem por si ós. A verdade não carece de fraude para seu apoio.

Alguns podem ficar intrigados com o sentido de “todo sábado, exceto um”. Isto se refere ao jejum. Com o passar dos séculos, Roma tornou o sábado um dia de jejum, enquanto o domingo era um dia de regozijo, o que fez com que o domingo parecesse preferí­vel ao sábado na mente de muitos. A Igreja do Oriente, porém, resistiu à idéia de fazer do dia de sábado uma ocasião para jejum. Para eles o sábado do Decálogo era por demais especial para ser um dia de tristeza e jejum. Como a citação acima expõe, eles nunca deviam jejuar no sábado, exceto um sábado por ano, que comemorava o sepultamento de Cristo (ver lv. 2, sec. 3, xv).

Destarte, as [i]Constituições Apostólicas revelam uma incrí­vel quantidade de respeito pelo sábado. Não ó são os cristãos admoestados a se reunirem cada sábado, como também são instados a tornarem cada sábado um dia de regozijo, com exceção de um.

Outro ponto a destacar: A princí­pio alguns cristãos observavam um domingo por ano. Posteriormente, muitos estavam observando tanto o sábado quanto o domingo. Às vezes na última metade do segundo século AD, o domingo começou a ser chamado de Dia do Senhor. A citação das [i]Constituições Apostólicas, acima, não contradiz essas observações históricas. Embora muitos cristãos estivessem ainda observando o sábado em 300 AD, também estavam observando o domingo. E tinham começado a chamar o domingo de dia do Senhor, embora a Bí­blia em parte alguma o chame dessa forma.

[size=14pt]”Didaquê” #3[/size]

Como Citado no Website Como Consta do Original
Didaquê, 90 AD: E no dia da ressurreição de Nosso Senhor, reuni-vos mais diligentemente, dirigindo louvores a Deus, que fez o universo mediante Jesus, e no-Lo enviou, condescendendo a permitir que sofresse, e O ressuscitou dentre os mortos. Doutro modo, que desculpa apresentará a Deus aquele que não se reúne nesse dia para ouvir a palavra salvadora com respeito à ressurreição . . .? (Constituições dos Santos Apóstolos, Ante-Nicene Fathers, Vol. 7, pág. 423) [Constituições Apostólicas, c. 250-300 AD]: . . . reuni-vos todos os dias, de manhã e à noitinha, cantando salmos e orando na casa do Senhor: pela manhã recitando o Salmo sessenta e dois, e à noitinha o cento e quarenta, mas principalmente no dia de sábado. E no dia da ressurreição do Senhor, que é o dia do Senhor, reuni-vos mais diligentemente, dirigindo louvores ao Deus que fez o universo mediante Jesus, e no-Lo enviou, e condescendeu em permitir que sofresse, e O ressuscitou dentre os mortos. Doutro modo, que desculpas apresentará a Deus aquele que não se reúne nesse dia para ouvir a palavra salvadora concernente à ressurreição . . . ?--lv. 2, sec. 7, lix.

É fato que muitos cristãos, pelo ano 300 AD estavam observando também o domingo, mas esta citação mesmo com que se busca provar que os cristãos “nunca [observaram] o sábado” na verdade diz que eles se reuniam para culto “principalmente no dia de sábado”. Por que essa parte da citação foi deixada de fora nos vários websites que citam esta passagem?

“Didaquê” #4

Esta próxima citação procede do sétimo livro (sec. 2, xxx) das Constituições Apostólicas, e julga-se ser de uma data posterior aos primeiros seis livros. Menciona somente o domingo, e não o sábado, mas não contém qualquer material que seja objeto de contestação dos eruditos sabatistas. Em vez disso, portanto, propiciamos algumas seleções das Constituições Apostólicas que ordenam a guarda do sábado, para efeito de comparação:

Como Citado no WebsiteComo Consta no Original
Didaquê, 90 AD: No dia da ressurreição do Senhor, ou seja, no dia do Senhor, reuni-vos, sem falta, dando graças a Deus, e orando a Ele por aquelas misericórdias que Deus vos tem concedido mediante Cristo, e vos tem livrado da ignorância, erro, e escravidão, para que o vosso sacrifí­cio seja imaculado, e aceitável a Deus, que disse a respeito de Sua Igreja universal: “Em todo lugar incenso e um sacrifí­cio puro sejam-me oferecidos; pois Eu sou um grande rei, disse o Senhor Todo-poderoso, e meu nome é maravilhoso entre os pagãos, [Malaquias 1:11, 14] (“Constituições dos Santos Apóstolos”‘Ante-Nicene Fathers Vol. 7, pág. 471)[Constituições Apostólicas, c. 250-300 AD]: Observarás o sábado, por causa Daquele que cessou a Sua obra de criação, mas não interrompeu a Sua obra de providência . . . --.lv. 2, sec. 7, lix.
Mas observai o sábado, e o festival do dia do Senhor; porque o primeiro é o memorial da criação, e o último, da ressurreição. Mas há somente um sábado a ser observado por vós o ano todo, que é aquele do sepultamento do Senhor, no qual os homens deviam guardar um jejum, mas não um festival--.lv. 7, sec. 2, xxiii.

[size=14pt]”Didaquê” #5[/size]

A quinta cita, supostamente do Didaquê, nada diz sobre quando os cristãos se reuniam para o culto. Portanto, incluiremos mais algumas poucas citações do mesmo documento concernentes à guarda do sábado, para efeito de comparação.

