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Ciência e projeto: perspectiva de um físico

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Gary Burdick



A ciência faz um trabalho excelente ao descrever e explicar os fenômenos naturais. Os cientistas, entretanto, não se satisfazem meramente com a descrição. Esforçam-se para compreender a estrutura subjacente, as leis fundamentais da natureza que determinam esses fenômenos. Ao tentar usar exclusivamente a linguagem naturalista e buscar explicações específicas, a ciência pode entrar em conflito com a Teologia.

No desenvolvimento de explanações naturalistas mais completas para descrever o Universo, pode parecer que há menos espaço para Deus no cenário científico. E se a ciência a qualquer momento descobrisse uma teoria “completa”, poder-se-ia presumir a descrição de um universo sem Deus. No entanto, estou confiante que esta conclusão não é válida. Selecionando exemplos da Física, minha finalidade é mostrar que ao desenvolver um cenário mais completo do universo, os cientistas são conduzidos a maiores evidências sobre Deus e o Seu projeto.

Nas últimas décadas, tremendos esforços e recursos foram gastos para encontrar uma teoria final da Física. Tais tentativas têm nomes: Teoria da Grande Unificação ou Teoria de Tudo; e incluem propostas como a Gravidade Quântica de Laços, a Teoria das Cordas (ou Supercordas), e a Teoria M. A procura por uma teoria unificada é tão profunda que muitos de seus pesquisadores acabam usando uma linguagem teológica em sua descrição. Alguns a chamaram de a procura do “Santo Graal” da ciência. Stephen Hawking fala sobre o assunto como uma busca para conhecer “a mente de Deus”.1 Embora o “deus” a que Hawking se refere seja meramente uma pequena faceta do Deus que conhecemos da Bíblia, ele reconhece que uma teoria completa não exclui a crença teísta. Foram escritas numerosas sínteses do atual estado da procura por uma teoria completa.2

Em vez de escrever uma síntese, examino neste artigo apenas uma parte do enigma, considerando as implicações teológicas.

Abundâncias elementares

Há muito tempo, os físicos querem saber por que a Terra tem apenas as proporções exatas de carbono, oxigênio e de outros elementos necessários à vida. Há 60 anos, compreenderam a fusão de hidrogênio em hélio no Sol e em outras estrelas, mas pareceu não existir um mecanismo para fazer os elementos mais pesados. Quando dois átomos de hélio colidem, se transformam em uma forma extremamente instável de berílio, que imediatamente3 se separa e volta a ser novamente dois átomos de hélio. Três átomos de hélio precisam ligar-se para criar o carbono, mas a possibilidade de que um terceiro átomo de hélio colida com o berílio antes que se separe é demasiadamente pequena para permitir a formação do carbono que observamos.

Isso foi visto por alguns como evidência convincente da “criação científica”. A ciência não podia explicar o carbono e o oxigênio na Terra. Assim discutiu-se que tais elementos podiam somente estar aqui nas proporções corretas porque aquela era a maneira criada por Deus. Entretanto, a história não para aqui.

Em 1953, o astrônomo Fred Hoyle teorizou que o carbono devia ter um estado ressonante ou excitado relacionado à soma das energias instáveis do berílio e do hélio. Essa ressonância aumentaria a criação do carbono nas estrelas. Os físicos eram céticos quanto à ideia de Hoyle, já que ele não era físico nuclear. Todavia, procuraram, e descobriram o estado ressonante exatamente na energia prevista por Hoyle. A descoberta da “ressonância do carbono” forneceu uma explicação de como o carbono é formado.

Logo depois disso, descobriram uma “ressonância do oxigênio”. Sem essa ressonância, nenhum oxigênio poderia ser formado. Mas se a ressonância era demasiadamente próxima, as colisões de hélio com o carbono rapidamente transformariam virtualmente todo o carbono em oxigênio, não deixando nenhum carbono. Assim, não somente deve haver “uma ressonância do oxigênio”, mas ele deve também ser dessintonizado pela quantidade correta para fornecer a relação apropriada do carbono ao oxigênio.

