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O conceito bíblico de perfeição cristã

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O conceito bíblico de perfeição cristã Empty O conceito bíblico de perfeição cristã




O conceito bíblico de perfeição cristã Perfeicao

Perfeição cristã é uma doutrina cristã que sustenta que após a conversão, mas antes da morte, uma alma cristã pode ser santificada do estado do pecado original. Perfeição pode ser também chamada de total santificação. Isso está propriamente associado com os seguidores de John Wesley, fundador do metodismo, a compreensão de Wesley da graça santificadora. Perfeição pode ser definido também como, jornada a perfeição ou o estado de perfeição. A perfeição cristã está geralmente classificada como "caminho para a perfeição."

A Idéia Bíblica de Perfeição

Publicado em 07/04/2009 por Blog Sétimo Dia

Autor: Dr. Hans K. LaRondelle, professor associado de Teologia e Filosofia Cristã no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, Andrews University, vem de Netherlands.

Na idade de 19 anos, enquanto estudava Direito na Universidade de Leyden, ele se tornou um adventista após a leitura do livro O Grande Conflito de Ellen G. White. Ele serviu a igreja de Netherlands, como pastor, evangelista, líder de jovens, e professor.

Ele estudou em Utrecht State University, e mantém o grau de ThD da Free University of Amsterdam, onde o seu supervisor foi o Dr. G. C. Berkouwer, um famoso dogmático. Ele se uniu à Andrews University em 1967.

Dr. LaRondelle disse que aprecia leitura, pregação expositiva, música e viagens como hobbies. Ele é autor de livros em holandês como também Perfection and Perfectionism, donde ele retirou o material para este livro.

O conceito bíblico de perfeição cristã DR

Título original: "The Biblical Idea of Perfecton" (Andrews University Monograph Series, Kampen,1971, Vol. III, chapter V, Perfection and Perfectionism)

Digitalização e Tradução: Pr. Roberto Biagini

Apresentação

Parte I
I. Um Princípio Fundamental de Interpretação
II. Perfeição Divina no Antigo Testamento
III. Perfeição Humana no Antigo Testamento
A. O Concerto da Graça Restauradora
B. A Consciência de Pecado nos Salmos
C. Os Inspiradores Oráculos dos Profetas
Parte II
IV. Perfeição Cristã no Evangelho de Mateus
V. Perfeição nos Escritos Paulinos
A. A Perspectiva Apocalíptica de Perfeição
B. O Duplo Aspecto de Justificação e Santificação
C. A Batalha Cristã
VI. Perfeição do Amor na 1ª Epístola de João
VII. Perfeição de Consciência na Epístola aos Hebreus
VIII. A Escada da Perfeição Cristã na 2ª Carta de Pedro

Parte I

I. Um Princípio Fundamental de Interpretação


É um fato marcante que mesmo cristãos professos têm freqüentemente falhado em entender a Bíblia como ela deve ser entendida. Eles têm lido os termos bíblicos com idéias preconcebidas derivadas da filosofia tradicional. Quando a filosofia humana é misturada com revelação bíblica, o resultado é sempre uma teologia especulativa. Tal filosofia tende a distorcer o caráter de Deus e o caminho da salvação como exposto na Sagrada Escritura.
Especialmente, a idéia bíblica distintiva de "perfeição" tem sofrido muito de várias teologias especulativas. A história do Judaísmo e da igreja Cristã mostra uma variedade de seitas religiosas e movimentos monásticos, cada qual pretendendo ter o monopólio da verdadeira perfeição aos olhos de Deus.
Uma análise crítica de cada forma específica de perfeccionismo revela, contudo, que sem exceção o conceito bíblico de perfeição tem sido distorcido por uma mistura de elementos estranhos.
Esta história de falha deveria nos prevenir ao máximo de pretender possuir a perfeição ou conhecer exatamente o que é isso aos olhos de Deus. Temos que examinar nossas pressuposições e dogmatismo em primeiro lugar sobre perfeição, se nós queremos avaliar nossos conceitos criticamente à luz da revelação escriturística. Como necessitamos compreender a verdade da confissão de Davi: "Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz"! (Sal. 36:9) A luz divina nos vem através das Sagradas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, "revivificando a alma", "fazendo sábio o simples", "alegrando o coração", "iluminando os olhos", "permanecendo para sempre", "juntamente retos" (Sal. 19:7-9).
No campo da teologia bíblica, muitos vieram a compreender que idéias dos profetas e apóstolos são mais do que conceitos. Elas são idéias nascidas no Céu, "os Oráculos de Deus" (Rom. 3:2), através das quais Deus comunica Sua graça, sabedoria e poder. Isto não significa que a Bíblia seja uma coleção de provérbios não relacionados ou oráculos isolados. Pelo contrário, tanto o Antigo como o Novo Testamentos são primariamente registros da incomparável história dos feitos de Deus na História de Israel, todos estruturados por Seus santos concertos com Israel e os Doze apóstolos. Os profetas interpretaram fielmente o significado dos justos atos de Deus até que Jesus Cristo veio com a mais completa revelação do santo caráter e vontade de Deus. "Quem Me vê a Mim vê o Pai. " (João 14:9), disse Jesus a Filipe.
Ele foi mais do que o Perfeito Intérprete do Torah, os Profetas e os Salmos. Suas próprias palavras continham o poder criativo de graça e cura, que restauraram no crente a imagem moral de Deus em verdadeira perfeição. Em verdade, Jesus podia dizer: "As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida." (João 6:63). "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (João 14:6). Estas considerações levam-nos a aceitar o princípio fundamental de interpretação de que Cristo é o verdadeiro Intérprete do Antigo Testamento, ou afirmado diferentemente, a Bíblia é o seu próprio expositor.
A guia do Espírito Santo, que inspirou a todos os escritores da Bíblia, sempre fielmente acompanha as Escrituras Sagradas para iluminar e guiar as nossas mentes e assegurar-nos da verdade divina.
Nosso propósito é aplicar este princípio de interpretação agora ao estudo da idéia bíblica de perfeição. Somente então nós podemos chegar a uma definição ou a uma sumária descrição da perfeição bíblica.

II – Perfeição Divina no Antigo Testamento

Embora o Antigo Testamento repetidamente afirma que o Deus de Israel (Yahweh) é santo e justo, gracioso e misericordioso, nenhuma vez ela diz explicitamente: Deus é perfeito. Contudo, o termo "perfeito /perfeição" é usado várias vezes concernente a Deus, mas sempre referindo-se à relação de Deus com Israel. Três textos usam a palavra heb. "tãmim", (perfeito, inculpável), com respeito a Deus:

(1) Deut. 32:4: "Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto".