Como Citado no Website Como Consta do Original
Didaquê, 90 AD: E como não seria senão adversário de Deus, aquele que se preocupa com coisas temporais noite e dia, mas não leva em contas as coisas eternas? Que se preocupa com lavagens e alimentos temporários todo dia, mas não cuida das que duram para sempre? Como pode tal mesmo agora evitar ouvir a palavra do Senhor, “Os gentios são mais justificados do que vós” ao declarar em reprovação, a Jerusalém, “Sodoma é mais justa do que tu”. Pois se os gentios todo dia, quando despertam do sono, correm para os seus í­dolos a fim de adorá-los, e antes de todos os seus trabalhos e fainas, primeiro de tudo oram a eles, e em suas festas e suas solenidades não se afastam delas, mas as observam; e não somente aqueles neste lugar, mas os que vivem bem distante fazem o mesmo; e em suas demonstrações públicas vêm todos juntos, como se numa sinagoga: do mesmo modo aqueles que são de forma vã chamados de judeus, quando trabalharam seis dias, no sétimo dia descansam, e reúnem-se em sua sinagoga, nunca deixando ou negligenciando tanto o descanso de seus labores quanto a reunião conjunta. . . Se, portanto, os que não são salvos reúnem-se freqüentemente para tais propósitos que não lhes são de valia, que desculpas apresentareis ao Senhor Deus ao abandonarem a sua Igreja, não imitando o exemplo dos pagãos, mas com isso vossa ausência se torna preguiça, ou apostasia, ou atos de impiedade? A esses o Senhor diz por Jeremias, “Não guardastes as Minhas ordenanças; não, vós não tendes andado segundo a ordenança dos pagãos e tende, de certo modo, os superado. . . Como, pois, terá alguém sua desculpa ao desprezar ou ausentar-se da igreja de Deus? (Constituições dos Santos Apóstolos, 100 AD? [data incerta], Ante-Nicene Fathers, Vol. 7, pág 423)[Constituições Apostólicas, c. 300-350 AD]: Que vossas querelas jurí­dicas sejam tidas no segundo dia da semana, a fim de que ante qualquer controvérsia que se levante a respeito de vossa sentença, tendo um intervalo até o sábado, possais ser capazes de resolver devidamente a controvérsia, e estabelecer a concórdia entre aqueles que têm demandas contra o dia do Senhor--.lv. 2, sec. 6, xlvii.
Não que o dia de sábado seja um de jejum, sendo o repouso da criação . . . ‘lv. 5, sec. 3, xv.
Ó Senhor Todo-Poderoso, Tu criaste o mundo mediante Cristo, e designaste o sábado em sua memória, porque nesse dia fizeste-nos descansar de nossas obras, para meditação sobre Tuas leis--.lv. 7, sec. 2, xxxvi.
Nesse aspecto Ele permitiu aos homens que repousassem todo sábado, de modo que nenhum se dispusesse a proferir uma palavra de sua boca em ira no dia do sábado. Porque o sábado é o cessar da criação, a finalização do mundo, a inquirição sobre as leis, e o grato louvor a Deus pelas bênçãos que Ele tem concedido aos homens. Nisso tudo o dia do Senhor se exalta . . . --.lv. 7 sec. 2, xxxvi.
Que os escravos trabalhem cinco dias; mas no dia de sábado e no dia do Senhor que tenham liberdade para irem à igreja para instrução em piedade. Temos dito que o sábado tem que ver com a criação, e o dia do Senhor com a ressurreição--.lv. 8, sec. 4, xxxiii.
64. Se qualquer um do clero for encontrado jejuando no dia do Senhor, ou no dia de sábado, exceto somente num, seja ele destituí­do; mas se for do laicato, que seja suspenso--.lv. 8, Eccl. Canons.

É por demais claro que os autores responsáveis por esse documento criam que:

O sábado se originou na Criação, não no Sinai.
O sábado é para todos os homens, não somente para os judeus.
O sábado não foi abolido por Cristo.
O sábado deve ainda ser observado pelos cristãos.
Os cristãos que ousarem desonrar o sábado mediante o jejuar nele (com uma exceção) devem ser punidos.

Contudo, é também igualmente claro que a apostasia havia progredido a um considerável grau por 350 AD. Um dos colaboradores deste documento escreveu que o domingo “supera” o sábado da criação dos Dez Mandamentos, conquanto 1) A Escritura não diga em absoluto nada a respeito de o domingo ser sagrado, e 2) esse colaborador não ofereceu evidência bí­blica em suporte de sua asserção.

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Eduardo

Mensagem Dom Jan 23, 2011 11:08 am por Eduardo

”Didaquê” #1

Agora que temos analisado as quatro citações que não eram realmente do Didaquê, retornaremos à que realmente pertence ao Didaquê.

Como Citado no Website Como Consta no Original
Didaquê, 90 AD: Mas todo dia do Senhor, reuni-vos, e parti o pão e dai graças após haverdes confessado as vossas transgressões, a fim de que o vosso sacrifí­cio possa ser puro. Mas que nenhum que esteja em conflito com o seu próximo se reúna convosco, até que sejam reconciliados, a fim de que o vosso sacrifí­cio não seja profanado. Pois isto é o que foi falado pelo Senhor ... [Mat. 5:23-24] (O Ensino dos Doze Apóstolos, Chap. 14:1, Ante-Nicene Fathers/ Vol. 7, page 381) [Patrística] Cisternas Rotas Didaque%201
[tradução do inglês na 1a. linha]: Onde está a palavra grega ‘hemera’ para “dia”?

O uso dessa citação nada prova, mesmo que proceda de 90 AD, uma data que de modo algum é certa. Dois destaques podem ser levantados:

* A palavra grega para “dia” nem sequer aparece na passagem. Foi acrescentada pelos tradutores.
* Mesmo que a adição da palavra “dia” for correta, a passagem não diz especificamente que dia se tem em mente como dia do Senhor. Poderia muito bem referir-se ao sábado, uma vez que é o único dia que a Bí­blia diz que pertence ao Senhor.

Sobre o ponto 2, todos possivelmente concordarão que é Jesus quem está falando em Isaí­as 63:1-6, já que em Apo. 19:13 e 15 é usada a mesma linguagem referente a Cristo. Segue-se, pois, que Cristo é o “Senhor”, descrito em Isaí­as 59:16, uma vez que a linguagem é semelhante a Isaí­as 63:5. Portanto, é provável que Cristo, o “Senhor” em Isaí­as 58:13, é Quem declara que o sábado é “Meu santo dia”. Este e outros textos indicam que o sábado é o dia especial que pertence a Jesus, e não há versos bí­blicos que digam algo diferente.

[size=14pt] Inácio [/size]

A cita tida como procedente de “Inácio, de 107 AD” é da Epí­stola aos Magnésios, por Inácio, que possivelmente poderia ser genuí­na em sua forma mais breve, mas a forma mais longa é geralmente considerada como forjada e escrita em época bem posterior ao tempo de Inácio. De fato, um website que a tinha datado como 107 AD agora a data como sendo de 250 AD, mas ainda reivindicando que foi Inácio quem a redigiu. Isso, logicamente, é impossí­vel, pois Inácio morreu em torno de 107 ou 116 AD.

No que diz respeito à forma mais curta, sua genuinidade de maneira nenhuma é certa, sendo ainda altamente possí­vel que o que temos hoje nem sequer representa o texto que foi originalmente redigido.

É a cita em questão relativa à forma mais curta ou à mais longa? Surpreendentemente, na verdade é de ambas. As duas formas foram fundidas como se representassem uma única citação.

Em outras palavras, a cita, como apresentada nos vários websites, na realidade não existe em parte alguma.

Como Citado no Website Do Original, Forma Curta
INÁCIO, 107 AD: Não vos enganeis com doutrinas estranhas, nem com velhas fábulas, que são inaproveitáveis. Pois se ainda vivemos segundo a lei judaica, admitimos que não recebemos a graça. . . . Se, portanto, aqueles que foram criados na antiga ordem de coisas chegarem à posse de uma nova esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo na observância do Dia do Senhor, no qual também nossa vida foi Nele revivida e por Sua morte (que alguns negam), por cujo mistério recebemos fé, e por causa do que sofremos a fim de que possamos ser achados discí­pulos de Jesus, nosso único Mestre, uma vez que eles eram seus discí­pulos no espí­rito ? . . . que todo amigo de Cristo observe o Dia do Senhor como um festival, o dia da ressurreição, a rainha e principal de todos os dias da semana. É um absurdo falar de Jesus Cristo com a lí­ngua, e conservar em mente um judaí­smo que agora chegou ao fim, pois onde há cristianismo não pode haver judaí­smo. . . . Essas coisas eu lhe dirijo, meu ‘amado, não que eu saiba que qualquer um de vós esteja nesse estado; mas, como menos do que qualquer de vós, desejo preservar-vos de antemão, para que não caiais nas armadilhas da vã doutrina, mas que, antes, vos apegueis a uma plena segurança em Cristo. . . . (Inácio, “Epí­stola aos Magnésios”, cap 9. Ante-Nicene Fathers, vol. 1, pg. 62-63.) [Autenticidade e data desconhecidas]
Não vos enganeis com doutrinas estranhas, nem com velhas fábulas, que são sem proveito. Pois se ainda vivemos segundo a lei judaica, admitimos que não recebemos graça. Pois os mais santos profetas viveram de acordo com Jesus Cristo--.cap. 8.
Se, portanto, aqueles que foram criados na antiga ordem de coisas chegaram à posse de uma nova esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo na observância do Dia do Senhor, no qual nossa vida reviveu por Ele e por Sua morte--a qual alguns negam, por cujo mistério temos obtido fé, e portanto suportamos, para que possamos ser achados discí­pulos de Jesus Cristo nosso único Mestre--como seremos capazes de viver à parte Dele, cujos discí­pulos os próprios profetas no Espí­rito por Ele esperaram como o seu Instrutor? E portanto Aquele a quem justamente aguardavam, tendo vindo, os levantou dentre os mortos--.cap. 9