Em 1960, os detalhes mecanicistas da nucleossíntese estelar tinham sido demonstrados claramente. A física nuclear podia agora esclarecer a existência e a abundância dos elementos, incluindo o carbono e o oxigênio essenciais à vida. Desde que a física preenchera essa lacuna, parecia que qualquer argumento para o “projeto” na composição elementar do universo tinha sido refutado. Entretanto, Hoyle, que havia se considerado um ateu, reagiu de outro modo: “De 1953 para cá, Willy Fowler e eu estivemos sempre intrigados pela relação notável do nível de energia de 7.65 MeV (milhões de elétron-volt) no núcleo de 12C ao nível de 7.12 MeV em 16O. Se você quisesse produzir o carbono e o oxigênio em quantidades aproximadamente iguais pela nucleossíntese estelar, estes seriam os dois níveis que você teria que reparar, e sua fixação teria que ser apenas onde estes níveis são realmente para serem encontrados. Uma decepção? Depois do argumento acima, sou inclinado a pensar assim. Uma interpretação do senso comum dos fatos sugere que um superintelectual zombou da Física, assim como da Química e da Biologia, e que não há nenhuma força cega que vale a pena se referir sobre a natureza”.4

Claramente, Hoyle não olhava os detalhes mecanicistas quando chamou o universo de “uma decepção”. Ele olhava as leis fundamentais de Física que tiveram que ser refinadas para criar as ressonâncias necessárias para que o mecanismo trabalhe.

Sabemos agora que se a Interação Forte fosse 0,5 % mais forte do que seu valor real, não haveria virtualmente nenhum carbono no universo. E se a Interação Forte fosse 0,5% mais fraca, não haveria nenhum oxigênio.5 A necessidade das ressonâncias do carbono e do oxigênio restringe similarmente a resistência da força eletromagnética, a distância da Interação Forte, as massas de prótons e nêutrons, e da Constante de Planck.6 Como Hoyle descobriu, o motivo por que as constantes e as leis fundamentais são exatamente ajustadas é muito mais difícil de responder sem o recurso de um Projetista do que era com a pergunta original – por que o universo tem exatamente as concentrações dos elementos necessários à vida?

Muitos do movimento Design Inteligente procuram explicações que a ciência não pode dar. Isto é, examinam os lugares onde a explanação científica se divide. Se aquelas anomalias não são prontamente explicáveis pelas teorias científicas, então esta pode fornecer a evidência de que havia um Projetista. Estes argumentos do projeto foram desenvolvidos por William Paley no século 19. Em sua analogia do relógio, Paley imaginou-se cruzando um terreno baldio, encontrando um relógio na terra, e se perguntando como o relógio foi parar lá: “A inferência [é] que o relógio deve ter tido um fabricante; que deve haver existido, em algum momento e em algum lugar, um inventor ou inventores que o criaram com o propósito de que o encontrássemos para realmente responder quem compreendeu sua construção, e projetou seu uso.”7 Diante da estrutura do universo, bem mais complexa do que a de um relógio, Paley concluiu que o universo deve ter sido projetado.

Os argumentos do projeto podem fornecer forte apoio para a existência de um Criador-Projetista. Entretanto, como a ciência avança e os fenômenos antes inexplicados são explicados, as lacunas são resolvidas. Aparentemente, Deus tem menos lugares para atuar no mundo. Tal fato conduz à percepção de que Deus é invocado meramente como uma medida “transitória” para explicar o que a ciência não tem explicado até agora. Esse é o argumento de Richard Dawkins em seu livro O Relojoeiro Cego8. Mas a falácia do argumento pode ser encontrada no problema da ressonância do carbono. A resposta que fechou a “lacuna” necessita por si mesma ser explicada. Basicamente, Dawkins diz a Paley para continuar apenas andando, e encontrará uma fábrica automatizada cegamente produzindo relógios. Para Dawkins, isso explica como o relógio foi parar lá. Dawkins falha em perceber que a existência de uma fábrica automatizada de relógios é muito mais difícil de explicar sem o recurso de um projetista do que era no primeiro caso do relógio.9

Há muitos exemplos recentes que poderiam ser dados. Os físicos percebem geralmente que quando descobrem um mecanismo para explicar um fenômeno previamente inexplicado, invocam as leis ou os princípios de Física que são mais fundamentais, os quais estão eles mesmos na necessidade de uma explanação adicional. O físico Stephen Barr declara: “Em todos os casos onde a ciência explica a ordem, atua assim, em análise final, apelando a um maior, mais impressionante e mais compreensivo fundamento de ordem. Isso é porque, finalmente, as explanações científicas não nos permitem escapar do argumento do Projeto. Quando o cientista faz seu trabalho não há menos ordem a explicar; e, sim, mais. O universo olha muito mais em ordem para nós agora do que fez aos ancestrais que apelaram a essa ordem como prova da existência de Deus.”10

Assim, quanto mais próximo chegamos de descobrir uma teoria completa da Física, mais claramente podemos ver o projeto fundamental do universo. O astrofísico Paul Davies chegou a uma conclusão similar: “A tentação de acreditar que o universo é o produto de alguma sorte de projeto, uma manifestação do sutil julgamento estético e matemático, é impressionante. A opinião de que há ‘alguma coisa por detrás de tudo’ é algo que pessoalmente compartilho, suspeito, assim como a maioria dos físicos.”11

A Física teve sucesso em compreender os detalhes mecanicistas de como todos os elementos são formados, mas diante da pergunta sobre a compreensão do porquê as leis da Física estão ajustadas exatamente para permitir que esses mecanismos trabalhem, muitos físicos reconhecem que há uma aspecto de projeto evidente no Universo.