(2) Sal. 18:30: "O caminho de Deus é perfeito; a palavra do SENHOR é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam."

(3) Sal. 19:7: "A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices."

Em cada vez, estes textos revelam que os atos redentores de Deus e a instrução ao Seu povo do concerto são perfeitos: Sua obra, Seu Caminho, Seu Torah (toda a Instrução divina) são perfeitos para Israel. Deus tinha estabelecido um único e perfeito relacionamento com Seu povo escolhido através de Isaías. Ele mesmo os desafiou-os com a questão: "Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu não lhe tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas?" (Isa. 5:4).

Deus tinha redimido Israel da casa da servidão, o Egito, através dos julgamentos das dez pragas, o miraculoso secamento das águas do mar vermelho, e a completa destruição dos perseguidores egípcios – uma perfeita redenção. Ele os tinha conduzido por 40 anos no deserto rumo à Canaã, dando-lhes maná do céu e água da rocha – uma perfeita guia, provendo-lhes para todas as necessidades. Suas vestes não se rasgaram, nem os seus pés incharam durante aqueles 40 anos (Deut. 8:4) – um perfeito cuidado.

O divino Redentor tinha dado a Seu povo redimido no Sinai o Seu santo concerto, consistindo de Dez Mandamentos embutidos dentro do santuário e seu culto expiatório da graça perdoadora. O dinâmico inter-relacionamento desta grande lei moral-religiosa com a graça expiatória do santuário outorgava aos adoradores reavivamento da alma e alegria de coração. No santuário, Deus mesmo revelava Sua presença, habitando assim entre o Seu povo, e transformando o verdadeiro adorador por Seu glorioso poder. "Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória." (Sal. 63:2). Esta é a perfeição do Torah de Yahweh: "A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma." (Sal. 19:7).

O Antigo Testamento não está interessado em tentar explicar como Deus é perfeito em Si mesmo. Isso não seria de nenhum benefício ao homem. A perfeição de Deus é enfaticamente proclamada como Seu amor redentor e santa justiça para Israel. Ele é perfeito como um Deus fiel e confiável que cumpre fielmente Suas promessas salvadoras, reavivando a alma e iluminando os simples.

Quão distante é o quadro do Antigo Testamento de Deus de todo o conceito puramente filosófico acerca de Deus. O deus de Aristóteles, por exemplo, era o produto de seu próprio engenhoso pensamento, a peça coroadora de seu sistema lógico de filosofia. Seu deus era a necessária, mas abstrata idéia de puro pensamento somente, "Pensamento em si", e portanto, isento de todos os sentimentos e afeições. Todas as expressões emocionais eram consideradas como distúrbios de perfeito pensamento para Aristóteles. Seu deus era uma imagem criada pelos mais altos conceitos do homem: um deus sem paixões, amor, ira, ou intervenções na história humana.

O testemunho de Israel de Deus, dramaticamente falando e atuando como Criador-Redentor deu um quadro fundamentalmente diferente de Deus. Isso também diferiu radicalmente de todos os conceitos de Deus das nações gentílicas contemporâneas. Enquanto cada nação antiga tinha seu panteão, contendo uma pluralidade de deuses e deusas representados por estátuas e imagens de escultura, o Deus de Israel tinha explicitamente proibido a fabricação de qualquer imagem esculpidas dEle (Êxo. 20:4). Ele excedeu a todos os conceitos humanos de Deus, permanecendo o verdadeiro e soberano Deus. O Tabernáculo ou santuário de Israel não continha nenhuma imagem de Yahweh. O rei Salomão mesmo confessou em sua oração de inauguração do magnificente Templo: "Mas, de fato, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei. "

Isaías tenta despertar Israel a uma nova visão da majestade superior de Yahweh e soberano governo, apontando a incontáveis estrelas em seus movimentos ordenados: "A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? — diz o Santo. Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar." (Isa. 40:25-26).

Deus Se revelou a Si mesmo a Isaías em Sua incomparável santidade, uma categoria que só pode ser experimentada, e portando não pode ser achada por mero pensamento humano. Isaías experimentou a esmagadora realidade de santidade quando lhe foi dada uma visão do Santo em Sua glória celestial e ouviu os serafins cantando: "Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória." (Isa. 6:3).

O encontro pessoal com o santo Deus trouxe a Isaías a súbita compreensão de sua própria inerente pecaminosidade, levando-o a exclamar: "Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!" (Isa. 6:5).

Esta dramática revelação da santidade de Deus deu ao nobre profeta um novo auto-entendimento, a descoberta de sua completa indignidade quando contrastada com a infinita pureza. Contudo, esta experiência não foi o fim dos caminhos de Deus. O Senhor deu ao profeta arrependido Sua graça salvadora do Templo celestial: "A tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado." (Isa. 6:7).

Quão vividamente esta história ensina que o amor de Deus é santo amor, que tanto ama o pecador como também odeia o pecado! Pecado – o espírito misterioso da desobediência e independência de Deus – é incompatível com Deus.

Semelhantemente, os profetas proclamam que Deus julgará o mundo e particularmente o Seu povo escolhido em justiça. "De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi; portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades." (Amós 3:2). "Mas o SENHOR dos Exércitos é exaltado em juízo; e Deus, o Santo, é santificado em justiça." (Isa. 5:16). Contudo, mesmo quando Yahweh seja "tão puro de olhos que não pode ver o mal" (Hab. 1:13), a perfeição de Deus é salvar um remanescente por Sua graça, como o profeta Oséias retrata: "Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como a Admá? Como fazer-te um Zeboim? Meu coração está comovido dentro de mim, as minhas compaixões, à uma, se acendem. Não executarei o furor da minha ira; não tornarei para destruir a Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti; não voltarei em ira." (Osé. 11:8-9).

Assim, a perfeição de Deus é revelada em santidade, amor, e justiça na concreta realidade da história de Israel. Desse modo, a perfeição de Deus é uma perfeição em ação, objetivando a salvação do homem neste mundo.