Da Forma Original, Longa

[Não por Inácio, c. 300 AD?] Pois se nós ainda vivemos segundo a lei judaica, e a circuncisão da carne, negamos que temos recebido graça--.cap. 8.
Mas que todos vós guardeis o sábado segundo um modo espiritual, regozijando-vos em meditação sobre a lei, não em relaxamento do corpo, admirando a obra de Deus, e não comendo coisas preparadas no dia anterior, nem usando bebidas mornas, e caminhando dentro de um espaço prescrito, nem encontrando deleite em danças e celebrações que em si não fazem sentido. E após a observância do sábado, que todo amigo de Cristo observe o Dia do Senhor como um festival, o dia da ressurreição, a rainha e chefe de todos os dias [da semana]--.cap. 9.
É absurdo falar de Jesus Cristo com a lí­ngua, e conservar em mente um judaí­smo que agora chega a um fim. Pois onde há cristianismo, não pode haver judaí­smo--.cap. 10.
Essas coisas [eu me dirijo a vós], meus amados, não que eu saiba que qualquer de vós esteja em tal condição; mas, não menos do que qualquer de vós, desejo guardar-vos de antemão, de que caiais nas armadilhas da vã doutrina, mas que, antes, atenteis a uma plena segurança em Cristo . . . --.cap. 11.

Examinemos primeiro a forma mais longa, com a qual o leitor imediatamente observará um sério problema. A própria cita que supostamente prova que os “cristãos . . . nunca [observaram] o sábado” de fato ordena que “todo” cristão “observe o sábado”! Ademais, uma vez que a cita também proí­be o judaizar, segue-se que o redator da forma longa desta epí­stola cria que a observância do sábado transcende o judaí­smo. Em outras palavras, um cristão poderia dizer às pessoas que elas precisam observar o sábado sem serem culpadas de judaizar!

As palavras “e após a observância do sábado” foram intencionalmente apagadas da cita. Outro exemplo de fraude?

Agora consideremos a forma mais curta. Notem como Inácio, se isso foi realmente escrito por Inácio, parece estar falando sobre os antigos profetas, não sobre os cristãos. Pareceria, assim, que esta cita deve estar falando sobre algo diferente de quebrar o sábado, uma vez que os antigos profetas muito certamente observavam o sábado.

E o mais importante, por favor notem que, como no Didaquê #1, a palavra grega para “dia” não aparece em momento algum no texto:

Como Citado no Website Do Original
. . . não mais observando o sábado, mas vivendo na observância do Dia do Senhor, no qual também nossa vida tem revivido por Ele e por Sua morte. . . . (Inácio, Epí­stola aos Magnésios, cap 9. Ante-Nicene Fathers , vol. 1, pág. 62-63.) [Patrística] Cisternas Rotas Didaque%202
[tradução do inglês]: Onde está a palavra grega ‘hemera’ para “dia”?


A tradução deveria ter dito algo sobre a vida do Senhor, não o dia do Senhor, pois é assim que reza o grego. Destarte, mesmo que essa cita fosse escrita em 107 AD, o autor não chama o domingo de dia do Senhor. Em vez de estar falando do dia do Senhor, ele está falando sobre a vida do Senhor, vivendo uma vida semelhante à de Jesus.

É essa alguma noví­ssima descoberta que os autores dessas web pages não tiveram oportunidade de ouvir a respeito ainda? Em absoluto. John Andrews o colocou em forma impressa em seu livro, [i]History of the Sabbath, já em [i]1873!

Barnabé
Como Citado no Website Do Original
Epí­stola de Barnabé, 74 AD: “Observamos o oitavo dia [domingo] com regozijo, o dia também em que Jesus se levantou dentre os mortos” (Epí­stola de Barnabé 15:6-8). O sábado é mencionado no princí­pio da criação. . . . Portanto, meus filhos, em seis dias, ou seja, em seis mil anos, todas as coisas se findarão. “E Ele repousou no sétimo dia”. Isso significava que quando o Seu Filho vier [novamente], . . . então Ele verdadeiramente descansará no sétimo dia. Ademais, Ele declara: “Santifica-lo-eis com mãos santas e um puro coração”. Se, portanto, qualquer um puder agora santificar o dia que Deus santificou, exceto que seja puro de coração em todas as coisas, somos enganados. Eis, portanto: certamente então quem descansando apropriadamente o santifica, quando nós próprios, tendo recebido a promessa, não mais existindo impiedade, e todas as coisas tendo sido tornadas novas pelo Senhor, seremos capazes de operar a justiça. Então seremos capazes de santificá-lo, tendo primeiro santificado a nós próprios. . . . Portanto, também observamos o oitavo dia com regozijo, o dia também em que Jesus levantou-Se dentre os mortos. E quando Ele Se manifestou, ascendeu aos céus.
Assim, de acordo com o pseudo-Barnabé, somos por demais iní­quos no presente para observar o sábado, e não seremos capazes de observá-lo até que sejamos santificados quando Cristo retornar. Por sermos por demais iní­quos para observar o sábado agora, devemos, em vez disso, observar o domingo. Que beneficio esse raciocí­nio traz à causa da santidade do domingo?

Dizemos pseudo-Barnabé, porque todos admitem que Barnabé, companheiro de Paulo, nunca escreveu essa estranha epí­stola. E a data de 74 AD é altamente questionável. Diz a introdução da edição de Roberts e Donaldson de Ante-Nicene Fathers [Os Pais Antenicenos]:

Introdução de Roberts e Donaldson



A data, objeto e leitores destinatários da Epí­stola somente podem ser inferidos duvidosamente de algumas declarações que esta contém. Foi claramente escrita após a destruição de Jerusalém, uma vez que é feita referência a esse evento (cap. 16), mas quanto tempo após é motivo de muito debate. A opinião geral é de que essa data não é posterior à metade do segundo século, e que não pode ser situada mais cedo do que cerca de vinte ou trinta anos antes.
Isso coloca sua data ao redor de120 a 150 AD. Agora, essa é a opinião geral, e por que essas webpages a situam em “74 AD”?
Outros recursos dizem que a data da composição cai entre 70 AD e 135 AD, entre a destruição de Jerusalém e a reedificação da cidade por Adriano. Glenn Davis declara: “Dentro desses limites não é possí­vel ser mais preciso”. Sendo assim, não parece nada honesto datar esta cita em “74 AD.”