Conclusão

Frank Hasel sustenta que “na ciência assim como na Teologia, a humildade é uma das mais raras, mais importante das caraterísticas e pressuposições daquelas engajadas no estudo de ambas.” 12 A física fornece ferramentas poderosas para compreender os detalhes intrincados da criação de Deus. Entretanto, como os físicos direcionam sua disciplina à procura de um quadro mais completo do Universo, percebem suas limitações, reconhecendo que mesmo suas explanações revelam uma ordem fundamental que ainda é inexplicável. Assim, o físico é forçado por sua disciplina a ser humilde.

Os teólogos são igualmente forçados por sua disciplina a serem humildes. A Bíblia fornece uma fiel e confiante descrição de como Deus interagiu com a humanidade ao longo da história e fornece tudo o que é indispensável para a salvação. Isso não significa que todas as perguntas a respeito da natureza de Deus estejam respondidas. Há sempre algo mais para o teólogo aprender sobre Deus. “‘Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os seus caminhos’, declara o Senhor. Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos, mas altos dos que os seus pensamentos” (Isaías 55: 8 e 9, NVI).

Do teólogo que se esforça por um quadro mais completo do inacessível e transcendente Deus também é exigida humildade. Assim, o físico e o teólogo “veem através de um espelho, no escuro”. Ambos vemos o suficiente para termos determinado conhecimento a respeito do que Deus revelou sobre Si mesmo e Sua criação. No entanto, o quadro é ainda uma sombra da realidade. Olhemos para o futuro, quando veremos claramente um quadro mais completo e uniremos nossas perspectivas disciplinares, para aprender sobre a criação de Deus e também aprender sobre Deus. “Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido” (1 Coríntios 13:12).

Gary W. Burdick (Ph.D, Universidade do Texas, em Austin) é professor de Física e reitor-assistente para programas de graduação na Faculdade de Ciências e Artes, Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan. Seus interesses de pesquisa relacionam-se à espectroscopia ótica teórica e experimental. E-mail: gburdick@andrews.edu. Site: http://www.andrews.edu/cas/physics/faculty/burdick_gary.html.

Referências

1. HAWKING, Stephen W. Uma Breve História do Tempo. Rio de Janeiro: Rocco, 1991.

2. Veja, por exemplo: Penrose, Roger. The Road to Reality: A Complete Guide to the Laws of the Universe. New York: Knopf, 2005. Ou Greene, Brian. The Fabric of the Cosmos: Space, Time, and the Texture of Reality. New York: Knopf, 2004.

3. Para ser exato, o tempo de vida de 8é de um décimo de um femtossegundo (10-15s).

4. Hoyle, Fred. “The Universe: Past and Present Reflections”. In: Annual Review of Astronomy and Astrophysics, v. 20, 1982, p. 1-35.

5. Oberhummer, H.; Canto, A.; Schiotti, H. “Stellar Production Rates of Carbon and Its Abundance in the Universe”. In: Science 289, 7 jul. 2000, p. 88-90.

6. Cohen, B. L. “Understanding the Fine Tuning in Our Universe”. In: The Physics Teacher 46, 285-289, mai. 2008, p. 285-289.

7. Paley, William. Paley’s Natural Theology, F. Le Gros Clark, ed. SPCK, 1890, p. 11. Citado em Dowe, Phil. Galileo, Darwin, and Hawking: The Interplay of Science, Reason, and Religion. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 2005, p. 110.

8. Dawkins, Richard. O relojoeiro cego. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

9. Sou grato a Stephen M. Barr por esta ilustração (BARR, S. M. Modern Physics and Ancient Faith. South Bend, Indiana: Universidade de Notre Dame Press, 2002).

10. Ibid., p. 79.

11. Paul C. W. Davies. “The Christian perspective of a Scientist”, revisto por John Polkinghorne, “The Way the World Is”, New Scientist, 98:1354, jun. 2, 1983, p. 638-639.

12. Hasel, Frank M. “How to Deal With Open Questions: Facing the Challenges Between Faith and Science,” Ministry, jun. 2007, p. 21-23.
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