Isto significa dedicação de Deus e vontade inteira, não dividida, fiel para salvar o homem e para santificá-lo em Sua santa comunhão. Não admira que o profeta inspirado conclama a Israel para louvar tão maravilhoso Deus, para buscar Sua força e presença, e para proclamar Seus feitos entre as nações com alegria, a fim de que todos os povos possam adorá-lO: "Rendei graças ao SENHOR, invocai o seu nome, fazei conhecidos, entre os povos, os seus feitos. Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; narrai todas as suas maravilhas. Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. Buscai o SENHOR e o seu poder; buscai perpetuamente a sua presença. Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos de seus lábios, vós, descendentes de Abraão, seu servo, vós, filhos de Jacó, seus escolhidos." (Sal. 105:1-6).

É importante notar que Moisés usa o termo "justo" (saddîq), ou "reto" (yashar) como sinônimos virtuais da perfeição de Deus (Deut. 32:4). Mais especificamente, os atos redentores de Yahweh por Israel desde o Egito são chamados "a justiça" (sidqôt) ou os justos feitos de Yahweh (Miq. 6:5; Juí. 5:11). A versão RSV traduz o sidqôt de Yahweh geralmente por "atos salvadores" ou "os triunfos do Senhor". Tais traduções são mais uma interpretação, escondendo o importante conceito hebraico da justiça de Deus, como um ato de salvação pela graça de Deus em fidelidade a Seu concerto com Israel. É verdade que a justiça de Deus também pode significar justiça de Deus como um ato de destruição ou retribuição pelo pecado. Mas estes conceitos não são contraditórios. O ato de justiça salvadora é sempre realizado em benefício do fiel povo do concerto; o ato de destruição ou justiça punitiva sobre os inimigos declarados de Israel, que ameaçavam o povo do concerto e impediam o concerto de ser cumprido em Israel.

Portanto, o piedoso israelita em tempos de estresse e opressão invoca o Deus da justiça como o meio de salvação e libertação (Sal. 31:1; 35:24; 71:2). Deus assegura ao Seu castigado povo do concerto que Ele os fortalecerá, ajudará, e os sustentará com a destra da Sua justiça (Isa. 41:10; 45:8). Assim Deus é justo quando outorga misericórdia e graça. Ele não é parcialmente justo e parcialmente gracioso, mas ambos plenamente.

A conexão entre santidade, justiça, fidelidade, firme amor e perfeição, portanto, parece ser muito íntima. Podemos dizer que a perfeição de Deus no Antigo Testamento significa que Seu caminho ou as revelações de Sua santidade, justiça e amor fiel são perfeitos. E a esta perfeição o homem é chamado a seguir e a manifestar no andar com seu Criador e Deus da aliança.

Ser criado à imagem de Deus implica a obrigação de segui-lO, refletindo Sua imagem na vida social. Assim, a Escritura conta da perfeição de Noé, Abraão, Jó, e de todos os verdadeiros israelitas: "Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus" (Gên. 6:9). "Apareceu o SENHOR a Abraão e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito." (Gên. 17:1; Gên. 26:5). "Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal." (Jó 1:1). "Porque o SENHOR Deus é sol e escudo; o SENHOR dá graça e glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente." (Sal. 84:11). "Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do SENHOR." (Sal. 119:1). "Abomináveis para o SENHOR são os perversos de coração, mas os que andam em integridade são o seu prazer." (Pro. 11:20).

III – Perfeição Humana no Antigo Testamento

A. O Concerto da Graça Restauradora


Uma das questões que sempre tem assombrado a raça humana desde que ela conheceu a história de Adão e Eva no Paraíso é: Como poderia o homem reconquistar o Paraíso? Como poderia o homem atingir a perfeição sem pecado?

Muitas diferentes filosofias e sistemas religiosos conflitantes têm sido projetados para atender ao anseio inerente do homem por buscar uma vida mais elevada, perfeita. Nosso propósito específico é investigar a resposta inspirada oferecida no antigo Israel e registrada no Antigo Testamento.

Moisés e todos os profetas começaram da pressuposição religiosa de que o homem foi criado por seu Criador à imagem de Deus, à Sua semelhança (Gên. 1:26), e então foi colocado no belo Jardim do Éden com o privilégio de ter comunhão com Deus e governar o mundo como representante de Deus (Gên. 2; Sal. 8).

O homem não foi criado para viver para si mesmo ou para o mundo, tentando achar significado ou perfeição em si mesmo ou na humanidade. Perfeição original do homem era a perfeita relação com seu Criador-Pai que lhe deu Seu mandato e missão para o mundo. Esta dimensão religiosa do homem como criatura recebeu um símbolo concreto no descanso de Deus no sétimo dia da Semana da Criação (Gên. 2:2-3). A celebração da obra da Criação de Deus no sétimo dia deu significado e direção à vida e pensamento do homem. A adoração de Deus como Criador deu-lhe verdadeira dignidade e liberdade ao homem. O homem estava livre da escravidão da auto-deificação e de imaginários deuses na natureza.

Conhecendo seu Criador, o homem podia conhecer-se a si mesmo. O homem não pode conter o significado da vida em si mesmo. Isto não pode ser achado na natureza ou no mundo ao seu redor.

O dia de Sábado foi designado especificamente para apontar ao homem a Deus como a fonte de sua nobreza e destino: ser um filho de Deus, seu Pai. Não foi no Sábado, mas no sexto dia que o homem foi criado – um fato impressionante e significativo. Embora ele pudesse ser chamado a obra prima da Criação, a perfeição do homem foi dada no sétimo dia, o dia de adoração e louvor. Entrando no repouso de Deus do sétimo dia como filho e participante festivo de Deus, regozijando-se na perfeita obra do Pai, o homem receberia a alegria da santidade e perfeição de seu Benfeitor.

Sem a adoração do Criador, o homem é escravo para adorar um outro deus, um ídolo de sua própria fabricação. A miséria do homem moderno secularizado é que ele nem mesmo compreende sua auto-deificação e auto-adoração.

Israel foi escolhido como o único povo que conhecia a soberania do Criador como seu Deus Redentor, que lhes deu um único modo de adoração e missão no mundo.

O centro da adoração de Israel era o santuário e seu sagrado culto expiatório. É desse centro cúltico que nós temos que entender o livro dos Salmos que fala de apenas dois grupos ou classes de pessoas: o justo e o ímpio. Quem são estes justos ou perfeitos, quando contrastados com os ímpios ou malfeitores nos hinos do templo de Israel? São essas classes moralmente definidas de tal modo que os salmistas poderiam qualificar um certo tipo de pessoas como moralmente perfeitas e as outras como moralmente ímpias?