[size=14pt]Plí­nio[/size]

Como Citado no Website



Plí­nio, 110 AD: eles tinham o hábito de reunir-se em certo dia fixo antes que fosse claro, quando cantavam em versos alternados um hino a Cristo, como a um Deus, e uniam-se por um solene juramento para não (fazer) quaisquer atos iní­quos, nunca cometer qualquer fraude, roubo ou adultério, nunca falsificar a palavra dada, nem renegar a uma incumbência quando instados a cumpri-la; após o que era o seu costume separar-se e depois reunirem-no outra vez para partilhar boa comida--mas alimento de um tipo ordinário e inocente.
Sim, é verdade. Esta é realmente uma das citas usadas em vários websites para provar que os “cristãos sempre cultuaram no primeiro dia da semana (domingo) e nunca no sábado do sétimo dia”. O fato estranho é que Plí­nio nunca disse sobre que dia ele estava falando.
Essa deficiência nos vários websites é compensada por uma citação um tanto longa de Frances Nigel Lee. Citamo-la em boa parte abaixo:

Como Citado no Website



Nesse comentário é explicitamente declarado que esses cristãos primitivos observavam a substância da maioria dos Dez Mandamentos, e fica implí­cito que observavam todos os dez na medida em que fossem capazes de fazê-lo. Na medida em que podiam, pois sendo que na sua maioria os primeiros cristãos eram da classe de escravos ou de outras classes inferiores--, e aqueles que tinham amos ou empregadores pagãos--a vasta maioria--seria forçada a trabalhar em seu dia de repouso, que infelizmente era um dia trabalho oficial por todo o Império até que o edito “sabático” de Constantino em 321 AD lhes concedeu certa medida de proteção pública. Assim pode-se ler que após reunirem-se “num certo dia fixo antes de amanhecer”, os cristãos da Bití­nia, no primeiro século tinham que “se separar”‘muitos deles tendo que trabalhar para seus mestres e/ou empregadores do amanhecer ao entardecer’”e então se separavam para partilharem de . . . comida”. O “certo dia fixo” [stato die] [sic] em que os cristãos se reuniam, é considerado pelos adventistas do sétimo dia como sendo o sábado. . . . Mas o domingo é muito mais provável ter sido o “certo dia fixo” do que o sábado. Pois se Plí­nio estivesse se referindo ao velho sábado, como um romano ele sem dúvida teria se referido a uma reunião “posterior” primeiro, e depois a reunião da manhã no dia . . . sendo que o velho sábado era demarcado da tarde de um dia até à do dia seguinte. Mas Plí­nio não faz essa referência. Em vez disso, ele menciona que a reunião do ante-amanhecer tinha lugar primeiro--e somente depois ocorria a reunião posterior, e ambas as reuniões ocorriam no mesmo “certo dia fixo”. Isso claramente aponta à demarcação romana (e--mais importante--neotestamentária) de meia-noite a meia-noite dos modernos observadores do domingo e não a demarcação de tardinha a tardinha, dos judeus e adventistas do sétimo dia. (The Covenantial [sic] Sabbath, Francis Nigel Lee, Pg 242)

Lee apresenta vários pressupostos questionáveis:

Embora admita que os cristãos observavam os 10 Mandamentos, Lee presume que eles eram covardes quando chegavam à questão do dia de repouso. Assim, embora eles regularmente fossem lançados aos leões, em vez de desonrarem a Cristo, eram demasiado temerosos de seus empregadores para obedecerem o mandamento do dia de repouso.
Lee presume que quando Plí­nio diz que os cristãos se reuniam novamente mais tarde no decorrer do dia, isso significaria depois do escurecer. Plí­nio nunca disse que era essa a sua idéia. Ele pode muito bem estar querendo dizer mais tarde na manhã, e não à tarde.
Se o segundo pressuposto de Lee for válido, isso significaria que os cristãos reuniam-se antes do alvorecer e outra vez após escurecer, no mesmo dia romano. Hoje os observadores do domingo muitas vezes citam Atos 20:7, a única reunião de culto no domingo registrada em todo o Novo Testamento. Esse texto não deixa pista de que tal culto era uma ocorrência semanal, mas suponhamos que era realizada semanalmente. Uma vez que a reunião de Atos 20:7 era no que nós hoje chamamos sábado à noite (os dias bí­blicos eram limitados de pôr do sol a pôr do sol, e Atos 20:7 está tratando de perí­odo após o pôr do sol), segue-se, então, que Plí­nio poderia simplesmente estar falando sobre uma reunião sabática pré-matinal, e uma reunião após o escurecer, nesse mesmo sábado.
Na melhor das hipóteses, esta cita de Plí­nio nada prova em absoluto. Presumamos que o culto do sábado à noite em Atos 20:7 fosse uma ocorrência regular, semanal, então, na pior das hipóteses, essa cita de Plí­nio diz que os cristãos se reuniam cada sábado antes do alvorecer para o culto.

Epistula Apostolorum

Desafortunadamente, a Epistula Apostolorum “não é mencionada em parte alguma na literatura dos cristãos primitivos” (H. Duensing in The New Testament Apocrypha, Wilhelm Schneemelcher, ed., vol. 1, p. 189.). Isso suscita dúvidas quanto a sua autenticidade, linguagem e data de composição.

Também é lamentável o fato de que, conquanto haja sido presumivelmente, escrita em grego, nenhum de seus manuscritos em grego sobreviveu. Tudo quanto temos são alguns fragmentos coptas do quarto ou quinto século, uns poucos fragmentos latinos do quinto século, e vários manuscritos etí­opes do século dezoito. Os manuscritos etí­opes somente preservam esse documento em sua inteireza.

Quando foi escrito? Ninguém sabe com certeza, mas a maioria pensa que foi escrito em alguma época em torno de 150 AD.

Apresentamos abaixo a citação como aparece em vários websites, e como reza tanto nas versões copta e etí­ope, segundo Duensing:

Como Citado no Website Versão Copta Versão Etí­ope
EPÍSTOLA DOS AP퀜STOLOS.- I [Cristo] tendo vindo à existência no oitavo dia, que é o dia do Senhor. (18)1 [Epistula Apostolorum 18] Tornei-me a Ele algo, isto é. . . completado segundo o tipo; vim à existência no oitavo dia que é o dia do Senhor . [Epistula Apostolorum 18] Isto é, quando Ele foi crucificado, morreu e ergueu-se novamente, como disse isso, e a obra que foi assim realizada na carne, com que foi crucificado, e sua ascensão--este é o cumprimento do número.

Onde o texto diz “oito”, esses vários websites dizem “oitavo dia”. Se adicionaram a palavra “dia” à frase “dia do Senhor”, não sabemos, uma vez que não temos presentemente acesso ao texto copta. Mas muito mais importante é que esses websites também citam a versão copta, não a versão etí­ope, sem informar os leitores sobre esse fato. A versão etí­ope nada diz em absoluto sobre dias!

O leitor deve observar que essa citação nada diz sobre reunião dos cristãos para culto, seja no sábado ou domingo. Tudo quanto interessa é a aparente identificação da cita do domingo como o “dia do Senhor”. Mas se o escritor julgava o domingo como o dia do Senhor, ou se pensava que somente o Domingo de Páscoa era o dia do Senhor, não pode ser determinado a partir dessa passagem.

Sendo que o domingo começou a ser chamado dia do Senhor em algum tempo na última metade do segundo século, não seria de surpreender se um documento escrito por volta de 150 AD o fizesse. Mas 150 AD é cerca de 120 anos posterior à cruz. Isso significa que temos de esperar pelos menos 120 anos após a cruz antes de encontrarmos qualquer documento chamando o domingo de dia do Senhor.

Contudo, com respeito à Epistula Apostolorum, não se pode saber ao certo quando as palavras em questão encontraram o seu caminho ao texto. Eram parte do original? Foram adicionadas pelo tradutor copta? Foram acrescentadas por copistas do século quarto ou quinto? Ninguém pode dizer com certeza. Mas à luz de nossa discussão sobre Justino Mártir, uma identificação de 150 AD para todo domingo ser chamado dia do Senhor parece bem improvável.

O único pensamento a se poder acrescentar antes de avançarmos diz respeito ao propósito total dessas várias citas. Estamos em busca de justificativas para quebrantar um dos 10 Mandamentos. Estamos buscando por uma razão válida para ignorar o dia de repouso que Jesus manteve nos Evangelhos, o mesmo dia de descanso repetidamente referido no livro de Atos. Em tentar convencer-nos de possivelmente não incorremos em culpa ante Deus quando violando um dos 10 Mandamentos, não dependamos de uma tardia e dúbia Epistula Apostolorum.

Irineu

Como Citado em Dois Websites Como Consta do Original
IRINEU: 155-202 A.D. “O Mistério da Ressurreição do Senhor pode não ser celebrado em qualquer outro dia, além do Dia do Senhor, e nesse somente devemos observar o iní­cio da Festa Pascal”. Irineu, 178 A.D., ao alegar que os sábados judaicos eram sinais e tipos e não eram para ser observados, uma vez que a realidade do qual eram sombras, havia vindo, diz, “O mistério da ressurreição do Senhor não pode ser celebrado em qualquer outro dia, senão no dia do Senhor e nesse somente devemos observar o iní­cio da Festa Pascoa . . . o Pentecoste caí­a no primeiro dia da semana, e era, portanto, associado com o dia do Senhor”.

Soa convincente? Talvez, se pudermos verificar sua autenticidade. Mas onde pode ser comprovada? Até aqui, conquanto hajamos encontrado essa cita em muitos websites, não encontramos ainda qualquer um que ofereça referências. De fato, conquanto tenhamos realizado uma pesquisa computadorizada por toda a coleção de “pais”, não podemos encontrar essas citas em lugar nenhum sob Irineu.

Mas achamos algo semelhante em Anatólio de Alexandria, que pode ter escrito sua obra por volta de 270 AD. E encontramos algo quase idêntico em Eusébio, que escreveu décadas depois. Todavia, não temos qualquer pista de onde partiu o segmento de que “o Pentecoste caí­a no primeiro dia da semana”. Não podemos comprovar que qualquer autor antigo tenha escrito isso.

Quando se lê a cita no seu contexto, seja em Anatólio ou Eusébio, torna-se imediatamente claro que essa cita não tem absolutamente nada a ver com um culto semanal aos domingos:

Anatólio Euzébio
O grupo, de fato, mantinha o dia de Páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês, segundo o evangelho, como pensavam, nada acrescentando de caráter externo, mas mantendo por todas as coisas a regra de fé. E o outro grupo, passando o dia da Paixão do Senhor como um dia assinalado por tristeza e lamento, alegando não ser legal celebrar o mistério do Senhor na Páscoa em qualquer outra ocasião, a não ser no dia do Senhor, no qual teve lugar a ressurreição do Senhor dos mortos e no qual também Se ergueu para nós a causa de perpétuo gozo.--The Paschal Cí¢non, cap. 10.Para as paróquias de toda a Ásia, como por uma antiga tradição, mantinham que o décimo quarto dia da lua . . . devesse ser observado como a festa da Páscoa do Salvador. Foi, portanto, necessário findar o seu jejum nesse dia, ocorresse no dia de semana que fosse. Mas não era costume das igrejas no resto do mundo findá-lo nessa ocasião, ao observarem a prática . . . de terminar a festa em nenhum outro dia que não o da ressurreição de nosso Salvador.
Sí­nodos e assembléias de bispos foram realizados nesse respeito, e todos, em comum acordo, mediante correspondência míºtua, estabeleceram um decreto eclesiástico, de que o mistério da ressurreição do Senhor não devesse ser celebrado em nenhum outro dia, se não no dia do Senhor, e que deverí­amos observar o encerramento do jejum pascoal nesse dia somente.--Ecclesiastical History, bk. 5., ch. 23.

O que está sendo discutido acima tornou-se mais tarde conhecido como Controvérsia Quatrodecimana. Quando deveriam a morte e ressurreição de Cristo ser lembradas? Em 14 de nisã, o décimo quarto dia do primeiro mês judaico, ou num domingo em particular? Se Irineu jamais escreveu o que acima consta torna-se um tanto irrelevante quando percebemos que o uso dessa cita em apoio ao culto semanal aos domingos é inteiramente fraudulento.

Assim, vemos novamente os riscos de tantos webmasters copiarem uns dos outros sem daram devido crédito, seja í fonte original ou í quela da qual estão plagiando.

Antes de prosseguirmos, apresentaremos uma cita de um escritor desconhecido que pode ser a fonte da suposta cita do Pentecoste por Irineu:

Fragmento Perdido #7



Este [costume], de não dobrar os joelhos no domingo, é um sí­mbolo da ressurreição, mediante o qual fomos postos em liberdade, pela graça de Cristo, dos pecados, e da morte, que foi posta sob Ele. Agora esse costume surgiu nos tempos apostólicos, como o bendito Irineu, o mártir e bispo de Lyons, declara em seu tratado Sobre a Páscoa, no qual ele faz menção também ao Pentecoste; e sobre esta [festa] não inclinamos os joelhos, porque é de igual significado com o dia do Senhor, pela razão já alegada concernente a ele.

O melhor uso que se poderia fazer da cita sobre o Pentecoste mostrar que Irineu chamou o domingo de dia do Senhor. Presumindo que as traduçíµes acima estejam corretas, sabemos que Anatólio, Eusébio, e este autor desconhecido chamaram o domingo de dia do Senhor. Mas não temos idéia se Irineu jamais o fez .

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Eduardo

Mensagem Dom Jan 23, 2011 11:08 am por Eduardo

CISTERNAS ROTAS


JEREMIAS, o profeta, falando das falsas fontes de ensino, chama-as de “cisternas rotas, que não retêm as águas” (2:13). Deixar as Escrituras ‘ infalí­vel Palavra de Deus ‘ para escorar-se nos chamados Pais da Igreja é, sem dúvida, abeberar-se nas cisternas rotas da confusão, da dúvida, da incerteza e da incoerência. Embora alguns desses homens tenham sido piedosos, a verdade é que não eram inspirados, e seus escritos não são infalí­veis. Pelo contrário, há neles uma eiva tremenda de absurdos e ilogismos insanáveis. Eis a amostra:

Inácio, por exemplo, pretende que se torna assassino de Cristo quem não jejua no sábado ou no domingo (1); defende a transubstanciação, considerando herege quem admite apenas o simbolismo da santa ceia (2); exalta demais a autoridade do bispo, pondo-a acima da de César, chegando ao cúmulo de afirmar que, quem não o consulta, segue a Satanás (3). É bom lembrar que, das quinze cartas atribuí­das a Inácio, oito são absolutamente falsas, e as restantes são duvidosas, cheia de interpolações e acréscimos. Não se sabe exatamente o que esse Pai escreveu!!!