O aspecto moral ocupa um largo papel na descrição de ambas as partes. Contudo, os poetas dos Salmos penetram através de todas qualificações morais, apontando a fonte de toda a vida moral. A relação com o Deus vivente determina a qualidade do coração e vida de alguém. Esta relação espiritual com Deus vem do Deus de Israel, e é estabelecida por Ele no serviço do santuário. Não os desejos pios, os sentimentos, as orações; somente o ato de aceitação de Yahweh através do sacerdote levítico pode declarar um adorador arrependido como "justo", livre de culpa. "O sacerdote, por essa pessoa, fará expiação do seu pecado que cometeu, e lhe será perdoado." (Lev. 4:35).

Isto não implica que o sacerdote perdoasse em sua própria autoridade, de acordo com o seu próprio gosto. O sacerdote era o representante apontado do Deus de Israel. Deus mesmo permanecia o soberano Senhor que realmente perdoava os pecados confessados, pela causa de Seu próprio nome. A tendência de Israel em confiar nos sacerdotes levíticos e nos seus sacrifícios de animais para o perdão era contestada por Deus com enfáticas censuras: "Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro." (Isa. 43:25).

A Lei de Moisés ensinava explicitamente que não era Israel quem dava o sangue expiatório sobre seus altares a Deus, mas pelo contrário, dizia: "Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida." (Lev. 17:11).

Esta era a revelada e única doutrina do serviço do santuário de Israel, separando-o de todas os cultos religiosos gentílicos que eram baseados no princípio da salvação pelas obras. Israel era fundamental-mente diferente de todas as outras nações em sua origem e missão, sua adoração e teologia. A causa disto não devia ser procurado em qualquer superioridade ou virtude da raça em si mesma, mas exclusivamente em Deus que escolheu a este povo, em fidelidade às Suas próprias promessas feitas aos patriarcas.

Eles foram chamados para ser santos, por causa que Yahweh era santo (Lev. 11:45). O Senhor os tinha escolhido para serem o seu povo peculiar, "um povo para a Sua própria possessão" (Deut. 7:6). Constantemente, Israel estava em perigo de mal entender o propósito gracioso de sua eleição por pensar: "Por causa da minha justiça é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir" (Deut. 9:4). Contudo, a despeito de sua teimosia, rebelião e apostasia do Senhor durante 40 anos no deserto, Ele renovou o Seu concerto e imutável amor para com Israel, apelando com renovada força: "Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do SENHOR e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem?" (Deut. 10:12-13).

Tendo sido provado uma perfeita redenção pela graça unicamente, Israel estava agora sob a santa obrigação de render perfeita gratidão e obediência a seu Redentor em resposta. Então, a obediência moral de Israel seria motivada por gratidão pela libertação, perdão e glorioso futuro recebidos. A ética de Israel era portanto, condicionada e enraizada em sua redenção pela graça de Deus. O concerto que Deus fez com Israel no monte Sinai, exatamente como o Seu concerto com Abraão, era um concerto de graça, de perdoadora graça através do serviço do santuário, dirigido pela esperança de paz na Terra Prometida.

Enfaticamente, Moisés tentou ensinar a Israel esta estrutura de graça redentora como a exclusiva motivação para a verdadeira e aceitável obediência. Na fronteira da Terra Prometida, ele reiterou esta ordem indicada de redenção-moralidade.

"Falou mais Moisés, juntamente com os sacerdotes levitas, a todo o Israel, dizendo: Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje, vieste a ser povo do SENHOR, teu Deus. Portanto, obedecerás à voz do SENHOR, teu Deus, e lhe cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno." (Deut. 27:9-10).

Esta ordem divina era especificamente enfatizada nos próprios Dez Mandamentos, os quais começam com a lembrança: "Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim." (Êxo. 20:2-3). A grande Lei moral de Israel constitui assim a santa vontade de um Redentor para um povo redimido a fim de guardar e santificar Seu povo dentro da recebida redenção. Amor grato de um povo salvo, então, seria a única e verdadeira condição aceitável para o cumprimento desta Lei de Deus. Ademais, o segundo mandamento também lembra desta motivação do amor: "Faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os Meus mandamentos." (Êxo. 20:6).

Não admira que perfeito amor a Deus é exaltado constantemente como a específica raiz da adoração e da vida moral de Israel. "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força." (Deut. 6:4-5).

O requerimento de tal amor totalitário e exclusivo a Deus se torna compreensível somente quando nós consideramos a situação histórica e o contexto em que esta reivindicação de Deus sobre Israel foi feita. Este apelo por um perfeito amor de Israel foi feito após Israel ter experimentado o perfeito amor e graça de Deus em Sua grande salvação do Êxodo. Esta era a resposta, a grata entrega de um povo salvo a seu amante Salvador, que o Senhor esperava e justamente ordenava para o Seu povo.

O rei Davi foi considerado como o grande exemplo para os governantes teocráticos de Israel, porque "Davi... guardou os Meus mandamentos e andou após Mim de todo o seu coração, para fazer somente o que parecia reto aos Meus olhos" (1Reis 14:8; ver também 1Reis 9:4).

Como perfeito amor renderia perfeita obediência aos Mandamentos de Deus por Sua graça aparece novamente na bênção do rei Salomão: "Seja perfeito o vosso coração para com o SENHOR, nosso Deus, para andardes nos seus estatutos e guardardes os seus mandamentos, como hoje o fazeis." (1Reis 8:61).

Incansavelmente, Deus estava procurando por aqueles que respondiam ao Seu atrativo amor e inclinavam os seus corações e vida completamente, perfeitamente a Ele. "Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele." (2Crô. 16:9).
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O conceito bíblico de perfeição cristã :: Comentários

Eduardo

Mensagem Qua Dez 08, 2010 2:13 pm por Eduardo

Perfeição cristã é uma doutrina cristã que sustenta que após a conversão, mas antes da morte, uma alma cristã pode ser santificada do estado do pecado original. Perfeição pode ser também chamada de total santificação. Isso está propriamente associado com os seguidores de John Wesley, fundador do metodismo, a compreensão de Wesley da graça santificadora. Perfeição pode ser definido também como, jornada a perfeição ou o estado de perfeição. A perfeição cristã está geralmente classificada como "caminho para a perfeição."