Barnabé (se é que existia tal personagem), diz que a lebre muda cada ano o lugar da concepção (4), que a hiena muda de sexo anualmente (5), e a doninha concebe pela boca (6). Afirma que Abraão conhecia o alfabeto grego (séculos antes que tal alfabeto existisse) (7) ; alegoriza a Bí­blia, compara a circuncisão ao “oitavo dia” que afirma ser o dia de reunião (quando não existe oitavo dia na semanal) (8’). Sua epí­stola é espúria, disparatada e não merece crédito.

Justino era quiliasta*; ensinava, entre outros absurdos, que os anjos do Céu comem maná (9), e que Deus, no princí­pio do mundo, deu o Sol para ser adorado. (10)

Clemente de Alexandria sustenta que os gregos se salvam pela sua sabedoria (11); afirma que Abraão era sábio em astronomia e aritmética, e que Platão era profeta evangélico. (12) Erra demasiada e crassamente nas citações que faz da Bí­blia.

Tertuliano, o que mais heresias ensinou, era sarcástico, injurioso, apaixonado, colérico, fanático e aderiu à heresia montanista.** Diz regozijar-se com os sofrimentos dos í­mpios no inferno (13) Afirma que os animais oram (14). Defende o purgatório, a oração pelos mortos, e outros despautérios doutrinários (15)

Eusébio (já além da era patrí­stica) era ariano.***

Irineu quer que as almas, separadas do corpo, tenham mãos e pés (16) Defende a supremacia de Roma, alegando que a Igreja tem mais autoridade do que a Palavra de Deus (17) Diz que os “animais imundos” são os judeus (18) defende ardorosamente o purgatório (19), e chega até a dar a idade certa de Cristo que, segundo ele, tinha quase cinqüenta anos (20)

Poderí­amos alongar esta relação citando outros “pais” e seus despautérios. Par aí­ se vê, porém, o absurdo de citá-los para comprovar doutrina. Enquadram-se perfeitamente na conceituação do profeta Jeremias: são verdadeiras cisternas rotas.

Adão Clarke, abalizado comentarista evangélica, depois de considerar a obscuridade dos escritos destes “pais,” conclui: “Em ponto de doutrina a autoridade deles é, a meu ver, nula.” (21)

Eduardo Carlos Pereira, douto escritor evangélico, disse que a patrí­stica além de constituir-se “testemunha falí­vel de autoridade humana,” era “tradição que a crí­tica não pode sequer firmar no terreno digno da História.” Diz ainda que se trata de “tradição confusa e contraditória.” E remata: “Pululam, nos anais primitivos da Igreja, escritos espúrios ou apócrifos, que revelam a tendência perigosa para a ficção e para as lendas, que degeneraram largamente nas fraudes pias dos tempos medievais.” (22)

O Arcediago Farrar acrescenta: “Há pouquí­ssimos deles cujas páginas não estejam repletas de erros, erros de método, erros de fatos, erros históricos, de gramática, e mesmo de doutrina.” (23)

Mosheim, afamado historiador eclesiástico confirma: “Não é de admirar que todas as serras dos cristãos podem encontrar nos chamados pais algo que favoreça sua própria opinião e sistemas.” (24)

Sim, os escritos patrí­sticos provam tudo, amparam a maior heresia. O leitor agora vai ter um choque ao ler estas estarrecedoras declarações, extraí­das de uma publicação batista, antiga mas autêntica. Em resposta um jovem ministro que perguntara ao jornal como poderia provar a sua congregação uma coisa, quando nada encontrasse com que prová-la, na Bí­blia, o pastor Levi Philetus Dobbs D. D. escreveu o seguinte:

“Recomendo, no entanto, um judicioso emprego dos Pais em geral, da mais alta confiança para qualquer pessoa que esteja na situação do meu consulente. A vantagem dos Pais é dupla: em primeiro lugar porque exercem grande influência sobre as multidões; em segundo lugar porque você poderá encontrar o que quiser nos Pais. Não creio que haja opinião mais tola e manifestamente absurda, para a qual você não possa encontrar passagens para sustentá-la nas páginas daqueles veneráveis homens de experiência. E para a mente comum, tanto vale um como outro. Se acontecer que o ponto que você quer provar nunca tenha ocorrido aos Pais, então você pode facilmente mostrar que eles teriam tomado seu lado se apenas tivessem pensado no assunto.

“E se, por acaso, nada há para sustentar, mesmo remotamente, de maneira favorável o ponto em questão, não desanime: faça uma boa e vigorosa citação e coloque nela o nome dos Pais, e pronuncie-a com ar de triunfo. Ela será igualmente valiosa. Nove décimos do povo não se detém a indagar se a citação apóia a matéria em debate. Sim, irmão, os Pais são a sua fortaleza. Eles são a melhor dádiva do Céu ao homem que tenha uma causa que não possa ser amparada por nenhum outro modo.” (25) (Grifos acrescentados.)

Duvidarí­amos dessa monstruosidade se não a tivéssemos lido em letra de forma!!!

Citação de Inácio

Diz o oponente: “Inácio, discí­pulo de João, o apóstolo, escreveu cerca do ano 100 da nossa era o seguinte: ‘Aqueles que estavam presos às velhas coisas vieram a uma novidade de confiança, não mais guardando o sábado, porém vivendo de acordo com o dia do Senhor.”

Vamos passar esse argumento pelo crivo da crí­tica e ver o que restará dele.

1. A crí­tica não confirma que Inácio fosse discí­pulo de João, nem que esse escrito date precisamente do ano 100. Como se disse no preâmbulo, a Inácio são atribuí­das 15 epí­stolas. Serão autênticas? Diz a Enciclopédia Britânica, a respeito:

“É agora opinião universal dos crí­ticos que as primeiras oito dessas pretensas cartas de Inácio são espúrias. Trazem em si provas indubitáveis de serem produto de uma época posterior àquela em que Inácio viveu... Por unanimidade são hoje postas à parte como falsificações...” (Grifos acrescentados).

Depois de considerações crí­ticas textuais dos “escritos” de Inácio conclui:

“... alguns vão a ponto de negar que tenhamos qualquer escrito autêntico de Inácio, enquanto outros, embora admitindo as sete cartas mais curtas como provavelmente sendo dele, ainda duvidam muito de que estas estejam livres de intercalaçõe

PROSSIGAMOS seguindo o oponente em seu refúgio pela seara patrí­stica em busca de “provas” da observância do domingo, já que não as encontrou irrecorrivelmente nas Escrituras. Veremos tão frágeis castelos de cartas desmoronarem-se irremediavelmente.