Ver também


  • Movimento de Santidade
  • Imparted righteousness
  • Impecabilidade
  • Theosis
Ligações externas

  • Sermon 40: "Christian Perfection" by John Wesley
  • John Wesley
  • Sermon 76: "On Perfection" by John Wesley
  • Consider Wesley: Christian Perfection by Henry H. Knight
  • Christian Perfection by Charles Finney
  • Christian Perfection by Asa Mahan
  • "Christian Perfection, or Entire Sanctification" by H. Orton Wiley (chapter 29 of Christian Theology)
  • Justification and Sanctification
  • "Earnestly Striving: Reclaiming Christian Perfection in United Methodism" (PDF) by Joanne Carlson Brown from Circuit Rider (May/June 2003)
  • "Perfectionism", section 3.18.7 from Systematic Theology by Charles Hodge
  • "Entire Sanctification", an article by B. B. Warfield
  • "Can Christians Stop Sinning?", a brief answer by Ra McLaughlin
  • A Look At Holiness And Perfectionism Theology by Armin J. Panning
  • Christian Cyclopedia article on Perfectionism
  • Holiness - the False and the True by Dr. Harry Ironside
O CONCEITO DE PERFEIÇÃO BÍBLICA NO ANTIGO E NOVO TESTAMETOS

Patrick Siqueira

Bacharel em Teologia pelo Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP
TCC apresentado em dezembro de 2008
Orientador: Amin Américo Rodor, Th.D.

Resumo: O termo perfeição na Bíblia é tratado de maneira diferente daquilo que a mente ocidental, grandemente influenciada pela filosofia grega, geralmente concebe. Por meio deste estudo, focado no Antigo e no Novo Testamentos verificaremos como a perfeição bíblica deve ser entendida e se é possível alcança-lá.

Palavras-chave: Perfeição, Perfeccionismo, Bíblia, Ethos.

THE CONCEPT OF PERFECTION IN THE OLD AND NEW TESTAMENTS

Abstract: The idea of perfection in the Bible is conceived in a very different way from that which is thought by an occidental mind, influenced by the Greek Philosophy. Through this study, focused in the Old and New Testaments, it is possible to verify how the idea of perfection should be understood and if it is possible to be attained.

Keywords:
Perfection, Perfectionism, Bible, Ethos.

O conceito bíblico de perfeição cristã Completoempdf

É possível ao cristão ser perfeito?

O assunto da perfeição cristã passou a ter certo destaque nos últimos tempos. A Igreja Adventista do Sétimo Dia crê na perfeição cristã. O livro Nisto Cremos – 28 ensinos bíblicos dos adventistas do sétimo dia (nas páginas 160 a 165) detalha o que cremos em relação a esse assunto. Mas, para que possamos entender melhor a amplitude do tema da perfeição, vou introduzir com os textos abaixo, de Ellen White:

“Devemos lembrar que nossos próprios caminhos não são perfeitos. Cometemos repetidamente erros. [...] Ninguém, senão Jesus, é perfeito” (Para Conhecê-Lo [MM 1965], p. 136).

“Ele [Jesus] é um perfeito e santo Exemplo, dado a nós para imitação. Não podemos nos igualar ao Modelo; mas não seremos aprovados por Deus se não O imitarmos e nos assemelharmos a Ele, de acordo com a capacidade que o Senhor nos dá” (Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 549).

Os textos demonstram claramente que Jesus é o exemplo de perfeição que devemos seguir, mas que não podemos igualar esse modelo perfeito. Podemos, sim, ser perfeitos em nossa esfera, assim como Deus é perfeito na esfera dEle. Um bebê, mesmo não conseguindo se alimentar sozinho e com tantas outras limitações comuns da idade, não deixa de ser perfeito por causa disso. Porém, conforme o tempo vai passando, esse mesmo bebê passa a desenvolver maior autonomia. Se, passados cinco anos, o bebê estiver se comportando como quando tinha dois, com certeza não seria mais considerado perfeito. A perfeição exige crescimento.

Ellen White fala sobre os níveis de perfeição: “Mediante a obediência vem a santificação do corpo, alma e espírito. Esta santificação é um processo progressivo e uma subida de um nível de perfeição para outro” (Minha Consagração Hoje [MM], p. 250).

Observe o gráfico abaixo. Lembre-se de que ele é apenas ilustrativo. Gradualmente, Deus vai nos capacitando a nos assemelharmos ao Modelo. Chamamos isso de “justiça comunicada”. Jamais igualaremos o Modelo perfeito que é Jesus. O que faltar, Deus suprirá a deficiência. Em outras palavras, Deus completará tudo que faltar. Chamamos isso de “justiça imputada”. Ao nos convertermos, automaticamente temos cem por cento de justiça imputada na nossa “conta corrente celestial”. Exemplo: o ladrão na cruz.

O conceito bíblico de perfeição cristã Grafico



Veja a citação abaixo:

“Se está no coração obedecer a Deus, se são feitos esforços nesse sentido, Jesus aceita esta disposição e esforço como o melhor serviço do homem, e supre a deficiência, com Seu próprio mérito divino” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 382).

Tudo que você pratica foi comunicado por Deus a você; tudo que Deus o capacitou a praticar. Conforme veremos mais abaixo, tudo que praticamos como resultado da justiça comunicada por Cristo precisa ser purificado pelo sangue de Cristo, pois “a menos que sejam purificados por sangue, jamais podem ser de valor perante Deus”. Na realidade, Cristo tem que completar tudo, pois até o que praticamos está maculado devido à natureza humana pecaminosa (“canais corruptos da humanidade”). O que faltou para atingir a norma perfeita de Cristo, Jesus completa com Seus próprios méritos (justiça imputada).

A linha do crescimento cristão indica a perfeição relativa que podemos atingir pela justiça comunicada. O nível da norma perfeita é a perfeição absoluta que Cristo atingiu e que nós podemos atingir pela justiça imputada.

Alguns podem achar que o homem pode ser perfeito como Jesus, que também era humano como nós. Entramos nesse ponto no assunto da natureza humana de Cristo. A Igreja Adventista do Sétimo Dia crê que a natureza humana de Cristo era semelhante à nossa, porém com diferenças.

“Quando o homem transgrediu a lei divina, sua natureza se tornou má, e ele ficou em harmonia com Satanás, e não em desacordo com ele. Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem pecador e o originador do pecado” (O Grande Conflito, p. 505).

Jesus não vivia em harmonia com Satanás. Mas a natureza do homem vive em harmonia com Satanás. Podemos ver a diferença entre as duas naturezas neste simples texto: “Era um poderoso solicitador, não possuindo as paixões de nossa natureza humana caída, mas rodeado das mesmas enfermidades, tentado em todos os pontos como nós o somos” (Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 509).