O Inaceitável Barnabé

Diz-nos ele: “Barnabé, A. D. 120, diz: ‘Nós guardamos o dia oitavo com alegria, no qual também Jesus ressurgiu dos mortos, e tendo aparecido ascendeu ao Céu.”

É nulo, absolutamente nulo o valor desse testemunho. Quanto à idoneidade e credibilidade desse suposto Barnabé (quem teria sido?) veja-se o que dissemos no preâmbulo do artigo precedente. E esta epí­stola equí­voca, inçada de absurdos e futilidades, encontrada em 1844 pelo sábio alemão Tischendorf num convento ao sopé do monte Sinai, com muita benevolência da crí­tica foi datada de meados do século II, época em que a apostasia começara a infiltrar-se na igreja cristã, e o “festival da ressurreição” também ia sendo observado, como conseqüência da forte oposição aos judeus.

A “epí­stola” é absolutamente apócrifa e até pais da igreja como Eusébio, Jerônimo e Agostinho negam-lhe autoridade. Uma simples leitura de toda a epí­stola evidencia-lhe o caráter espúrio, a começar das absurdas alegorias que faz de fatos e festas do Velho Testamento. Coisa totalmente inaceitável. Ocupemo-nos da parte invocada pelo oponente, tangenciada com a observância do domingo.

O contexto do capí­tulo 15 nos informa que o citado Barnabé estabelece um paralelo inadmissí­vel, ilógica e aberrante, querendo forçar um inexistente “oitavo dia” (a semana ó tem sete) a ser uma continuação do princí­pio judaico da cerimônia da circuncisão e isto porque ‘ na obtusa relação que esse hipotético Barnabé estabelece ‘ aquele rito se fazia ao “oitavo” dia do nascimento do varão israelita. É de pasmar! É de estarrecer! Salta aos olhos de qualquer pessoa a futilidade, a insanidade deste argumento (?), pois o corte do prepúcio ocorria uma ó vez na vida do judeu, e o dia de guarda (como era ignorante esse Barnabé!) ocorre semanalmente. Tão arrevesada e descabida é essa idéia que nenhum comentarista dela toma conhecimento. E é nesse emaranhado de incoerências que se vai buscar “prova” para o que não se pode provar pela Palavra de Deus.

Justino Refere-se ao “Dia do Sol”

Escreve o grande advogado dominguista de O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus: “Justino Mártir, A. D. 140, disse: ‘No dia chamado domingo há uma reunião num certa lugar de todos os que habitam nas cidades ou nos campos, e as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas são lidos... Domingo é o dia em que todos nós nos reunimos em comum, porque é o primeiro dia em que Deus fez o mundo, e porque no mesmo dia Jesus Cristo nosso Salvador levantou-Se dos mortos. Ele foi crucificado no dia anterior ao de Saturno (sábado) e no dia após o de Saturno, que é o dia do Sol (Domingo), tendo aparecido aos Seus apóstolos e discí­pulos, ensinou-lhes estas coisas as quais vos temos apresentado para a vossa consideração-- (Apologia, cap. 67).”

Tendenciosa e infeliz esta citação. Tradução errada, porquanto a palavra domingo que aí­ consta três vezes ERA INTEIRAMENTE DESCONHECIDA naquele tempo (meados do segundo século). O original de Justino diz exatamente o seguinte:

“No dia chamada DO SOL, faz-se uma reunião de todos os que moram nas cidades e nos distritos rurais e se lêem as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas... No DIA Do SOL realizamos uma reunião em conjunto, no qual dia Deus, havendo mudado a obscuridade e a matéria, fez o mundo; e Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos no mesmo dia. Fora crucificado um dia antes ao [dia] de Saturno e no dia que segue ao [dia] de Saturno ‘ o DIA DO SOL ‘ tendo aparecido aos apóstolos e discí­pulos ensinou-lhes estas coisas que submetemos à vossa consideração.” (Versais e grifos acrescentados.)

Note-se a diferença! A palavra domingo aí­ é pura invenção do oponente, porquanto o original menciona tão-somente dia do Sol ‘ o feriado pagão vigente naqueles tempos. Justino vivia em meio ao surto expansionista do mitraí­smo, culto de adoração solar que se implantara no Império. Esta Primeira Apologia endereçava-se a Antônio Pio e ao povo romano, e nela Justino refere-se aos mistérios de Mitra como coisa conhecidí­ssima de seus leitores. Em outro documento, o Diálogo com Trifo, Justino menciona claramente o mitraí­smo por duas vezes.

Se a citação de Justino Mártir prova alguma coisa, prova apenas isto: que nos meados da segundo século, os cristãos já estavam adotando práticas pagãs, em virtude da forte campanha antijudaica e também. começando a cortejar o Estado, fato que continuou com o epiódio de Constantino. É isto o que provam as palavras acima de Justino. É isto o que os adventistas crêem e ensinam. É isto o que a História regista: a apostasia gradual. Tudo isto ocorreu sem a menor sanção escriturí­stica ‘ sem a mí­nima autoridade da Palavra de Deus. E esse primeiro dia da semana não era dia de guarda, pois após a reunião matinal, os cristãos retornavam ao trabalho.

Justino jamais chamou ao primeiro dia da semana “domingo” e muito menos de “dia do Senhor” ‘ designação que posteriormente se ligaria ao dia espúrio. Sim Justino refere-se unicamente à “semana astrológica” do paganismo, e ao fato de o “festival da ressurreição” celebrar-se após o sábado bí­blico, que ainda era o dia de guarda. Esse dia de reunião, chama-o de “dia do Sol.” No mesmo trecho se menciona o sábado como “dia de Saturno,” o sétimo dia da “semana astrológica.”

Aí­ está a semana planetária do paganismo, que deu origem aos nomes dos dias da semana em quase todos os idiomas.

A tí­tulo de informação e para robustecer o argumento, mencionamos ainda os dias semanais em algumas lí­nguas de origem latina: o “dia do Sol” do mitraí­smo passou posteriormente, com implantação do costume apóstata, a designar-se “dia do Senhor”, e os cristãos também o fizeram relacionando-o com Cristo.
O Sol Como “Senhor” do Império Romano


Sabemos que, no Império Romano, o deus-Sol Mitra era popularmente designado como o Sol Invictus (o Sol invencí­vel) ‘ ocorrem com certa freqüência expressões como “Sanc ‘ que se designava o Sol, na verdade significava “Senhor.” Nos almanaques chineses consta o “dia de Mih” (dia de Mitra) que se traduz por “dia do Senhor.” Em inscrições romanas relacionadas com o mitraí­smo ‘ culto do Sol invencí­vel ‘ ocorrem com certa freqüência expressões como “Sancto Domino Invicto Mithrae” (o Santo Senhor Mitra Invencí­vel), “Domino Soli” (o Senhor, o Sol) “Domino Soli Sacrum” (sagrado ao Senhor, o Sol), “Domino Soli Sacro” (ao Senhor, o Sol sagrado). O imperador Aureliano chegou a proclamar oficialmente o Sol como Sol

CAUSA pena a insegurança dos que se agarram à patrí­stica para salvar uma causa perdida. Os chamados pais da igreja, como vimos, também ensinaram os maiores dislates e absurdos, e as mais desbragadas heresias. Replicam os oponentes que, se os citam, fazem-no apenas como referência histórica para provarem que os pais se referiam a um “costume já implantado na igreja subapostólica.”