Jesus não possuía as paixões da nossa natureza humana caída. Paixão não é pecado, mas uma tendência, uma propensão para pecar. Mesmo que alguns fiquem filosofando sobre o que vem a ser paixão, devemos concluir sem dificuldades que Jesus não as tinha. E isso torna a natureza humana de Cristo diferente da nossa. A nossa tem e a dEle não tinha).

“Os serviços religiosos, as orações, o louvor, a penitente confissão do pecado, sobem dos crentes fiéis, qual incenso ao santuário celestial, mas passando através dos corruptos canais da humanidade, ficam tão maculados que, a menos que sejam purificados por sangue, jamais podem ser de valor perante Deus. Não ascendem em imaculada pureza, e a menos que o Intercessor, que está à mão direita de Deus, apresente e purifique tudo por Sua justiça, não será aceitável a Deus. Todo o incenso dos tabernáculos terrestres tem de umedecer-se com as purificadoras gotas do sangue de Cristo. Ele segura perante o Pai o incensário de Seus próprios méritos, nos quais não há mancha de corrupção terrestre. Nesse incensário reúne Ele as orações, o louvor e as confissões de Seu povo, juntando-lhes Sua própria justiça imaculada. Então, perfumado com os méritos da propiciação de Cristo, o incenso ascende perante Deus completa e inteiramente aceitável. Voltam então graciosas respostas. Oxalá vissem todos que quanto a obediência, penitência, louvor e ações de graças, tudo tem que ser colocado sobre o ardente fogo da justiça de Cristo! A fragrância desta justiça ascende qual nuvem em torno do propiciatório” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 344).

Esse texto é carregado de informações fantásticas e esclarecedoras. A primeira parte diz claramente que tudo que podemos achar que seja nosso melhor (os serviços religiosos, as orações, o louvor, a penitente confissão do pecado) não pode ser aceito por Deus por ser originado nos “corruptos canais da humanidade”. Isso é tão abrangente que tornaria toda a perfeição de Cristo rejeitada por Deus, se Jesus também tivesse nossa mesma natureza humana: os corruptos canais da humanidade.

O texto ainda mostra que os méritos de Cristo não são manchados com a corrupção terrestre, assim como seriam os méritos da humanidade decaída. Se Jesus tivesse propensões para o pecado em Sua natureza humana, Ele próprio precisaria de um salvador para que Suas obras perfeitas pudessem ser aceitas por Deus como um sacrifício perfeito.

Os que entram numa linha de interpretação perfeccionista acabam por rejeitar textos muito simples e claros de Ellen White e se colocam num caminho de difícil retorno. Nas palavras da mensageira do Senhor: “Sentimo-nos tristes quando vemos professos cristãos desviarem-se pela falsa e fascinante teoria de que são perfeitos, porque é muito difícil desenganá-los e levá-los ao caminho reto. Eles procuram tornar lindo e aprazível o exterior, ao passo que o adorno interior – a mansidão e humildade de Cristo – lhes está faltando” (Santificação, p. 12).

O primeiro capítulo do livro Santificação compara a verdadeira e a falsa teorias de santificação. Ah, se houvesse humildade para se deixar guiar pelo Espírito Santo!

“Aqueles que estão realmente buscando o perfeito caráter cristão jamais condescenderão com o pensamento de que estão sem pecado. Sua vida pode ser irrepreensível; podem estar vivendo como representantes da verdade que aceitaram; porém, quanto mais consagram a mente para se demorar no caráter de cristo e mais se aproximam de Sua divina imagem, tanto mais claramente discernirão Sua imaculada perfeição e mais profundamente sentirão seus próprios defeitos” (Santificação, p. 7 e 8).

Várias verdades ficam claras nesse texto. Note duas das principais: (1) Quem busca a perfeição jamais ficará preocupado com a possibilidade de viver sem pecar. Essa preocupação não é dos que realmente buscam o caráter perfeito, mas dos perfeccionistas; (2) quem estiver mais próximo de Cristo descobrirá como tem defeitos e quão longe está da perfeição do Mestre.

“Mas aquele que está verdadeiramente procurando a santidade de coração e de vida, deleita-se na lei de Deus, e lamenta unicamente o fato de que fica muito aquém de satisfazer suas reivindicações” (Santificação, p. 81).

O que procura a santidade ama a lei de Deus, mas lamenta não satisfazer suas profundas reivindicações.

Os perfeccionistas, por outro lado, rejeitam a própria igreja como canal de luz. A igreja que surgiu para restaurar a verdade é vista por eles como ensinando heresias. Um posicionamento bastante problemático para eles próprios, à luz de Ellen White e da visão profética da missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

“Deus fez de Sua igreja na Terra um conduto de luz, e por intermédio dela comunica Seus desígnios e Sua vontade. Ele não dá a um de Seus servos uma experiência independente da experiência da própria igreja, ou a ela contrária. Nem dá a um homem um conhecimento de Sua vontade para toda a igreja, enquanto esta - corpo de Cristo - é deixada em trevas. Em Sua providência, Ele coloca Seus servos em íntima relação com a igreja, a fim de que tenham menos confiança em si mesmos, e mais em outros a quem Ele está guiando para levarem avante Sua obra” (Atos dos Apóstolos, p. 163).

“Deus está guiando um povo do mundo para a exaltada plataforma da verdade eterna - os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Disciplinará e habilitará Seu povo. Eles não estarão em divergência, um crendo uma coisa e outro tendo fé e opiniões inteiramente opostas, e movendo-se cada qual independentemente do conjunto” (Testemunhos Para Ministros, p. 29).

Que Deus abençoe os sinceros e que eles sejam humildes para retornar, caso estejam em erro.

(Vanderlei Ricken, formado em Biblioteconomia pela UFSC, é bibliotecário do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul – IACS)

Leia a entrevista "A natureza humana de Jesus", com o Dr. Amir Rodor e faça o download da apresentação “Perfeição cristã” (clique aqui).



O Que é a Perfeição Cristã

Publicado em março 8, 2009 por IASD


a) Perfeição é “estar em Cristo”! Quando estamos ‘em Cristo’, não apenas legal mas também subjetivamente, aceitando a Jesus como Salvador pessoal, Deus Pai nos credita o caráter perfeito, a obediência perfeita de Seu Filho. Nesse sentido, “estais perfeitos ‘nEle’”. (Col. 2.10).

E todo aquele que – após ter aceitado a Jesus – mantém sua consciência limpa, por ter-Lhe pedido perdão de seus pecados, continua sendo perfeito ‘ nEle’. Amém?

b) Perfeição é o amadurecimento do caráter cristão; é o resultado da obediência a Cristo pela fé; é o resultado final da Justiça de Cristo pela Fé. Em Apoc. 14.15, relata-se que ‘já a seara da terra amadureceu’ – está pronta para a colheita – i. é, finalmente, o povo de Deus, os cristãos, estarão refletindo perfeitamente o caráter de Jesus.

Entende-se impecabilidade como um caráter sem pecado e isso é possível sempre que escolhermos não pecar. Um cristão maduro é aquele que, independentemente da circunstância em que se encontrar, já não escolhe mais pecar. Sempre opta por não se rebelar, e a Palavra lhe confere todas as vitórias.

c) Perfeição é ‘ sair de Babilônia’ (Apoc. 18.4). “Agora volvamo-nos ao estudo do que significa sair de Babilônia. Todos sabem agora que sair de Babilônia é sair do mundo e separar-se de Babilônia é separar-se do mundo. … Mas o homem, que está ligado a si mesmo, está ligado ao mundo, e o mundo é Babilônia. Vocês separaram-se do pecado, separaram-se deste mundo, para estar fora de Babilônia.

‘Tendo forma de piedade, negando, porém, o seu poder’ [2 Tim. 3.5] é simplesmente outra expressão que descreve Babilônia e sua condição nos últimos dias.

“Sendo assim, se eu … tenho a forma de piedade sem o poder: pertenço a Babilônia; não importa como me intitule a mim próprio, sou um babilônico; tenho sobre mim uma capa babilônica. Trago Babilônia para a igreja onde quer que eu vá. … Assim, sendo que devo fugir de mim mesmo, onde fica Babilônia? Onde fica o mundo? Inteiramente no eu.”

Vemos, assim, que não basta estar pertencendo a uma denominação religiosa, a uma igreja, para se ter saído de Babilônia. Só se ‘ sai dela’ quando se obtém completa vitória sobre o ego, sobre os defeitos de caráter e as tentações pela fé no poder da Palavra, ao citá-la. ‘Retirai-vos dela, povo Meu.’ (Apoc. 18.4).

A prova de que ‘ temos a verdade’ não está na apresentação de um rol de doutrinas, ainda que sólida e verdadeiramente bíblicas e, sim, em termos a Cristo vivendo Sua vida vitoriosa em nós, é em estarmos tendo sucesso em vencer o ego! Cuidado com o formalismo!

d) Perfeição é uma realização de Cristo, não do homem. Não se trata do que o homem pode fazer apenas por seu esforço próprio, mas sim, do que Deus prometeu e realiza em nós, quando consentimos e colaboramos, com todo o nosso empenho.

Para se obter a verdadeira vitória sobre o nosso ego, o esforço humano e a onipotência divina devem estar combinados, assim como o cloro e o sódio, para produzir o sal de cozinha.

“Sendo isso assim, abandonemos, então, para sempre, toda idéia de que perfeição é algo que devemos lograr por nós mesmos. Deus a espera e fez provisões para isso. Para isso é que fomos criados.

“O único objetivo de nossa existência é sermos exatamente isto: perfeitos com a perfeição de Deus, o Seu caráter. Não devemos ter um caráter semelhante ao dEle; o Seu caráter em si deve ser o nosso. E somente essa é a perfeição cristã.”

e) Perfeição é um ideal. Por definição, ideal é um objetivo, do qual podemos nos aproximar mais e mais, facultando contínuo progresso na semelhança com o Modelo divino, mas que sempre estará numa posição inatingível, muito acima da posição em que nos encontrarmos.

Paulo o expressou assim: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus. Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento.” (Filip. 3.12-15). Paulo estava inconsciente da posição que, pela graça, alcançara.

Ainda durante toda a eternidade, haverá contínuo e inesgotável crescimento rumo à perfeição, pois essa escada sempre terá mais um degrau, anteriormente desconhecido.


Está o Senhor aguardando a perfeição?

Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum. Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? … Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e, sim, da graça.” (Rom. 6.1-14).
“Conservai-vos longe de toda a aparência do mal. E Ele próprio, o Deus da paz, vos santifique até à perfeição, e que todo o vosso ser, o espírito, a alma e o corpo, se conserve irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. É fiel Aquele que vos chama e realizará as Suas promessas.” (1 Tess. 5.22.24 – Edições Paulinas, 1967).

“Aquele que é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los diante de Sua glória sem mácula e com grande alegria.” (Judas 24).
“A vós também, que noutro tempo, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou no corpo da Sua carne, pela morte, para, perante Ele, vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis.” (Col. 1.19-22).
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, como também nos elegeu nEle, antes da fundação do mundo para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor.” (Efésios 1.3-4).
“Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-Lo como Ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é puro. … “Todo aquele que permanece nEle não vive pecando; todo aquele que vive pecando não O viu, nem O conheceu … Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio… Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nEle é a divina Semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.” (1 João 3.2-9).

“Por isso digo: Vivam pelo Espírito [i. é, citem a Palavra na hora da tentação], e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.” (Gálatas 5.16).
CONCLUSÃO:
Não devemos supor que os maus hábitos e pecados sejam poderosos demais para Deus. Demonstraríamos isso, ao aceitar que é impossível subjugá-los pela fé.
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Fonte: http://www.citeapalavra.com.br/lcsrf/index.htm





A doutrina da perfeição cristã segundo a Igreja Metodista

Durante a história da cristandade ocidental, protestante, podemos verificar uma tendência denominada doutrina da "perfeição cristã", preconizada principalmente por John Wesley.

Este, pregador anglicano, criador do movimento metodista, que mais tarde viria dar forma à Igreja Metodista, aos movimentos de santidade, maior fôlego e popularização à doutrina arminiana (hoje, domimante no meio evangélico) e ao movimento pentecostal, afirmava que era possível ao cristão viver em absoluta santidade e não mais pecar.

Há um livro publicado por uma editora metodista, denominado "doutrina da Perfeição Cristã", excelente.

A doutrina Wesleyana causou alguma comoção, visto que, de modo geral, os cristãos entendem que ainda são pecadores, não obstante serem convertidos.

Penso que Wesley não negava a nossa condição de pecadores, entretanto, afirmava que Jesus veio nos salvar, não "em" nossos pecados, mas "dos" nossos pecados.

Havia até um dito popular metodista, no sentido de que, se você ficou um minuto sem pecar, pode ficar dois, se ficou dois, pode ficar três, se ficou três, pode ficar seis, e assim sucessivamente...