Ora, se isto é verdade então forçosamente, por coerência e honestidade mental, terão que admitir que o batismo de afusão, o purgatório, os jejuns cerimoniais, fórmulas, orações pelos mortos e outros disparates eram “costumes” da igreja e, como tais, devem ser aceitos e praticados em nossos dias ‘ embora tais costumes contrariem os claros ensinos dos livros canônicos!!! Se eram exatas as informações que davam de um fato, por que o seriam menos em relação a outros fatos?

Analisemos outras cisternas rotas onde se abebera o autor de O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus para basear uma “prova” em favor da guarda do domingo, já que não a encontrou nas páginas inspiradas da Bí­blia.

Uma citação de Bardesanes

Sem indicar a fonte direta, diz o autor: “Bardesanes, de Edessa, A. D. 180, declara: ‘Num dia, o primeiro da semana nós nos reunimos’.” Não sabemos de quem é o grifo, nem de que livro extraiu a cita, porque quase todas as obras de Bardesanes se perderam, excetuando-se fragmentas de seus Hinos à Alma inseridos num apócrifo Atos de S. Tomé, e Sobre a Fatalidade, conservados por Eusébio.

O Livro de Leis de Diversos Paí­ses lhe é atribuí­do por Eusébio, Epí­fano e Teodureto, mas crê-se que tal obra seja, se não total pelo menos em grande parte de um de seus discí­pulos. Esse Bardesanes era gnóstico e instituiu um sistema religioso considerado herético, especulativo como o valentinianismo, e muito influenciado pela mitologia e astrologia caldaicas. Suas especulações cosmogônicas são do paganismo mesopotâmico. Tinha concepção docetista de Cristo, afirmando que Ele não possuí­a corpo real nem padecera sofrimentos. Negava-Lhe a ressurreição. Se alguém quiser um completo perfil desse heresiarca, basta ler o que sobre ele diz a enciclopédia “Schaff-Herzog”.

Pois bem, esse Bardesanes que escreveu em começos do século III (quando a apostasia gradual ganhava corpo) diz que num primeiro dia da semana se reuniam. Não afirma que era domingo, tampouco que se tratava já do dia do Senhor, e muita menos que já esse dia fosse dia de guarda.

Um herege não tem peso como autoridade em matéria religiosa, e ainda que se pudesse provar que se reuniam num primeiro dia da semana, não indica que tal prática tivesse a sanção de Cristo, da Palavra de Deus ou clarí­ssima recomendação apostólica. “A Mim me deixaram ‘ o manancial de águas vivas ‘ e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retém as águas.” Jer. 2:13.

Clemente de Alexandria

É bom reler o que dissemos a respeito desse pai na introdução do capí­tulo Cisternas Rotas ‘ I. Seus escritos são uma mescla de filosofia pagã com cristianismo. Schaff e Herzog afirmam que Clemente era inepto para discernir entre o bem e o mal. Farrar menciona que ele punha em pé de igualdade livros apócrifos e livros canônicos.

Afirma que ele não conhecia bem as Escrituras, pais citava versí­culos que não existem. Afirmou Clemente que Jeremias era o autor dos livros apócrifos Sabedoria de Salomão e o de Baruque. Cria que a versão Septuaginta era inspirada, bem como a Sibila. Diz que Platão era profeta que predisse o estabelecimento do domingo, no décimo capí­tulo da “República”. Seus livros Stromata constituem um amontoado de coisas inaproveitáveis.

A cita do oponente é a seguinte: “Clemente de Alexandria, no Egito, A. D. 194: ‘Ele cumprindo o preceito, conforme o Evangelho, guarda o dia do Senhor, quando abandona uma disposição má e assume aquela do gnóstico, glorificando em si a ressurreição do Senhor’.”

Clemente, sem dúvida, refere-se ao festival da ressurreição que se celebrava no primeiro dia da semana, mas que ainda não era dia de guarda, porquanto, depois da cerimônia, os crentes retornavam às suas ocupações. Era, sem dúvida, o “costume” que, com o correr do tempo, determinou a observância oficial do domingo, sem, contudo, amparar-se em qualquer base das Escrituras.

Há no trecho citado de Clemente alusão a um INEXISTENTE preceito (?) do evangelho. O leitor terá imediatamente dez milhões de cruzeiros se nos mostrar esse preceito dominguista em qualquer dos evangelhos. Reconhecendo, também, que tal preceito NÃO EXISTE, o nosso gratuito opositor apela para a fantasia... E imagina esta saí­da [que bem demonstra a derrota fragorosa): “Isto parece indicar [tudo é vago, nebuloso, hipotético, “parece”] que Jesus, entre a ressurreição e a ascensão deu mandamento a respeito do primeiro dia da semana.” Fantasia! Fantasia! Fantasia! Tudo inócuo. Tudo sem o menor valor probante, e ó prova a insustentabilidade de uma posição antibí­blica. E é com tais expedientes indignos que os adversários dos adventistas justificam a deliberada transgressão do quarto mandamento da Lei de Deus.

Tertuliano

Diz o oponente: “Tertuliano, na África, A. D. 200: ‘Nós solenizamos o dia após o sábado em contradição àqueles que chamam a este dia o seu sábado’. (Apologia, cap. 16)’.”

Muito bem! Agora leiamos algo mais da pena desse mesmo Tertuliano para ver se, de fato, era o domingo uma instituição bí­blica, certa, pací­fica, um “dia de guarda” intocável. Nessa mesma Apologia, no mesmo capí­tulo, há este trecho: “Outros... pensam que a Sol é o deus dos cristãos, porque é sabido que adoramos em direção a Leste e festejamos o dia do Sol.” Isto é sintomático, e revela que tal prática não era bí­blica.

Ainda Tertuliano diz em outro lugar: “Somente no dia da ressurreição do Senhor deviam [os cristãos] guardar-se não apenas contra o ajoelhar-se, mas contra todos os gostos de serviço de solicitude, ADIANDO MESMO NOSSAS OCUPAÇÕES para não darmos qualquer lugar ao maligno.” (Versais nossos.) É claro que, por aquele tempo, os cristãos, após a reunião matinal do festival da ressurreição, retornavam aos seus trabalhos. O primeiro dia da semana era, na época, dia de trabalho normal. Os cristãos não se abstinham das tarefas seculares.

Diz o pastor Albert C. Pittman, Pastor da Primeira Igreja Batista de Dayton, Ohio, EE.UU.: “Primitivamente reuniam-se [os cristãos] no domingo de manhã porque o domingo não era um dia feriado, mas sim um dia de trabalho normal como os demais ... Cantavam um hino a Cristo, ligavam-se por um voto de companheirismo, partilhavam uma merenda religiosa e, em seguida, retornavam ao seu trabalho, para os labores da semana.” ‘ The Watchman Examiner (jornal batista) de 25 de outubro de 1956. (Grifos nossos.)

E tem mais: O mesmo Tertuliano, (em quem o acusador procura escorar-se), escrevendo a respeito de certas práticas em voga no seu tempo, entre elas o festival da ressurreição, conclui que provinham da tradição, sem o menor apoio nas Escrituras.

A discussão acima é baseado no livro Subtilezas do Erro, de Arnaldo B. Christianini.

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