E assim, o cristão, vivendo em estado de graça, não era mais obrigado a pecar, visto que, se Deus deu uma ordem, dá também a potencialidade para que os pecados não mais ocorram...

Particularmente, e intelectualmente, nada tenho contra esta doutrina. Sem sombra de dúvida, ninguém é obrigado a pecar, e a tentação, em si, não é pecado. Caso isso se afirmasse, dada estava a desculpa para se pecar infindamente...

Entretanto, é forçoso reconhecer, em minha opinião, a dificuldade de se manter constantemente neste estado chamado de graça, e a possibilidade para o pecar é sempre uma realidade. Daí, todas as igrejas manterem sempre em seu ato litúrgico, seja indiviudal ou coletivo, alguma forma de contrição pelos pecados cometidos.

Cada cristão, sem dúvida nenhuma, deve olhar para a doutrina da perfeição cristã, e almejá-la como meta de sua vida; mas talvez seja bom não se iludir pensando que se a alcançou, deixando tudo para o julgamento de Deus. Isto porque, no meu sentir, costumamos olhar para a questão do pecado de forma muito jurídica, entendendo-o como atos negativos, coisas ruins que fizemos, transgressão aos mandamentos e a lei, preceitos que transgredimos em seu sentido negativo. Entretanto, deixar de pecar, neste sentido, não é virtude alguma. Não basta de mera obrigação de nossa parte. Ninguém pode se gloriar porque deixou de adulterar, cobiçar ou roubar. Isto é o mínimo que qualquer mente razoável pode almejar para ter um mínimo de saninade, seja individual ou coletiva. O problema é quando pensamos nos atos positivos, visto que, saber fazer o bem, e não praticá-lo, em si, já é pecado, ou seja, os pecados por omissão. Quem sabe fazer o bem, e não o faz, já peca. Há sempre uma possibilidade, no meu sentir, de se estar equivocado diante da sua própria condição, daí, talvez, o salmista pedir perdão, inclusive "dos pecados que lhes são ocultos".

De qualquer modo, ainda que viva de forma inteiramente santa, é, em minha opinião, central na doutrina cristã a idéia de que Cristo morreu pelos pecados da humanidade, o justo pelos injustos. E que, esta possibilidade, a de se viver santamente, só existe justamente por causa de seu sacrifício. Tenho por mim que apostatar deste entendimento é apostatar de um dos alicerces principais da fé critã...

Se a humanidade pudesse, no meu entender, salvar-se "à parte de Cristo", não precisava o Filho de Deus ter vindo ao mundo. Bastava "ditar" um manual, um livro lá do alto, e continuar a ficar confortavelmente sentado em seu trono celestial...

Mas isto não ocorreu. O Filho de Deus não tomou o ser igual a Deus coisa a qual devia se apegar, e, tomada a condição humana, morreu a morte de cruz, e ressuscitou para, de fato, destruir o pecado, rasgando o nosso escrito de dívida. Ou seja, a doutrina da encarnação e de que o Filho de Deus experimentou a morte por nós, pecadores, é fundamental em nosso sistema cristão.

Apesar de Paulo afirmar categoricamente que "os gentios, quando não têm lei, procedem por natureza de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos, mostrando a norma da lei escritas em seus corações" (isto, descrevendo nos primeiros versículos de Romanos a condição, tanto do judeu, quanto do gentio), tão somente uma meia dúzia de versículos depois afirma que "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (3.23), de modo que, Cristo é fundamental para todos, sem exceção. O que Paulo quis dizer é que, nem o judeu, detentor da lei mosaica, nem o gentio, detentor da lei natural, vivem de acordo com tais preceitos, pois "não há nenhum justo, nem um sequer". Mesmo universalistas, de Orígenes a John Stott, não entendiam a salvação do mundo inteiro à parte de Cristo. Todos precisam dele para se salvar. Por melhores as obras que os gentios possam praticar, e, em não poucos exemplos, até melhores e mais virtuosas dos nominalmente cristãos (Wesley chegoua afirmar que os índios americanos, em muitos aspectos, eram muito masi cristãos do que os educados ingleses - o que lhe custou o preço de nunca mais poder pregar em Oxford), ainda assim, não podemos ter uma visão romântica da existência como se os tais não precisassem também de Cristo e fossem impecáveis. O próprio Wesley não mediu esforços para pregar o evangelho onde que que pudesse estar, pois a ordem é que se pregue o evagelho a toda a criatura.

Por isso, não podemos entender a doutrina da perfeição cristã, em Wesley, afastado deste entendimento; que a tal perfeição é impossível à parte de Cristo. E Wesley também não confundia, mas também não separava a doutrina da justificação com a da santificação, como geralmente fazem os católicos.

De modo que fica para nós este desafio. O de não mais viver me pecados. Sejam eles por ações negativas ou por omissão das obras positivas. Pois Jesus morreu para salvar o seu povo "dos" seus pecados, e não "nos" seus pecados. O que talvez tenha causado mais reação à doutrina wesleyana foi o fato de seus seguidores dizerem que é impossível ao cristão pecar. Bom... se isso foi verdade na vida deles, melhor para eles. Em minha própria experiência pessoal, e das do que tenho visto e convido, percebo que o pecado é uma possibilidade na vida do cristão. Por isso, como escrevi, todas as igrejas, sejam em sua liturgia coletiva ou particular, destinam um espaço para contrição, confissão e arrependimento dos pecados.

Mas voltando ao raciocínio, todo o cristão deve, sim, buscar uma vida sem pecado; sem pecado nenhum; deve, sem dúvida, buscar a "theosis", unir todo o seu ser a Cristo (esta é a única fé que salva, não a do assentimento intelectual, mas sim a da união do ser com Cristo), e exterminar, como a um caçador sem piedade as suas concupiscências (Col 3.5), e, ter em mente, que tudo o quanto nos foi escrito, conforme disse o apóstolo do amor, para não pecarmos, mas caso isso ocorra, "temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo, que é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro"... Adúlteros, assassinos e apóstatas poderão entrar, caso se arrependam, pois a misericórida triunfa sobre o juízo...

Autor: Carlos Seino - Cristão evangélico, formado em Teologia, pela Faculdade de Teologia Metodista Livre e em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Professor em algumas instituições teológicas, como a Faculdade de Teologia Metodista Livre e a Escola de Líderes Servos da Igreja Manaim.
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